O turismo de pesca é caracterizado por viajantes que buscam aliar suas atividades de lazer a prática da pesca amadora ou esportiva, sem finalidades comerciais. O Brasil protagoniza um cenário muito favorável para este tipo de turismo, pois, dispõe de uma enorme extensão litorânea com aproximadamente oito mil quilômetros, vastas bacias hidrográficas e diversidade de vida aquática em diferentes biomas.
A prática da pesca amadora é composta por diferentes tipos de modalidades. As que mais caracterizam o segmento, são: [1]
pesca de arremesso
pesca de barranco
pesca de corrico ou trolling
pesca de rodada
fly fishing
pesca subaquática
Sendo a prática que mais garante respaldo a sustentabilidade da pesca por hobby, o pesque e solte, que consiste em soltar os peixes mais jovens e os de maior tamanho, garantindo a reprodução da espécie.
Segundo o plano aquarela 2020 do ministério do turismo, os principais destinos da pesca desportiva, são:
Barcelos (AM)
Arraial do Cabo (RJ)
Rio Araguaia: Formoso do Araguaia, Lagoa da Confusão e Pium (TO)
Corumbá, Ladário e Porto Murtinho (MS)
Angra dos Reis (RJ)
Santarém e Altamira (PA)
Florianópolis (SC)
Vitória (ES)
Natal (RN)
Rio Paraná - Guaíra (PR)
Aruanã e Luís Alves (GO)
Baixo Rio Branco (RR)
Canavieiras (BA)
Tucunaré Açú fisgado no Rio Padauiri-AM entre as cidades de Barcelos e Santa Isabel do Rio Negro
A região que recebe o maior número de turistas de pesca é a Amazônia, que no ano de 2012, recebeu 3 mil estrangeiros interessados no tema, além dos mais de 10 mil turistas Brasileiro.
Destinos de Pesca
Algumas agências oferecem expedições com serviços de Barcos Hotéis, Iates, Chalanas, Flutuantes, Pousadas, Hotéis, Resorts, Lodges (lugar de alojamento, destinado àqueles que procuram recreação em um lugar no qual possam estar junto à natureza), entre outros; que fazem a trajetória do passeio turístico em rios, mares, ranchos e lagos.
Licença de Pesca
Lei 11.959 de 29 de junho de 2009, a emissão da Licença da Pesca Amadora, antes do IBAMA, passou a ser de competência do Ministério da Pesca e Aquicultura – MPA, porém com a extinção do Ministério em 2016, quando passou a ser pasta da Pesca no Ministério da Agricultura, este serviço fica disponível em uma plataforma online.
A Licença para Pesca Amadora é válida por 1 ano em todo território nacional capacitando o pescador a pescar em qualquer região do país, não havendo necessidade de pagamento da licença estadual. No entanto, as normas estaduais devem ser respeitadas quando forem mais restritivas do que a norma federal.
Quem optar pela categoria embarcada, poderá também pescar na categoria desembarcada.
Meu pedido para todos é de não jogar as sementes no lixo, mas em vez disso, lavá-las, secá-las (ao sol) e armazená-las em um saco de papel e guardá-las no carro.
Toda vez que saírem para um campo, quando estiverem pescando, *fazendo trilha de moto ou bike*, viajando, joguem essas sementes nos terrenos vazios, à beira da estrada, ou na beira dos rios e lagoas.
Com este ato simples, podemos contribuir com no mínimo uma árvore a cada temporada.
A nossa missão de tornar este mundo verde pode acontecer.
O governo tailandês promoveu esta ideia aos seus cidadãos nos últimos anos.
O número de árvores frutíferas na natureza multiplicou-se, especialmente nos distritos do norte da Tailândia.
Não adianta só reclamar do calor, da falta de chuva ou do preço dos alimentos.
Temos que fazer a nossa parte.
Recebi essa msg, achei a idéia maravilhosa, por isso estou compartilhando...
O presidente Jair Bolsonaro avisou a auxiliares e aliados que desistiu de recriar o Ministério da Segurança Pública neste ano e que avalia até mesmo extinguir algum dos atuais 23 ministérios, por causa das restrições orçamentárias do governo.
