Minicurso de piscicultura discute construção de viveiros e produção de pescado em MT
1 de dezembro de 2018
Produtoras rurais de Nova Ubiratã prestigiam VII Fórum Mulheres no Campo
Fotografia:Divulgação
Uma caravana formada por 26 moradoras do Assentamento Cedro Rosa e do perímetro urbano de Nova Ubiratã participou, nesta quinta-feira (29), do VII Fórum Mulheres no Campo – Construindo um Futuro Melhor.
Realizado no auditório do Sindicato Rural e promovido pelo Clube Amigos da Terra (CAT Sorriso), o evento também reuniu representantes de Sorriso, Nova Mutum, Campo Novo do Parecis, Ipiranga do Norte, Alta Floresta e Sinop.
Formado por pequenas e grandes produtoras rurais, profissionais liberais, empresárias e mulheres de diferentes segmentos da sociedade, o público debateu soluções para a geração de emprego e renda. Na oportunidade também foram apresentados alguns cases de sucesso desenvolvidos por meio do cooperativismo.
Dentre as ações exitosas destacaram-se o empreendedorismo de um grupo de mulheres da comunidade Chã de Jardim, na Paraíba.
Composto por 44 membros, o grupo cooperativista investiu no turismo rural, valorização da agricultura familiar, artesanato e na culinária para fomentar a econonomia local e garantir a subsistência de aproximadamente 200 famílias.
“A gente se alegra e vê que é possível que as mulheres aqui da região de Sorriso possam também dar as mãos, empreender e gerar renda para ela e para a comunidade e desenvolver as pessoas e a cidade como um todo”, afirmou a palestrante e consultora do Sebrae de Areia (PB), Luciana Balbino de Souza.
O evento ainda contou com as palestras; “Associação Encontrando Soluções” - Ana Catarina Tibaldi dos Reis, presidente da Associação Mulheres Produtivas Assentamento Jonas Pinheiro; Com o tema: “Sustentabilidade Agrícola, a Força da Mulher no Campo”, Janete Missio – proprietária da Fazenda São Felipe, produtora rural e engenheira agrônoma; Com o tema: “Projeto Sentinelas da Terra” – Dulce Ciocheta, proprietária Fazenda Morena, produtora rural e administradora; Com o tema: “Iniciativa que Deu Certo na Pequena Propriedade”; Marcilene Nunes Medeiros da Silva, proprietária do Sítio Santo Antônio – Alta Floresta; Com o tema: Persistência e Superação:
Convida para compor o seleto grupo de palestrantes, a turismóloga e Chefe do Departamento de Cultura e Turismo de Nova Ubiratã, Cleonice Gomes da Silva Maynart, enalteceu a importância do evento.
Para ela, a apresentação de diferentes histórias de sucesso tende a influenciar o empreendedorismo no município.
“O fórum proporciona muito aprendizado por meio das trocas de informações e experiências. Acredito que as mulheres que participaram saem daqui com uma nova visão sobre o empreendedorismo rural” observa Maynart que também Interlocutora Regional do Portal do Agronegócio, entidade formada pelos municípios de Nova Ubiratã, Sorriso, Claudia, Tapurah, Sinop, Nova Mutum e Lucas do Rio Verde.
O transporte da carava nova-ubiratãense foi viabilizada por meio de uma parceria entre as secretarias municipais de Agricultura e Meio Ambiente.
*Com informações assessoria CAT
Fonte:Redação / Assessoria
Autor:Michel Ferreira
FOTOS DA NOTÍCIA
FRASE DO DÍA
Minicurso de piscicultura discute construção de viveiros e produção de pescado em MT
Da Redação
Foi realizado nesta quinta-feira (29.11), na Estação de Piscicultura da Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer), localizada no município de Nossa Senhora do Livramento (42 km ao Sul de Cuiabá), um minicurso sobre piscicultura com enfoque na criação de peixes em cativeiro. O engenheiro de pesca da Empaer, Enock Alves dos Santos, fala que Mato Grosso tem uma produção de 64 mil toneladas de peixe por ano, cultivados em tanques. O evento contou com a participação de 25 técnicos da Baixada Cuiabana.
De acordo com Enock, o objetivo do curso foi auxiliar no cultivo e na produção de peixe para garantir rentabilidade ao produtor. Ele explica que vários fatores são importantes para o crescimento e sucesso da atividade, e durante o minicurso destacou as condições necessárias para implantação de projeto de piscicultura, como a qualidade da água, solos com teor de argila abaixo de 20% e topografia com a inclinação de 2% de desnível dos tanques, permitindo um abastecimento e escoamento por gravidade.
