



























Elloise Guedes
Única News
(Foto: Divulgação)

“Quem come cabeça de pacu não sai mais de Cuiabá”, diz um dos ditados mais populares da capital mato-grossense. A culinária cuiabana é de variados sabores, gostos e misturas. Os pratos principais são os peixes, por ser farto na região. Outros pratos, como Maria Izabel, paçoca de pilão, a farofa de banana, também são típicos da cidade.
As comidas típicas de Cuiabá possuem origem Portuguesa, Africana, Espanhola e Indígena. Com a junção dessas origens, surgiram diversas comidas que só em Cuiabá se pode encontrar.
O peixe em Mato Grosso é um alimento farto, considerado como o principal nas áreas ribeirinhas. Ele pode ser comido frito, assado, ensopado, recheado com farinha de mandioca ou servido com pedaços de mandioca. Os peixes de mais prestígio são o Pacú, a Piraputanga, o Bagre, o Dourado, a Cachara, a Jiripoca, a Pacupeva e o Pintado.
No café da manhã, vale destacar o bolo de arroz e o chá com bolo, que são compostos por vários tipos de bolos e chás, comumente consumidos no período da tarde.
Podemos destacar ainda a variedades de doces, licores e cervejas artesanais apreciados pelos cuiabanos. O Guaraná Ralado é uma das bebidas mais consumidas, principalmente pelos mais velhos, cujo costume é de tomar pela manhã.
Impossível não se render à rica gastronomia cuiabana. Moradores locais, tanto os de nascimento e batismo (Chapa e Cruz), bem como os que para cá vieram, e também, os muitos visitantes que passam por essa movimentada Cuiabá, todos apreciam as delícias de uma cozinha marcada pela diversidade de ingredientes e temperada com uma pitada de tradição.
História
A culinária cuiabana, assim como a brasileira, tem suas raízes nas cozinhas indígenas, portuguesa, espanhola e africana. A diferença está na incorporação de ingredientes da flora e da fauna nativas, nas combinações e modos de preparo originais que lhe asseguram sabores, cheiros, e aspectos inesquecíveis ao paladar, ao olfato e aos olhos.
Sem condições de adquirir alimentos e produtos de fora, os cuiabanos tiveram que consumir somente o que cultivavam durante a Guerra do Paraguai, entre os anos 1864 e 1870. E desse isolamento surgiram alguns pratos típicos da região.
Durante a guerra do Brasil, Uruguai e Argentina contra o Paraguai, foram suspensas as navegações pelos rios Paraguai, Cuiabá e Paraná. Com isso, a economia ficou parada.
Contudo, as misturas criadas com frutos exóticos e saboroso, como o pequi – de sabor e aroma peculiares – dão cor e enriquecem pratos à base de arroz e frango, a mandioca, a manga e o caju, o charque, peixes frescos ou secos, são ricamente combinados.
É da natureza que os cuiabanos retiram os elementos indispensáveis ao preparo das iguarias de sua saborosa culinária.
Restaurantes
Um dos restaurantes mais frequentados e indicados pra apreciar a culinária cuiabana é a Peixaria Okada. O restaurante mantém as origens da culinária de Cuiabá, com pratos típicos da região. O carro-chefe do restaurante são as receitas com peixes.
Há 36 anos o Okada está em Cuiabá, mantendo sempre a tradição com as comidas típicas da cidade. Vários famosos já experimentaram os pratos típicos da capital mato-grossense no restaurante, que é bastante indicado pelos peixes feitos de forma tradicional.
"Os donos do estabelecimento sempre fizeram questão em manter a tradição. Trabalhamos com os pratos típicos da cidade e somos bem frequentados pela qualidade dos produtos que oferecemos para nossos clientes. Os peixes oferecidos aqui são diretamente do rio, que têm um sabor inquestionável", disse Paulo que é gerente do Okada.
Como forma de tradição, os cozinheiros dos restaurantes são cuiabanos típicos, que sabem fazer as melhores receitas com os peixes.
Para quem deseja saborear um delicioso peixe típico da região, outro lugar bastante frequentado é a comunidade São Gonçalo Beira Rio. Nessa localidade existem diversas peixarias com cardápios para todos os gostos e bolsos.
A comunidade está localizada à margem esquerda do rio Cuiabá, a 11 km do centro da cidade. Próxima ao Rio Coxipó, é uma comunidade de pescadores e artesãos que transformou-se em ponto turístico de Cuiabá.
