25 de novembro de 2022

4 fatores que impedem que Brasil vire potência no turismo apesar do potencial


Shin Suzuki - Da BBC News Brasil em São Paulo

Cataratas do Iguaçu
As Cataratas do Iguaçu representam apenas um dos grandes ativos do turismo brasileiro, mas país segue com números modestos para o potencial

Alguns dos elementos mais associados ao Brasil — belezas naturais, grande diversidade cultural, calendário rico em festas nacionais e regionais — valem ouro em qualquer roteiro de viagem. Mas o grande potencial do país não se traduz em números de destaque no mercado mundial de turismo. Um estudo analisou fatores que emperram o desenvolvimento nacional da área.

O futuro do turismo no Brasil a partir da análise crítica do período 2000-2019 contou com 23 pesquisadores de 17 instituições brasileiras.

A investigação observa que, mesmo durante o boom do turismo internacional na década passada, o Brasil estacionou em pouco mais de 6 milhões de visitantes estrangeiros por ano.

Nesse período, o país ainda teve a rara oportunidade de sediar uma Copa do Mundo e uma Olimpíada no espaço de dois anos, mas o crescimento entre 2014 e 2019 foi ínfimo: uma alta ligeira (que também pode ser vista como estagnação) de 6,31 milhões para 6,35 milhões.

O Brasil não figura nem na lista da Organização Mundial de Turismo dos 50 países com mais chegadas de turistas.

Os dados são relativos a 2019, ou seja, antes da chegada da pandemia de covid. Em todo o mundo, o setor sofreu fortemente os impactos da quarentena e tenta agora ensaiar uma recuperação.

Para efeito de comparação, uma única localidade do Vietnã, a Baía de Ha Long, recebeu quase o equivalente aos números totais do Brasil: 6,2 milhões, de acordo com o Euromonitor. O Vietnã, como um todo, contabiliza 18 milhões de viajantes internacionais anualmente.

Outro exemplo, e de maior proximidade, é o México.

De limitações socioeconômicas como o Brasil, o país se firmou como um dos mais importantes destinos do turismo mundial, com 45 milhões de turistas estrangeiros.

Os mexicanos são muito beneficiados pela proximidade com os Estados Unidos, mas deram prioridade ao setor em sua estratégia econômica na última década, segundo observa relatório da Organização para Cooperação e Desenvolvimento (OCDE).

Comparações podem ser relativizadas pelas condições específicas dos países, mas o mercado brasileiro, com trunfos turísticos bem conhecidos como o Rio de Janeiro e as Cataratas do Iguaçu e dezenas de lugares com grandes possibilidades de desenvolvimento, está claramente aquém do seu potencial.

Isso é admitido em um relatório do governo federal.

"O Brasil não faz parte das rotas do turismo global", diz uma análise feita pela Secretaria Especial de Produtividade e Competitividade, vinculada ao Ministério da Economia, no ano passado.

O texto cita que "no Brasil, 93% dos visitantes são locais" e "[em 2019] a participação no PIB era de 7,7% e com alta empregabilidade, mas com um crescimento estagnado".

A permanência de velhos problemas e o aparecimento de novos levam o Brasil a deixar de aproveitar um setor que poderia ter um impacto positivo de forma considerável na economia, na melhoria dos serviços, na conservação dos espaços nas cidades, entre outros ganhos.

Para Alexandre Panosso Netto, coordenador de pós-graduação em Turismo da Universidade de São Paulo (USP) e um dos autores da pesquisa, esse caminho de desenvolvimento não se torna uma política séria de Estado por algumas razões.

"A concorrência de várias áreas e a incompreensão dos pontos positivos do turismo como vetor e alavanca de inclusão social, de valorização da cultura e de diversificação de pensamentos e aprendizado".

Museu do Amanhã, no Rio
Museu do Amanhã tornou-se uma das principais atrações turísticas do Rio

"O turista estrangeiro gastava por volta de US$ 110 por dia no Brasil até a pandemia. Em 2019 foi por volta de US$ 6 bilhões que os estrangeiros trouxeram ao país. Então dobrar ou triplicar o número de visitantes representaria dobrar ou triplicar esse montante."

O mercado de trabalho também teria a ganhar com o turismo.

"Não é só financeiro, o aumento do número de empregos gerados e o efeito multiplicador do turismo seriam grandes."

