31 de janeiro de 2021

Intermat esclarece o que você deve saber antes de comprar um imóvel rural


Entre as verificações obrigatórias estão o histórico completo do imóvel, a certidão cartorária, a localização, e se é o proprietário quem está vendendo a área
Lorena Bruschi | Secom-MT

- Foto por: Mayke Toscano

 Antes de adquirir um imóvel rural é necessário verificar a legalidade da área para diminuir os riscos de se fazer um mau negócio. O Instituto de Terras de Mato Grosso (Intermat) esclarece medidas básicas a serem tomadas antes de negociar a compra de uma terra.

Conforme o presidente da autarquia, Francisco Serafim, o passo a passo de checagem de informações para se fazer um negócio seguro inclui, principalmente, buscar informações junto ao Cartório e Registro de Imóveis. "Para uma área ser passível de venda é necessário que esteja registrada em conformidade com a legislação, com posse pacífica e exigir o georreferenciamento", explica o gestor.

Uma dúvida frequente é quanto à possibilidade de desmembramento da área. Mesmo com a titularidade averiguada, o registro legal do imóvel junto ao cartório, antes de comprar é necessário confirmar a legalidade da divisão da área em frações menores.

O desmembramento de um imóvel rural deve sempre obedecer a Fração Mínima de Parcelamento (FMP) fixada para cada município, e que deve obedecer a regra de que o imóvel original permaneça com, ao menos, a área mínima fixada pela Lei Federal nº 5.868/72.

Veja o que você deve saber antes de comprar uma terra: 

 

Histórico completo do imóvel - Solicite ao Cartório de Registro de Imóveis uma certidão dominial, ou sucessória completa. O documento serve para mostrar a sequência cronológica e registro de todas as transmissões ocorridas sobre o mesmo terreno, desde o proprietário atual até a origem da titularidade.

Certidão pela internet - A maioria dos cartórios oferece a busca por certidões pela internet, sem a necessidade de se deslocar pessoalmente até o cartório. A busca pode ser feita pela Central Eletrônica de Integração e Informações dos serviços Notariais e Registrais de Mato Grosso (CEI), após cadastro, clicando AQUI.

Comprovação da origem do título - Após ter a certidão em mãos, é preciso conferir se o primeiro registro da área consta um título emitido pelo Poder Público. Comumente aparece Poder Judiciário, Estado, União, Incra e Intermat.

Verifique quem está vendendo a área - Após acessar a certidão, é possível verificar quem é o último dono da área. Certifique-se de que quem está vendendo a área é o atual proprietário do imóvel. 

Confirme a localização - É preciso confirmar que a área do título que consta no primeiro registro tem correspondência de localização com a área que você pretende adquirir.

Antes de adquirir um imóvel rural é necessário verificar a legalidade da área para diminuir os riscos de se fazer um mau negócio.


Uma dúvida frequente é quanto à possibilidade de desmembramento da área. Mesmo com a titularidade averiguada, o registro legal do imóvel junto ao cartório, antes de comprar é necessário confirmar a legalidade da divisão da área em frações menores.

Confira as medidas básicas a serem tomadas antes de negociar a compra de uma terra.

Saiba mais: http://bit.ly/2Mcddba

30 de janeiro de 2021

Árvores começam a dar frutos no Pantanal após queimadas e animais são vistos se alimentando; veja antes e depois.

Aplicativo G1


Por G1 MT

 


Antes e depois das queimadas em reserva no Pantanal de MT — Foto: Jeferson Prado/Sesc Pantanal

Antes e depois das queimadas em reserva no Pantanal de MT — Foto: Jeferson Prado/Sesc Pantanal

Árvores que servem de alimentos para animais do Pantanal mato-grossense começaram a dar frutos na maior Reserva Particular do Patrimônio Natural do país (RPPN), Sesc Pantanal, após 93% da área ser queimada pelo fogo em 2020.

Acuri, canjiqueira, jatobá, bocaiuva, jenipapo, figueira e marmelada, fontes naturais de alimentação de animais como araras, queixadas e o maior mamífero terrestre da América do Sul, a anta, já frutificam na região.

De acordo com o Sesc Pantanal, no Dia Nacional das RPPNs (31), os primeiros sinais de recuperação na unidade de conservação, deixam pesquisadores otimistas, mas cautelosos diante dos impactos em longo prazo dos incêndios florestais no bioma.

Em 2020, o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (LASA) registrou 4,350 milhões de hectares incendiados no Pantanal, ou seja, 30% do bioma.

Armadilha fotográfica instalada em reserva no Pantanal de MT para acompanhar animais — Foto: Gabriela Schuck

Entre os locais mais severamente atingidos pelo fogo, a grande área com acuris na RPPN surpreendeu e já dá seus primeiros frutos, após quatro meses. A expectativa inicial era que isso acontecesse somente em um ano.

A bióloga e pesquisadora do Grupo de Estudos em Vida Silvestre (GEVS), Gabriela Schuck, explicou que a área estava cinza e que não dava nem para saber se os acuris estavam vivos.

Embora os incêndios tenham alcançado 93% da área de 108 mil hectares da RPPN, o fogo teve intensidades diferentes em toda esta extensão, resultado da atuação da brigada de incêndio do Sesc Pantanal, existente há 20 anos, e dos contrastes acentuados da estrutura do mosaico da paisagem.

Segundo a instituição, foram 50 dias de combate, em locais simultâneos, o que retardou o avanço do fogo, permitindo a fuga de animais para áreas ainda preservadas ou já atingidas.

Árvore começa a dar frutos 4 meses após queimadas — Foto: Gabriela Schuck

Ação emergencial

Em setembro de 2020 teve início imediato o diagnóstico do impacto do fogo na fauna da Reserva pelo Sesc Pantanal e o GEVS, formado por pesquisadores do Museu Nacional Rio de Janeiro, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).