A Comunidade de São Gonçalo Beira Rio é hoje referência em confeccionar artesanatos em cerâmica, Viola-de-Cocho (símbolo de Cuiabá) e preservar o folclore por meio de danças como o Cururu e Siriri.
Veja alguns dos pratos típicos da cidade:
Maria Isabel
Este prato é conhecido pelos peões pantaneiros como “quebra-torto”, nome dado à primeira refeição do dia, por ser substanciosa, sempre na base do arroz com pedaços de carne-seca.
Farofa de banana
É um dos acompanhamentos da Maria Isabel, sendo um dos alimentos mais completos e baratos, a banana é uma fruta muito consumida no país. Em Mato Grosso, uma cidade que se destaca no plantio desta rica fruta é Nossa Senhora do Livramento, localizada a 25 km de Cuiabá.
Cabeça de Pacu
“Quem come cabeça de pacu não sai mais de Cuiabá”, já diz um ditado regional, mostrando assim, a importância desse peixe na composição da mesa mato-grossense.
Esta, com certeza, é uma lenda que pode ser comprovada pelos milhares de habitantes que aqui vivem e adotaram Mato Grosso para ser a sua terra de coração. Se essa informação é verdade ou mentira, não tem comprovação cientifica, mas ainda assim é uma história boa pra ser ouvida.
Paçoca de pilão
Sob influência nordestina, a paçoca de pilão chegou à mesa mato-grossense tornando-se um dos principais pratos de nossa culinária tradicional. A paçoca, socada no pilão, foi inventada pelos sertanejos e consagrada durante as grandes secas que assolaram o nordeste, quando, então, a mistura de carne seca, farinha e condimentos, era usada para alimentar retirantes que seguiam a pé para as cidades.
Chá com bolo
O famoso “chá com bolo” faz parte do cardápio tipicamente cuiabano e serve biscoitos, como "Francisquito", "Bolo de arroz" e o delicioso "Bolo de queijo".
Guaraná ralado
O consumo de guaraná ralado na hora é substituto do cafezinho, tomado logo de manhã e, segundo dizem, conserva o corpo em excelentes condições para a vida do campo e para o dia-a-dia.
Doces
Podemos destacar a variedade de doces e licores apreciados pelos mato-grossenses. Temos, entre os mais famosos, o Furundu (doce feito de mamão e rapadura de cana). O doce de mangaba, o doce de goiaba, o doce de caju em calda, o doce de figo, o doce de abóbora, e outros.
Pixé
A especialidade cuiabana é uma farofa doce à base de milho torrado e moído, canela e açúcar, vendida em cones de papel ou potinhos de plástico. De tão popular, o pixé virou até música, que soa com graça na boca de crianças e adultos.
Por Nelson Ferreira, Redator e editor no TudoReceitas.
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Imagem: panelinhadafafah.blogspot.pt
O sarapel, conhecido como sarrabulho em algumas regiões, é um prato típico da culinária nordestina, preparado com tripas e outras vísceras de porco, além de sangue coalhado. Tem origem no Alto Alentejo português, onde tradicionalmente o sarapatel alentejano é preparado com borrego ou cabrito. Por esta razão, o sarapatel nordestino é um prato pesado e com alto teor de gordura, indicado sobretudo para consumo no inverno ou antes de um trabalho exigente. Aprenda com o TudoReceitas a preparar, confira abaixo os ingredientes e passo a passo em fotos do sarapatel!
4 convidados1h 30mPrato principalDificuldade média
Características adicionais: Custo econômico, Popular no Outono-Inverno, Cozido, Receitas do Brasil
Ingredientes:
3 quilogramas de miúdos de porco para sarapatel (junto com o sangue coalhado)
150 gramas de toucinhodefumado
3 cebolas grandes
4 tomates
6 limões
3 pimentões vermelhos ou verdes
6 pimentas-de-cheiro
10 folhas de louro
5 dentes de alho
1 maço de hortelã fresca
½ maço de coentro fresco
½ maço de cebolinha verde fresca
1 colher de chá de pimenta do reino moída
1 colher de chá de cominho em pó
sal a gosto
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Passos a seguir para fazer esta receita:
1
Comece por lavar muito bem os miúdos: esprema o suco para uma vasilha grande, acrescente água e lave aí os miúdos até ficarem limpos e sem cheiro. Depois pique os miúdos e o sangue coalhado em cubinhos.

Imagem: panelinhadafafah.blogspot.pt
2
Em seguida bata no liquidificador duas cebolas, os tomates, os dentes de alho, a hortelã, os coentro e a cebolinha, até que fiquem bem picadinhos. Misture esse tempero com os miúdos e o sangue e acrescente também o louro partido em pedaços, as pimentas-de-cheiro inteiras, a pimenta e o cominho. Reserve para pegar o gosto.