Veja abaixo alguns fatores que prejudicam que o turismo brasileiro decole:

1) Imagem ruim no exterior

Mulher viaja sozinha
Brasil foi considerado segundo país mais perigoso para mulheres que viajam sozinhas em ranking

Violência, corrupção, ambiente hostil para mulheres e para o público LGBTQ+, somados à deterioração nos últimos anos da imagem do país em campos como meio ambiente e a gestão da pandemia do coronavírus, não criam um cenário muito atraente para turistas considerarem o Brasil como destino, afirma Panosso Netto.

Seu estudo cita um índice criado pelos jornalistas Asher e Lyric Fergusson que ranqueia os países mais perigosos para mulheres que viajam sozinhas. O Brasil é listado na segunda posição, atrás apenas da África do Sul.

A mudança do slogan oficial do turismo brasileiro em 2019 também não ajudou na imagem brasileira. A frase usada para promoção, "Visit and love us" (Visite e nos ame, em tradução literal), foi considerada de pouca fluência e de construção pouco usual no inglês, além de soar com conotação sexual para alguns turistas estrangeiros.

O pesquisador também diz que a ligação do país a histórias que envolvem corrupção "influenciam como o turista nacional e internacional vê o destino Brasil. Se é um destino com notícias de corrupção, também se pode imaginar que é um destino inseguro".

Ele diz que países com problemas relacionados à corrupção como México e Turquia, mas com grande número de visitantes, conseguem contornar a questão pela proximidade a grandes mercados consumidores internacionais e a criação de ilhas de excelência turística.

2) Falta de continuidade em políticas e planejamento

"Políticas de turismo específicas precisam ser baseadas em um processo de planejamento contínuo", diz o estudo.

Para um desenvolvimento mais sustentável do setor é preciso que o Ministério do Turismo e a Embratur tenham grande qualidade técnica, com um planejamento de longo prazo.

Gruta do Lago Azul, em Bonito (MS)

Panosso Netto cita Bonito, em Mato Grosso do Sul, como um exemplo de um destino que vivenciou processo de melhora e desenvolvimento através dos anos.

"Há ótimos exemplos de boas práticas turísticas nos interiores do Brasil. Bonito, em Mato Grosso do Sul, com sua diversidade ecológica e turismo de alto nível, é um exemplo disso. Mas essa qualidade de Bonito não foi alcançada de uma hora para a outra. Começou no início dos anos 1990. Estamos falando, portanto, de mais de 30 anos de trabalho."

Mas problemas com a conservação ambiental derivados do desmatamento vem impactando o ecoturismo da região. A abertura de áreas para agricultura impacta na cor das suas águas, um dos grandes trunfos de Bonito. Cerca de 70% da população local depende do turismo.

Políticas de turismo também incluem a identificação de oportunidades em diferentes mercados, como o latino-americano.

"É preciso se preparar para receber o turista argentino, uruguaio, chileno, peruano, boliviano, paraguaio etc. Não podemos estar dar as costas à América Latina."

3) Qualidade dos serviços varia muito

A falta de maior profissionalização na parte de serviços é algo constantemente apontado como problemático. "Esse é um dos itens mais criticados pelos profissionais do setor", afirma Panosso Netto.

O pesquisador acha que seria também uma forma de desenvolver a própria área de empreendedorismo no país.

"O turismo é a porta de entrada de muitos empreendedores de primeira viagem. Temos que transformar isso em um ponto positivo a nosso favor. O governo pode criar programas de formação continuada do turismo, tal como já existiram no passado, a exemplo do Curso de Formação de Gestores de Políticas Públicas do Turismo Nacional."

Educação sobre como funcionam o mercado e o atendimento a turistas domésticos e internacionais, além do aprendizado efetivo de idiomas, seriam formas de capacitação.

Mas há um outro problema estrutural, segundo o professor da USP: "A dificuldade em acessar o crédito para o investimento em empreendimentos turísticos pequenos também é imensa".

4) Transporte aéreo e deslocamento

Aeroporto de Guarulhos
Aeroporto de Guarulhos: deslocamentos internos no Brasil são caros e complexos para o turista

Segundo a pesquisa, embora o ambiente entre 2000 e 2019 no mercado aéreo "tenha melhorado a oferta e a competição nas rotas principais, especialmente aquelas conectando as capitais dos Estados e grandes centros urbanos, o acesso regional ainda é caro e, na maioria dos casos, insatisfatório".

