Regina / Redação
Regina Botelho
Da Redação
CO Popular – Depois da Copa houve uma onda de fechamento de hotéis. Isso já foi revertido?
Luis Carlos Nigro – Depois da Copa do Mundo tivemos um grande número de fechamento de hotéis em Cuiabá e Várzea Grande, somente. Porque antes da Copa foi construído quase oito mil leitos, nós dobramos a capacidade hoteleira de Cuiabá e Várzea Grande e isso fez com que nós não tivéssemos a demanda para o que era ofertado, então automaticamente vários hotéis faliram e fecharam.
Graças a esse fechamento de alguns hotéis, foram mais de 10 hotéis que fecharam, e a melhora da economia do país, de um modo geral, parou-se com o fechamento de hotéis, mas não recuperamos o que fechou. Nós diminuímos a capacidade hoteleira.
Centro Oeste Popular - Mato Grosso tem diversas belezas naturais, mas carece de infraestrutura. Mesmo locais próximos a Cuiabá, como o Coxipó do Ouro e mesmo o bairro São Gonçalo Beira Rio não tem estrutura para receber visitantes. Isso não espanta os turistas?
Luis Carlos Nigro – O turismo no Estado de Mato Grosso é muito novo, tem pouco tempo que começamos a falar sobre turismo, e poucos governantes, governadores e prefeitos, deram realmente a importância necessária que o turismo tem e o que o turismo pode gerar, porque o turismo pode gerar emprego e renda para milhares de pessoas, transformar regiões em qualquer parte do Estado de Mato Grosso.
Nós temos exemplos no Nordeste, como Gramado e Canelas, Bonito, que realmente transformaram a economia das cidades e dos Estados através do turismo, gerando emprego e renda para grande parte da população. Quando você pega Gramado e Canelas, mais de 90% da população vive do turismo, e Mato Grosso infelizmente o turismo ainda não é visto como prioridade por muitos governantes que passaram, e isso aí aliado ao pouco tempo que temos falando de turismo, conversando sobre turismo, gerando entendimento geral sobre turismo, realmente temos ainda vários locais com grande potencial, mas sem estrutura básica para o turista.
Mas estamos evoluindo, estamos melhorando, temos esse último governo onde podemos falar da pré-copa do mundo, quando tivemos muitos investimentos importantes na área de turismo, o aeroporto, as trincheiras, os viadutos, que foi dado continuidade depois no governo Pedro Taques com as obras de infraestrutura em várias regiões do Estado, construindo centros de convenções em Barra do Garças, aeroporto em Barra do Garças, manutenção de incentivos ficais para companhias aéreas voarem dentro de Mato Grosso, que é o Voe Mato Grosso, que possibilitou que pudéssemos ter voos para várias cidades do interior do Estado, também Barra do Garças, Sorriso, Alta Floresta, Sinop, Juara, Água Boa, Tangará da Serra e muitos outros municípios que o Estado tem voos graças ao projeto de incentivo Voe Mato Grosso. Fizemos também a estrada para Água Fria, são 46 quilômetros para uma nova atração turística no Manso. Levamos o asfalto para o Coxipó do Ouro, 9 quilômetros foram feitos de asfalto e isso vai possibilitar que empresários possam investir mais no turismo, possibilitando realmente que o Coxipó do Ouro deixe de ser um potencial e vire um produto turístico. Então é muito importante esse desenvolvimento e ações que foram feitas. Ainda precisamos de muitos investimentos. O que se gasta no turismo hoje é um valor ridículo se comparado a outros Estados, se comparado a outras regiões do país, não gastamos praticamente nada em turismo, então temos que investir muito mais porque é uma indústria que tem condições de se transformar em uma das maiores do Estado, maior mesmo que o agronegócio.
CO Popular - Há lugar pra novos investimentos na rede de hotelaria?
Luis Carlos Nigro – Hoje não temos condições de abrir novos hotéis aqui em Cuiabá devido à baixa ocupação ainda do mercado que ainda não se reaqueceu, e precisamos ter um reaquecimento ainda do mercado, investir em infraestrutura, investir em promoção e divulgação que é muito pouco.
O que é investido em divulgação dentro do Estado e fora do país chega a ser ridículo o valor, nós não temos praticamente nada de investimento, e isso inclusive na minha gestão como secretário foi um dos problemas que enfrentamos devido à falta de recursos do Estado e a dificuldade de se ter recurso e o pessoal entender que você está fazendo um investimento em publicidade, não é gasto, é investimento. Quando você participa de uma feira, quando você promove um evento, isso é investimento, não é gasto.
CO Popular - O projeto cota zero, em sua opinião, vai impactar positiva ou negativamente no turismo do Estado?
Luis Carlos Nigro – Esse é um projeto bem polêmico e que está sendo muito discutido dentro do Estado. Na realidade não é cota zero, é transporte zero.
A pessoa não vai poder transportar o peixe, ele vai poder comer na beira do rio, vai poder continuar pescando, vai pode pescar para subsistência, mas não vai poder transportar, esse é o primeiro ponto do projeto. Segundo ponto, eu acredito que vai ser extremamente benéfico para o turismo do Estado de Mato Grosso, porque vamos voltar assim como o Dourado voltou para os rios, vamos ter aí à volta também dos grandes cardumes de peixes para os rios mato-grossenses.