A informação foi confirmada à CNN por três fontes próximas ao presidente, sendo dois auxiliares da ala militar que dão expediente no Palácio do Planalto e um aliado político que costuma frequentar semanalmente o Palácio da Alvorada.
Nunca se esqueça que as oportunidades não passa. Cria-se!
Eu nunca vi alguém preso à zona de conforto crescer. Sem medo de errar. Sem medo de fracassar. Sem medo de falhar. Sem medo do que os outros vão pensar se der errado. Sem medo de ir atrás dos sonhos.
Não aceite conselhos dos comuns que ainda não atingiram os resultados que você quer ter, pois as vezes essas pessoas apenas irão colocar pedras no seu caminho.
*Seja a pessoa de solução e de plano de ação,* mesmo que parcial. E tenha pessoas positivas para discutir como fazer dar certo, pessoas que acreditam que vai dar certo.
POCONÉ, Brazil (Reuters) - A fire has been burning since mid-July in the remote wetlands of west-central Brazil, leaving in its wake a vast charred desolation bigger than New York City.
A dead caiman is pictured in an area that was burnt in a fire in the Pantanal, the world's largest wetland, in Pocone, Mato Grosso state, Brazil, August 31, 2020. REUTERS/Amanda Perobelli
A team of veterinarians, biologists and local guides arrived in late August to prowl the bumpy dirt road known as the Trans-Pantanal Highway in pickup trucks, looking to save what injured animals they could.
Jaguars were wandering the blackened wasteland, they said, starving or going thirsty, with paws burnt to the bone, lungs blackened by smoke. They saw bodies of alligator-like caiman, jaws frozen in silent screams, the last act of creatures desperate to cool off before being consumed by flames.
This massive fire is one of thousands of blazes sweeping the Brazilian Pantanal - the world’s largest wetland - this year in what climate scientists fear could become a new normal, echoing the rise in climate-driven fires from California to Australia.
The Pantanal is smaller and less-known than its famous cousin, the Amazon jungle. But the region’s normally abundant waters and strategic location - sandwiched between the rainforest, Brazil’s vast grasslands and Paraguay’s dry forests - make it a magnet for animals.
The fires are now threatening one of the most biodiverse ecosystems on the planet, biologists say. The Pantanal is home to roughly 1,200 vertebrate animal species, including 36 that are threatened with extinction. Across this usually lush landscape of 150,000 square kilometers (57,915 square miles) in Brazil, rare birds flutter and the world’s densest population of jaguars roam.
Fire is not new here. For decades, ranchers have used flames to cheaply return nutrients to the soil and renew pasture for their beef cattle. But those blazes, fueled by drought, now burn with historic force, racing across desiccated vegetation. The biggest fires in the Pantanal this year are quadruple the size of the largest fire in Brazil’s Amazon rainforest, NASA satellites show.
A record 23,490 square kilometers have burned through Sept. 6 - nearly 16% of the Brazilian Pantanal, according to a Federal University of Rio de Janeiro analysis.
Cerca de 200 famílias devem ser despejadas da área onde residem há quase 15 anos na Gleba Boa Sorte, no Distrito do Machado, na zona rural de Cuiabá. Com ordem de despejo marcada para quarta (16), uma das moradoras mais antigas no local, Aparecida de Souza, a dona Cida, conta que o clima é de muita apreensão e medo. O mandado de reintegração de posse em benefício à empresa Indústria de Derivados de Mandioca Santa Cruz foi expedido pelo juiz Carlos Alberto de Campos da 2ª Vara Cível Especializada em Direito Agrário.
A área é ocupada pelas famílias desde 2006, segundo conta dona Cida. Em 2010, o terreno teria sido arrecadado pelo Instituto de Terras de Mato Grosso (Intermat) e já estaria em curso o processo de regularização dos terrenos para que as famílias tenham seus direitos de posse e uso como assentadas.
“Todo mundo está muito apreensivo e choroso. É um sentimento de dor, porque não temos para onde ir e aqui construímos tudo, nossa vida, temos rede elétrica”, diz dona Cida que mora com o marido e mais 6 netos dos 11 que nasceram desde que reside na área.
Os moradores foram surpreendidos com a ordem de despejo na última semana, pois a posse foi reivindicada judicialmente pela empresa Indústria de Derivados de Mandioca Santa Cruz que não possui empreendimento no local onde estão as mais de 200 famílias residentes nos últimos 15 anos.
