RENATA PRATA
Redação/ Secom-MT
Trinta e quatro jovens mato-grossenses serão os donos da bola nos quatro jogos que acontecerão na Arena Pantanal durante a Copa do mundo. Eles foram selecionados para a função de gandula por fazerem ficado nas primeiras colocações de um torneio promovido pela Coca Cola com escolas de futebol do estado. Os adolescentes têm entre 13 e 16 anos e a maioria atuará em dois jogos, em forma de revezamento. Serão 18 gandulas por partida, 14 efetivos e 4 reservas. O sonho de se tornar jogador de futebol profissional liga grande parte destes garotos. Agora eles poderão viver de perto a sensação de participar do maior evento futebolístico do planeta.
Giovane Arruda Nogueira, um dos escolhidos, tem 14 anos e treina desde os 8 na escola do Uirapuru, campeão da Copa Coca-Cola. Empolgado, sua expectativa agora é de fazer um bom trabalho. “Foi uma emoção muito grande quando entrei pela primeira vez na Arena Pantanal, ela ficou linda. O que eu quero é fazer tudo certo, estou muito feliz por estar participando, será uma experiência única”. Experiência única como gandula, ele quis dizer, já que o atacante sonha alto e quem sabe, no futuro, não poderá estar disputando um Mundial. “Entro no estádio e fico imaginando que um dia também poderei estar aqui. A primeira coisa que passa pela minha cabeça é que eu quero jogar”, diz o esperançoso jovem, que já participou de dois testes, no São Paulo e no Curitiba, mas que quer mesmo é jogar pelo Flamengo, seu time de coração.
Chico Valdiner/Secom/MT
Poucos garotos têm a chance de ver seus jogadores favoritos de perto e muito menos entregar a bola nas mãos dos ídolos. Giovani atuará nos jogos da Rússia x Coreia do Sul e Japão x Colômbia e mesmo sabendo que é proibido demonstrar sentimento por algum time durante a partida, segundo regras da Fifa, é difícil para um jovem que vive o futebol não ter as suas preferências. Discretamente, ele confessa que está torcendo para o Japão entre as seleções que virão para Cuiabá. “Eles têm jogadores muito conhecidos, o meu favorito é o Honda”, ele justifica, citando o meio-campista japonês que atua pelo Milan. Outro que também tem uma queda pela seleção japonesa é o lateral esquerdo Alberto Magnani, de 15 anos. Seu jogador preferido dos que jogarão aqui também é um meia asiático, mas que atua no Manchester United. “A Fifa nos recomendou que após o jogo a gente permaneça nos nossos lugares e que não parta para cima dos jogadores. Claro que vou obedecer, mas se tiver uma oportunidade vou pedir um autógrafo ou uma foto com o Kagawa”.
O treinamento para gandula foi dividido em duas partes. A primeira com árbitros da CBF e a segunda com membros da Fifa. Os garotos elogiaram todo os processo, desde o conteúdo até a organização e afirmaram estar seguros para a função. “Aprendi coisas que nem imaginava, ensinaram tudo que devemos fazer. Foi muito importante. No treinamento do estádio não nos deixaram entrar no campo, mas só de sentar no banco já foi muito bom”, disse Alberto, que conheceu a Arena Pantanal no jogo Santos x Atlético e depois do impacto inicial com a beleza do estádio, só conseguia pensar no Mundial. “Ficava olhando o tempo todo para os gandulas do jogo, pensando em qual local eu iria ficar e na emoção que é participar diretamente de uma Copa do Mundo”.
Quando participaram da Copa Coca-Cola os adolescentes não sabiam que atuariam como gandulas. “Depois de dois meses, o pessoal ligou falando que a gente poderia participar dos jogos da Copa do Mundo. Nem acreditava muito que ia dar certo, que eu teria realmente esta chance. Quando confirmado foi uma felicidade, agora está difícil até de dormir”, diz Felipe Bonato da Silva, que tem como jogador favorito entre os que jogarão em Cuiabá um ídolo chileno e palmeirense, o meia Valdivia. Felipe é o mais velho entre os garotos do Uirapuru que estarão no Mundial e por já ter completado 16 anos, perdeu as esperanças de ser jogador de campo. “Quando entrei no estádio a vontade era de jogar ali. Mas a cada ano esta chance se esgota. Ainda tenho esperança no futsal, que treino quatro vezes por semana”.
O coordenador técnico da Associação Atlética Uirapuru, Gil Gusmão, explica como funciona o processo em uma escola de futebol. O clube recebe garotos a partir de 8 anos e eles vão subindo de categoria até os 16 anos. “Eles participam de campeonatos dentro e fora do estado e vários jogos têm olheiros oficiais de clubes, inclusive do exterior”. Gil afirma que quem se destaca em uma escola de futebol tem muita chance de se tornar um jogador profissional de um grande time e que os próprios coordenadores e técnicos das escolas indicam os jovens que mais se destacam. Ao longo dos anos, os adolescentes vão fazendo testes e quanto mais o tempo passa menor é a chance. “Além de incentivar os estudos, fazemos um forte trabalho psicológico com estes garotos. A maioria que joga aqui tem o sonho de ser um grande jogador, mas muitos não conseguem. Então também os preparamos para lidar com estas frustrações”.