Imagem: ninacozinhasimplesmente.blogspot.pt
3
O passo seguinte do sarapatel nordestino é levar ao fogo médio uma panela grande e fritar o toucinho picado. Quando começar libertando a gordura, adicione a cebola restante picadinha e refogue juntos, até dourar.

4
Adicione os miúdos temperados ao toucinho e mexa, para misturar tudo. Adicione água, de forma a que fique três dedos acima dos miúdos, e deixe ferver em fogo médio por 30 minutos ou até a carne ficar macia.
Dica: Acrescente água à medida que for necessário, mas não demasiado. O ideal é que o caldo fique espesso.

Imagem: soteropaulistana.wordpress.com
5
Retifique o sabor com sal e finalmente sirva seu sarapatel com sangue e confira abaixo sugestões de acompanhamento para sarapatel. Bom apetite e diga nos comentários o que você achou.
Se você gostou desta sugestão, confira também estas receitas nordestinas:

Imagem: panelinhadafafah.blogspot.pt
Se você gostou da receita de Sarapatel nordestino, sugerimos que entre na nossa categoria de Receitas de Guisado .
O que acompanha o sarapatel?
O sarapatel é uma receita muito completa e nutritiva, pelo que dispensa muitos acompanhamentos. Como referimos acima, o sarapatel é um prato de origem portuguesa, por isso aqui mostramos para você as sugestões de acompanhamento para sarapatel de acordo com ambos os países:
Em Portugal o jeito de servir sarapatel é forrando o fundo de um prato ou de uma tigela de sopa com pão fatiado, colocar sobre ele o sarapatel e decorar com folhas de hortelã ou cebolinha e rodelas de laranja.
No Brasil é habituar servir sarapatel decorado com toucinho frito, com uma porção de vinagrete ao lado, farinha e pimenta no prato ou arroz simples.
Foto de Produção Associada ao Turismo dos Quilombolas da Mutuca - Mata Cavalo de Nossa Senhora do Livramento - MT, na Festa da Banana
Produção Associada ao Turismo, segundo definição do Ministério do Turismo, é:
“Qualquer produção artesanal, industrial ou agropecuária que detenha atributos naturais e/ou culturais de uma determinada localidade ou região, capaz de agregar valor ao produto turístico.
São as riquezas, os valores, os saberes e os sabores;
é o desenho,
o estilismo,
a tecnologia,
o moderno e o tradicional”.
Tem por objetivo ‘valorizar e aperfeiçoar a Produção Associada ao Turismo para agregar valor à oferta turística e possibilitar a ampliação de alternativas de trabalho e renda’.
O Estado de Mato Grosso, desenvolve um projeto de Produção Associada ao Turismo na Comunidade Quilombola de Mata Cavalo - setor Mutuca, localizado no município de Nossa Senhora do Livramento - MT, a 30 km de Cuiabá, este Roteiro foi formatado pelo Mtur, SEBRAE, ACG, SEDTUR, Agentes Locais e comunidade, o processo durou 18 meses de formatação e foi lançado em 2011.
VEJAM ALGUMAS FOTOS ABAIXO:
Produção Associada ao Turismo dos Quilombolas de Mata Cavalo de Nossa Senhora do Livramento - MT, na Festa da Banana.
Produção Associada ao Turismo dos Quilombolas de Mata Cavalo de Nossa Senhora do Livramento - MT, na Festa da Banana.
Produção Associada ao Turismo dos Quilombolas de Mata Cavalo de Nossa Senhora do Livramento - MT, na Festa da Banana.
No mundo globalizado de hoje em dia, as questões ambientais e sociais que acontecem ao redor do mundo, ganhamcada vez mais destaque e osconsumidores estão cada vez mais exigentes em informações sobre os processos produtivos dos bens consumidos. Eles querem ter a certeza de que os produtos consumidos possuem qualidade e além disso, foram produzidos respeitando os direitos sociais, trabalhistas e sem prejudicar o meioambiente.
Neste contexto, surgem as certificaçõescomo ferramentas de verificação dos padrões de qualidade e dos princípios e critérios em que tais produtos foram fabricados.
As certificações estão presentes em todos os setores da economia, entretanto, nos últimos anos muitas certificações com foco na produção agrícola estão surgindo. A certificação mais “antiga” e conhecida pelo público em geral é a certificação de produtos orgânicos hortifrutigranjeiros. Entretanto, atualmente as certificações agrícolas já se estenderam para as grandes culturas do agronegócio como a soja, algodão, cana-de-açúcar, etc.
