O Governo de Mato Grosso, por meio da Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer), segue investindo na pesquisa agrícola de mandioca.
No Centro Regional de Pesquisa e Transferência de Tecnologias (CRPTT), em Tangará da Serra, pesquisadores trabalham atualmente com 1.800 mudas de mandioca em sistema de vasos, que serão posteriormente transferidas para o campo. Além disso, cerca de cinco hectares da área são dedicados à cultivares de mandioca de mesa e para a indústria.
As atividades contam com o apoio da Secretaria de Estado de Agricultura Familiar (Seaf) e têm como foco o desenvolvimento de cultivares mais produtivos, tanto em termos de rendimento de raízes quanto de qualidade para o consumo. A parceria entre Seaf e Empaer reforça o papel da pesquisa pública no fortalecimento da agricultura familiar e no desenvolvimento de soluções adaptadas à realidade dos produtores
Para a secretária de Agricultura Familiar, Andreia Fujioka, as pesquisas são determinantes para o suporte aos produtores.
“A pesquisa desenvolvida pela Empaer é estratégica para a agricultura familiar. Trabalhar com variedades que proporcionem maior produtividade e qualidade significa aumentar a renda do produtor de pequena escala e garantir segurança alimentar nas comunidades rurais”, destacou.
O presidente da Empaer, Suelme Fernandes, reforçou o compromisso do Estado com a inovação no campo.
“Estamos investindo em ciência e tecnologia para transformar a realidade da agricultura familiar em Mato Grosso. Essa iniciativa em Tangará da Serra é um exemplo de como o conhecimento técnico pode gerar resultados concretos para o produtor”, avaliou.
A engenheira agrônoma e pesquisadora da Empaer, Dolorice Moreti, que lidera os trabalhos com a cultura da mandioca no centro, explicou os objetivos da pesquisa.
“Essa área é um espaço de avaliação de materiais genéticos de mandioca para indústria e de mesa. No caso da mandioca para indústria, buscamos identificar os materiais mais produtivos em raízes e com maior teor de amido, o que garante melhor rendimento na produção de farinha. Já nas variedades de mesa, avaliamos tanto a produtividade quanto o tempo de cozimento, o que ajuda no planejamento do plantio e colheita”, explicou.
Segundo a pesquisadora, a orientação técnica permite ao agricultor tomar decisões mais estratégicas.
“O produtor precisa saber quando plantar e colher, não apenas para planejar as atividades, mas também para aproveitar os períodos de melhores preços no mercado. Nas nossas avaliações, temos materiais com potencial produtivo variando de 30 até 60 toneladas por hectare, dependendo das condições de solo e manejo”, ressaltou.
Estudos da Empaer indicam que a raiz é a segunda mais importante da cadeia produtiva no estado, representando fonte de renda, comida e ingrediente para farinhas tanto em áreas urbanas quanto rurais.
ProNatura, 40 anos de impacto regenerativo em escala global. Foi fundada no Brasil em 1985 e expandiu-se globalmente em 1992, estendendo suas atividades pelos Estados Unidos, Europa, América do Sul e Central, África e Ásia. É reconhecida como líder na área de sustentabilidade. A Organização ajudou a definir o modelo de Desenvolvimento Sustentável antes mesmo da invenção da terminologia, no início da década de 1990, sendo uma das principais pioneiras na área. A PNI é reconhecida pelas Nações Unidas (Premio UN 1993) como pioneira em desenvolvimento sustentável, antes mesmo de o termo se tornar amplamente utilizado.
A ProNatura Internacional – PNI é uma organização ambientalista que está ativamente envolvida com as mudanças climáticas, trabalhando em projetos que visam a sustentabilidade e a proteção do meio ambiente. A PNI foi criada com a missão de promover o desenvolvimento humano e ambiental em territórios vulneráveis. A organização tem um papel importante na promoção de práticas sustentáveis e busca captar recursos internacionais para financiar projetos. A ProNatura também se preocupa com a adaptação às mudanças climáticas, como demonstra a sua participação em projetos que visam a proteção de áreas ameaçadas, como a Amazônia Legal, e a colaboração com outras organizações para encontrar soluções.