Apesar de consternados, os moradores, por meio da Associação do Acampados da Gleba Boa Sorte, estão tentando um mandado de segurança para barrar o despejo. Ainda segundo a moradora, o mandado de reintegração de posse teria erros quanto à localização.
“Lá diz que a ordem é para outra área, outro endereço, mas nós fomos notificados para a desocupação até quarta”, lamentou.
A Organizações de Direitos Humanos de Mato Grosso chegou a encaminhar um pedido ao Tribunal de Justiça para que o órgão oriente os juízes a não autorizarem ordens de despejo durante a pandemia de Covid-19. Isso porque as expulsões agravam a situação de vulnerabilidade das famílias e muita não teriam par aonde ir.
Outro lado
tentou contato com a Indústria de Derivados de Mandioca Santa
Decisão do governo em revogar veto à expansão canavieira nos dois biomas é vista por pesquisadores e ex-ministros como ‘catastrófica’ e com potencial de ampliar desmatamento e trazer de volta as queimadas. Governo e produtores dizem que não haverá impacto ambiental
Revogação de veto que proíbe cultivo da cana na Amazônia pode abrir caminho para mais destruição da floresta e conflitos por terra (Foto: Sérgio Carvalho)
Se em agosto os incêndios criminosos na Amazônia triplicaram, agora uma nova ameaça paira sobre a floresta: o sinal verde para o plantio de cana-de-açúcar. O governo revogou, na semana passada, um decreto que há dez anos vetava a expansão canavieira na floresta amazônica e também no Pantanal. A medida abre caminho para o cultivo da cana e, segundo pesquisadores, para mais desmatamento, queimadas e conflitos por terra.
Ao trancar os portões da Amazônia e do Pantanal para a cana-de-açúcar, o decreto 6.961 de 2009 ajudou não apenas a manter os biomas livres dessa ameaça, mas também a valorizar o etanol brasileiro no mercado externo, já que a plantação de cana para produzi-lo não estava atrelada ao desmatamento.
Tanto que todas as vezes que a ideia de autorizar cana na Amazônia vieram à tona no passado, a indústria do etanol se posicionou contra a liberação. Como aconteceu em março de 2018 durante a discussão do PLS 626/2011, do senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), que autorizava canaviais nos dois biomas. A União da Indústria de Cana de Açúcar (UNICA) criticou o projeto, alegando que ele mancharia a reputação do etanol brasileiro e colocaria em risco os mercados internacionais já conquistados.
Mas isso foi em 2018. Na semana passada, após a revogação ser assinada pelo presidente Jair Bolsonaro e pelos ministro Paulo Guedes (Economia) e Tereza Cristina (Agricultura), a medida encontrou o apoio da UNICA. Em nota, a entidade elogiou a revogação e afirmou que hoje considera o decreto ultrapassado, “servindo apenas como mais um dos tantos arcabouços burocráticos brasileiros”.
A mesma linha é adotada pelo governo, que também considera o decreto desnecessário porque “atualmente o país dispõe de instrumentos muito mais eficazes para o controle ambiental”, segundo informou à Repórter Brasil o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em referência ao Código Florestal. A pasta afirmou ainda que “não haverá impacto nos biomas citados”.
A expectativa de organizações de direitos ambientais, cientistas e ex-ministros do Meio Ambiente, no entanto, é bem diferente.
Mais desmatamento
“A revogação é uma tragédia ambiental”, afirma Carlos Minc, ministro do Meio Ambiente quando o zoneamento foi criado, em 2009, e atualmente deputado estadual (PSB-RJ). “Cria-se um risco adicional ao se abrir as portas da Amazônia e do Pantanal para novos desmatamentos, queimadas e uso de mais agrotóxicos.”
A derrubada da floresta nas áreas do ‘Dia do Fogo’ continua mesmo após a atenção que os incêndios atraíram dentro e fora do Brasil (Foto: Fernando Martinho/Reporter Brasil)
A medida pode incentivar o desmatamento porque geraria uma espécie de efeito cascata sobre o gado, com uma migração de culturas. “Pode haver uma corrida por aquisição de terras hoje cobertas com pastagens para plantar cana e isso empurraria a pecuária para as áreas onde ainda existem florestas”, afirma Mauro Armelin, diretor executivo da ONG Amigos da Terra – Amazônia Brasileira. “E empurrar a fronteira agrícola para as áreas florestais vai agravar a especulação imobiliária e os conflitos por terra, aumentando o desmatamento e encorajando grileiros a invadirem e abrirem novas áreas.”
