Como já é sabido estamos no processo de construção e difusão do conhecimento em rede das categorias de análise da ecogastronomia e do turismo comunitário como parte da pesquisa de doutorado no Programa de Pós-Graduação em Difusão do Conhecimento na Universidade do Estado da Bahia-PPGDC-UNEB sob orientação da Profa. Clícia Benevides (UNEB) e coorientação da Profa. Noeli Pertile (UFBA)
Nossa ideia é que cada postagem alusiva ao tema traga tanto considerações teóricas fruto da análise bibliográfica, documental e eletrônica, assim como, percepções das práticas das comunidades envolvidas, especialmente aquelas que tem o movimento Slow Food como referência de ecogastronomia e a Rede BATUC como referência de turismo comunitário.
Adotar esse espaço eletrônico como meio de difusão, não invalida a elaboração de artigos em revistas e eventos científicos, e nem a escrita da tese. Pelo contrário, reforça a ideia de processo de construção em rede, como pesquisa-ação e como pesquisa aplicada, pois cada postagem disponibilizada ficará a disposição para considerações dos sujeitos leitores do blog e também para aqueles que direcionarei a postagem em mensagem individualmente.
Todos os retornos são importantes, mas os sujeitos envolvidos com o Centro Acadêmico de Educação do Campo e Desenvolvimento Territorial Paulo Freire da UNEB -CAECDT e os colaboradores na elaboração da proposta de curso de turismo pelo Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária-PRONERA e os sujeitos envolvidos com a elaboração do curso superior de gastronomia no Instituto Federal Baiano-IFBaiano-Campus-Catu no mesmo programa, tem especial consideração, considerando os objetivos e finalidades da minha pesquisa. Quero ouvi-los durante todo o percurso.
Os conceitos serão sempre reformulados, imaginando-se ao final da jornada estarem bem próximos dos modelos de verbetes do Dicionário da Educação do Campo (FIOCRUZ/EXPRESSÃO POPILAR, 2012) da necessidade dos sujeitos jovens e adultos da educação do campo e de serem adotados pelos educadores do campo, como os do PRONERA,
Tomando como base principalmente Carlo Petrini (2009), criador do Movimento Slow Food, a ecogastronomia pode ser considerada como um conjunto de atitudes relativas a uma nova gastronomia, que inclui a abordagem como campo de estudos multidisciplinares que defende a biodiversidade, as culturas alimentares tradicionais, a soberania alimentar, a segurança alimentar e nutricional, os cultivos e criações endêmicos ou adaptados aos ecossistemas e biomas, a produção local, seus sujeitos, territórios e territorialidades. A ecogastronomia também fomenta as sementes crioulas, considera o respeito a sazonalidade dos alimentos, a valorização dos sabores, a comensalidade, a partilha, o prazer de se alimentar e o acesso aos alimentos em qualidade e quantidade para todas as pessoas.
Nos convida a refletirmos e tomarmos atitudes sobre as nossas escolhas alimentares, para o bem do nosso futuro e para o futuro do planeta. Um processo regenerativo, preferencialmente agroecológico que se opõe a padronização alimentar, a perda da biodiversidade, ao fast-food, aos alimentos ultraprocessados, ao uso de agrotóxicos, à supressão dos territórios de povos e comunidades tradicionais, da agricultura familiar e dos assentamentos de reforma agrária.
Considerada como atividade econômica pode ser considerada um serviço da sociobiodiversidade praticado pelos povos e comunidades do campo, das águas, das florestas e do mar. Considero como uma tecnologia social, como uma territorialidade, um movimento, uma rede e uma área de conhecimentos em construção em que o Movimento Slow Food confere uma centralidade de princípios e práticas (CAMPOS FILHO, 2022).
O turismo comunitário ou turismo de base comunitária tem a mesma feição de tecnologia social, de territorialidade, movimento, rede e área de conhecimentos em construção, porém um pouco mais disseminado do que a ecogastronomia. É uma modalidade, conjunto de práticas e conhecimentos, e forma de gestão coletiva da atividade turística onde a propriedade, a gestão e os benefícios são voltados para os seus sujeitos, e onde o foco principal das visitações é o modo de vida comunitário e os atributos naturais e culturais das comunidades (CAMPOS FILHO, 2020). Nesse post detalho à luz da educação do campo mais elementos que caracterizam esse turismo (http://turismoegastronomiaporummundomelhor.blogspot.com/2020/12/turismo-comunitario-campo-e-caminhos.html).
Dessa forma, uma primeira aproximação conceitual de um turismo comunitário ecogastronômico emerge como uma atividade não agrícola de convergência com o turismo comunitário e com a ecogastronomia, a ser protagonizado por coletivos de povos e comunidades tradicionais, das florestas, das águas, do campo e do mar, e coletivos das cidades que praticam a agricultura e o extrativismo urbanos, e que tenham uma comunhão de princípios convergente com os princípios do movimento slow food e movimentos e conceitos afins como a gastropolítica, a gastronomia sustentável e a gastronomia social, assim como, com as noções de turismo comunitário, turismo solidário, turismo responsável, turismo social, turismo inclusivo, turismo consciente, turismo sustentável, turismo de experiência, turismo rural, etnoturismo e outras denominações (CAMPOS FILHO, 2022).
Entendo que cada viagem do turismo comunitário ecogastronômico pode ser uma grande ferramenta cognitiva que permite abordar o estudo e os conhecimentos das culturas gastronômicas do mundo, de forma original e única (UNISG, 2021), permitindo também educar e conscientizar os visitantes sobre a conservação da biodiversidade, o patrimônio cultural, as identidades gastronômicas locais através de um turismo mais próximo da sustentabilidade (SLOW FOOD, 2016). Já sugerimos a instituição de um vale cultura para todos os estudantes terem uma chance de viver essa experiência.
Pesquisa de Demanda - Turismo Rural



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