Ou seja, a ProNatura é uma organização ambientalista que atua em diversas áreas, com foco especial na sustentabilidade, na proteção do meio ambientee na melhoria do bem-estar humano e igualdade social. Ela tem um papel importante na conscientização e na promoção de práticas sustentáveis. Ou seja, a PNI foi criada com a missão de promover o desenvolvimento humano e ambiental em territórios vulneráveis.
Durante sua trajetória, consolidou metodologias próprias (Plataforma de Valor Compartilhado, em parceria com a IFC – Banco Mundial), articulou redes com instituições como o Banco Mundial, a IFC, o GEF, a ONU, governos nacionais e comunidades locais. O trabalho foi reconhecido por vários órgãos relevantes, como : Nações Unidas, Prêmio Internacional Mitchell, Prêmio do Congresso Mundial de Petróleo – “Prêmio de Excelência em Responsabilidade Social”, Revista CNN/Time. A ProNatura é considerada “Utilidade Pública Nacional” no Brasil.
A história da ProNatura pode ser compreendida em quatro fases:
1985–1995: Consolidação da metodologia e atuação no Brasil;
1995–2010: Expansão internacional e entrada em países da África, América Latina e Ásia;
2010–2020: Desenvolvimento de instrumentos financeiros inovadores, como blended finance e monetização de ativos naturais;
2020–2035: Expansão global com independência financeira e impacto regenerativo de larga escala.
Como já citado, a PNI utiliza a Plataforma de Valor Compartilhado – SVP, uma metodologia criada pela ProNatura em parceria com a IFC (International Finance Corporation) – uma agencia do Grupo Banco Mundial- para desenvolver negócios prósperos e apoiar o desenvolvimento do setor privado em países em desenvolvimento. Ela prevê a promoção do desenvolvimento comunitário sustentável, inclusivo, verde e de longo prazo em regiões vulneráveis, mesmo sob influência de grandes projetos extrativos e de infraestrutura. A IFC (International Finance Corporation) trabalha para reduzir a pobreza e melhorar a vida das pessoas, ao mesmo tempo que promove práticas sustentáveis e o desenvolvimento econômico. Ou seja, essa atuação conjunta significa a redução de riscos para investidores verdes e, consequentemente, maiores investimentos em economia verde. Dessa forma, a PNI é responsável pela captação de mais de US$ 500 mi em blended finance desde 2010.
A SPV é a espinha dorsal metodológica da PNI, trabalhando com paisagens ricas em biodiversidade e comunidades que aumentam o valor ecológico, social, cultural e econômico destas regiões, ajudando-as a acelerar os empreendimentos naturais. Ou seja, a Plataforma de Valor Compartilhado – SVP como já disse, é a espinha dorsal metodológica da PNI, operando em 3 fases:
Diagnóstico e escuta territorial;
Estruturação técnica e financeira, atração de investimentos em escala com retorno socioambiental e econômico.
Implementação com investimento e execução no território
Os projetos da PNI se alinham com todos, repito TODOS os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável – ODS da ONU, particularmente, neste caso vou apontar o ODS 13 – Ação contra a mudança global do clima e o ODS e o ODS 17 – Parcerias e meios de implementação. A PNI atua na aplicação de soluções baseadas na natureza (NbS), com a restauração de ecossistemas produtivos (agroflorestas, ILPF) já garantidos em mais de 20 milhões de hectares. E uso de tecnologia “Biochar Super Vegetal” para solos degradados, se constituem ferramentas eficientes de atuação. Destaco que o Biochar, ou carvão biológico, é um material rico em carbono, obtido por meio da pirólise (aquecimento em altas temperaturas sem oxigênio) de biomassa, como resíduos agrícolas e florestais. É usado em agricultura e outras áreas para melhorar o solo, sequestrar carbono e produzir energia.
Projetos e Parcerias: A ProNatura desenvolve projetos e parcerias para lidar com as mudanças climáticas, buscando soluções inovadoras e a proteção de áreas sensíveis, como a Amazônia Legal.
Financiamento: A organização busca recursos internacionais para financiar seus projetos, visando a proteção do meio ambiente e a promoção de práticas sustentáveis.
