Um dos aspectos mais relevantes relacionados ao turismo é a motivação. O que motiva a pessoa a viajar? O que busca e como escolhe seu destino, sua hospedagem ou o meio de transporte? Compreender essas motivações e o comportamento dos turistas é a chave para uma boa gestão do setor. Desta forma, é possível promover o sucesso das empresas do setor, além de propiciar o desenvolvimento turístico de destinos em um cenário cuja competição é acirrada.
Alguns conceitos relacionados com a motivação individual conectam-se a fatores que potencializam a decisão de viajar e, normalmente, parte de uma necessidade ou desejos não atendidos, gerando uma inquietação na qual determinará o que fazer e com qual vigor, objetivando o alívio do estresse. Esta inquietação provém de uma série de fatores que podem ser: conscientes, inconscientes, internos, externos, fisiológicos, psicológicos, sociais, culturais, racionais ou emocionais.
Normalmente, são nos estágios mais iniciais do processo de compra que se observa melhor a motivação do turista e, uma divisão importante a ser considerada na análise é a presença de componentes conscientes e inconscientes no processo de escolha. Algumas teorias contribuem para esse entendimento.
Principais correntes teóricas
Uma dessas teorias, a Teoria Behaviorista, associa a motivação às necessidades primárias e analisa o comportamento do indivíduo segundo um sistema de inputs e outputs. Ou seja, o impulso, semelhante a um processo mecânico, é um estímulo que pode ser atribuído às necessidades primárias, gerando uma ação, ignorando elementos da consciência. Aqui, o impulso leva o organismo cegamente à ação, ignorando a consciência e a variedade de interpretação de estímulos externos envolvidos em algumas ocasiões.
Outra análise vem da Teoria Cognitiva que estabelece a importância das cognições na orientação dos procedimentos humanos, evidenciando a consciência individual, bem como os acontecimentos externos que atuam sobre ela. “As necessidades e experiências passadas são analisadas, categorizadas e transformadas em atitudes e crenças que agem como predisposições ao comportamento” (SCHIFFMAN e KANUK, 2000).
O reconhecido fundador da Teoria Psicanalítica, Sigmund Freud, sugere que as pessoas não compreendem completamente suas escolhas, pois forças psicológicas inconscientes e repletas de impulsos instintivos moldam o comportamento.
Segundo a teoria freudiana, todos os elementos que ocorrem na mente humana, ou seja, a psique, divide-se em id (reservatório de pulsões internas, necessidades instintivas como fome, sexo, sede, por exemplo); superego (expressão interna da moral e dos códigos éticos de conduta, internaliza a influência moralizadora do contexto social); e ego (árbitro dos embates entre id e superego, procura o que é socialmente aceitável). Nessa teoria, o inconsciente é a verdadeira fonte dos desejos e o motor da motivação do comportamento humano.
Desta forma, o comportamento de consumo poderia ser visto como uma forma de satisfação dos desejos inconscientes e quando direcionado à aquisição de produtos e serviços, esse padrão motivacional pode levar à avaliação de marcas não somente por seus atributos declarados, mas também por associações e emoções causadas por outros sinais menos conscientes como forma, tamanho, cor etc.
Na Teoria Humanista, as motivações são atribuídas a necessidades internas e externas. Não se limita a respostas mecânicas ou cognitivas de estímulos. As motivações podem se manifestar tanto no nível fisiológico como no nível psicológico e se enquadram em níveis de necessidades que o indivíduo procura satisfazer: fisiológicas; de segurança; sociais; autoestima e autorrealização.
Já para a Psicologia Positiva, as motivações são atribuídas à busca exclusiva pelo bem-estar. A utilização deste pensamento teórico pode enriquecer os estudos da motivação humana, pois não limitaria os esquemas conceituais às necessidades, ao mal funcionamento da personalidade, à ansiedade e a outros estereótipos afins. Para o turismo, a psicologia positiva tem a capacidade de ampliar as possibilidades dos estudos motivacionais na medida em que vê o viajante como alguém criativo, em busca de oportunidades promotoras de satisfação pessoal e bem-estar.
Principais motivações no turismo
No turismo, muitos estudiosos dedicaram-se a elencar quais seriam essas motivações. Entre os quais observam-se três diferentes enfoques.
O modelo utilizado pela Organização Mundial do Turismo (OMT) apresenta motivações em seis grupos principais: ócio, recreação ou férias; visita a parentes ou amigos; negócios ou motivos profissionais (incluindo estudos); tratamento de saúde; religião e peregrinação; e compras.
Este tipo de abordagem é extremamente proveitoso do ponto de vista da pesquisa de campo, pois permite estudar o tema por meio da observação das atividades principais realizadas durante a viagem. No Brasil, o Ministério do Turismo por intermédio de institutos e organizações como, por exemplo, a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), adotam essas medidas.
Contudo, não existiria nada além desses itens puramente observáveis? Aí, entra os outros dois enfoques de análise das motivações turísticas, e eles partem de um grupo de estudiosos no tema, os quais seguem alguns exemplos.
Um desses grupos dedicou-se a estudar em nível humano mais profundo, enaltecendo características individuais ou interiores que interferem na motivação. Outro grupo, tenta conciliar ambos os tipos de fatores: os puramente observáveis por meio das atividades e os mais profundos.
Para esses analistas, envolve não somente o que se faz, mas como a viagem interage com o ser humano, com sua visão de mundo, seus valores e experiências anteriores. A busca pelo novo, o gosto pelo diferente e a busca por excitação são apresentadas como algumas das motivações.
A pesquisadora Sarah Bacal, pioneira no estudo do lazer e do turismo no Brasil, elenca as motivações turísticas em dois grupos:
- Satisfação de necessidades como sair da rotina, fugir dos problemas, descansar ou distanciar-se da poluição.
- Satisfação de desejos na qualidade de diversão, interesses culturais, congressos científicos, cursos, visita a feira ou exposições, conhecer lugares, encontrar novas pessoas, conviver com a natureza.
Roger Caillois, sociólogo francês, menciona quatro impulsos primários ou motivações para a diversão: aventura; competição; vertigem e fantasia. Seppo Iso-Ahola, professor da Universidade de Maryland (EUA), contribui com a teoria com o modelo de busca e escape, baseadas em duas motivações principais: desejo de escapar do ambiente ou das relações diárias e desejo de satisfação pessoal por meio de ambiente diferente ou de recompensa interpessoal.
Como outros fatores motivadores, Robert McIntosh, Charles Goeldner, e J. R. Brech Ritchie utilizam quatro categorias:
- Motivadores físicos: descanso do corpo e da mente, saúde, esporte e lazer.
- Motivadores culturais: busca pelo conhecimento em relação a outras culturas.
- Motivadores interpessoais: desejo de conhecer outras pessoas, visitar amigos e parentes, fugir de relacionamentos rotineiros.
- Motivadores de status e prestígio: procura pelo desenvolvimento pessoal, continuidade educacional, atendimento à aspiração por reconhecimento.
Para se conhecer as motivações no turismo, deve-se ir além de dados socioeconômicos, demográficos, expectativas sobre equipamentos e serviços e hábitos de consumo turístico. Entender as motivações dos viajantes ao redor do mundo não é tarefa fácil, porém, é um importante instrumento para aprimorar os estudos da demanda turística e, como consequência, possibilitar a melhora dos serviços oferecidos.
Entenda mais sobre motivações de viagens acessando o artigo de Eva Parzewski Blaszczyk, da comunidade Sebrae – PR.
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Fonte: MOTIVAÇÕES DE VIAGENS E PLANEJAMENTO TURÍSTICO DO DESTINO