Se por um lado, as certificações agrícolas estão em amplo desenvolvimento, ainda é um tema bastante recente e não faz parte da grade curricular dos cursos de formação profissional como é o caso dos cursos de Agronomia, Gestão do Agronegócio, etc.Assim, existe uma falta de profissionaiscapacitados na área tanto paradisseminação sobre a certificação agrícolacomo uma ferramenta de promoção de boas práticas agrícolas no campo bem como para prestar assistência técnica a produtores e empresas que queiram certificar seus produtos.
Assim, a empresa CMC Soluções – Consultoria e Projetos Agroambientais, que possui experiência comprovada junto ao tema, principalmente dentro da Mesa Redonda da Soja Responsável, desde a suacriação bem como experiência naimplantação de projetos de certificação,lança o Curso sobre Certificações Agrícolas com o objetivo de formação extracurricular para pessoas que tem interesse em atuar no segmento do Agronegócio e suprir a demanda existente pela falta de profissionais capacitados no tema.
O Curso abordará as principais certificações existentes e tem apoio da Mesa Redonda da Soja Responsável – RTRS, possibilitando aos participantes do curso a capacitação no Gerenciamento de Grupos de Certificação RTRS.
Durante o mês de julho o curso estará acontecendo em Sinop e Sorriso e em agosto, em Nova Mutum.
Para mais informações e inscrições, basta acessar o link Curso sobre Certificações Agrícolas .
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O roteiro acaba de nascer, mas já tem muita história para contar. Especialmente, para quem viajou bastante e gostaria de embarcar em uma experiência cultural absolutamente inovadora e única. O berço do “Rota do Parecis”, como é o nome oficial do tour, é Campo Novo de Parecis, um município situado no centro-oeste de Mato Grosso, distante 384,5 km de Cuiabá, a capital do Estado.
Espalhadas nas imediações desta graciosa cidade encontram-se 56 aldeias indígenas, três das quais fazem parte deste que é um dos primeiros roteiros etnoculturais do País. Com três dias de duração, o pacote prevê a visitação das aldeias onde vivem índios da etnia paresí-haliti. A primeira a ser conhecida é a Wasare, seguida pela Quatro Cachoeiras e Salto Utiariti.
Antes de entrar no mágico universo dos primeiros habitantes do Brasil, é preciso dizer que este programa foi idealizado pelos próprios índios e privilegia a cultura e os atrativos naturais que estão em suas terras. Já a sua formatação é resultado da parceria entre as comunidades indígenas com a da Secretaria de Cultura e Turismo, órgão da Prefeitura de Campo Novo do Parecis, e com o Departamento Estadual de Turismo.
Ao longo de seu planejamento, a Funai acompanhou de perto todo o projeto. E continua acompanhando. Com o objetivo de preservar este singular patrimônio etnocultural brasileiro, o órgão exige que o visitante assine um termo de responsabilidade, comprometendo-se a seguir várias regras, entre elas a de não fotografar a aldeia e seus habitantes sem a devida autorização deles. Feito isso, pode-se tirar fotos à vontade (os índios adoram os cliques), desde que elas não sejam comercializadas.
Independente das orientações legais da Funai, a viagem é muito legal e vale mesmo a pena ser feita. Ela começa na Aldeia Wasare, comandada pelo cacique Rony Azoinaice. Localizada a 70 km da cidade e às margens de um dos postais da região, o Rio Verde, a comunidade é integrada por menos de 40 índios. São eles que, vestidos com os trajes e pinturas corporais típicos da etnia, recepcionam os visitantes.
Costumes e tradições
A acolhida é calorosa e acompanhada por canto e uma alegre dança. “Em linguagem haliti, essa dança significa estar feliz com a chegada de vocês”, traduz o cacique Rony. Os paresis são, de fato, muito simpáticos e hospitaleiros. Durante a visita, compartilham com os “imuti” (homens brancos) o seu modo de vida.
Contam, por exemplo, como, o porquê e onde enterram seus mortos. Explicam ainda como são construídas as ocas, as “hátys”, e o motivo de elas assim serem erguidas – a aldeia, criada há cinco anos, abriga nove ocas, incluindo uma onde funciona a escola indígena e biblioteca. Também dividem a refeição com os forasteiros.
No cardápio do almoço, um churrasco que, por ser tão gostoso e bem feito, é famoso na região. Como acompanhamento, arroz, farofa com banana verde e mandioca, ingredientes típicos da gastronomia mato-grossense. Na mesa também não falta o biju, comida de origem indígena, além de muitas frutas.