Enfatizou também a construção de viveiros que devem ter uma profundidade de 1.50 metros na parte rasa e 1.80 metros na parte mais funda do viveiro, podendo chegar até 2 metros. “Não existe forma ou dimensão ideal para viveiros de cultivo de peixe, a forma depende das condições do terreno, dimensão e o poder aquisitivo do produtor”, enfatiza.
Na palestra falou sobre o manejo, alimentação e nutrição de peixes, qualidade e oxigênio da água, temperatura, densidade por metro quadrado, controle no cultivo de alevinos e outros. O curso foi dividido em duas etapas. No período da manhã, foi abordada a parte teórica, e na parte da tarde a prática e visita nas instalações da Estação. O chefe da Estação de piscicultura, Antônio Claudino da Silva Filho, explica que a empresa comercializa alevinos para recria e engorda em cativeiro. A previsão de venda para o início de 2019 pode chegar a 700 mil alevinos.
Com mais de 400 matrizes das espécies de tambaqui, pacu e pirapitinga, Antônio esclarece que 250 matrizes estão aptas para reprodução e foram produzidas na própria estação. “As matrizes são de qualidade e isentas da doença Lernia (Lernaea cyprinacea), um ectoparasita ou parasita externo de peixe que fixa na musculatura e causa lesões, aparecimento de infecções secundárias, mortalidade, redução da taxa de crescimento e reprodução em peixes adultos”, destaca.
A comercialização é normalmente realizada nos meses de janeiro a maio. Na Estação existem 39 tanques de reprodução, sendo 12 de pesquisa e 27 para recria. O diretor de Ater da Empaer, Rogério Monteiro Costa e Silva, fala que há mais de 30 anos a estação de piscicultura da Empaer produz alevinos de qualidade para os produtores rurais com preços acessíveis e orientações técnicas necessárias para o bom andamento da criação de peixes.
Segundo Rogério, o curso direcionado aos técnicos da Empaer vai auxiliar nas orientações técnicas para o produtor rural começar a atividade com lucro e renda. O engenheiro agrônomo da Empaer, Maurílio Bueno de Magalhães, que atua na área de extensão rural no município de Poconé, fala que o curso tirou muitas dúvidas e trouxe novas informações sobre cultivo, construção de tanques e espécies a serem cultivadas.
O engenheiro agrônomo da Empaer e organizador do evento, Osmano de Freitas Silva, explica que nos últimos seis meses, foram realizadas palestras sobre doenças da cultura da banana, feijão, mandioca, citros e tomate, fertilidade do solo e hidroponia. O minicurso da piscicultura é o encerramento do ciclo de atividades este ano. “A essência da empresa é o conhecimento adquirido pelo técnico, que tem a missão de levar as informações ao agricultor familiar a fim de garantir lucro e renda para as famílias no campo”, conclui Osmano.
DATAPLAMT: O BANCO DE DADOS DAS PLANTAS MEDICINAIS BRASILEIRAS
PESQUISADORA ALERTA SOBRE A PERDA DO CONHECIMENTO TRADICIONAL DO USO DE ESPÉCIES DE PLANTAS NATIVAS E A IMPORTÂNCIA DE UM ACERVO COM ESSAS INFORMAÇÕES
Por Mariana Alencar e William Araújo
“…o Brasil é o campeão da biodiversidade no mundo. É o país que tem o maior número de espécies diferentes de animais e de plantas. Então nós temos uma responsabilidade imensa de cuidar desse patrimônio todo”, diz Maria das Graças Lins Brandão, doutora em química orgânica pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
A pesquisadora alerta para a constante destruição cultural que o país vem sofrendo no que diz respeito à tradicionalidade do uso das plantas medicinais. Atualmente, “o Brasil importa plantas e as nossas não são usadas. A maioria dos medicamentos fitoterápicos registrados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) não são provenientes de plantas brasileiras”, diz Maria Brandão.
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Para diminuir esse impacto, a pesquisadora criou o Centro Especializado em Plantas Aromáticas, Medicinais e Tóxicas (Ceplamt), que faz parte do Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG (MHNJB). O intuito da unidade de pesquisa é “recuperar informações sobre plantas úteis nativas do Brasil em bibliografias e documentos históricos”.
Como resultado da busca, o grupo de pesquisa propõe a apresentação organizada dos registros por meio de um banco de dados online chamado Dataplamt (Banco de dados e amostras de plantas aromáticas, medicinais e tóxicas),que servirá para manter viva a tradicionalidade do uso desses medicamentos naturais. Segundo a doutora, há a previsão de que todo conteúdo, em torno de 5 mil plantas úteis, estejam registradas até o final do ano.