Um paralelo pode ser traçado entre a medida do governo de liberar a cana na Amazônia e no Pantanal com o que acontecia com plantações de soja em estados como Mato Grosso e Pará, antes da moratória da soja – um pacto firmado em 2006 entre os produtores de soja, ambientalistas e o governo para que tal cultivo não avançasse na Amazônia e pelo qual compradores se comprometem a não adquiri-la de áreas desmatadas.
‘Efeitos desastrosos’
Esse risco de o desmatamento se infiltrar floresta adentro, segundo a UNICA, não existe. “Desmatou, está fora do Renovabio”, afirmou em nota o presidente da associação, Evandro Gussi, se referindo à nova política de biocombustíveis que entra em vigor em 2020 e se baseia no desmatamento zero. Ele acredita que, com ela, o próprio setor se autorregulará porque suas vendas estão calcadas na sustentabilidade.
“Se o setor fosse tão capaz de se autorregular e respeitar a lei, nós não teríamos visto o desmatamento explodir este ano, com quase 10 mil quilômetros quadrados de desmatamento”, afirma Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima, uma rede de 37 entidades que discute as mudanças climáticas no contexto brasileiro.
O mesmo alerta serve, segundo Rittl, para o Pantanal, onde a situação é igualmente “dramática” e os riscos da revogação também. Os focos de queimadas no Pantanal de 1º janeiro a 11 de setembro de 2019 subiram 334% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
“Os efeitos [de se derrubar o veto] serão desastrosos. E no Pantanal e na Bacia do Alto Rio Paraguai, devem ser imediatos por suas características físicas particulares”, afirma Alcides de Faria, diretor-executivo da Ecoa – Ecologia e Ação, ONG que atua na região. Ele explica que a parte alta da bacia drena para o Pantanal, uma grande planície com quase 200 mil km2. “A cana na parte alta aumentará o desmatamento e o transporte de sedimentos e venenos agrícolas para a planície. O plantio na planície, por sua vez, levará o deserto verde que é a cana para o coração do Pantanal”.
A criação de uma nova “fonte” de desmatamento, segundo os especialistas, complicaria ainda mais a já deficitária fiscalização em ambos os biomas – a derrubada da floresta nas áreas do ‘Dia do Fogo’, por exemplo, continua mesmo após a atenção que os incêndios atraíram dentro e fora do Brasil. Além disso, as queimadas usadas durante o cultivo da cana também trazem mais um risco que pode resultar em alastramento de incêndios.
O que está por trás da revogação?
A revogação do decreto, portanto, pode gerar graves impactos ambientais, segundo os especialistas. Pode também causar prejuízo na comercialização da cana e do açúcar brasileiro no mercado internacional, já que o cultivo na Amazônia afasta compradores internacionais. Além disso, o avanço para essas áreas também seria desnecessário, pois o país já conta com uma ampla área degradada agricultável, suficiente para expandir a produção.
Segundo o Observatório do Clima, não há necessidade de um único hectare de terra amazônica ou pantaneira para cana-de-açúcar, já que a área necessária para dobrar a produção até 2030 (11 milhões de hectares adicionais) é menor do que a que estava prevista no zoneamento demarcado pelo decreto de 2009 (19 milhões).
“O Brasil vem aumentando sua produção pela produtividade, pela intensificação e pelas novas tecnologias. Não precisa ampliar em milhões de hectares a área do plantio de uma cultura – o que vai trazer perdas tanto do ponto de vista da biodiversidade quanto em aspectos econômicos”, afirmou o ex-ministro Minc.
Se a medida acarreta prejuízos ambientais e econômicos, qual seria então a motivação para essa decisão do governo? E quem são os verdadeiros interessados?
Há dez anos uma investigação da Repórter Brasil feita na época em que o zoneamento foi promulgado mostrava o interesse do setor em implementar usinas na região do Pantanal e entorno, na Bacia do Alto Paraguai e na Amazônia.