Embora já estejam aculturados – tomam refrigerantes e têm celular, televisão, geladeira e fogão, entre outras comodidades da vida moderna –, os paresis preservam seus costumes e suas tradições. Entre eles, o que estabelece que as mulheres se casem tão logo aconteça a sua primeira menstruação, por volta dos 12, 13 anos. “Com 20 anos, a índia já é considerada velha. Ficou para titia e não casa mais”, brinca o cacique Rony.
Segundo explica, as indígenas recorrem às ervas para fazerem o controle de natalidade. Também são as plantas que impedem que a comunidade fique doente. “Nunca tivemos sequer um caso de câncer”, orgulha-se o cacique. Para mostrar na prática como são feitos os remédios medicinais da aldeia, Rony leva os visitantes para um passeio na mata, o local onde os índios extraem as plantas.
Durante o trajeto, mostra quais delas são recolhidas e como são usadas no combate às doenças. Esclarece ainda que nas comunidades indígenas os remédios medicinais somente são ministrados aos “enfermos” com a orientação do pajé, o índio responsável pelo curandorismo. De acordo com Rony, a “fórmula” de alguns medicamentos é ensinada para qualquer pessoa que tenha interesse. Já os mais específicos são de domínio exclusivo do pajé.
Depois da aula de medicina natural, os índios fazem uma partida de jikunahati, o cabeçabol. O futebol indígena segue as regras do jogo oficial, mas é disputado com arremessos de cabeça. Já a bola é bem menor que a tradicional, tem 13 cm de diâmetro. É de borracha e feita com uma seiva da região. Enquanto em campo os homens disputam os lances, as mulheres mostram e vendem aos visitantes objetos produzidos artesanalmente por elas. São coloridos brincos, pulseiras, colares, cocares, cestos…
O primeiro dia do roteiro chega ao fim, mas não antes de os visitantes mergulharem e se banharem em águas fluviais clarinhas, ponto de saída de um imperdível passeio de barco pelo lindíssimo postal da aldeia: o majestoso Rio Verde.
Liderança e sabedoria
No segundo dia, o roteiro segue rumo à comunidade indígena Quatro Cachoeiras. Localizada na terra indígena Utiariti, a aldeia está distante 33 km da cidade. Nela, vivem 180 índios, todos são membros da numerosa família do cacique Narciso Kazoizase. Os paresis que moram nesse território levam uma vida simples, mas com conforto. Estão muito mais aculturados que os habitantes da comunidade Wasare.
Residem em ocas (em bem menor quantidade) e em casas de alvenaria. Também desfrutam das comodidades propiciadas pelas parafernálias tecnológicas e eletrônicas contemporâneas. Aqui, não há o controle de natalidade – muitas mães ainda são adolescentes e tiveram seu primeiro bebê com 12 anos. Por sua vez, as crianças até os seus setes anos aprendem a língua e a história maternas na escola da aldeia. As aulas do primeiro ao quinto ano são ministradas pela professora Juliana Azonezakero.
Depois dessa idade, as crianças frequentam a escola da cidade, aprendendo português e as demais disciplinas que integram o currículo das instituições de ensino brasileiras. Diariamente, um transporte da prefeitura local busca os indiozinhos para assistirem as aulas, trazendo-os de volta à aldeia após o término delas.
Por manter um bom relacionamento com a prefeitura e pelos seus conhecimentos, Narciso é considerado e respeitado como um dos líderes indígenas mais tradicionais do povo paresí-haliti. Quando jovem, o cacique estudou na Missão Jesuítica de Santa Terezinha do Utiariti. Em 1954, abandonou o internato para formar a Aldeia Seringal. Depois, mudou-se para a Aldeia Quatro Cachoeiras, onde vive até hoje.
Narciso não sabe qual é a sua idade. Diz que, quando nasceu, o registro em cartório do nascimento de bebês não era um hábito de seu povo. Estima, porém, ter 78 anos. Dinâmico, esbanja saúde e disposição. É, sobretudo, um grande sábio. Em um bate-papo, ensina sua filosofia de vida: levanta bem cedo, toma o café com a esposa e sai para pescar, caçar ou plantar.
Dorme cedo. Não bebe nem fuma. Narciso ressalta que os índios não fazem nada, sequer colher uma planta, sem pedir e agradecer a Deus, ao contrário do que fazem os brancos. “Acreditamos que a nossa plantação de alimentos será arruinada e que poderemos ser castigados, adoecer e até mesmo morrer se não formos gratos a tudo que Deus nos dá em abundância”, afirma.