Adaptação: A ProNatura reconhece a importância da adaptação às mudanças climáticas e participa de projetos que visam a proteção de áreas ameaçadas, como a Amazônia Legal, e a colaboração com outras organizações para encontrar soluções socioeconômicas e ambientais.
Sobre ProNatura/Plataforma de Valor Compartilhado e os Projetos (P):
Grupos Estratégicos de Projetos Atuais:
1. SVP como Estrutura Territorial Regenerativa – Exemplos: Juruti (PA), Marajó (PA), Vazantes Mineiras (MG): estruturas regionais de desenvolvimento regenerativo focadas em cadeias sustentáveis como mandioca, açaí e leite (em um total de 6 a 12 cadeias produtivas consideradas). Mini‑estudo de Juruti evidenciam que a renda média das famílias subiu de R$ 540 para R$ 860/mês; desmatamento caiu 27 % em 5 anos. Estas iniciativas promoveram o empoderamento das comunidades em programas participativos de gestão territorial.
2. Descarbonização do Agronegócio Brasileiro: Parceria com o MAPA (Ministério da Agricultura e Pecuária) para transformação das práticas agropecuárias em larga escala. Agricultura de baixo carbono, ILPF, recuperação de pastagens e integração com o mercado financeiro verde, ativos ambientais e o mercado de seguros.
3. GAIA – Jogos e Fórum Global dos Povos Originários: Fórum Econômico e Cultural dos Povos Originários (modelo Davos) e os Jogos Mundiais dos Povos Originários (modelo Olimpíadas) como expressões da valorização ancestral, articulação política e inclusão econômica e cultural justa no novo modelo de desenvolvimento regenerativo.
4. Dysrupt.Us – Campus Global de Inovação tecnológica em Soluções Baseadas na Natureza: Projeto para instalação de um centro global de pesquisa, aceleração e formação em soluções baseadas na natureza, com sede no Brasil e articulação internacional.
5. ONE Amazon – Visão Integrada da Amazônia: O projeto ONE Amazon visa transformar a interação com a floresta amazônica, promovendo soluções econômicas sustentáveis que protejam a floresta tropical e apoiem as comunidades e a biodiversidade que dela dependem. Por meio de ativos digitais acreditados e transacionados nas principais bolsas de valores em todo o mundo, vinculados a contratos de conservação de longo prazo, o projeto busca criar um modelo econômico sustentável que beneficie tanto a floresta quanto as comunidades da região assim como os investidores. Metodologia híbrida (Satélite Sentinel‑2 + drones LiDAR + app de campo) certificada por padrão internacional. Além disso, iniciativas como a Internet das Florestas (IoF – Parceria com o MIT Lab) estão sendo desenvolvidas para monitorar e proteger digitalmente cada hectare da floresta, promovendo resiliência ambiental e oportunidades econômicas sustentáveis para as comunidades locais.
6. Reconhecimento Global e Redes de Cooperação: Com trajetória reconhecida por instituições como a ONU, World Bank, GEF, GCF, Rockefeller Foundation e Alcoa Foundation, a PNI alia sua atuação local à articulação em fóruns internacionais. Sua governança e parcerias permitem a coordenação de capitais filantrópicos, públicos e privados em projetos de grande escala e alto impacto. Com uma Política de Integridade publicada (IFC PS 1-8) auditoria anual independente, 48 % de mulheres em cargos de decisão.
7. Um Legado Coletivo: A PNI é, acima de tudo, uma construção coletiva. Ao longo de suas quatro décadas, contou com a contribuição inestimável de profissionais, parceiros institucionais, conselheiros científicos e comunidades locais. Desde Marcelo de Andrade, fundador e presidente, Guy Reinaud CEO Global do PNI por 33 anos, até cada pessoa que fez parte dessa jornada, todos deixaram uma marca de excelência, compromisso e visão transformadora.
Reconhecemos que nenhuma inovação nasce isolada. Nosso impacto é resultado da união entre saber técnico, escuta comunitária e cooperação entre setores diversos. Essa é a força que nos impulsiona e nos prepara para os próximos 40 anos.
8. Chamado à Ação: Diante da urgência imposta pela meta de 1,5°C do Acordo de Paris, a PNI reforça seu compromisso com soluções territoriais, inclusivas e replicáveis em larga escala (Escala de Solução!). Com metodologia validada, parcerias sólidas e visão de futuro, convidamos governos, investidores, academia e sociedade civil a se unirem a essa trajetória de transformação.
