Viajar para lugares distantes, conhecer novas terras, diferentes povos e culturas são atividades que remontam à Antigüidade. Sabe-se, que as viagens de visitação turística surgiram com os babilônios, por volta de 4000 a.C., mil anos depois, o Egito já recebia turistas para contemplar as grandes pirâmides. Segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT, 1996), a atividade emprega uma a cada nove pessoas economicamente ativas, criando 745 empregos/dia, com previsão para ocupar 348 milhões de pessoas até o ano de 2005, e participar em 10,7% dos investimentos mundiais. Porém, em contrapartida, os custos sociais e ambientais gerados pela atividade são elevados.
Este processo de desgaste dos tradicionais produtos turísticos está fazendo com que muitos se voltem para a construção de um modelo turístico, ressaltando a importância das responsabilidades ambientais, voltadas ao desenvolvimento sustentável das atividades turísticas e aproveitamento consciente das novas áreas de consumo, entre elas as, naturais e rurais e como resposta a esta verdade, podemos reconhecer o crescimento e fortalecimento das atividades de Turismo Eqüestre. O Turismo Eqüestre que tem nos eqüídeos o principal atrativo ou, pelo menos, uma das principais motivações, já é reconhecido em diferentes países como um importante segmento dentro das atividades de turismo e lazer, contando com grande e crescente número de adeptos. Pode-se tomar como exemplo e referência, a Associação Nacional de Turismo Eqüestre da França, que tem mais de 200 mil sócios.
A atividade no Brasil foi introduzida por alguns poucos pioneiros, a cerca de 20 anos, e, efetivamente, começou a desenvolver-se há aproximadamente 10 anos. Denominadas como passeios a cavalos, viagens a cavalo, ou ainda cavalgadas muitas operam junto a hotéis fazenda e outros são empreendimentos que atuam com essa exclusiva finalidade. Em nosso país a cavalgada turística, pelos registros existentes, teve iniciou com o cavaleiro francês Estephane Bigo em 1986. Depois de percorrer, montado em Mangalarga, quase todo o sul da América do Sul. Bigo ao retornar da Bolívia para São Paulo, de onde partiu, atravessou o Pantanal do Mato Grosso e ficou tão encantado que, depois de concluída a sua cavalgada, retornou àquela região para organizar cavalgada, ofertando diferentes percursos e tropas de animais para turistas europeus.
Depois, alastrou-se a tal ponto que, hoje no Brasil, é difícil apontar, com certeza, um Estado que não disponha de algum produto turístico de cavalgada. Porém, estruturar e qualificar esta oferta, colocando no mercado, novos produtos de qualidade, compatíveis com nossa diversidade cultural e ambiental, contemplando às diferentes regiões brasileiras constituem-se num grande e promissor desafio. A qualidade do produto turístico, mais do que uma vantagem competitiva é pressuposta fundamental para o sucesso das atividades e dos destinos. Assim, é necessário aperfeiçoar os mecanismos básicos ao aprimoramento da qualidade de gestão da atividade e dos serviços, como também, aplicar métodos para qualificar e difundir esses conhecimentos.
Duas parecem ser as maiores dificuldades que, se superadas, permitirão o alavancar da atividade em nosso país. Primeiro, a necessidade de um maior profissionalismo por parte dos empreendedores, que devem tratar a atividade como um negócio que exige planejamento, investimentos na estruturação, formação de mão de obra, cuidados com o produto e atenção com a segurança. O segundo item seria a maior divulgação dos produtos para turistas brasileiros e estrangeiros. Porém, esse deverá ser abordado em um segundo momento de discussão, pois, agora, é fundamental formar e fortalecer produtos com qualidade, responsabilidade e segurança.
A segurança inicia-se pelo reconhecimento preciso do nosso público, sua real habilidade em montar e confiança. Também, quais as características da nossa tropa e do equipamento ofertado. Tanto os cavalos, como o ser humano tem suas habilidades especificas e potencialidades, por isso lidar com essa realidade e reunir dois elementos distintos que ao fim deve resultar obrigatoriamente uma boa parceria e nosso ato de profissionalismo e respeito pela vida. Devemos reconhecer e assumir os requisito básicos ao bom funcionamento das atividades turísticas, como: a preparação adequada dos animais; a preservação pela segurança, envolvimento de equipes treinadas, bem como, manutenção dos equipamentos em boas condições e oferta de capacetes de segurança, a exemplo do que acontece em distintos locais do mundo.
Não imagine andar nos longínquos campos da Irlanda ou mesmo nas trilhas do Chile, nos vulcões do Equador, nas praias de Portugal, entre outros incríveis locais do mundo, sem a oferta dos itens mínimos de segurança. Lembro, que sermos apaixonados pelo cavalo, é uma característica fundamental para a composição e veracidade do produto que ofertamos. Ë nosso “produto de origem”, porém, tivemos que acrescentar a essa característica peculiar, o profissionalismo turístico. Só assim, nos tornarmos aptos a proporcionar mais que um passeio a cavalo, ou uma cavalgada, e sim, “uma experiência única vivida”, cheia de paradas em lugares pitorescos, lanches e piqueniques natureza, comunidades e cultura local. Infelizmente esse comprometimento pela qualidade e segurança ainda não é unânime em todos os produtos de Turismo Eqüestre no Brasil, pois, ainda estamos vivenciando o processo de desenvolvimento da atividade, mas, acreditamos que essa realidade venha a mudar, pois, a responsabilidade com a oferta de qualidade e segurança, tem em contrapartida, a conquista de um turista que reconhece o produto e percebe que procuramos ofertar uma atividade com menor risco e cada vez com mais encantamento. Ou seja, somente os empreendedores responsáveis poderão concorrer neste novo mercado turístico. Aqueles que permanecerão, certamente são aqueles que mantém o padrão de qualidade e segurança, ou aqueles, que se propuserem a adequar seu produto.
No Brasil existem normas técnicas referentes ao tema Normas Específicas e Transversais
- ABNT NBR 15507-1 – Turismo eqüestre – Parte 1: Requisitos para produto
- ABNT NBR 15507-2 – Turismo eqüestre – Parte 2: Classificação de percursos
- ABNT NBR 15285 – Turismo de Aventura – Líderes – Competência de pessoal
- ABNT NBR ISO 21103:2014 – Turismo de Aventura – Informações à participantes
- ABNT NBR 15500:2014 – Turismo de Aventura – Terminologia
- ABNT NBR ISO 21101:2014 – Turismo de aventura Sistemas de gestão da segurança: Requisitos
Nenhum comentário:
Postar um comentário