22 de junho de 2025

Cuiabá deixou de ser a Cidade Verde.


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A foto acima foi tirada por Ermelinda Maria De Lamonica Freire no Bosque da Saúde onde segundo ela recentemente foram suprimidos cerca de 10 (dez) oitis frondosos e saudáveis. E está acontecendo o mesmo que ocorreu com a Getúlio Vargas, outrora repleta de flamboyants que foram literalmente dizimados. Estão destruindo a arborização de Cuiabá sem que nada seja feito pela prefeitura.

Hoje, embora ainda existam áreas verdes em parques urbanos como o Parque Mãe Bonifácia e o Horto Florestalno centro da cidade e na maioria dos bairros é pobre em arborização, e a cidade enfrenta ondas de calor e ilhas de calor intensas, por este motivo.

Cuiabá, que no início do século XX era conhecida como “Cidade Verde“, deixou de ser amplamente reconhecida como tal devido a um processo de perda de áreas verdes. Nas últimas três décadas, a capital de Mato Grosso perdeu 17% de áreas verdes, o que equivale a mais de 55 mil hectares, um valor significativo. E dados do INMET – Instituto Nacional de Meteorologia apontam que Cuiabá ficou 1,5°C mais quente nas últimas décadas. E isso se deve a falta de arborização.

Como já dito em outro artigo: As árvores fornecem sombra, reduzem a temperatura do ar e ajudam a controlar o efeito das ilhas de calor urbanas. Além disso, a transpiração das árvores, conhecida como evapotranspiração, libera umidade no ar, contribuindo para um ambiente mais fresco

Segundo reportagem da Gazeta Digital: “Cuiabá, que completou dia 8 de abril 306 anos, outrora famosa pelos grandes quintais com árvores frutíferas e paisagens verdes, já foi a capital mais arborizada do país.

Resgatar o titulo de “Cidade Verde”, aquele que um dia fez jus e ostentou com muito orgulho, mas que há tempos se perdeu, é o ideal de vida, a missão de muitos moradores. Pessoas comuns, mas incansáveis defensores da “Cidade Verde” e que acreditam no impacto através de um trabalho de “formiguinha” feito por meio do plantio de árvores.

A prefeitura da cidade não possui um plano de combate às mudanças climáticas, o que a deixa toda a população, principalmente os pobres e menos favorecidos, mais vulnerável aos impactos. Seguem alguns Indicadores da Perda do Título de “Cidade Verde”:

Cuiabá é conhecida por ser uma das cidades mais quentes do Brasil, e nas últimas décadas as temperaturas têm subido ainda mais. E os termômetros marcaram 50 graus em Cuiabá, especialmente durante ondas de calor intensas. O G1 – Portal de Notícias da Globo, informou que, em 2020, os termómetros de rua chegaram a marcar 50°C em algumas ocasiões. E isso se deve a:

  • Ilhas de calor urbanas: geradas pelo crescimento urbano desordenado e a diminuição de áreas verdes, o que aumenta a retenção de calor.
  • Desmatamento do entorno (Cerrado e Pantanal): afeta o microclima da cidade, reduzindo a umidade do ar e alterando os padrões de chuvas.
  • Mudanças globais no clima: o aquecimento global contribui para ondas de calor mais frequentes e intensas.

Importante ressaltar, mais uma vez, que as mudanças climáticas afetam especialmente as populações vulneráveis, que vivem em áreas de risco ou com menos acesso a recursos. E as mudanças climáticas estão diretamente associadas a biodiversidade do Cerrado e do Pantanal, ecossistemas interligados com Cuiabá e, a segurança hídrica, já que os mananciais sofrem com a seca e poluição.

Então para enfrentar esses desafios, Cuiabá precisa adotar através da prefeitura, políticas de:

  • Adaptação climática urbana: mais áreas verdes, infraestrutura de drenagem e habitação em áreas seguras.
  • Educação ambiental e cidadania climática.
  • Transição energética e mobilidade urbana sustentável.
  • Preservação dos biomas ao redor(principalmente o Cerrado e o Pantanal).