Até 2024, a PNI viabilizou a restauração de 2,1 milhões de hectares, sequestrando 38 38 milhões de toneladas de dióxido de carbono beneficiando 780 mil pessoas em 14 países.
Importante ressaltar que as mudanças climáticas têm um impacto significativo no mundo, com consequências que vão desde a escassez de recursos naturais até o aumento de conflitos e o deslocamento de pessoas. A ProNatura Internacional, ao atuar na mitigação e adaptação às mudanças climáticas, contribui para um futuro mais sustentável e resiliente das comunidades, particularmente as mais vulneráveis.
Sobre a ProNatura Internacional:
É uma organização ambientalista que atua em várias áreas, incluindo a proteção da biodiversidade, a conservação de habitats e a luta contra a mudança climática.
A ProNatura Internacional apoia projetos de conservação em diferentes países, como o Brasil, ajudando a proteger áreas importantes para a biodiversidade e a combater o desmatamento.
A organização também promove a conscientização sobre a importância da proteção ambiental e trabalha para influenciar políticas públicas que promovam a sustentabilidade.
A ProNatura Internacional, através de seus projetos e programas, contribui para o combate às mudanças climáticas em diferentes frentes:
Defesa de florestas: A organização trabalha para proteger as florestas, que são importantes para a absorção de carbono e para a manutenção da biodiversidade;
Promoção de energias renováveis: A ProNatura apoia a transição para energias renováveis, que são fontes de energia mais limpas e sustentáveis do que os combustíveis fósseis;
Redução de emissões de carbono: A organização promove ações para reduzir as emissões de carbono, como a implementação de práticas agrícolas sustentáveis e o uso de tecnologias mais eficientes;
Apoio a políticas públicas: A ProNatura defende a implementação de políticas públicas que visam mitigar e adaptar-se às mudanças climáticas, como a redução de emissões, a proteção de áreas naturais e o desenvolvimento de tecnologias verdes;
Educação e conscientização: A organização promove a educação ambiental e a conscientização sobre as mudanças climáticas, visando engajar a sociedade civil no combate a crise climática.
Importante ressaltar que a ProNatura corrobora com a cooperação internacional fornecendo, através dos projetos e parcerias, estrutura para que os países reúnam seus recursos, compartilhem tecnologias e coordenem esforços em escala global. Sem esses acordos, o combate às mudanças climáticas seria desarticulado e o progresso alcançado até agora estaria em risco.
As relações da ProNatura com organizações e fóruns econômicos e financeiros internacionais visa desenvolver e a implementar estratégias para o fortalecimento econômico e promoção do desenvolvimento sustentável. Ressaltando que a cooperação internacional é crucial porque permite aos países enfrentar desafios globais de forma mais eficaz, compartilhar recursos e conhecimentos, e promove desenvolvimento sustentável. Através da cooperação, é possível construir pontes entre nações, fortalecer a diplomacia, e criar um ambiente mais pacífico e próspero para todos (ODS 17).
A ONU enfatiza que as mudanças climáticas são uma crise global urgente, com graves consequências para o planeta e a humanidade. Alerta para a necessidade de ações urgentes e ambiciosas para reduzir emissões de gases de efeito estufa e limitar o aquecimento global, com foco na meta de 1,5°C do Acordo de Paris. Meta esta da ProNatura Internacional.
Importante dizer que o novo Papa, o americano Robert Francis Prevost, eleito como novo papa pelo colégio de cardeais da Igreja Católica, defende que o mundo deixe as palavras de lado e se comprometa com ações práticas de combate à mudança do clima. Para o papado, os sinais das mudanças climáticas “não podem ser escondidos ou disfarçados”. Ou seja, o novo pontífice tem enfatizado a urgência de ações práticas e ambiciosas, alinhando-se com a missão do PNI de promover justiça climática com dignidade humana.
E volto a dizer: “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer” (Geraldo Vandré: Para não dizer que não falei das flores).