Para Panosso Netto, "o transporte aéreo está deveras caro pelo preço do querosene e a política de impostos dos combustíveis e taxas aeroportuárias. Além disso, as viagens rodoviárias são prejudicadas pelas condições das rodovias; e se as rodovias são boas, os pedágios são caros".

O tamanho continental do Brasil, que de uma forma pode ser uma vantagem pela variedade de ofertas, acaba gerando um problema pelo deslocamento.

"Acredito que os destinos regionais devam se unir mais para compartilharem os turistas que por eles passam. Ou seja, a gestão regional do turismo deve ser fortalecida, junto com a criação de roteiros regionais com produtos e serviços de alta qualidade", diz o professor da USP.

O estudo defende "alinhar o ambiente regulatório, jurídico e tributário que rege a aviação brasileira, ao ambiente internacional. A evolução que viveu o setor nestes 20 anos não permite que sigamos admitindo que o Brasil tenha sérias diferenças e distorções entre nossas regras nacionais, que acabam gerando ofertas e produtos mais caros aos consumidores, e o que se pode ofertar no exterior".

- Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/brasil-63671736

Turismo Rural- MT - Técnicos da EMPAER Central visitam a Comunidade Campo Alegre de Baixo em Livramento - Confiram !

 

Mariano Batista Ciro Moraes  e Geraldo Lúcio 

Os Agentes  Técnicos da COATER - EMPAER Central, Geraldo Donizeti Lúcio e Mariano Batista estiveram no dia 25 de novembro de  2022 (sexta-feira) realizando visita técnica de trabalho no Município de Nossa Senhora do Livramento, na Comunidade Campo Alegre de Baixo.  Chegando ao município foram até a Secretaria Municipal de Turismo onde tiveram uma reunião com o Secretário José Eugênio que falou de todos os projetos que vem sendo realizados no município contemplando os Agricultores Familiar, no incentivo à produção primária e na agregação de valores, falou das agroindústrias de derivados de cana-de -açúcar, de leite e de frutíferas e também da Feira É de Livramento e outras iniciativas como o Turismo Rural e q Produção Associada ao Turismo. Citou as iniciativas de roteiros como o dos Quilombolas da Mata Cavalo e do Roteiro Histórico e Cultural da sede do município. 

Geraldo José Eugênio e Mariano 

Após a reunião com o José Eugênio, Geraldo e Mariano foram visitar a Unidade de Produção de Derivados de Leite e de Canas-de-Açúcar “Doces Campo Alegre” na Comunidade Campo Alegre de Baixo do Agricultor Familiar Sr. Ciro Ernesto de Moraes com o intuito de sugerir ao mesmo a formatação,  estruturação e qualificação  da Unidade como um Produto Turístico e colocar no Roteiro de Visitação de Turismo Rural com Produção Associada ao Turismo  do município e do estado.

Ciro Moraes 

O Ciro atualmente tem 63 anos de idade e herdou esta habilidade de fabricar doces de seu pai, eles então nesta atividade a mais de 50 anos  comenta, mas nos últimos 20 anos ele foi se aperfeiçoando e pegando mais conhecimento do mercado.


Ciro fala com muita emoção das ajudas que teve para chegar ao patamar que está hoje e cita a EMPAER, SEAF ,  o SENAR, o SEBRAE, a SEDTUR, do IFMT e fala muito bem do apoio que a prefeitura municipal de Livramento tem dado para desde então.

Ciro Moraes

Na visita Técnica os  Técnicos Geraldo e Mariano ficaram surpresos com a estrutura encontrada na propriedade, o Mariano que também é Livramentense, pode lembrar os 15 anos que atuou naquele município inclusive atendendo a familiar do Ciro.


 fábrica  Doces Campo Alegre atualmente é muito organizada com Selo de SIM , Selo de Sustentabilidade Tesouro Verde e com uma diversidade de produtos derivados do Leite e da Cana-de-Açúcar.



A fábrica do Ciro tem a gestão e o funcionamento familiar, são 11 pessoas que trabalham sendo filhos, genros, noras e demais parentes, além da geração de emprego e renda com postos de trabalho ele compra a matéria prima que não consegue produzir com os agricultores de sua comunidade.


Na sua propriedade ele produz parte da matéria prima dos doces: cana, abóbora, mamão, banana, mas compra muita produção na região inclusive o leite. Andando na propriedade pudemos ver que ele cria peixes, suínos, aves, tem hortaliças que segundo ele usa para subsistência e acaba comercializando o excedente, comenta Geraldo.


