Aliança entre técnicas novas e ancestrais, como a Cabruca, revitaliza lavoura na Bahia
Por Joana Lopo

Na Bahia, onde o cacau é sinônimo de história, a tecnologia está reescrevendo o futuro. O estado, segundo a Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura (Seagri), reconquistou a liderança nacional na produção da amêndoa, unindo sistemas ancestrais - como o cultivo Cabruca, à sombra da Mata Atlântica - a drones, clones resistentes e softwares de gestão. O resultado? Produtividade que chega a 3.000 kg por hectare em áreas de ponta, três vezes acima da média nacional, além de chocolates premiados em concursos globais.
No Sul baiano, berço tradicional da cacauicultura, produtores como Lucas Arléo enfrentam o paradoxo: a mesma umidade que dá vida à Mata Atlântica favorece doenças como a vassoura-de-bruxa.
Para equilibrar preservação e rentabilidade, Arléo precisou adotar técnicas como o monitoramento da temperatura da massa com utilização de termômetro na fermentação e estufas solares para secagem das amêndoas, técnicas que elevaram a qualidade em 30% de sua produção para padrões especiais. “A tecnologia nos permitiu manter o Cabruca, que é nossa identidade, mas com eficiência”, explica ele, cuja marca Ju Arléo Chocolates faturou um prêmio nacional e seis internacionais, incluindo ouro no Academy of Chocolate de Londres.
3.000 kg por hectare em áreas de ponta é a produtividade da cacauicultura da Bahia, três vezes superior à média nacional
Enquanto Arléo inova no Sul, o Sistema FAEB/SENAR impulsiona uma revolução silenciosa: um software de gestão integrada que permite aos produtores monitorar custos, produtividade e até a eficácia de pesticidas em tempo real. “O produtor recebe recomendações técnicas no celular, como um assistente virtual”, detalha o coordenador do projeto, Aloísio Júnior, que ressalta: “A ferramenta já gerou economia de 15% em insumos para 1.200 propriedades”.
Mas a inovação não para aí. Drones pulverizam bioinsumos em áreas de difícil acesso, tratores com GPS realizam podas cirúrgicas, e estufas solares - que substituíram as tradicionais barcaças - reduzem o tempo de secagem das amêndoas de oito para cinco dias. “Até a ‘quebra’ do cacau, antes manual, agora é feita por máquinas que processam 500 frutos por hora”, complementa Júnior.
Novo Eldorado do cacau

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