Eles levantaram dados detalhados acerca do número de carcaças de animais encontrados em amostras de toda a área da Reserva. Paralelamente, com o apoio da Ampara Silvestre, SOS Pantanal, o grupo É o bicho e parte dos pesquisadores, foram iniciadas também ações emergências de apoio aos animais sobreviventes com a distribuição de alimentos e água em 165 pontos, que tinham cochos instalados e monitorados com armadilhas fotográficas.

165 cachos retirados do Pantanal — Foto: Gabriela Schuck

Por meio das armadilhas, cerca de 300 registros da fauna eram baixados semanalmente. Por estarem debilitados, muitos andaram quilômetros em busca de água e alimentos e se concentravam próximos aos pontos instalados pelo Sesc Pantanal.

Essa grande concentração de animais não foi mais vista no último mês. Isso demonstra a importância do suporte emergencial, que foi essencial para que os animais sobreviventes passassem pela fase aguda, na direção de retomarem a vida normal gradativamente, entre eles a anta, também conhecida como a jardineira das florestas. A queda do número de registros pelas câmeras, que passou a ser em média de 30 por semana, a redução do consumo dos alimentos oferecidos, a identificação do reestabelecimento das fontes naturais de alimentação e água, vinda da chuva, contribuíram para o fim da ação emergencial, com a retirada dos cochos e suspensão da distribuição de alimentos.

O objetivo com a ação emergencial, que teve mais de 30 toneladas de alimentos distribuídos, foi alcançado, explica a bióloga.

Antes e depois das queimadas no Pantanal de MT — Foto: Jeferson Prado/Sesc Pantanal

Transição do Pantanal

O crescimento da vegetação e o surgimento das frutas, porém, não significa que a área recuperou o estado anterior ao fogo, afirma a pesquisadora. “Este é um momento de transição e estruturação da paisagem. Vemos água em todos os lugares e ela é um recurso essencial para todas as espécies e para a produção de frutos. Ou seja, mantendo a alimentação dos animais herbívoros, mantêm-se a alimentação dos animais carnívoros e tudo vai se ajeitando dentro de uma relativa normalidade. Porém, não falamos ainda em recuperação, mas em transformação e reestruturação da área. Ainda é preciso monitorar como as coisas serão em longo prazo, porque o fato de ver vida animal e vegetal não significa que isso se manterá no futuro”, alerta Gabriela.

Exemplo disso é a possibilidade de muitas fêmeas de uma mesma espécie terem perecido no incêndio, o que prejudica a recuperação da população na área, ou então na grande mortalidade dos animais pequenos que também são importantes nos ciclos da natureza.

E é isso que as pesquisas realizadas na RPPN Sesc Pantanal, voltadas para a fauna e flora, devem colaborar, especialmente para a tomada de decisões em todo o Pantanal, afirma a superintendente do polo socioambiental Sesc Pantanal, Christiane Caetano.

“Com as ações de combate ao fogo pela brigada do Sesc Pantanal e o investimento em pesquisas, poderemos dar uma resposta para a sociedade sobre a real proporção do que foi afetado no bioma. O histórico das pesquisas, realizadas há 24 anos na RPPN, colaboram para este momento de transição que vive o Pantanal, pois temos dados do antes, estamos levantando o do agora, e podemos projetar os impactos a longo prazo”, declara a superintendente.

Pesquisas sobre a fauna e a flora

Há duas pesquisas em andamento neste momento realizadas pelo Sesc Pantanal na RPPN. Em parceria com o GEVS, a pesquisa sobre a fauna, com importante apoio do Instituto Curicaca, tem o objetivo de conhecer os impactos dos incêndios para a vida animal nas diferentes paisagens do Pantanal, representadas no contexto da RPPN. Os resultados finais da pesquisa serão divulgados em artigos científicos e em um volume especial da coleção “Conhecendo o Pantanal”, publicada pelo Departamento Nacional do Sesc. Nos próximos anos, a recuperação das populações de algumas espécies-alvo da fauna será monitorada com o uso de armadilhas fotográficas e drones.

Referente à pesquisa sobre a flora, a RPPN foi contemplada, com recursos do Projeto Estratégias de Conservação, Restauração e Manejo para a Biodiversidade da Caatinga, Pampa e Pantanal (GEF Terrestre), do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio). Ao todo, serão R$ 552.448,40 revertidos na recuperação ambiental de 23 hectares do bioma pantaneiro, resultado do projeto de autoria da Mupan – Mulheres em Ação pelo Pantanal.

Com o nome de “Recuperação de florestas ribeirinhas pantaneiras: beneficiando água, solo, peixes e populações do entorno da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Sesc Pantanal”, o projeto é uma parceria, fruto de pesquisas e trabalhos de campo desenvolvidos, desde 2018, entre as instituições: Mupan, Wetlands International Brasil, Centro de Pesquisa do Pantanal (CPP), Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Áreas Úmidas (INAU) e o próprio Sesc Pantanal.


Na Rodovia que dá acesso a Comunidade São Lourenço de Fátima MT 270, é possível visualizar vários animais atropelados

 Na Rodovia que dá acesso a Comunidade  São Lourenço de Fátima  MT 270, é possível visualizar  vários animais atropelados,  mortos  pelo trânsito, conforme foi registrado nas fotos abaixo,  infelizmente isto vem ocorrendo com muita frequência.

Nessa rodovia não existe nenhum tipo de  sinalização.

A sinalização de alerta ao motoristas é de fundamental importância para o cuidado com animais silvestres bem presentes nesta região, considerada Pantanal Matogrossense.

A falta de placas de sinalização  que vem  acarretando  esses acidentes.

As fotos foram tiradas pela Sr. Rosa Afonsina Matos Rocha em sua passagem hoje dia 30 de janeiro e passado para redação deste blog.

Estamos  passando estas informações
para que os  órgãos de Governo responsáveis pela Sinalização de Trânsito possam tomar as devidas providências no sentido de resolver este grande problema para a fauna desta região.

Fica aqui este o nosso apelo como sensibilização para as autoridades competentes a pedido da Sr. Rosa Afonsina Matos Rocha.