Mundialmente os povos indígenas desempenham um papel crucial no combate às mudanças climáticas, atuando como guardiões de florestas e biodiversidade. Eles possuem conhecimentos tradicionais valiosos para a conservação ambiental e a preservação de estoques de carbono, essenciais para mitigar o aquecimento global. A proteção de suas terras e o reconhecimento de seus direitos são fundamentais para o sucesso das estratégias de combate às mudanças climáticas.
Ao proteger ecossistemas essenciais que atuam como sumidouros de carbono e protegem a biodiversidade, os povos indígenas prestam um serviço ambiental ao resto do mundo. Muitas práticas tradicionais indígenas oferecem soluções climáticas eficazes, como sistemas agrícolas sustentáveis e gestão de águas resiliente ao clima. É impossível atingir os objetivos do Acordo de Paris sem a participação plena e efetiva dos Povos Indígenas.
Todos têm muito a aprender com os povos indígenas. É importante que os governos reconheçam plenamente os direitos dos povos indígenas, fornecendo-lhes acesso direto ao financiamento climático e à capacitação, e integrar o conhecimento indígena à política climática.
Seguem abaixo 06 (seis) exemplos de ações Indígenas:
Conhecimentos e Práticas Tradicionais: Seus conhecimentos tradicionais sobre o uso sustentável dos recursos naturais, como práticas agrícolas e técnicas de manejo florestal, são cruciais para a conservação e a mitigação das mudanças climáticas.
2. Preservação de Florestas e Biodiversidade: A maioria dos territórios indígenas abriga vastas áreas de florestas, que atuam como importantes reservatórios de carbono e como refúgio para diversas espécies de plantas e animais. A proteção dessas áreas é fundamental para a manutenção do equilíbrio ambiental, contribuindo diretamente para a luta contra as mudanças climáticas.
3. Papel na Mitigação do Aquecimento Global: As florestas indígenas armazenam grandes quantidades de carbono, o que é essencial para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e mitigar o aquecimento global.
4. Reconhecimento e Proteção dos Direitos Indígenas: A proteção dos direitos indígenas sobre a terra e o reconhecimento de sua importância na luta contra as mudanças climáticas são essenciais para o sucesso das estratégias de mitigação.
5. Engajamento e Participação: É fundamental que os povos indígenas sejam engajados e participem dos processos de decisão sobre as políticas de combate às mudanças climáticas. A sua voz e a sua experiência são essenciais para a implementação de soluções eficazes e justas.
6. Desafios e Oportunidades: Apesar da importância dos povos indígenas na luta contra as mudanças climáticas, eles enfrentam diversos desafios, como a perda de territórios, a violência e a discriminação. No entanto, há também oportunidades para fortalecer a sua participação e promover a justiça climática.
Segundo o PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento: “Os povos indígenas são guardiões de sistemas de conhecimento, inovações e práticas únicas que foram transmitidos de geração em geração e desta forma, permitiram que diferentes culturas e comunidades em muitas partes do mundo vivessem de forma sustentável, enfatizando o equilíbrio entre os humanos e o mundo natural”.
Vale ressaltar que, com a intensificação da crise climática, seus conhecimentos e práticas oferecem soluções climáticas valiosas que podem impulsionar os esforços de mitigação, aprimorar as estratégias de adaptação e construir resiliências.
Podemos ainda citar:
Espiritualidade e Cosmovisão: Embora implicitamente já citada, a cosmovisão indígena — que vê a natureza como parte inseparável do ser humano, com vida e espírito próprios — merece destaque como um valor central. Essa visão promove uma ética ecológica profunda, diferente da racionalidade utilitarista do Ocidente, sendo um contraponto poderoso ao paradigma de exploração da natureza.
Diversidade Cultural como Resiliência: A diversidade cultural indígena também é uma forma de resiliência climática. Cada povo detém conhecimentos específicos adaptados a diferentes biomas (floresta, cerrado, caatinga, pampa, etc.), formando um mosaico de soluções locais extremamente valiosas para ações climáticas diferenciadas.
Mulheres Indígenas e Liderança Climática: O papel das mulheres indígenas na defesa dos territórios, práticas agroecológicas e transmissão do conhecimento tradicional é importantíssimo. Elas são lideranças-chave em muitas comunidades e representam um ponto de convergência entre justiça climática e justiça de gênero.