Danilo Fernando da Matta Silva, de 14 anos, tem uma altura e um porte físico que impressiona. O coordenador Gil o considera como coringa dentro do time. “Com este porte ele pode jogar em qualquer posição, desde atacante até zagueiro”, diz o treinador. Danilo ainda não fez nenhum teste, mas já tem o primeiro agendado para depois do Mundial. Disciplinado, como a maioria dos outros garotos que treinam há muitos anos no clube, ele destaca que aprendeu muito nos treinamentos de preparação da Copa. “Principalmente a seguir regras, ter disciplina e segurar a ansiedade”. Danilo não acreditou quando ligaram falando que ele atuaria como gandula no Mundial. “Foi uma felicidade, um espanto quando fiquei sabendo. Não esperava por isso. Mas agora estou meio ansioso, não consigo nem dormir”. Entre os jogadores que estarão na Arena Pantanal, os seus favoritos são os chilenos Valdivia e Alex Sanches, que é um dos astros do Barcelona. Como ele irá atuar apenas no jogo Nigéria x Bósnia ele tratou de eleger os favoritos para o confronto, que são Dzeko, o grande nome da seleção da Bosnia e do Manchester City, e John Obi Mikel, a estrela nigeriana que defende o Chelsea.
Chico Valdiner/Secom/MT
Além do desejo de se tornarem jogadores reconhecidos no Brasil, ou quem sabe no mundo, os garotos também têm em comum o futebol como lazer favorito. A rotina de Danilo é parecida com a da maioria dos outros garotos de sua idade que se inscrevem nas escolas de futebol do país em busca de um dia conseguir jogar como profissional em um grande clube. Ele treina três vezes por semana no campo, nas tardes de terça, quarta e sexta-feira e duas vezes no futsal. “Só não treino no final de semana. Mas no sábado e domingo sempre estou pronto para uma pelada”.
COPA COCA-COLA
A Coca-Cola, parceira oficial da Fifa na Copa do Mundo, realizou em 2013 um torneio em vários estados brasileiros que selecionaram jovens para atuarem como gandulas durante o Mundial. Em Mato Grosso, os escolhidos foram jogadores dos três primeiros colocados no masculino, Uirapuru (1º lugar), Boa Esperança (2º) e Búfalo (3º) e da equipe de futebol feminino de Sorriso.
A coordenadora geral da Copa Coca-Cola, Cristina Costa, participou de todos os treinamentos. O primeiro foi uma capacitação teórica com juízes da CBF, que orientaram sobre a postura que o gandula deve ter durante o jogo, como não participar da vibração do gol, ser rápido na reposição de bola e não encostar nas placas de patrocínio. Eles também ensinaram a forma correta de jogar a bola e o cuidado para não ter duas bolas dentro de campo e explicaram normas de cuidados pessoais, como o cabelo deve estar cortado, a barba deve estar aparada, como vestir o uniforme. “São as regras básicas e as informações necessárias para a atuação de um gandula, que muita gente não sabe, mas é uma profissão”. Esta qualificação foi realizada em dois dias. A parte prática foi realizada no Dutrinha.
Esta semana a Fifa levou os garotos para um treinamento na Arena Pantanal, como forma de reconhecer o estádio e orientar sobre a atuação. Os gandulas já sabem por onde vão entrar, os lugares que irão ficar durante a partida, qual o caminho que irão percorrer do vestiário até o campo e caso passem mal, para quem olhar e o que fazer. Também conheceram de perto a bola do jogo e a maneira correta de repô-la na partida. Neste encontro, os garotos tiraram as dúvidas e já saíram com todas as informações para os dias do jogos, como locomoção, horário e credenciamento. “A Fifa é muito metódica, correta. Eles se preocuparam com todos os detalhes. No dia dos jogos, os garotos já entram sabendo de tudo o que devem fazer”.
No dia do jogo uma van buscará os adolescentes que estarão reunidos na escola de futebol em que treinam. A equipe de fubebol feminino, que vem de Sorriso, terá todo o apoio da Fifa com o transporte, alimentação e hospedagem. As meninas participarão apenas de um jogo, Nigéria x Bósnia, devido a dificuldade de locomoção.
No dia do jogo uma van buscará os adolescentes que estarão reunidos na escola de futebol em que treinam. A equipe de fubebol feminino, que vem de Sorriso, terá todo o apoio da Fifa com o transporte, alimentação e hospedagem. As meninas participarão apenas de um jogo, Nigéria x Bósnia, devido a dificuldade de locomoção.
Chico Valdiner/Secom/MT