Texto: Geraldo Donizeti Lucio.
Fotos:  Sr. Rosa Afonsina Matos Rocha 

Baía de Chacororé, no Pantanal, sofre com seca extrema



Falta de chuvas agrava situação do Pantanal
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Falta de chuvas agrava situação do Pantanal

O ano de 2020 registrou o maior número de queimadas na história do Pantanal e, agora, a situação é agravada pela falta de chuvas.

Quem vê a região de Chacororé, no Pantanal, não imagina que lá já existiu uma área alagada três vezes maior que a Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. Imagens de arquivo mostram a beleza do lugar. Pesquisadores coletaram dados de satélites divulgados pelo Inpe de 2016 a 2020 para acompanhar a diminuição da área alagada.

“A baia tem uma importância fundamental para a reprodução dos peixes justamente nessa época do ano em que a gente tem um período de piracema, época que os peixes vão para lá para se reproduzir. Mas sem essa cobertura de água, não tem baía, não tem vida”, explica o coordenador do Instituto Centro Vida, Vinicius Salgueiro.

Dados do Instituto Nacional de Meteorologia mostram que o volume de chuva no Pantanal ficou até 40% abaixo do esperado para os meses de dezembro e janeiro em Mato Grosso.

Uma área alagável já deveria praticamente cobrir uma pessoa com água. De acordo com a pesquisa da Universidade do Estado de Mato Grosso, o Rio Paraguai está um metro e 60 centímetros mais baixo do que a média para esse período. Um ponto já tem uma pequena ligação com o rio, mas outras áreas ainda estão totalmente isoladas.

“Quando a gente olha o Pantanal, nós temos que olhar com três formas: uma é um reflexo mundial das mudanças climáticas globais; outra é o efeito regional do impacto do desmatamento na Amazônia que causa o atraso das chuvas, a diminuição das chuvas; e outra é o efeito local. Tem intervenções humanas que foram feitas e isso altera a entrada da água no sistema”, afirma Carolina Joana, pesquisadora da Unemat.

Pesquisadores também monitoram áreas atingidas pelo fogo na maior destruição já registrada no Pantanal.

“O que a gente vê no solo exposto hoje em dia é uma grande quantidade de carbono, ou de carvão. Ele vai ser mineralização daqui a muitos anos. O que a gente vê no Pantanal é um solo ecologicamente pobre, ele vai demorar para que seja recuperado”, diz Ernandes Sobreio Oliveira Júnior, pesquisador da Unemat.

Além do impacto ambiental, donos de rebanhos temem um ano de perdas. A fazenda do pecuarista Francisco Gilberto Mendes Rossi está praticamente sem pasto. Ele teve que reduzir o número de animais pela primeira vez em 40 anos.

“Mesmo chovendo a partir de agora não dá tempo mais do capim recuperar e enfrentar a próxima seca que vem aí, de maio em diante, que é a tendência natural dos tempos. Então o prejuízo já está estipulado também para 2021”, lamenta o pecuarista.


Bom dia inteirinho com Jesus Cristo

29 de janeiro de 2021

Governo Federal lança edital para projetos de revitalização de bacias hidrográficas

Iniciativa integra o Programa Águas Brasileiras. Instituições privadas, com ou sem fins lucrativos, têm até 11 de fevereiro para apresentar suas propostas
Águas Brasileiras

O edital integra o Programa Águas Brasileiras, que visa garantir água de qualidade para a população e atrair investimentos privados para projetos de recuperação e preservação de áreas degradadas em diversas parte do País (Foto: Divulgação)

Brasília (DF) – O Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) lançou edital de chamamento público para inscrição de projetos de revitalização de bacias hidrográficas no País. O objetivo é selecionar projetos que contemplem o uso sustentável dos recursos naturais e a melhoria da disponibilidade de água em quantidade e qualidade para os usos múltiplos. Instituições privadas, com ou sem fins lucrativos, interessados em participar têm até 11 de fevereiro para apresentar suas propostas.

Os projetos devem ser voltados para as quatro bacias hidrográficas consideradas prioritárias pelo Governo Federal: São Francisco, Parnaíba, Taquari e Tocantins-Araguaia. Após análise e seleção por comissão pública, os projetos serão divulgados no portal do MDR, visando fazer a conexão entre as iniciativas selecionadas e organizações e empresas que desejem apoiar essas iniciativas financeiramente.

“Apoiar a agenda de revitalização de bacias hidrográficas já é parte da estratégia de sustentabilidade de muitas empresas brasileiras que associam o patrocínio de projetos à sua atividade econômica e ao ganho de imagem junto à sociedade. Além disso, a agenda verde permite o acesso a mercados consumidores e financeiros que são hoje fortemente influenciados por questões ambientais e sociais”, afirma o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho.

Eixos temáticos

As ações propostas devem contemplar os seguintes eixos temáticos: manejo florestal sustentável; proteção e recuperação de áreas de preservação permanente, prioritariamente de nascentes, e de áreas de recarga de aquíferos; implantação de sistemas agroflorestais; contenção de processos erosivos; soluções sustentáveis de saneamento no meio rural e reuso de água no meio urbano; técnicas de engenharia natural para infiltração da água com comprovados benefícios ambientais; ações que levem à redução da criticidade hídrica; e economia circular da água.

O edital de chamamento público faz parte do Programa Águas Brasileiras, que visa garantir água de qualidade para a população e atrair investimentos privados para projetos de recuperação e preservação de áreas degradadas em diversas parte do País. A ação reúne, além do MDR, os ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), do Meio Ambiente (MMA), da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), a Controladoria-Geral da União (CGU), a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).

“A água está presente em tudo. É um elemento essencial para a vida e também um diferencial estratégico para o Brasil. Se preservada e explorada de maneira correta, é decisiva para a competitividade do País no exterior”, destaca Marinho. “O Brasil precisa cuidar cada vez melhor de suas fontes hídricas para que seja possível a todos terem acesso em quantidade e qualidade suficientes para o consumo e as atividades econômicas, no presente e para as próximas gerações. Cuidar das nossas águas resulta em cuidar do presente e do futuro do Brasil”, ressalta.