Educação Intercultural e Diálogo de Saberes: Mencionei em outros artigos a educação, mas é importante destacar e aprofundar a importância da educação intercultural, que valoriza os saberes indígenas e promove um diálogo horizontal entre ciência e tradição, essencial para formulações climáticas mais inclusivas e inovadoras.
Tecnologias Sociais Tradicionais: As práticas indígenas podem ser reconhecidas como tecnologias sociais — sistemas complexos e eficientes, como o manejo do fogo, os calendários ecológicos, a agrofloresta, a pesca rotativa, entre outros, que oferecem soluções adaptadas e de baixo custo.
O questionamento importante é: Por que os povos indígenas são os principais agentes de mudança na ação climática?
Resposta: Porque eles administram cerca de 25% das terras do mundo que contêm grande parte da biodiversidade do planeta e do carbono armazenado no solo e na biomassa. Uma grande parte dessas terras é coberta por florestas, que são essenciais para as tradições, culturas e meios de subsistência de 70 milhões de povos indígenas, que cuidam do meio ambiente de pelo menos 36% das florestas intactas do mundo. E ao proteger esses ecossistemas essenciais, que atuam como sumidouros de carbono e protegem a biodiversidade, os povos indígenas prestam um serviço ambiental ao resto do mundo. E para conhecimento, no Brasil, 98% das terras indígenas estão na Amazônia Legal. Região esta com a maior biodiversidade do mundo.
Soluções baseadas na natureza e economia circular são um modo de vida há milênios para os povos indígenas em todo o mundo, e esse conhecimento é fundamental para a ação climática.
Segundo a PNUMA – Programa das nacões Unidas para o Meio Ambiente, as Soluções Baseadas na Natureza podem gerar até 32 milhões de empregos até 2030, especialmente na América Latina, África e Estados Árabes.
De restaurar florestas a proteger zonas costeiras, as Soluções Baseadas na Natureza unem ação climática, justiça social e geração de renda — com potencial para transformar a vida de milhões, sobretudo jovens, mulheres e populações vulneráveis. O relatório do PNUMA, OIT e UICN (União Internacional para a Conservação da Natureza) destaca o nosso papel para impulsionar uma transição justa e fortalecer a infraestrutura resiliente ao clima. Vamos celebrar o trabalho que cuida das pessoas e do planeta!
Vale ressaltar que segundo o PNUMA está no centro dos esforços de ação climática, atuando para reduzir emissões, contribuir com a adaptação climática e restaurar o meio ambiente natural. Seja parte da mudança e participe da construção de um mundo melhor.
Desta forma, é extremamente importante reconhecer, promover e proteger o conhecimento indígena. O conhecimento indígena pode enriquecer significativamente as políticas e ações climáticas em todo o nosso planeta. No entanto, devido à marginalização histórica e aos desequilíbrios de poder político e econômico, os povos indígenas têm sido frequentemente negligenciados como agentes-chave da mudança. São frequentemente excluídos dos processos decisórios sobre políticas ambientais.
Vale ressaltar que segundo o PNUDéimpossível alcançar os objetivos do Acordo de Paris sem a participação plena e efetiva dos povos indígenas e seu consentimento. E isso inclui garantir o acesso direto ao financiamento climático.
Estudos científicos mostraram que 80% da área coberta por lavouras e pastagens no Brasil depende das chuvas geradas pelas florestas mantidas de pé nas terras indígenas da Amazônia.
Como já publicado no artigo “REDD+ (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação) e Mudanças Climáticas“, a Parceria Colaborativa das Nações Unidas para a Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal (UN-REDD) tem dedicado apoio significativo para garantir que a ação climática no setor florestal inclua e respeite os direitos dos Povos Indígenas. Liderada pelo PNUD, foi o primeiro programa da ONU a incorporar os Povos Indígenas com pleno poder de decisão em sua governança. E vale ressaltar que em Mato Grosso, o REDD Early Movers (REM MT) já disponibilizou R$ 30,9 milhões aos Povos Indígenas.