PLANTAS TAMBÉM TÊM HISTÓRIA

Livro desenvolvido pelo Ceplamt – Foto – William Araújo
Outro viés de pesquisa do Ceplamt é relatar a história do uso tradicional de algumas plantas. De acordo com a pesquisadora, a medicina natural brasileira é tão antiga quanto a chinesa, porém, somente começou a ser registrada a partir da colonização, quando a corte convidou vários naturalistas para estudarem a biodiversidade do país.
“Alguns dizem que esses naturalistas foram os primeiros ‘biopiratas’ do Brasil, mas eles foram muito importantes para manterem documentada a história do uso das plantas medicinais nativas”, afirma Maria Brandão. Conforme a pesquisadora, plantas como a copaíba já eram usadas para curar feridas de flechas em 1538, segundo registros portugueses.
UM ALERTA
Mesmo com estudos na área, são diversas as aplicações equivocadas das plantas medicinais. “As pessoas imaginam que por a planta servir como um medicamento, ela não é nociva, mas estão erradas. Ouvi uma história em que os comerciantes do mercado central estavam vendendo o barbatimão para tratar pressão alta, quando na verdade ela serve, também, para tratar feridas”, diz Maria Brandão.
Um dos motivos dessa “erosão” do passado e da tradicionalidade do uso das plantas nativas do País está no crescimento da monocultura e popularização do agronegócio, que contribuem negativamente para a biodiversidade. Outro fator importante é a ascensão dos remédios sintéticos no Brasil, inseridos pela indústria farmacêutica desde a década de 1950.
Com esses medicamentos, tratar doenças com plantas virou algo ultrapassado. Além disso, essas mesmas indústrias extraem os princípios ativos da natureza, manipulam e voltam a vendê-lo como remédios ou fitoterápicos, diz a pesquisadora.
A vegetação nativa do País sofre um intenso processo de extinção e perda do conhecimento tradicional. “Uma consequência, bastante visível, é o elevado número de plantas exóticas e importadas usadas na fitoterapia brasileira: o capim-santo, a babosa, a camomila, os hortelãs, a alfavaca e outras, não são nativas do Brasil”, afirma Maria Brandão por meio de material de divulgação do Ceplamt.
Veja o vídeo abaixo.
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30 de novembro de 2018
Brasil desiste de sediar Conferência do Clima da ONU
Governo alegou restrições orçamentárias e a transição em curso; COP-25, que tem foco em mudanças climáticas, seria realizada no país em novembro de 2019
Leticia Fernandes
Palácio do Itamaraty, em Brasília Foto: Givaldo Barbosa / Agência O Globo
RIO e BRASÍLIA - O governo brasileiro desistiu de sediar a COP-25, Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que aconteceria no país em novembro de 2019. Os argumentos foram restrições orçamentárias e o processo de transição presidencial em curso. A decisão foi comunicada por meio de um telegrama enviado ontem à embaixadora Patrícia Espinosa, secretária-executiva da Convenção da ONU sobre Mudança do Clima.
Peixes amazônicos têm lixo plástico no estômago
O que era uma suspeita, acabou de ser confirmado por pesquisadores brasileiros: nem os peixes amazônicos estão protegidos de uma das maiores pragas ambientais deste século, a poluição plástica.
Em um artigo científico divulgado na revista Environmental Pollution, por um grupo de cientistas internacionais, entre eles, Marcelo Andrade, autor principal do estudo, da Universidade Federal do Pará (UFPA), é revelado o resultado de uma análise realizada com 172 peixes, de 16 espécies diferentes, da bacia do Xingu.
Os pesquisadores encontraram resíduos de plástico no estômago de 25% de todos os indivíduos analisados e em 80% das espécies, entre eles, pacus e piranhas e dourados.
“É a primeira evidência científica de ingestão de plástico por peixes de água doce na Amazônia. Sacolas plásticas, garrafas, equipamentos de pesca e outros produtos entram em corpos de água amazônicos e se degradam em meso e micro partículas, que podem ser ingeridas pelos peixes, direta ou indiretamente, através da cadeia alimentar”, alerta o artigo.
A escolha da região do Xingu se deu porque ali há uma enorme diversidade de espécies. Os peixes coletados tinham entre 4 cme 30 cm e pesavam até 2 kg.
Uma das constatações que mais impressionou os pesquisadores foi que, independente de serem herbívoros, carnívoros ou onívoros (que se alimentam tanto de carne, como plantas), todos tinham plástico em seus estômagos.