Edital

Anexo I - Demonstrativo de capacidade gerencial, técnica e operacional para instituições privadas

Anexo II - Modelo de Projeto

Saiba mais sobre o Programa Água Brasileiras

Reunião na Umutina discute plano de visitação nas aldeias

Fonte: Alessandra Carvalho
Imagem principal da Notícia

Governo municipal de Barra do Bugres - MT prioriza o Plano de Visitação Turístico da Terra Balotiponé-Umutina, como uma das primeiras ações do setor e tem apoio do Poder Legislativo.

No dia 26 de janeiro de 2021, com início às 9h ocorreu a 1ª reunião presencial na aldeia central Balatiponé-Umutina, na Terra Indígena Balatiponé-Umutina (TI Umutina), em Barra do Bugres, MT para se tratar da finalização e implementação do Plano de Visitação Turística, conforme a Instrução normativa Nº 03 de julho de 2015, da Fundação Nacional do Índio (Funai) – que estabelece normas e diretrizes relativas às atividades de visitação para fins turísticos em terras indígenas.

A reunião foi solicitada pelo povo Balatiponé, por meio da liderança, e seu representante, o 1º vereador eleito da TI Umutina, professor Lennom Ferreira Corezomaé (PODEMOS), acompanhado pelo representante da comissão de elaboração do plano, cacique da aldeia Uapo, Dionísio Antônio Apodonepá (ex-coordenador municipal de Assuntos Indígenas) - junto ao secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Meio Ambiente e Turismo (Semdematur), João Sérgio Oenning, como forma de resgatar os trabalhos do Plano que estava em Análise na secretaria.

Conforme o Art. 5º da Normativa,

“o Plano de Visitação para fins turísticos em terras indígenas são propostas apresentadas pelos indígenas, suas comunidades ou suas organizações, denominados para fins da Instrução Normativa como proponentes, contendo: a) objetivos e justificativas da proposta de visitação; b) público alvo, frequência de visitas previstas, quantidade máxima de visitantes por visita e previsão de tempo de duração por visitas; e) distribuição das competências na comunidade levando em conta aspectos sociais, geracionais e de gênero; d) parceiros envolvidos, responsabilidades e atribuições; e) descrição das atividades propostas aos visitantes; f) delimitação do roteiro objeto das atividades de visitação, constando mapa ou croqui; g) condições de transporte, hospedagem, alimentação e atividades correlatas à visitação oferecidas pelo proponente aos visitantes, assim como quaisquer riscos ou eventualidades inerentes a essas condições; h) plano de negócios simplificado, contendo custos previstos para operação, manutenção e monitoramento da visitação e atividades correlatas, assim como previsão de receita, lucro e investimento, visando à continuidade da atividade; i) estratégia de atendimento de primeiros socorros; j) manual de conduta e boas práticas, para visitantes e para a comunidade; k) estratégia para impedir a entrada de bebidas e drogas nas comunidades indígenas e outros ilícitos; l) estratégia de gestão de resíduos sólidos; m) estratégia de monitoramento da atividade de visitação; e n) estratégia de capacitação dos proponentes”.

O Plano Umutina vem sendo elaborado desde 2018, por meio de mobilização e treinamentos da própria comunidade, assessorias técnicas, inventário, vivências e experiências de roteirização, implementação e construção adequadas para receptividade e hospedagem dos visitantes. Teve essencialmente o acompanhamento da coordenação municipal de assuntos indígenas de Barra do Bugres, em parceria e apoio técnico da Sedematur, por meio da Coordenação de Turismo, como proposta prioritária de trabalho na gestão do ex-secretário municipal Carlos Luiz Pereira Neto (Kaká); e levantamento técnico dos potenciais turísticos, tanto da Coordenadoria de Estruturação e Qualificação da secretaria de Estado de Mato Grosso de Desenvolvimento Turístico/SEDEC e demais parceiros da coordenação regional da Fundação Nacional do Índio. De forma independente para agilizar o processo, a aldeia Uapo, recebeu e ainda mantém a consultoria para elaboração de um  Plano de negócio para o Ecoturismo de Base Comunitária, da Savana & Rainforest –ME Rep. Allan Fabrício S. Franco, que inventariou uma grande variedade da Fauna, além da atividades específicas para a prática do Ecoturismo e a construção de trilhas, estruturas e outros equipamentos turísticos.

Nesse 1º encontro anual, estiveram presentes as lideranças e representantes das 7 aldeias registradas e 3 em andamento, os secretários municipais de Infraestrutura e Serviços públicos, Fernando Oda,  de Agricultura e Desenvolvimento Sustentável, Maria aparecida Garcia e o próprio secretário da Semdematur, João Oenning. Representando o poder legislativo, o vereador municipal, Marivaldo Marco de Magalhães (MDB) e sua família (Andressa k. S. Magalhães,  Joanice Maria S. Magalhães), a assessoria de Comunicação da Câmara Municipal, Celso da S. Dornellas.

Representando as lideranças de todos os setores indígenas estavam: o cacique Luciel Boraponepá, Leidinéia L. Colomezoré,  Jandira Alves Terena, Isaac Amajumepá, Ademil Colomezoré (Aldeia Central Balatiponé) e a família do vereador Lennon que se disponibilizou auxiliar na parte da organização da receptividade e alimentação; O cacique Sebastião Ipakuri (Aldeia Bakalana); A professora e agente de Saúde Maria Alice dos Santos Cupudunepá  (Aldeia Massepô); Paulo Apodonepá e Hélio Mozilar Apodonepá  (Aldeia Águas Correntes);  O cacique Dionísio Antônio Apodonepá (Aldeia Uapô); Pedro Amajnepa (Aldeia Amaju); o Jonas Amajumepá (Aldeia Corizal); a Edna Monzilar (Aldeia Boropo); A Ducinéia Tan Huare (Aldeia Retiro); Luiz Fernando Colomezoré (Aldeia Katimã) e alguns outros convidados para auxiliar da parte técnica e administrativa do plano.