Agora, só ele não adianta, isso tem que deixar bem claro. Nós precisamos de vários outros pontos em conjunto. Um ponto muito importante é a fiscalização contra a pesca predatória, que é o que mais mata peixes hoje nos nossos rios é a pesca predatória com redes, com tarrafas, com espinhéis, as cevas, isso tem que acabar, tem que ter a fiscalização constante nos rios. Outro ponto muito importante é o esgoto. Nós vimos aí esses dias às primeiras chuvas em Cuiabá e também em várias outras regiões do Estado, a quantidade de lixo e esgoto que desceu para os nossos rios. Isso também ajuda a acabar com o nosso peixe.
Então esse é outro ponto importantíssimo. Quarto ponto, é que precisamos criar uma situação positiva para as pessoas que vivem exclusivamente da pesca, não aqueles malandros que estão aí somente para ter a carteirinha para receber o seguro defeso ou para fazer o transporte de peixe, usando a carteirinha para fazer até 15 viagens no dia trazendo peixe. Não é esse cara. Eu falo é do pescador de verdade, que vive da pesca artesanal. Nós precisamos dar para essa pessoa o seguro defeso, pagar o seguro defeso durante esse período que vai ficar proibido o transporte de peixe. Outra coisa que precisamos fazer, é criar uma alternativa para ele com a piscicultura.
Ele pode aprender com os filhos e também com os netos a arte da piscicultura, para criar o seu peixe e fazer mais ou menos como a Sadia faz em vários locais, onde ela dá os pintinhos e a ração para o fazendeiro e depois busca a galinha, e remunera o fazendeiro por esse trabalho. Então poderia ser feito mais ou menos o mesmo trabalho. As empresas fornecerem a esse pescador o alevino, fornecer a ração, e depois de um tempo ir lá buscar o peixe. Isso ajudaria em muito.
Outro ponto importante que o governo poderia interferir para baratear também o peixe nos mercados, é fazer uma redução na tributação dessa cadeia da piscicultura, de repente até em nível federal, estadual e municipal, isentando de taxas, isentando do recolhimento do INSS dos funcionários, recolhimento de todo e qualquer tipo de imposto, para que o peixe do peixe no mercado seja tão barato que inviabilize a pesca predatória, assim como aconteceu com o jacaré, que com os criadores autorizados, a qualidade dos couros nos criadouros realmente inviabilizou a caçados jacarés, que praticamente acabou, você não vê mais falar de coureiros no Pantanal, então isso seria uma maneira de ajudar dentro desse programa de transporte zero. Então não adianta só essa proibição, nós temos um conjunto de ações e talvez até possa ter outras que não estou me recordando outras ações que precisam ser feitas em conjunto, pois não há como fazer uma coisa milagrosa. Nós precisamos de todo esse conjunto para poder ter sucesso nesse programa.
CO Popular - Cuiabá atrai turista? Qual o perfil do visitante que vem a capital?
Luis Carlos Nigro – Realmente Cuiabá é uma cidade muito atrativa quando falamos em termos de turismo. Mas qual o turista que realmente vem para cá? É o turista de negócios e o turismo de eventos.
O turismo de negócios você pode falar que são os empresários que vêm a serviço, reuniões de empresas, e o comércio de um modo geral que movimenta muito o turismo de Cuiabá e em Várzea Grande. Principalmente o turismo de negócios e eventos. Depois temos aí o turismo que tem crescido bastante, que é o turismo médico para Cuiabá, porque temos grandes hospitais, e o turismo também do turista, mas aí já é um percentual muito pequeno. Quando falamos de turismo de turista são aquelas pessoas que vêm exclusivamente para conhecer Cuiabá. Não vem a serviço, não vem a um congresso, ele vem exclusivamente para conhecer, mas é uma parcela muito pequena, que vai ao Pantanal, vai a Chapada, vai a Nobres, mas é um percentual muito pequeno, o grosso nosso é o turismo de negócios e eventos.
CO Popular - O turismo vem se consolidando realmente como uma espécie de indústria?
Luis Carlos Nigro – O turismo vem se consolidando cada vez mais como indústria realmente, de geração de emprego e distribuição de renda. Um em cada cinco empregos no mundo é ligado ao turismo. Então realmente é um número que impressiona, o turismo ele consegue transformar regiões do país.
Eu gosto muito de dar o exemplo do Nordeste brasileiro, que na década de 80 existia até um movimento separatista do país, onde algumas pessoas queriam separar o Nordeste do resto do país, porque eles entendiam que no Nordeste só tinha pobre, só tinha morto de fome lá, não tinha condições de se manter, de se pagar as estruturas, que o restante do Brasil bancava o Nordeste, e vimos que o Nordeste nos últimos 30 anos se transformou, passou de uma situação de extrema miséria para uma situação de extrema riqueza em muitas regiões, inclusive em regiões que não tem mar, não tem praia, como é o caso de Campina Grande que tem o maior São João do mundo e vários outros eventos que eles realizam o ano todo, trazendo uma riqueza gigantesca para todo o Nordeste brasileiro e transformou a vida de muita gente.
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