Outro costume dos paresis é a dança – há muitas delas, são executadas pelos mais variados motivos e em diversas ocasiões, sempre acompanhadas de cantos. Durante a estadia nesta aldeia, os índios mostram algumas delas. Depois, em uma cuia, servem aos visitantes a xixa, uma bebida alcoólica que é considerada sagrada e é feita com o talo da mandioca.
Também jogam o tidimore, um antigo jogo que é disputado com as mãos por duas equipes mistas e de todas as idades. A partida é realizada em um pequeno campo e com uma bola feita com uma fruta do cerrado, o marmelo. Em cada espécie de gol feito, o time que aumentou o placar tem de gritar.
Ao redor do campo, “torcedores” investem na equipe que acreditam ser a vencedora do desafio, apostando desde alimentos e bebidas até arcos e flechas, entre outros artefatos. “Este jogo já era praticado por nossos ancestrais, que apostavam crianças. Assim, o time ganhador podia reivindicar que uma criança da aldeia perdedora fosse levada para viver para sempre em suas terras”, conta a professora Juliana.
Para aumentar as verbas do povoado, as índias comercializam objetos de artesanato por elas produzidos. A despedida da comunidade é brindada com um desfecho memorável: a ida até as deslumbrantes quatro quedas de água que banham aquelas terras. Elas são formadas pelo Rio Sacre, correm paralelas e emprestam o seu nome à aldeia.
A próxima aldeia indígena a ser visitada é Salto Utiariti. Situada a 65 km da cidade, na divisa dos municípios de Campo Novo do Parecis e Sapezal, é comandada pelo cacique Orivaldo Koremazokae, mais conhecido como Xirú. Das três comunidades indígenas do roteiro, esta é a que mais está aculturada. No território não há uma única oca. Seus habitantes vivem em casas de alvenaria e se vestem com roupas normais.
São pagos por uma empresa que oferece a prática de rapel em uma que não só é a vedete da aldeia, mas também uma das principais atrações turísticas de Mato Grosso: o Salto Utiariti, uma das mais altas cachoeiras do Estado, com 98 m de queda. Formado pelas águas do Rio Papagaio, o salto, dependendo do ângulo, tem um formato que lembra o mapa do Brasil.
Na caminhada em terras indígenas, o visitante chega até a parte superior do salto, onde pode mergulhar em uma pequena e límpida piscina natural. Já a descida por uma trilha conduz a parte de baixo da cachoeira, onde é possível admirar toda a sua exuberância de frente. Para quem curte adrenalina, a dica é se aventurar em um emocionante rapel, descendo as encostas da volumosa e alta cachoeira.
O cenário onde mora o salto é sagrado para a nação paresí-haliti. Para ela, “utia” quer dizer sábio e “haliti”, povo, gente. Assim, Utiariti significa “lugar de povo sábio”. Há uma lenda que diz que os utia faziam previsões do futuro e viviam (e continuam vivendo) atrás do lençol de água da cachoeira, onde também colhiam raízes e alimentos. Lendas à parte, o lugar é mesmo mágico e seduz pela sua irretocável beleza.
O roteiro para o “Rota do Parecis” já está sendo comercializado pelas agências de viagens de Mato Grosso e de Campo Novo do Parecis – a CNP Turismo é uma delas. Também pode ser adquirido pelo Decolar.com, Hotel Urbano e CVC. Os passeios já estão sendo agendados aos finais de semana. Com saída de Cuiabá, o pacote custa de R$ 1.400, valor que pode ser parcelado no cartão em até seis vezes. Inclui hospedagem, alimentação, transporte, guia de turismo, entrada nas aldeias, pedágio e rapel.
Onde ficar
Oriente Hotel – Rua Paraíba, 346 NE, centro, Campo Novo do Parecis, tel. (65) 3382-4824.
Onde comer
Restaurante & Choperia Dom Antônio – Avenida Brasil, 672 NE, centro, Campo Novo do Parecis, tel. (65) 3382-3938.
Onde comprar
CNP Turismo – Rua Porto Alegre, 770 NE, Campo Novo do Parecis, tel. (65) 9947-1930, e-mail cnpagenciadeturismo@gmail.com
Como obter a autorização – Não é preciso fazer o tour Rota dos Parecis para visitar as aldeias da região. É imprescindível, porém, a autorização da Funai e das comunidades indígenas. A sede do órgão fica em Campo Novo do Parecis, tel. (65) 3382-2869.