De forma a contribuir e assessorar as partes técnicas do Plano, fizeram presentes, a turismóloga municipal, Alessandra Ribeiro de Carvalho, a engenheira florestal Maria Luiza Santi; fiscais do Meio Ambiente, a assessora da secretaria de Desenvolvimento Sustentável, Edna Aparecida da Silva Vieira e o técnico agrícola, Valtenir Soares Teixeira.

O vereador Lennom abriu a reunião apresentando a pauta e agradecendo os presentes, principalmente as lideranças de cada aldeia que vieram contribuir como suas propostas e demandas individuais e coletivas, os secretários envolvidos no projeto, com o objetivo de diagnosticar, fazer um plano de trabalho para as demandas e as propostas e analisar as atividades já realizadas para a elaboração e implantação do Plano de Visitação. Lennom, em nome de todos os vereadores, agradeceu a presença e o apoio do vereador Marivaldo Marco e sua família. O vereador fez um resgate da importância do desenvolvimento econômico e sustentável para o território, como forma de geração de renda e valorização da cultural tradicional, e, em seguida passou a fala para cada liderança presente apresentar suas demandas, suas potencialidades e o que estão desenvolvendo nas aldeias.

Luciel cacique da aldeia umutina, assim como os demais representantes, ao relatar a realidade e as demandas de cada aldeia, salientou o que todas precisam de: melhoria na parte de iluminação pública, principalmente entre as áreas de convivência, das próprias escolas e do posto de saúde, necessitando portanto de um gerador trifásico de energia; a manutenção das estradas internas da terra indígena, que embora tenha sido patrulhamento ano passado, há lugares necessitando de cascalho, e, abertura de valas entorno da estrada para escoamento da água de chuva, visto que no período de cheia, acabam criando poços fundos e dificultando o tráfego de veículos, tanto dos moradores, quanto das equipes técnicas que dão assessoria às aldeias, como para o escoamento dos produtos agrícolas; a grande expectativa e necessidade da ponte que interliga de forma mais segura a cidade e a Terra Indígena – sendo necessária para o desenvolvimento do território em todos os setores, principalmente para a saúde, visto que casos de urgências e emergências não serem atendidas em bom prazo.  

De forma geral, todos requerem o Turismo na TI, contudo, as demandas de infraestrutura ainda é um grande empasse. Hélio, Paulo das Águas Correntes demonstraram também como a Aldeia é importante para o município, pois além de gerar impostos, há uma grande demanda de compra de materiais de construção no comércio local;

Luciel relembrou que a aldeia central no ano de 2017 foi sede dos Jogos Indígenas Regionais, dando grande respaldo para o território e fornecendo esporte e entretenimento aos jovens e demais participantes da localidade e da região, para tanto, solicitou, que esses jogos fossem inseridos novamente na programação das festividades de aniversário do município, no mês de abril, visto a comemoração do dia do índio.

Na sua explanação o cacique Dionísio acrescentou também as necessidades mais emergenciais na parte de infraestrutura, e como as demandas da aldeia Uapo, e, explicou todo o processo que a aldeia desenvolveu nos últimos anos para a implantação efetiva do turismo. Explicou sobre o processo da elaboração do plano de visitação, como parte da parceira com o governo do estado, apoio da Funai regional e guia de turismo Allan para construção do centro de atendimento ao turista, como as ocas de alojamento, banheiros masculino e feminino, espaços multiuso e refeitório, escritório, a Oca típica para as atividades culturais, as trilhas para observação de aves e outras estruturas e atividades que podem ser elaboradas na aldeia. No final da sua fala, ele entregou alguns documentos originais e cópias, pertinentes ao Plano de Visitação, como o Plano de Negócio da Aldeia, a Normativa 03/2015, o Regimento Interno, as pontuações da técnica da Sedtur e outros que fazem parte de todo o processo, bem como todos os apontamentos das atividades e estrutura internas, e as que já foram realizadas e ou que são prioridades para efetivar o Turismo e concluir o Plano de Visitação da TI Umutina, para entregar para a coordenação regional da Funai. Em que a professora Maria Alice destacou, que semana passada foi cobrada a respeito.

Entre as atividades do plano que falta implementar e foi levantado pela liderança está a questão dos resíduos sólidos. Tanto a professora Maria Alice, como o Hélio Monzilar, apresentaram como foi feito o acordo entre Prefeitura Municipal e os Balatiponés para retirada dos resíduos que necessitam serem destinados para uma área específica fora da TI, como aterro, ou central de reciclagem. Hélio explicou a importância das orientações recebidas pela coordenação de Meio Ambiente para o reaproveitamento do lixo, como por exemplo para o adubo orgânico, e sua utilização na própria lavoura, e, triagem para outras atividades.  Complementando Dionisío disse após as orientações técnicas, foi realizado um acordo para retirada do lixo produzido na  TI Umutina – em que cada aldeia seria responsável de levar o seu lixo até a Aldeia Central, e de lá, ser depositado de forma apropriada do outro lado do rio Paraguai. Assim, de 15 em 15 dias, a prefeitura fizesse a coleta desse lixo. Contudo, como explicaram, faltou uma organização interna, como falta de combustível, organização para armazenamento dentro da própria aldeia Central, entre outras coisas, o que impediram a efetivação do acordo – e o que o mesmo não foi feito de forma legal e normatizado.