O crescimento do Ciro em sua indústria se deu no momento em que ele começou a participar das Feiras e Eventos, daí ele lembra com emoção das Festas do PANTANAL, Festival de Inverno de Chapada, Feira Agropecuária de Cuiabá e outros, nestes eventos ele conseguia comercializar e dar visibilidade ao seu produto, comunidade e município.


Lembrou do primeiro veículo (Pampa) usado que adquiriu para transporte de seus produtos, e que no início tudo foi muito difícil, hoje graças a Deus e a muitos amigos, órgãos, entidades e aos seus clientes se sente um agricultor e empreendedor realizado, mas que ainda sonha em expandir mais seus negócios pensando nos seus sucessores familiar, assim como ele foi com o seu pai.


A Comunidade tem a Casa da Memória da Rapadura, tem outras unidades  de beneficiamento de doces e queijos, na visita Geraldo e Mariano finalizaram deixando um desafio para que o Ciro ganhe dinheiro também com os turistas da porteira para dentro, basta para isto dar um toque de receptivo turístico na sua unidade de produção e no entorno agregando serviços e pequenas infraestrutura turística com equipamentos mínimos, já que o produto principal já está pronto que é a Fábrica de Doces (Doces Campo Alegre) e a Casa da Memória da Rapadura.


Se depender da EMPAER e Prefeitura, creio que logo teremos este produto formatado finaliza Geraldo muito empolgado com o que viu nesta visita técnica. 


GALERIA DE FOTOS


Ciro da Festa do PANTANAL 

Ciro da Festa do PANTANAL

Filha do Ciro da Festa do PANTANAL

Filha do Ciro na Festa do PANTANAL 


Os onze funcionários do Ciro




































24 de novembro de 2022

Na COP, MT lança "passaporte verde" para evitar boicotes ao agro brasileiro


Felipe Leonel

Repórter | Estadão Mato Grosso

Gilberto Leite | Estadão Mato Grosso

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Mato Grosso foi o estado que melhor se posicionou na Conferência do Clima (COP 27), de acordo com o secretário de Desenvolvimento Econômico, Cesar Miranda. A comitiva mato-grossense, liderada pelo governador Mauro Mendes (União), viajou para o Egito no dia 9 deste mês e chegou de volta em Cuiabá na madrugada desta segunda-feira (21).

Na avaliação de Cesar Miranda, o governador de Mato Grosso foi o que mais se destacou no evento, ao mostrar os avanços que o estado tem feito para zerar as emissões de gases de efeito estufa, além do combate ao desmatamento ilegal e as medidas adotadas para combater as mudanças climáticas, como a recuperação de áreas degradadas.

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Ainda durante a COP, o secretário lançou o ‘passaporte verde’.

“O passaporte verde são várias práticas para mostrar que a nossa pecuária é muito sustentável, onde existe a rastreabilidade daquilo que é exportado. Em síntese, Mato Grosso foi quem mais apresentou propostas e soluções, trabalhos que já vêm sendo feitos, que estão sendo otimizados a cada dia”, pontuou.

Na sua primeira entrevista após voltar da viagem, o secretário também pontuou que, apesar da recessão econômica que o mundo deve enfrentar em 2023, Mato Grosso está bem posicionado e conta com o processo de agroindustrialização como principal fonte de geração de emprego. Além disso, argumenta Cesar Miranda, a indústria de Mato Grosso é sustentável.

“As projeções para o ano de 2023, com recessão mundial, mas graças a Deus, Mato Grosso está muito bem posicionado. Nós temos uma responsabilidade: garantir a segurança alimentar não só do Brasil, como do mundo todo. Nós vamos continuar crescendo, gerando empregos e acabando cada vez mais com a desigualdade social”, afirmou.

No evento, os representantes de Mato Grosso voltaram a defender o desmatamento ilegal zero, assim como medidas como o ‘passaporte verde’, que visa evitar boicotes aos produtos do agro brasileiro. Presidente do Instituto Mato-grossense da Carne (Imac), Caio Penido, defendeu a criação de um plano de comunicação para a implementação do ‘passaporte’.

“Precisamos fortalecer a nossa reputação, mostrando a verdade. A gente não precisa de imposição e de boicote, queremos parceria”, afirmou Penido, se referindo a uma norma da União Europeia que pode boicotar produtos que tenham origem de áreas com desmatamento, legal ou ilegal, de todo o mundo, o que pode prejudicar o agronegócio brasileiro.