Texto por: Fabíola Musarra
Foto destaque por Edson Rodrigues Gcom/ MT
Da Redaçao
Estado receberá 22 milhões de libras e 17 milhões de euros, cerca de R$ 180 milhões no câmbio atual, em um período de cinco anos pelo programa desenvolvido e que visa conservação ambiental
Representantes da Alemanha e Reino Unido estão em Mato Grosso para a missão anual de monitoramento do Programa REED+ For Early Movers (REM). Em uma agenda política, o grupo se reuniu na manhã desta segunda-feira (27) com o governador Mauro Mendes, para além de outras ações, demonstrar o interesse dos organismos internacionais na preservação ambiental do Estado.
Os resultados expressivos na redução do desmatamento e o comprometimento político no alcance dessas metas, garantiram atenção internacional, tornando-o um dos principais atores do programa. O projeto incentiva as práticas sustentáveis de REDD (Redução de Emissões por Desmatamento, Degradação Florestal, Conservação, Manejo Sustentável e Aumento dos Estoques de Carbono Florestal), desenvolvidas no bioma Amazônico. Os recursos são uma espécie de prêmio destinado aos estados e países pioneiros na redução do desmatamento.
Mato Grosso irá receber 22 milhões de libras e 17 milhões de euros, cerca de R$ 180 milhões no câmbio atual, em um período de cinco anos. Os recursos são administrados pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio). No programa, 60% dos recursos são aplicados em atividades finalísticas com a execução de projetos de impacto real no combate à degradação ambiental. Os outros 40% são destinados ao fortalecimento institucional das entidades governamentais.
O governador Mauro Mendes reforçou o compromisso do Estado na aplicação de políticas austeras de combate ao desmatamento ilegal, assim como na regularização ambiental e no controle da degradação florestal.
“Temos um posicionamento muito forte no sentido da preservação ambiental, e nossa gestão está pautada no desenvolvimento sustentável. O Estado saiu do ranking de maior desmatador nacional, e passou a ocupar o status de estado-modelo no implemento de políticas voltadas à preservação ambiental, com o aumento da produção a partir da inserção de novas tecnologias que otimizam a produção em áreas já abertas”, definiu Mauro Mendes.
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O posicionamento foi reforçado pelo secretário Chefe da Casa Civil, Mauro Carvalho, durante a condução dos trabalhos de apresentação das metas mato-grossense de combate ao desmatamento.
“É meta da política de desenvolvimento do Estado de Mato Grosso que os recursos sejam focados na ponta, no atendimento prioritário ao cidadão. Estamos em um estado rico, com bolsões de riqueza, mas infelizmente, ainda encontramos muitas regiões desprovidas do essencial, por isso, o combate ao desmatamento ilegal é compromisso do governo”, frisou Mauro Carvalho ao detalhar a força-tarefa desenvolvida para “limpar” a pauta de regularizações fundiárias urbanas e rurais no Estado. O secretário ainda detalhou o projeto que visa implantar 1.500 câmeras de monitoramento em todo o Estado. Os equipamentos serão instalados em estrada e rodovias estratégicas, usadas como rota para o transporte de madeira ilegal.
O secretário de Estado de Agricultura Familiar (Seaf), Silvano Amaral, defendeu a importância dos recursos, com aplicação prioritária na assistência técnica dos pequenos produtores, um dos principais focos do programa. “O Estado de Mato Grosso faz correto quando responsabiliza os infratores ambientais, mas precisamos implantar a cultura de valorizar e incentivar aqueles que produzem com eficiência e respeito ao meio ambiente”, categorizou o secretário.
Silvano ainda destacou os esforços do governo no sentido reduzir o impacto sofrido pelos agricultores. Ações robustas, como o programa ‘Terra a Limpo’ para o enfrentamento da regularização fundiária, e a força-tarefa liderada pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) para finalizar os mais de 60 mil CARs (Cadastro Ambiental Rural), hoje na fila de espera.
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De acordo com a representante do Banco de Desenvolvimento Alemão KFW, Christiane Ehringhaus, um dos principais objetivos da missão foi se apresentar à nova equipe do governo. “A plataforma do REM é atuar de forma a fortalecer ações institucionais de proteção ambiental, somadas ao incentivo de boas práticas para a produção sustentável dessas comunidades. Mato Grosso tem demonstrado sua proatividade no tocante ao cumprimento de políticas consoantes com as bases que fundamentam nosso programa”.