À frente ao apoio técnico do Plano, na secretaria municipal de Turismo, desde novembro de 2019, a turismóloga Alessandra Carvalho esclareceu aos presentes que o plano foi retomado, em novembro daquele ano, ficando um período parado devido os trâmites legais nos órgãos competentes nacionais e estaduais. Porém, em janeiro de 2020, a atividade retornou tanto com reuniões em cada aldeia constituídas, para avaliar as reais potencialidades apontadas no plano piloto apresentado pela assessoria da SEDEC. Assim foi detectado que havia uma dificuldade internada de comunicação e sensibilização sobre a atividade turística, e, sobre a Normativa, por isso, foram feitas com algumas comunidades análises das demandas, do conhecimento de cada comunidade para e efetivação de um planejamento turístico, com o objetivo complementar o Plano Piloto, e por conseguinte, realizar os itens que estão faltando no plano conforme a Normativa 03/15. Ela relembrou que de janeiro a fevereiro foram realizadas seis Círculos da Paz (Método Milenar de origem indígena de reunião participativa e voluntária) em seis aldeias, e realizado um diálogo das suas demandas e competências de cada um dentro do roteiro integrado proposto.

Assim, para terminar as exigências estabelecidas pela Funai, precisa-se agora elaborar o Plano de Negócio da Terra Indígena Umutina com as aldeias inseridas no processo, com a roteirização integrada e/ou individual, determinando itinerário, atividade, equipe e valores - e o Manual de Conduta dos visitantes de acordo com o Regimento Interno da TI e constituído e por fim, formatar o produto e encaminhar para análise da Funai. Ao ser aprovado, ser lançado no mercado como um produto turístico etno-cultural e ecoturístico diferenciado no Brasil, já que a TI, além dos potencial cultural material e imaterial que possui, tem um riquíssimo território com a fauna e flora preservada e com espécies raras e em extinção, e uma forma peculiar de produção agrícola familiar, de pesca, distintas dos demais territórios.

Também lembrou das visitas técnicas e vivências na Aldeia Uapo, para auxiliar no inventário já elaborado, consequentemente realizando uma vivência com 5 turistas (com gêneros e faixas etárias diferentes, com uma Portadora de Necessidades Especiais (PNE) em janeiro de 2019, para compreender a visão e a avaliação do turista no pré-roteiro elaborado.

De acordo com o secretário João Oenning, complementando o que já havia sido comentado na reunião, a gestão atual, no que se refere-se aos pontos negativos e pendentes, a nova gestão vai buscar sanar, e nas atividades que já estavam em andamento, e que foram produtivas, dará continuidade para assessorar o Plano de Visitação e para que o Turismo ocorra de fato. Por fim, salientou: “Tenho vontade de fazer funcionar o Turismo dentro da comunidade, porque ele fomenta a economia local e divulga também nosso município, até mesmo em nível internacional – como o cacique Dionísio já relatou há a procura de turistas internacionais para fazer o Etnoturimo dentro da Uapo”. Depois pontuou, os passos burocráticos e as atividades necessárias que precisam serem retomadas de imediato, respeitando as potencialidades diferenciadas de cada aldeia dentro da Terra Indígena serão dado respaldo, principalmente no Plano de Negócio, e por fim, concluiu que a procura já existente pelo Etnoturismo em Barra do Bugres, e com a vacina imunizando a todos, como já foi disponibilizada na aldeia, e com as novas medidas adotadas pelos protocolos de Biosegurança para o setor turístico - realizados pelo Ministério de Turismo - a retomada do setor poderá se normalizar aos poucos com segurança em relação à Pandemia do Covid 19, bem como de outros problemas que possam prejudicar o setor e o cuidado com a vida humana.

No geral os apontamentos, tanto para o desenvolvimento do turismo, como de outros setores, como escoamento da produção, expostos na reunião foram mais na parte de infraestrutura (como iluminação e melhoria nas estradas), falta de maquinário, construir a ponte de acesso à cidade, dificuldade para o escoamento agrícola e sua comercialização e apoio aos projetos técnicos da produção agrícola e de artesanato.

O secretário Oda respondeu a todas à demandas da sua pasta, e descreveu a situação precária que está o maquinário do município – afirmou que após a melhoria desses maquinários e o atendimento da estrada para Lambari d,Oeste, que por volta de março, já poderá estar dando suporte as estradas da aldeia – No final da reunião, ele percorreu todas as estradas principais que ligas as principais aldeias, notificando cada ponto que precisa de maior cuidado e os procedimentos e equipamentos necessários.

A secretária de Agricultura também explanou sobre a legalidade das Associações para se trabalhar como a comercialização da agricultura familiar. O Técnico Valtenir explicou os passos necessários e, juntamente com a equipe técnica e o secretário de Obras, lembrou que a organização interna é essencial, seja desde o plantio, colheita e escoamento. Assim, se todos, por exemplo, tivessem um ciclo de plantio e escoamento no mesmo período, é em mais prático para o gestor público enviar um caminhão e atender a todos em uma única viagem. Para que pensassem sobre isso.

No final da reunião a técnica Alessandra entregou a avaliação do Plano em desenvolvimento com os apontamentos, os atividades realizadas, as avaliações das vivências e, até mesmo as informações do Território para a Plataforma de Informações Turísticas do Governo Estadual, inseridas no site: www.descubramatogrosso.com.br ao secretário Municipal João Sérgio. Para finalizar a equipe técnica da prefeitura fez uma visita técnica na Terra Indígena Umutina, para averiguar as atuais condições, principalmente da balsa, das casas Tombadas como patrimônio Histórico; das estradas e apreciou a culinária típica indígena,  a base de peixe, pequi e produtos da agricultura familiar, oferecida na Aldeia Central e preparada pela família Corezomaé,

PARA SABER MAIS...

O desenvolvimento do Etnoturismo e do Ecoturismo dentro das terras Indígenas são alternativas de desenvolver a economia local, gerando emprego e renda, bem como resgatando e valorização a cultura Material e Imaterial  e preservando o Meio Ambiente do Território Balatiponé, por isso, tanto a liderança local, a gestão e demais autoridades se propuseram a realizar um Plano de Desenvolvimento do Turismo conforme as diretrizes e normas estabelecidas pela Funai, para a visitação para fins turísticos em terras indígenas, por meio da Instrução Normativa Nº03/2015, de 11 de junho de 2015.