Câmara aprova ampliação do Fundo Geral de Turismo; projeto segue para sanção

 Proposta favorece acesso de empresários do setor a recursos para investimentos e expansão dos negócios

A Câmara dos Deputados aprovou proposta que amplia as atividades financiáveis com dinheiro do Fundo Geral de Turismo (Fungetur). O texto prevê o uso de recursos do fundo para garantir empréstimos ao setor e permite a compra de vários tipos de títulos de recebíveis. A proposta será enviada à sanção presidencial.

Os deputados aprovaram nesta quarta-feira (23) trechos do substitutivo do Senado ao Projeto de Lei 2380/21, que trata do tema.

Wesley Amaral/Câmara dos Deputados
Proposições Remanescentes do Dia Anterior. Dep. Bacelar PV - BA
Bacelar: “deputados e senadores agora poderão destinar recursos ao Fungetur”

O Plenário aprovou parecer favorável do relator designado, deputado Bacelar (PV-BA). Ele afirmou que as alterações no projeto vão permitir que o Fungetur atue efetivamente como indutor de expansão e de fortalecimento da indústria turística.

O fundo financia projetos de investimentos, aquisição de bens para empreendimentos turísticos e capital de giro. “Se adotadas, as medidas constantes do projeto em muito contribuirão para o funcionamento mais eficiente do fundo e o maior acesso dos empresários do setor a recursos para investimento e expansão de seus negócios, com o consequente aumento da geração de emprego e renda”, explicou o relator.

Bacelar recomendou a aprovação de seis pontos do texto do Senado, entre os quais a possibilidade de uso de emendas parlamentares para financiar o setor. “Deputados e senadores agora poderão destinar recursos ao Fungetur”, disse.

Outro ponto é a autorização para que as instituições financeiras e de fomento credenciadas pelo Ministério do Turismo para realizar operações com recursos do Fungetur apliquem encargos de mora e multa sobre os valores vencidos e devidos pelo tomador final, assim como recorram à cobrança judicial.

Bacelar destacou que as novas regras vão facilitar o acesso às linhas de financiamento pelos empresários. Ele lembrou que o Fungetur recebeu um aporte de R$ 5 bilhões durante a pandemia, mas desse total apenas R$ 1 bilhão foi utilizado no financiamento de projetos turísticos.

A maior parte do texto que irá à sanção teve origem em substitutivo do ex-deputado Otavio Leite para o Projeto de Lei 2380/21, aprovado em dezembro de 2021.

Regulamentação
Segundo o projeto, o Novo Fungetur será vinculado ao Ministério do Turismo, que regulamentará seu funcionamento e condições operacionais para financiar projetos empresariais em geral e empreendimentos próprios da cadeia produtiva do turismo, inclusive os realizados por entes públicos e entidades da sociedade civil sem fins lucrativos.

Poderão ser financiadas ações de promoção turística, como propaganda e publicidade, e equipamentos e instrumentos para o profissional do turismo, especialmente veículos utilizados por guias.

Além disso, poderão ser financiadas as atividades de hospedagem, transporte, parques temáticos e outras já previstas na Lei 11.771/08; e infraestrutura turística.

De 10% a 30% dos recursos serão reservados a ações de infraestrutura turística, devendo o saldo não utilizado em determinado ano ser destinado a essas atividades e à elaboração de planos diretores de turismo.

Contarão com apoio de recursos do fundo o desenvolvimento de políticas públicas prioritárias, programas de turismo social e ações de busca ativa de potenciais tomadores de empréstimos, especialmente micro e pequenos empresários.

Novas fontes
O substitutivo lista outras fontes de recursos para o fundo, como empréstimos internacionais, taxa de administração e de comissão em transações de garantia de empréstimos, e retorno obtido com cotas de fundos de investimento em recebíveis (créditos a receber comprados de prestadores de serviços turísticos).

Uma das mudanças do Senado acatadas inclui as emendas parlamentares entre as fontes de receita do Fungetur.

Entre os fundos que trabalham com esses recebíveis e que poderão ser acessados pelo Fungetur estão os fundos de investimento em participações (FIP) e fundos de investimento imobiliário (FII).

O Novo Fungetur poderá comprar ainda direitos gerados por Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI), Cédulas de Crédito Imobiliário (CCI), operações de desconto de recebíveis de arranjo de pagamento (operadores de maquininhas de cartões) e oferta pública de títulos emitidos por empresas de pequeno porte participantes de plataforma eletrônica de investimento participativo (crowdfunding).