As partículas variavam entre 1mm e 15mm de comprimento. Elas eram feitas de 12 tipos de polímeros diferentes (substâncias químicas usadas na fabricação do plástico), entre eles, polietileno, rayon e polietileno tereftalato (PET).
Amostras de plásticos observadas no estômago dos peixes
“Foi uma surpresa muito triste porque nosso estudo inicial estava focado no entendimento da alimentação dos peixes, mas quando começamos a analisar o estômago deles encontramos plástico”, disse Tommaso Giarrizzo, da UFPA, em entrevista ao jornal The Guardian. “É alarmante porque a poluição está espalhada por toda a bacia Amazônica”.
Segundo Giarrizzo, agora é necessário um estudo mais aprofundado e que inclua o impacto ou não da descoberta sobre a alimentação dos moradores da região.
Plástico: a contaminação é geral!
No ano passado noticiamos aqui, neste outro post, que mais de 30% dos peixes pescados na costa do Reino Unido também tinham plástico em seus organismos. Bacalhau, sardinhas, cavalinha e até, crustáceos estavam contaminados com micropartículas plásticas. De acordo com o autor do artigo, Richard Thompson, o despejo de lixo nos oceanos, que se intensificou a partir da década de 60, atingiu proporções assustadoras.
Ao ser jogado no mar, o plástico é “quebrado” em minúsculas partículas. Com o passar do tempo, estes microrresíduos são encobertos por bactérias e algas, e assim, confundidos por alimentos pelos peixes.
A análise feita pela equipe da Universidade de Plymouth revelou que os animais marinhos estão ingerindo polietileno, nylon e acrílico.
E não é só nossa comida que está contaminada. Fibras plásticas estão presentes na água que o mundo inteiro bebe, inclusive, o Brasil. Em outro estudo, divulgado em 2017, foi constatado que, de dez amostras de água de torneiras de São Paulo, nove continham partículas de plástico.
Oito milhões de toneladas de plástico acabam parando nos oceanos por ano. Estima-se, que 5,2 trilhões de fragmentos plásticos estejam boiando ou depositados no fundo da água.
E anualmente, a produção deste material sintético aumenta cada vez mais. Em 1964, foram 15 milhões de toneladas de plástico fabricadas. Em 2015, este número pulou para 322 milhões de toneladas.
Um estudo conduzido em 2015, em mercados da Califórnia e Indonésia, dois pontos extremos do planeta, examinou o que havia nos estômagos dos peixes comercializados nestes locais. O resultado mostrou que um em cada quatro peixes tinha plástico em seu organismo.
Mais ampla ainda foi a pesquisa “Plastics in Seafood”, realizada pelo Greenpeace, no ano passado. Nela, dados de diversos países, entre eles, o Brasil, comprovam que a contaminação dos peixes com partículas plásticas é generalizada.
No mês passado, foi comprovado também que até o ser humano tem micropartículas plásticas em no organismo. Uma pesquisa internacional analisou as fezes de pessoas de oito países diferentes e, em todas elas, encontrou resíduos plásticos.
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Foto: José Sabino
Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante seis anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para várias publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, acaba de mudar para os Estados Unidos
Juíza autoriza doação e abate de mais de 800 galos de rinha apreendidos em operação da PF
Da Redação - Vinicius Mendes
Foto: Reprodução
A juíza Flávia Catarina Oliveira Amorim, da vara Especializada do Meio Ambiente de Cuiabá, autorizou a Delegacia Especializada do Meio Ambiente (Dema) a doar ou abater os mais de 800 galos de rinha apreendidos em uma propriedade do ex-prefeito de Brasnorte (575 km de Cuiabá), Eudes Tarcísio de Aguiar, durante a “Operação Sem Saída”, deflagrada na última quinta-feira (22). O delegado responsável argumentou que não teria espaço ou destino para encaminhar os animais.
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Os animais foram apreendidos em ação da Delegacia Especializada do Meio Ambiente (Dema), da Polícia Judiciária Civil, em conjunto com outros órgãos como o Batalhão Ambiental da Polícia Militar, Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec), na operação da Polícia Federal do último dia 22.
Investigações preliminares apontam que cerca de 350 galos apreendidos eram considerados de “elite” e treinados para participação em rinhas. Cada galo chegava a custar valor superior a R$ 20 mil. Os animais são considerados valiosos ao ponto de cinco deles terem se tornados troféus, por terem vencidos campeonatos e também serem reprodutores.
Na decisão a juíza relata a inconstitucionalidade da prática e ainda compara a “rinha de galo” à “farra do boi”, classificando ambas como práticas cruéis.