Parte da Instrução Normativa N03/2015, de 11 de junho de 2015

Ministério da justiça fundação nacional do índio (com adaptação)

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 3, DE 11 DE JUNHO DE 2015

Ministério da justiça/fundação nacional do índio/dou de 12/06/2015 (nº 110, seção 1, pág. 41)

Estabelece normas e diretrizes relativas às atividades de visitação para fins turísticos em terras indígenas.

O PRESIDENTE INTERINO DA FUNDAÇÃO NACIONAL DO ÍNDIO - FUNAI, no uso das atribuições que lhe são conferidas pelo artigo 25, inciso IX, do anexo I, do Decreto nº 7.778/2012;

Considerando o disposto nos artigos 231 e 232 da constituição, a garantia do usufruto exclusivo e permanente pelos povos indígenas sobre suas terras e o comprometimento do estado brasileiro em valorizar as culturas, as tradições, as formas de organização e os meios de vida sustentáveis dos povos indígenas;

Considerando o artigo 1º, inciso VII, da Lei nº 5.371/1967, que estabelece como finalidade da Funai exercer o poder de polícia nas terras indígenas e nas matérias atinentes à proteção do índio;

Considerando o disposto no Decreto nº 5.051/04, que incorpora a convenção 169 da OIT ao ordenamento jurídico nacional e prevê o reconhecimento da autonomia, do direito de consulta e de participação dos povos indígenas na definição das ações e planejamentos referentes às terras indígenas;

Considerando o disposto no Decreto nº 7.747/12, que institui a Política Nacional de Gestão Ambiental e Territorial de Terras Indígenas, a qual prevê no eixo V, "g", apoio a iniciativas indígenas sustentáveis de etnoturismo e de ecoturismo, respeitada a decisão da comunidade e a diversidade dos povos indígenas, promovendo-se, quando couber, estudos prévios, diagnósticos de impactos socioambientais e a capacitação das comunidades indígenas para a gestão dessas atividades;

Considerando que a Lei nº 12.593/12, ao instituir o Plano Plurianual para o período de 2012 a 2015, estabeleceu como meta do objetivo 0945 a regulamentação do ecoturismo e etnoturismo em terras indígenas;

Considerando as iniciativas de turismo já existentes em terras indígenas, o interesse de algumas comunidades indígenas em desenvolver essas atividades, bem como os riscos e situações de vulnerabilidade enfrentadas pelos indígenas em razão de visitação para fins turísticos em suas terras;

RESOLVE:

Capítulo I (com adaptação)

Disposições preliminares (com adaptação)

Art. 1º - Ficam estabelecidas as normas para a visitação com fins turísticos em terras indígenas, de base comunitária e sustentável, nos segmentos de Etnoturismo e de Ecoturismo.

Art. 2º - São objetivos da visitação com fins turísticos em terras indígenas a valorização e a promoção da sociodiversidade e da biodiversidade, por meio da interação com os povos indígenas, suas culturas materiais, imateriais e o meio ambiente, visando à geração de renda, respeitando-se a privacidade e a intimidade dos indivíduos, das famílias e dos povos indígenas, nos termos por eles estabelecidos.

Art. 3º - Compreendem-se por terras indígenas, para fins desta Instrução Normativa, as terras de ocupação tradicional estabelecidas pelo art. 231 da Constituição, delimitadas pela Funai nos termos do art. 2º, § 7º, do Decreto nº 1.775, de 8 de janeiro de 1996, as áreas objeto de portaria de restrição de uso, bem como as áreas reservadas, previstas no art. 26 da Lei nº 6.001, de 19 de dezembro de 1973.

Art. 4º - São diretrizes gerais a serem observadas nos processos de autorização de atividades de visitação para fins turísticos em terras indígenas:

I - o respeito e o fortalecimento da identidade, usos, costumes e tradições, bem como da autonomia e das formas de organização próprias dos povos indígenas;

II - a proposição de atividades em bases sociais, ambientais e economicamente sustentáveis;

III - a promoção do diálogo e da cooperação entre os povos indígenas e a Funai para o controle de visitantes em terras indígenas, visando fortalecer as ações de desenvolvimento sustentável, bem como as ações de proteção territorial e ambiental das terras indígenas;

IV - a observância do direito de consulta prévia, livre e informada às comunidades indígenas e do direito ao usufruto exclusivo sobre suas terras e riquezas naturais;

V - o controle e a fiscalização do ingresso em terras indígenas pela Funai.

Para saber mais sobre a normativa acesse:

FUNAI. Fundo Nacional do Índio, Normativa 03/ de julho de 2015. Estabelece normas e diretrizes relativas às atividades de visitação para fins turísticos em terras indígenas. Disponível em: http://www.funai.gov.br/arquivos/conteudo/ascom/2015/doc/jun-06/IN%2003%202015.pdf. Acesso em 27/01/2021. Brasil, 2015.

Fotos

RECONHECIMENTO INTERNACIONAL DA HOSPITALIDADE DE MINAS GERAIS ANIMA EMPREENDEDORES DO TURISMO RURAL

Produtores rurais e artesãos investem na qualidade de atendimento aos turistas que buscam conhecer a rotina e produtos do campo

BELO HORIZONTE 

Não é de hoje que a hospitalidade mineira é comentada nos quatro cantos do país. Mas agora esta fama ganhou um reconhecimento inédito e internacional. No início do mês, Minas Gerais foi reconhecida como uma das dez regiões mais hospitaleiras do mundo.

O título foi concedido pelo Traveller Review Awards 2021, um prêmio do site Booking.com, uma das plataformas digitais de viagens mais conhecidas internacionalmente.  Foi a primeira vez que uma região brasileira entrou na lista, baseada na avaliação de turistas.