E o título de “Cidade Verde” ainda pode ser recuperado?

Sim, com gestão eficiente e com consciência socioambiental e políticas públicas efetivas de reflorestamento urbanoincentivo à arborização nos bairros e educação ambiental. Cuiabá pode reconquistar parte desse legado. O desafio é ter prefeitos com foco nos ODS – Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, integrando o desenvolvimento urbano com a sustentabilidade. Para conhecimento dos leitores, enviei em 2024 uma minuta de Plano de Governo com base nos ODS para todos os candidatos a prefeitura de Cuiabá. Mas, como diz o ditado popular, parece que entrou por um ouvido e saiu pelo outro.

Algumas medidas de enfrentamento a serem implementadas pela prefeitura:

  • Plano de Mudanças Climáticas: Cuiabá deve criar um Plano de Mudanças Climáticas para enfrentar os desafios do aumento da temperatura e dos eventos climáticos extremos. 
  • Arborização: a arborização urbana ajuda a reduzir a temperatura e a melhorar a qualidade do ar, assim como tirar o concreto das ruas para que plantas cresçam novamente.
  • Gestão de incêndios: é importante fortalecer a prevenção e o combate a incêndios florestais. 
  • Adoção de práticas sustentáveis: a adoção de práticas sustentáveis em edifícios e na vida cotidiana pode ajudar a reduzir a pegada de carbono. 
  • Educação e conscientização: é fundamental educar e conscientizar a população sobre as mudanças climáticas e a importância de adotar medidas para reduzir os impactos. 

Vale ressaltar que a os efeitos da perda de áreas verdes impacta a diversidade de espécies vegetais e animais, afetando o ecossistema urbano, além de qualidade de vida, pois a falta de áreas verdes pode ter um impacto negativo na qualidade de vida dos habitantes, reduzindo o acesso a espaços de lazer e afetando a qualidade do ar. 

Alguns impactos em Cuiabá:

  • Ondas de calor: a cidade sofreu com oito ondas de calor em 2024, com temperaturas variando de cinco a dez graus acima da média
  • Incêndios florestais: o Pantanal, próximo a Cuiabá, tem sido palco de incêndios intensificados pelas mudanças climáticas. 
  • Impacto na saúde: o calor extremo e a poluição do ar causada pelos incêndios afetam a saúde dos moradores. 
  • Vulnerabilidade urbana: a falta de um plano de mudanças climáticas deixa Cuiabá mais vulnerável aos impactos do aumento da temperatura e dos eventos climáticos extremos. 
  • Aumento do consumo energético: o calor extremo tem aumentado o consumo de energia para resfriamento em casas e edifícios. 

Infelizmente pelo desconhecimento ou ignorância de políticos nas questões socioambientais, se desconhece que: as árvores ajudam a refrescar as cidades desta forma:

  • Sombra natural: As copas das árvores bloqueiam a radiação solar direta, reduzindo a temperatura do solo, calçadas, muros e carros. Isso pode baixar a temperatura local em até 5°C ou mais em áreas arborizadas.
  • Evapotranspiração: As árvores liberam vapor d’água pelas folhas, um processo chamado evapotranspiração, que tem efeito de resfriamento semelhante ao de umidificadores.
  • Redução do efeito “ilha de calor”: Cidades têm muito asfalto e concreto, que absorvem e retêm calor. Árvores ajudam a diminuir esse acúmulo de calor, tornando o clima urbano mais ameno.
  • Melhoria da qualidade do ar: Árvores filtram poluentes e reduzem partículas no ar, o que também ajuda a reduzir o estresse térmico em seres humanos.
  • Estímulo ao microclima urbano saudável:Áreas arborizadas mantêm umidade do ar mais alta e temperaturas mais estáveis ao longo do dia e da noite.

Além disso: As raízes das árvores ajudam a fixar o solo, impedindo a erosão e protegendo a área de eventos climáticos extremos, como secas e inundações. E uma rua arborizada pode ser até 10°C mais fresca do que uma rua com muito concreto e sem árvores.