“A indignação do sistema jurídico é fundada. Nada há que mais degrade o ser humano e ofenda os princípios de civilidade que o prazer buscado na dor física do ser dominado, mesmo que irracional. Por isso que a ‘farra do boi’, divertimento sanguinário que, conforme se dizia, integrava a cultura do povo catarinense, exemplo cabal de seviciamento animal voltado exclusivamente ao deleite de assistentes pervertidos, cujo êxtase se elevava na medida em que o animal seviciado mais sofria, se enervava e desesperava, acabou sabiamente proibida por decisão judicial tornada definitiva”.
A Polícia Civil, após a apreensão, afirmou que não teria condições ou espaço para encaminhar as aves apreendidas e por isso encaminhou os animais para doação. O ex-prefeito de Brasnorte, Eudes Tarciso de Aguiar, então impetrou um mandado de segurança, requerendo que os animais ficassem em seu criatório, declarando ilegal, abusiva e insubsistente o ato de doação sem o devido processo legal e de omissão na prestação de informações.
A Justiça, durante plantão judiciário do último dia 22 de novembro, concedeu liminar determinando “que a autoridade coatora abstenha-se de doar os animais apreendidos por força da operação policial retratada nos autos (...), bem como para que ‘(...) proceda a guarda dos animais como fiel depositário, até decisão de mérito deste mandamus’”. O Ministério Público se manifestou contra a liminar.
O delegado Gianmarco Paccola Capoani, da Dema, teria argumentado que “diante dessas circunstâncias criadas pelo homem, doravante esses animais somente têm condições de viver sob em regime de confinamento, o que, por si só, configuraria a conduta permanente de 'maus tratos', deixando-os, acaso assim o fizéssemos, nas mesmas condições como foram encontrados. São animais que se tornaram 'doentes' pela intervenção humana. Esta circunstância, impede que o animal tenha convívio sadio com outros”.
A Lei nº 9.605/98 prevê que caso haja impossibilidade em libertar animais vítimas de maus tratos, que estes devem ser entregues a jardins zoológicos, fundações ou entidades assemelhadas. No entanto, o delegado ainda teria afirmado que nenhuma destas instituições ficaria com galos de briga. O MP então teria sugerido o sacrifício dos animais.
“Nesse sentido, o Ministério Público firma o entendimento de que a Autoridade apontada como coatora não exerceu ato ilegal ou abusivo, apenas cumpriu o seu dever legal de efetuar a apreensão dos animais vítimas de maus tratos e entregá-los à Instituição sem fins lucrativos, que foi a alternativa mais viável apresentada para o caso e, considerando que a existência desses animais representa a perpetuação do sofrimento, outra alternativa não resta senão seus sacrifícios”, citou a juíza.
A magistrada então revogou a liminar que impedia a doação ou abates dos animais apreendidos e extinguiu o processo que pediu mandado de segurança.
Prisão
O ex-prefeito de Brasnorte (585 km de Cuiabá), Eudes Tarciso de Aguiar (DEM), é um dos alvos de mandado de prisão da ‘Operação Sem Saída’, deflagrada no dia 22 de novembro pela Polícia Federal em Mato Grosso e no Paraná.
A denominada Operação Spectrum está em sua 4ª fase ostensiva, tendo até o momento arrecadado aproximadamente 500 milhões de reais em patrimônio da organização criminosa comandada por Luiz Carlos da Rocha, o “Cabeça Branca”, somente em solo brasileiro. Dentre os bens sequestrados estão 16 fazendas que somadas representam uma área de aproximadamente 40 mil hectares no Estado do Mato Grosso.
Somente nesta ‘Operação Sem Saída’ o patrimônio arrecadado será de mais de 100 milhões de reais, considerando que somente em fazenda são mais de 11 mil hectares.
Esta é a maior operação da história da Polícia Federal na desarticulação patrimonial de organização criminosa com atuação no tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro.
Durante as investigações da Operação Spectrum, a PF desarticulou uma estrutura criminal criada visando o tráfico internacional de drogas. Esse esquema era comandado por Luiz Carlos da Rocha, mais conhecido como “Cabeça Branca”. Ele era tido como um dos maiores traficantes da América do Sul, tendo conexões em dezenas de outros países.
Luiz Carlos da Rocha era procurado pela Polícia Federal e pela Interpol. Ele foi preso no município de Sorriso no dia 1º de julho de 2017 e chegou a fazer algumas cirurgias plásticas na face para dificultar sua identificação. Ele foi condenado a 49 anos de prisão.
