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Projeto da Embrapa pode levar tratamento de esgoto de baixo custo para zona rural
Sistema de fossa comunitária gera água que pode ser usada em plantações. Apenas 4% das propriedades rurais são atendidas pela rede de esgoto no Brasil.
Por Globo Rural
Projeto da Embrapa pode levar tratamento de esgoto de baixo custo para zona rural
Pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em parceria com o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), desenvolveram um modelo de estação de tratamento de esgoto para atender as comunidades rurais. O sistema é de baixo custo e pode levar o saneamento básico para as regiões em que isso ainda não existe.
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Além da população rural mais isolada, o projeto visa também os povos tradicionais, como indígenas e quilombolas, com uma estimativa de público em cerca de 500 habitantes por estação. Assim, apenas uma unidade seria capaz de tratar o esgoto de uma comunidade inteira.
A maior parte das propriedades rurais do Brasil sofre com este problema. Apenas 4% delas são atendidas pela rede de esgoto.
Das restantes, 16% despejam os dejetos diretamente em rios e lagos e os outros 16% têm a fossa séptica, que é uma unidade doméstica de tratamento que filtra resíduos antes que retornem à natureza.
Sobram ainda 64% das propriedades, que usam a fossa negra, na qual os dejetos podem entrar em contato com o solo, sendo um risco para o meio ambiente e para a saúde das pessoas, que podem contrair cólera, hepatite, diarreia, entre outros.
Fossa mais barata
A Embrapa desenvolveu uma alternativa à fossa séptica, que resolve também uma das principais dificuldades relatadas pelos entrevistados: o preço.
Segundo o engenheiro ambiental, Carlos Eduardo Pacheco, que participou do projeto, o custo fica em torno de R$ 60 e R$ 80 mil.
"Ela (a fossa) é de fácil instalação, então é possível fazer a instalação por meio de mutirões na comunidade, o que reduziria bastante o custo", explica.
O projeto piloto está em funcionamento na Embrapa Hortaliças, na cidade de Samambaia, no Distrito Federal. Para funcionar, o sistema tem que ser instalado na parte mais baixa do terreno, para que a gravidade transporte os dejetos das casas até a estação. O restante do processo é feito em 4 etapas:
esgoto bruto dos banheiros e cozinha passa por 3 tanques de limpeza que retêm a gordura e materiais sólidos maiores, como papel higiênico;tratamento biológico, onde micro-organismos presentes no próprio esgoto efetuam a decomposição da matéria orgânica, como fezes e urina;filtração, ocorre por meio de barreiras de água, areia e brita, para aumentar a eficiência da retirada de materiais sólidos e micro-organismos, como vermes;uso de cloro de piscina ou de poço artesiano para obter o resultado final da água tratada.
O que fazer com a água tratada?
Além de diminuir os malefícios à saúde e ao meio ambiente, os pesquisadores demonstram que a água tratada também pode ser útil na produção de alimentos.
O sistema foi testado em uma plantação de alfaces, onde a água foi usada em irrigação por gotejamento, assim ela não entra em contato direto com as folhas. Foram geradas hortaliças verdes, grandes e com folhas bem formadas, relataram os pesquisadores.
Para garantir a segurança do consumidor, a água usada na irrigação é testada em laboratório, para verificar a presença de coliformes, ou seja, se há ou não resíduos de fezes nela.
Até o momento, todas as amostras deram negativo para salmonela, outros tipos de contaminação tiveram parâmetros dentro do permitido pela legislação brasileira, portanto sem risco à saúde.
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