As usinas já existentes na Amazônia e Pantanal, inclusive, carregam um pesado histórico de situações de trabalho análogo à escravidão, por variados motivos, entre eles a vastidão do território e as dificuldades de fiscalização. É o caso de usinas como a Gameleira (posteriormente Destilaria Araguaia), em Confresa (MT), e a Alcopan, de Poconé (MT), que se tornaram presenças habituais na chamada “lista suja” do trabalho escravo do governo federal.
“Essas medidas se explicam por uma questão ideológica – ou seja, pelo ambiente de vale tudo e de desprezo pelo meio ambiente e pelas condições de trabalho que, cada vez mais, está imperando em algumas organizações patronais da agricultura”, afirma Ricardo Abramovay, professor do Programa de Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (USP).
Para ele, também há também razões patrimoniais envolvidas, pois desmatamento é hoje na Amazônia um caminho para se incorporar patrimônio – sobretudo a partir da invasão de terras públicas.
Tereza Campello, ex-ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e que também teve papel importante na elaboração do Zoneamento, acrescenta que a medida não interessa nem ao meio ambiente nem ao país. “Essa medida do governo Bolsonaro fragiliza nossa imagem internacional e, do ponto de vista econômico, prejudica o agronegócio”, diz. “Proteger o Pantanal e a Amazônia é estratégico para o Brasil. Ou deveria ser.”
Nota da redação: a matéria foi atualizada no dia 13 de novembro de 2019 às 13h45 para alteração da atual sigla partidária do ex-ministro Carlos Minc.
Animais queimados, incêndios e revolta. O relato de um fotógrafo que acompanhou de perto o Pantanal em chamas
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Perto do Poconé (MT), o fotógrafo encontrou uma jaguatirica na estrada; “Ela morreu fugindo”, lhe disse o motorista que observava a cena ao seu lado (Foto: João Paulo Guimarães/Repórter Brasil)
Era meu último dia fotografando as queimadas no Pantanal. Saio para pegar o ônibus quase acostumado com o cheiro de fumaça impregnado na roupa, o gosto amargo na boca, os olhos vermelhos e lacrimejando. Ignoro a ardência nos olhos para mantê-los abertos; fico em vigília, atento, câmara na mão.
Do lado de fora, vejo a calamidade. Perto de Poconé (MT), focos de incêndio. A fumaça e velocidade do ônibus atrapalham, mas aperto o olhar e avisto uma cena brutal. O corpo duro e sem vida de uma jaguatirica. Grito para pararem o ônibus e desço para fotografar. O ar é pesado. Os olhos do animal brancos e a língua de fora, como se tivesse tentado sorver o pouco que ainda resta do ar do Pantanal.
O motorista aparece ao meu lado, e falamos baixo, como que em luto. Ele diz que ela não foi atropelada. Morreu fugindo. Me abaixo no asfalto escolhendo um ângulo que mostre a quantidade de fumaça no caminho que ainda vou seguir. Clico o filhote tentando não mostrar toda a brutalidade que a morte impôs naquele animal tão belo. Eu nunca tinha visto uma jaguatirica. Ainda não vi.
Em muitas situações, bombeiros e brigadistas apenas observam o fogo, alastrado por áreas grandes demais para ser controlado (Foto: João Paulo Guimarães/Repórter Brasil)
Ninguém quer ver a morte que o fogo traz para o Pantanal tão de perto assim. Eu vi. Vi o fogo e o fim de tudo em um dos biomas mais ricos e lindos do planeta.
Quando cheguei em Poconé, perto da meia noite, a cidade estava envolta na penumbra. A fumaça era tão pesada que acreditei ser a névoa da madrugada. Não era. Era o efeito causado pelos mais de 2 milhões de hectares que estavam em chamas no Pantanal. Várzea Grande e Cuiabá também sentem o impacto da queimada criminosa e covarde. Vi como o agronegócio abre pasto com gasolina e diesel. Fazendeiros apressados em passar a boiada com a chancela do governo federal e do Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Quantos genocídios mais são possíveis na nossa nação? O Pantanal é só mais um crime impune na lista interminável dessa administração.