Andamento do programa
No REM, cabe à Seaf prestar orientação técnica aos pequenos produtores no sentido de desestimular antigas práticas de desmatamento, além de promover melhorias no manejo e o aumento da produtividade com o resgate de áreas já abertas. Recursos para o fomento das cadeias produtivas também são enviados pelo banco.
No tocante as questões ambientais, cabe à Sema, entre outras atribuições, promover ações voltadas à educação ambiental e de fiscalização preventiva. Para a secretária da pasta, Mauren Lazzaretti a principal estratégia de governo é implementar de forma célere a emissão do Cadastro Ambiental Rural (CAR), reduzindo o descompasso entre o pedido e o tempo de espera do produtor. Está previsto para o dia 1º de julho, a posse de 50 analistas ambientais que irão atuar pelo prazo de 12 meses na análise e emissão dos CARs.
Além do Governo de Mato Grosso, por meio das secretarias de Meio Ambiente (Sema), Agricultura Familiar (Seaf), Desenvolvimento Econômico (Sedec), Casa Civil e Diretoria Executiva da PCI, também participam dos trabalhos representantes do Ministério Público Estadual, Ministério do Meio Ambiente, Fundação Nacional do Índio, Conselho REDD+, Fórum Mato-Grossense de Mudanças Climáticas, Funbio, Agência de Cooperação Técnica Alemã GIZ, representantes de grupos indígenas e comunidades tradicionais
Por Lívia Barbosa
“Criação do regimento é mais uma demonstração da capacidade do povo Kalunga de se organizar, de defender e de gerir seu território”, diz presidente da associação AQK

Foto: Reprodução
A Associação Quilombo Kalunga (AQK) finalizou a elaboração do regimento interno, um projeto pioneiro em nível nacional, que estabelece normas para a gestão ambiental e territorial do Sítio Histórico e Patrimônio Cultural Kalunga (SHPCK), para o reconhecimento da ascendência e da remanescência Kalunga, e para a exploração do turismo no território. O SHPCK é considerado o maior território de quilombo no Brasil, com 261.999,69 hectares, e fica localizado na região da Chapada dos Veadeiros, em Goiás.
Segundo o presidente da Associação Quilombo Kalunga, Vilmar Souza Costa, o regimento é importante para regulamentar as relações existentes dentro do território, sempre respeitando os costumes, os saberes e as tradições do povo Kalunga. “A criação do nosso regimento é mais uma demonstração da capacidade do povo Kalunga de se organizar, de defender e de gerir seu território. Construímos de forma coletiva e participativa as nossas próprias normas, que serão seguidas por todo o nosso povo”, afirma Costa.
A diretora-executiva da Coordenação Nacional de Articulações das Comunidades Negras Rurais Quilombolas do Brasil (Conaq), Maria Aparecida Mato, enalteceu a importância das normas e da cultura de um povo quilombola serem colocadas no papel, como uma prova escrita e concreta de tudo que está estabelecido. “Este é o primeiro quilombo do Brasil a criar um regimento interno. É um exemplo e um modelo que será seguido por várias outras comunidades quilombolas do Brasil”, revela.
Projeto
Outro tema que foi tratado nas reuniões nas comunidades e na assembleia de representantes foi o projeto “Uso do Geoprocessamento na Gestão do Sítio Histórico e Patrimônio Cultural Kalunga – SHPCK”, fomentado pelo Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos (CEPF, da sigla em Inglês para Critical Ecosystem Partnership Fund).
O projeto tem como objetivos conhecer com profundidade a realidade das comunidades Kalunga, usar a tecnologia de geoprocessamento para mapear detalhadamente o território, promover a ocupação do SHPCK de uma forma mais sustentável e fazer com que os Kalunga sejam reconhecidos internacionalmente como defensores da conservação da biodiversidade.
Associação Quilombo Kalunga
A Associação Quilombo Kalunga – AQK – é uma organização civil, sem fins lucrativos e sem finalidade econômica, fundada em outubro de 1999. É constituída pelas Associações Kalunga de Cavalcante, de Monte Alegre, de Teresina e do Engenho II, além da Epotecampo. Ela representa o maior território de quilombo no Brasil, com 262 mil hectares de terras. A Associação promove a defesa de interesse de todas as comunidades formadas por moradores do Sítio Histórico e Patrimônio Cultural Kalunga – SHPCK -, espalhados entre os municípios goianos de Cavalcante, Monte Alegre de Goiás e Teresina de Goiás, e representá-las em todas as instâncias legais e administrativas.
Fonte:
https://www.jornalopcao.com.br/ultimas-noticias/associacao-kalunga-aprova-o-primeiro-regimento-interno-de-um-quilombo-no-brasil-187250/