Por exemplo: Em São Paulo, estudos mostraram que bairros com mais árvores são mais frescos e têm melhor qualidade do ar. Ou seja, a arborização urbana, portanto, é uma estratégia eficaz para combater o calor nas cidades, melhorar a qualidade de vida e tornar os espaços urbanos mais sustentáveis. 

E o que a prefeitura de Cuiabá pode fazer:

  • Plantio de árvores: O plantio de árvores em áreas urbanas e rurais pode ajudar a reduzir a concentração de dióxido de carbono na atmosfera e melhorar a qualidade do ar. 
  • Escolher espécies resistentes: Optar por espécies de árvores nativas e adaptadas às condições climáticas locais, que são mais resistentes aos efeitos das mudanças climáticas. 
  • Sensibilizar a população: Educar a população sobre a importância das árvores para a luta contra as mudanças climáticas e promover a participação em ações de plantio e preservação

É claro que mesmo Cuiabá com o plantio de muitas árvores não deve contar apenas com elas para reduzir suas emissões de gases do efeito estufa. As cidades no mundo devem abrigar 80% da população mundial até 2050, elas serão o campo de batalha da luta contra as mudanças climáticas. E os prefeitos e gestores públicos se aplicarem os ODS, devem restringir as emissões em todos os setores – transportes, energia, indústria e tantos outros. Ou seja, como diretriz da ONU a territorialização dos ODS e o plantio de árvores e sua preservação devem ser parte importante dessa estratégia.

Vale aqui lembrar que a frase “Cidade verde, como mudou, de belo que tinha pouco ficou. Cidade verde dos mangueirais, Cidade verde da esperança, do meu texto de criança, que não volta mais” é parte de uma música de Moisés Martinsque fala sobre a transformação de Cuiabá, capital do Mato Grosso, e a perda da sua imagem de cidade verde. A letra lamenta a degradação ambiental e a perda de beleza que a cidade sofreu, contrastando com a memória da Cuiabá do passado, onde a natureza era mais presente. A canção é um apelo para que a cidade possa recuperar sua identidade verde e devolver a esperança a seus habitantes. 

Cuiabá perdeu o titulo para Goiânia, como já publicado no artigo: Urbanização e Mudanças Climáticas: Cidades estão tirando concreto das ruas para que plantas cresçam novamente, que hoje é reconhecida como a cidade mais verde do Brasil, com altos índices de arborização nas vias públicas e uma grande quantidade de áreas verdes. A capital Goiana foi também eleita a “Cidade mais Arborizada do Mundo” pela ONU – Organização das Nações Unidas

Em resumo, a perda de áreas verdes em Cuiabá é um processo que começou há algumas décadas e que tem sido impulsionado por diversos fatores, incluindo a falta de compromisso dos gestores públicos, especialmente os prefeitos, seus secretários e equipes, o crescimento urbano e a falta de manutenção de áreas verdes.

E mais uma vez volto a dizer: Como aprendi ainda pequeno com meus amados e falecidos pais (Carlos Ricardo Chiletto e Yara Cairo Chiletto): “Palavras o vento as leva. Ação leva ao coração“. Além de sonhar com um mundo melhor para nossos filhos e netos… Precisamos votar em prefeitos que possam AGIR em prol de políticas socioambientais e em especial neste caso, em plano de mudanças climáticas com arborizações urbanas.

Como escreveu o Grão Mestre Dom Albino Neves, do Caminho da Luz: “… Muitas são as perguntas que cada homem deveria fazer a si mesmo, talvez assim, venha aprender a se tornar mais humano, dignificar a graça de ter sido criado a imagem e semelhança de Deus, compreender que o amor é a porta de entrada para a sua ascensão espiritual”.

Pois “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer” (Geraldo Vandré: Para não dizer que não falei das flores).

Eduardo Cairo Chiletto

Um comentário:

  1. Fico muito triste em ver essa transformação burra e criminosa que vem acontecendo em Cuiabá. Muito.bom artigo

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