No meio de uma tarde de 43ºC e da fumaça sem fim em Barão de Melgaço (MT), os bombeiros e brigadistas olham o fogo, impotentes. Um dos brigadistas, com a pá na mão, é ‘seu’ Crovis. Ele diz que o fogo tem raiva. Pula de um lado para o outro. Está vivo. Ele olha para o caminho sem fim, escondido pela fumaça e avisa que não dá pra fazer nada além de esperar. Encosta no caminhão-pipa ao seu lado, que está vazio, e toma seu tererê.
O fogo consome tudo ao redor e o barulho é assustador. Os bombeiros — são cinco no local — usam um drone para avaliar a situação. Mas a conclusão é a mesma: não há nada a ser feito. É esperar o fogo se cansar do mato e desaparecer debaixo da terra.
O fotógrafo acompanhou o dia de Crovis: chamado para trabalhar com brigadista, ele conta que “o fogo tem raiva, pula de um lado para o outro, vivo” (Foto: João Paulo Guimarães/Repórter Brasil)
O ecoturismo é forte na região, que tem como atração espécies endêmicas como a arara azul do Pantanal e o cervo pantaneiro. Mas o ecoturismo esbarra no agronegócio e na abertura de pasto para a boiada. É preciso expandir a área do gado. E os brigadistas, inconformados, me contam que, para isso, fazendeiros ordenam que se use o fogo em nas áreas secas com solo rico em metano e matéria orgânica. É o fogo da ganância. Destruição, pra essa gente, é sinônimo de progresso.
Patas queimadas e morte
Cansados de ver os animais sofrendo, guias turísticos, biólogos e veterinários locais se uniram para tentar salvá-los. Um dos resgates foi de uma onça pintada, transferida para Goiás. Eu acompanho o grupo, que me explica que a desidratação — por conta da seca e da falta de água em riachos e lagoas –, a fumaça e o fogo deixam os animais desorientados, fazendo com que passem por áreas em brasa. Com as patas queimadas e morrendo de sede, esses animais sucumbem ao choque da dor. E, sem conseguir se locomover, morrem.
Um grupo de biólogos e guias turísticos locais seu uniu para tentar salvar os animais das queimadas; na foto, um quati que não conseguiu escapar das chamas (Foto: João Paulo Guimarães/Repórter Brasil)
Os voluntários também saem diariamente para deixar recipientes com água em vários pontos de rio seco e da mata. Falta água. Falta chuva. E, ficou claro para mim, falta humanidade no Pantanal.
À noite, de volta ao Sesc Pantanal, onde fiquei hospedado, escuto a conversa na mesa ao lado da minha no refeitório. Um dos militares, também alojado ali, não consegue segurar sua revolta e raiva ao comentar o ministro Salles pretendia bloquear a verba destinada para a batalha contra as queimadas na região pantaneira além da Amazônia. “Ele se precipitou, pô.”
Observar cervos pantaneiros é uma das atrações do ecoturismo local, que vem sendo ameaça pelas queimadas (Foto: João Paulo Guimarães/Repórter Brasil)
Um desgoverno que brinca com os nervos de quem vê a morte todos os dias e vai dormir sabendo que, no dia seguinte, pode ser pego na mudança de direção do fogo e morrer queimado. Foi o caso do Wellington Fernando Peres Silva, brigadista do ICMBio que teve 80% do corpo queimado em uma ação contra os incêndios do Parque Nacional das Emas (GO).
O que Salles e o governo federal não entenderam é que igual a mim existem muitos na região. Moradores, fotógrafos e jornalistas que testemunharam tudo. Viram o que a boiada representa. Gente que sentiu o fogo de perto e respirou diariamente o ar esfumaçado e doente da Transpantaneira. Gente que rezou para ver uma onça ou jaguatirica vivas, mas que, em vez disso, tiveram de se deitar na estrada ao lado de um corpo gelado para mostrar ao mundo o que a boiada faz quando passa. Ela queima.
Para o fotógrafo, a destruição no bioma deixa claro o que a “boiada” do ministro Ricardo Salles pode representar na prática (Foto: João Paulo Guimarães)
Voluntários se deparam como cenas como essas quando saem para colocar recipientes de água em diversos pontos do Pantanal (Foto: João Paulo Guimarães)