Um regulamento definirá os valores máximos de participação do Novo Fungetur nos fundos.

Os fundos mencionados deverão manter, no mínimo, 51% de seu patrimônio líquido investido em ativos relacionados à cadeia produtiva do turismo. Entretanto, o texto proíbe a participação acionária do fundo de turismo nas empresas da cadeia produtiva do turismo, exceto em cotas de fundos de investimento em direitos creditórios (FIDC e FIC-FIDC).

Ocupantes de imóveis públicos regularizados por meio de cessão onerosa ou cessão de direito real de uso com finalidade turística deverão reverter parcela do valor pago ao fundo, conforme definido em portaria.

Empréstimos
No formato proposto para o Novo Fungetur, todos os bancos, agências de fomento estaduais, fintechs, bancos cooperativos, cooperativas de crédito e organizações da sociedade civil de interesse público (Oscip) poderão emprestar recursos do fundo, conforme credenciamento do Poder Executivo.

Todas as instituições financeiras poderão dispensar a exigência de garantia real nesses empréstimos, substituindo-a pelo compromisso do mutuário e dos sócios de cumprir as obrigações de pagamento.

Bacelar acatou ainda a previsão de que essas instituições financeiras e de fomento poderão aplicar encargos de mora e multa sobre os valores vencidos e devidos pelo tomador final, assim como recorrer à cobrança judicial.

Se forem agências de fomento ligadas a estados e municípios, suas administrações poderão vincular recursos dos fundos de participação (FPE e FPM) como garantia nas operações.

Será permitido ainda incorporar no valor total financiado as taxas administrativas.

Os agentes financeiros ficarão com os recursos do Novo Fungetur ainda não emprestados por cinco anos.

Microempreendedores
As linhas de crédito deverão direcionar recursos para cinco categorias de mutuários e outras definidas em regulamento:

- microempreendedores individuais (MEIs) e prestadores autônomos de serviços turísticos cadastrados no Ministério do Turismo;

micro e pequenas empresas participantes do Simples Nacional;

- micro e pequenas empresas em funcionamento há menos de um ano;

- cooperativas da área de turismo; e

- empresas de médio e grande porte.

Para os mutuários autônomos e MEIs, o projeto permite que, no caso de queda grande da atividade turística, guias de turismo paguem as parcelas do empréstimo por meio de horas/aula ou horas/serviços executadas em programas de turismo social aprovados pelo Ministério de Turismo.

Já as micro e pequenas empresas poderão autorizar o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) a receber dados cadastrais desse público com o objetivo de ofertar assistência e ferramentas de gestão.

Embratur
Segundo o texto aprovado, as receitas da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) não comprometidas com despesas contratadas até o final de cada exercício serão transferidas para a Embratur.

Do total repassado, 2% deverão ser aplicados em pesquisas e estudos acadêmicos e técnico-científicos sobre produtos turísticos brasileiros que apresentem potencial mercadológico internacional. Deverá haver participação de instituições públicas ou privadas de ensino e pesquisa.

Debate em Plenário
Coordenador da Frente Parlamentar do Turismo, o deputado Herculano Passos (Republicanos-SP) celebrou a aprovação da proposta. “Com aprovação dessa matéria por unanimidade, com certeza o turismo vai ganhar muito financiamento. É um setor importante para o nosso País, um setor que gera emprego, renda e progresso”, declarou.

A proposta também foi defendida pelo deputado Rodrigo Coelho (Podemos-SC). “Este projeto vai ser um divisor de águas no turismo brasileiro, junto com a nova Lei Geral do Turismo, aprovada por esta Casa em 2019 e que já está no Senado”, disse.

O deputado Bibo Nunes (PL-RS) também afirmou que o projeto é fundamental para o desenvolvimento do setor turístico que, segundo ele, ainda é pouco valorizado. “Infelizmente, o turismo ainda não tem o seu devido reconhecimento no País. É um setor de grande importância neste país continental com tantas belezas.”

Para o deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ), o turismo é uma atividade decisiva para a economia do século 21. “O turismo é transversal. Com o turismo, a gente pode preservar, pode ganhar emprego e renda. Então é muito importante a geração desse fundo, porque o setor perdeu 80% dos seus recursos públicos nos últimos dez anos”, afirmou.

TV Câmara/YouTube

 

Reportagem – Eduardo Piovesan e Carol Siqueira
Edição – Pierre Triboli

Fonte: Agência Câmara de Notícias