O reconhecimento coincidiu com os 300 anos completados por Minas Gerais, um estado que tem no meio rural um dos seus grandes atrativos.  “Minas tem regiões bem distintas, com traços culturais diferenciados. Mas uma característica comum a todas as regiões é a ruralidade, nosso vínculo com o campo, essas experiências que o ambiente rural pode oferecer aos turistas”, afirma a coordenadora de Turismo Rural da Emater-MG, Cléa Venina.

E foi observando esta vontade dos turistas de curtir as experiências proporcionadas pelo ambiente do campo, que um casal de produtores de Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas, começou a investir no turismo rural.  Pedro e Paula Dias se dedicam à produção de cafés, uma atividade que já era desenvolvida pelo pai do Pedro, o vô Joel, na Estância Sítio Capinzal.  O local hoje também é conhecido como fazenda Grandpa Joel’s Coffee.

       Cafezal da fazenda Grandpa Joel's Coffee 

Após certificaram a propriedade com assistência da Emater-MG, dominarem os processos de boas práticas de produção e de melhoria da qualidade dos grãos, eles deram início à exportação de cafés especiais em 2014 e, alguns anos depois, abriram também duas cafeterias.

O sucesso com os compradores internacionais fez com que muitos deles tivessem o interesse em visitar a produção do casal no Brasil. Foi quando a Paula e o Pedro começaram a receber alguns clientes do exterior.

Mas foi só com o surgimento da pandemia que a hospedagem informal de compradores de café virou negócio, principalmente com a demanda dos clientes que frequentavam as cafeterias do casal. “Começou a surgir muita gente que queria visitar a fazenda, respirar ar puro, andar no meio do mato. As pessoas estavam se sentindo presas”, conta Paula Dias.

  Turistas na fazenda Grandpa Joel's Coffee

Eles fizeram um curso de turismo rural, reformaram a casa que era do vô Joel, onde as famílias podem ficar hospedadas, e já estão com duas outras casas da fazenda sendo preparadas para receber os turistas.

Além de provarem o café produzido na propriedade e curtir as belezas naturais da Serra da Mantiqueira, a Paula conta que os turistas experimentam outros produtos da gastronomia local, conhecem o processo de colheita e torra do café. Podem ainda visitar um apiário que existe na fazenda. “Como é gostoso receber turistas! Você conhece pessoas que valorizam o que você faz, que te dão ideias e deixam o seu dia tão feliz”, diz a produtora.

A Paula é carioca, mas é neta de mineiros. Para ela, este DNA familiar foi fundamental para despertar a paixão em receber turistas. “Essa forma colaborativa da gente trabalhar é um reflexo do que aprendemos.  O pessoal daqui sempre se ajuda. A gente aprende com a nossa família o prazer em receber e mostrar o que a gente tem de bom. Minas merecia este reconhecimento, porque sabe receber”.

Bordados e queijos  

O acolhimento na hora de receber quem vem de fora também é o que move os artesãos da comunidade quilombola do Baú, no município do Serro, na Serra do Espinhaço.  O grupo é formado por 10 pessoas que se dedicam ao bordado, com destaque para a produção coletiva de panos de copa, aventais, bolsas e camisetas.  A Emater-MG, vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), presta assistência à comunidade.

A produção do bordado é vendida para os turistas que visitam a região, famosa pela história da época dos diamantes e pelas belezas naturais. O jovem Matheus Rocha, de 21 anos, é um dos artesãos do grupo. Ele conta que a pandemia prejudicou o fluxo de visitantes, mas que os turistas visitam a comunidade para conhecer os produtos da comunidade, os rios e as cachoeiras. “A comunidade é bem receptiva. Ainda não hospeda, mas oferece alimentação e informações sobre os pontos turísticos daqui”, informa Matheus.

 

           Mateus Rocha, artesão do Serro 

Ele também destaca as capacitações feitas pelos artesãos, que foram fundamentais para o aprimoramento do bordado. “Passamos por várias capacitações, que nos possibilitam estar preparados para oferecer o nosso produto de qualidade, baseado nas características de nossa vivência e cultura. A notícia do reconhecimento dos turistas só comprova o quanto é fundamental tratar bem o próximo. E nos motiva cada vez mais a melhorar o nosso atendimento”, diz.

                Artesãs da Comunidade do Baú, no Serro

Não muito longe dali, no município vizinho de Diamantina, a Chácara Soberana também tem atraído turistas.  O destaque é o Queijo Minas Artesanal. São produzidas cerca de 30 peças por dia.

“A maior parte da produção é vendida aos turistas. Ficamos muito felizes com o reconhecimento dado ao estado”, comemora o produtor Luciano de Assis. Além de cuidar da produção de queijo, ele também recebe pessoas interessadas em visitar a propriedade.  O trabalho é desenvolvido junto com o filho Leandro.

                Produtor Luciano de Assis, de Diamantina 

Diamantina sempre foi famosa pelo turismo cultural e histórico.  Mas as ruas e construções seculares da cidade passaram a dividir a atenção dos visitantes com o turismo rural. O município entrou no roteiro dos queijos e vinhos. E empresas de turismo de outras cidades, como Belo Horizonte, têm organizado visitas guiadas para quem deseja conhecer a rotina das propriedades da região e experimentar os sabores locais.

Na propriedade do seu Luciano, os visitantes têm a oportunidade de entender como funciona a queijaria, os segredos de um bom Queijo Minas Artesanal e, é claro, levar para casa um pouquinho do sabor do campo. “Esforçamos muito para receber bem os turistas que buscam uma vivência rural. Sabemos da importância do turismo para a região. E não há nada mais gratificante do que ouvir dos turistas que eles foram bem recebidos”, diz o produtor.

 

  Chácara Soberana, em Diamantina

 

Assessoria de Comunicação – Emater-MG

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Crédito fotos 1 e 2: Divulgação Grandpa Joel’s Coffee

Crédito fotos 3 e 4: Divulgação grupo de bordado Comunidade do Baú

Crédito fotos 5 e 6: Divulgação Chácara Soberana

Publicado em: 29/01/2021

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