Ainda segundo o site do PNUD: “Além disso, por meio de sua iniciativa Promessa Climática, o PNUD trabalha ativamente para garantir a inclusão das necessidades e opiniões dos povos indígenas nos compromissos climáticos nacionais, ou Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), e sua participação no planejamento climático e nos processos de políticas.
Vale ressaltar que governos e formuladores de políticas podem tomar diversas ações e medidas políticas para incluir o conhecimento indígena em estratégias e planos de ação climáticas. São elas:
Reconhecer e respeitar os direitos territoriais e os territórios tradicionais dos povos indígenas;
Estabelecer marcos legais para o Consentimento Livre, Prévio e Informado (CLPI) . O CLPI contribui para a proteção dos direitos coletivos dos povos indígenas, especificamente seu direito à autodeterminação, seu direito de serem consultados, seu direito de participar de decisões que possam afetá-los e, principalmente, seus direitos às suas terras e recursos;
Integrar o conhecimento indígena às políticas sociais e ambientais em nível local, nacional e regional;
Apoiar a educação e a capacitação. Incorporar a história, a cultura e os sistemas de conhecimento indígenas aos programas educacionais é fundamental para preservar sua herança;
Fornecer acesso direto ao financiamento climático. O financiamento climático direcionado por povos indígenas pode apoiar projetos que não apenas mitiguem as emissões de gases de efeito estufa, mas também promovam o conhecimento e as práticas indígenas, fortaleçam os direitos e a governança dos povos indígenas e aumentem sua resiliência.
Seguem04 (quatro) desafios e perspectivas importantes:
O desmatamento e os conflitos territoriais ameaçam a capacidade dos povos indígenas de proteger as florestas e combater as mudanças climáticas;
A necessidade de financiamento direto e mais ambicioso para os povos indígenas é crucial para apoiar suas ações de conservação e adaptação às mudanças climáticas;
A transição para fontes de energia renováveis deve ser justa, garantindo que os povos indígenas não sejam afetados negativamente por projetos energéticos em seus territórios e;
Os povos indígenas estão sofrendo os impactos das mudanças climáticas, como secas, inundações e perda de biodiversidade, o que exige ações de adaptação e prevenção.
A despeito dos 33 anos que separam a Rio 92 da COP30, no Pará, os Povos Indígenas permanecerão como um dos principais protagonistas nas negociações, por isso, devemos estar todos acompanhando seus movimentos rumo à COP30.
Para conhecimento: A nova edição do Selo UNICEF reforça visibilidade de crianças e adolescentes indígena. No Brasil, meninas e meninos indígenas ainda enfrentam barreiras desiguais no acesso à educação, saúde, proteção social e oportunidades. Muitas vezes, os serviços públicos não chegam a essas comunidades.
Para concluir o artigo… A natureza nos oferece lições profundas de cooperação e resiliência. Esses sistemas naturais demonstram o poder de trabalhar juntos, incorporando a sabedoria indígena brasileira do ‘mutirão’, onde uma comunidade se reúne para trabalhar em uma tarefa compartilhada.
Inclusive com exemplos da natureza…. Quando as andorinhas (pássaros) no município de Cáceres/MT, em revoada, dançam pelo céu, vindas do Pantanalpara pousarem na praça principal, como um organismo fluido onde uma protege a outra… Quando aliados improváveis criam parcerias mutuamente benéficas e quando árvores antigas compartilham recursos por meio de redes subterrâneas, todos estão fazendo o mesmo ponto poderoso… A cooperação: Os complexos desafios que enfrentamos hoje com as Mudanças Climáticas só podem ser superados por meio desse mesmo espírito de conexão natural (indígena – soluções baseadas na natureza) e ações coletivascom cada cidadão fazendo sua parte.
Tudo na natureza está conectado – e nossas ações também devem estar. Vamos recuperar a biodiversidade antes que seja tarde demais.
Conclusão: A valorização do papel dos povos indígenas é fundamental para o combate às mudanças climáticas. Eles são os detentores das “soluções baseadas na natureza“. A garantia dos seus direitos, a participação em processos de decisão e o acesso a financiamento climático são passos importantes para construir um futuro mais sustentável e justo para todos. Suas práticas de manejo sustentável e a preservação de territórios ricos em carbono contribuem significativamente para a mitigação do aquecimento global. (Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=iU9O34_cmz4 ).