Artigo: Teté Bezerra – presidente da Embratur
Foto: Roberto Castro
O turismo brasileiro precisa voltar seu olhar, de forma objetiva, para um de seus principais ativos de competitividade turística - a natureza. O mundo já reconhece esse potencial. Somos o mais rico em ecossistemas o que, segundo o Fórum Econômico Mundial, nos coloca no topo de uma lista de 140 países como o com maior potencial para desenvolver a atividade turística. Como presidente da Embratur, uma de minhas missões será aumentar a visibilidade e a percepção desta realidade no exterior e que a disseminação destes atributos se converta em desenvolvimento econômico e social para o Brasil.
O segmento Turismo de Natureza representou 16,6% das viagens a Lazer para o país. Outro trunfo são os parques nacionais. Houve crescimento de 11,5% no número de turistas nas unidades de conservação em 2017. Este ano, são esperados o número recorde de 8,6 milhões de turistas nas áreas protegidas.
Neste cenário, o horizonte de possiblidades para o Mato Grosso e toda a região do Pantanal está a perder de vista. Por que não aproveitar todo o potencial do bioma para desenvolver esse nicho da atividade? O turismo, gerido de forma sustentável, pode literalmente mudar a situação econômica de uma região.
Os recursos do setor oriundos do exterior transitam pelos diversos setores da economia e o Impacto positivo que atividade gera para a comunidade local é intenso. Tanto com a entrada de divisas, passando pela abertura de novos postos de trabalho, até o incentivo ao empreendedorismo. Esse ciclo virtuoso pode mudar a realidade de uma comunidade. O exemplo de Bonito, no nosso estado vizinho, atesta esse raciocínio.
Para tudo isso sair do campo das ideias e ser algo tangível, com viés econômico, é preciso estimular e facilitar a vinda destes turistas internacionais. Por isso, os esforços recentes da Embratur na emissão de visto eletrônico para mercados prioritários deve ser ampliado. A iniciativa já aumentou em 44% os pedidos pelo documento nos Estados Unidos, Austrália, Canadá e Japão no último mês de abril, em comparação com o ano passado.
Desenvolver um segmento não quer dizer fechar a porta para os demais. O Turismo de Eventos, por exemplo, pode servir de ponte para o Turismo de Natureza, especialmente no combate à sazonalidade. Exemplo recente aconteceu durante a Copa do Mundo, quando os torcedores estrangeiros que assistiram os jogos em Cuiabá foram responsáveis pelo aumento de 90% na venda de pacotes para o Pantanal. Por que não criar atrativos e diminuir barreiras para incrementar o segmento de turismo de negócios e intensificar esse fluxo o ano inteiro? Em Cuiabá, por exemplo, um participante de um congresso pode chegar em menos de duas horas em destinos como Poconé, Cáceres, Barão de Melgaço e Santo Antonio de Leverger e ter contato com a fauna, observar aves raras e, quem sabe, se deparar com jacarés ou até mesmo uma onça no trajeto da Rodovia Transpantaneira.
No meu primeiro dia após a posse na Embratur, iniciamos as tratativas para a realização da FIT Pantanal, importante evento do calendário do Mato Grosso, durante a Abav Expo 2018, no mês de setembro. Além da divulgação do estado para imprensa internacional e operadores de turismo, está previsto um painel sobre o turismo no Pantanal, com a presença de ministros do turismo do Paraguai, Bolívia, além de representantes do governo do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, países e estados que englobam o bioma.
O momento para jogar luz sob o tema do turismo no Pantanal será mais que oportuno devido à tramitação em fase final no Congresso Nacional da Lei do Pantanal, que cria mecanismos de proteção ao meio ambiente. O ordenamento é um avanço para a preservação já que a legislação deve ser a mesma para todos envolvidos.
Como vimos, há muito trabalho pela frente. Precisamos unir esforços de todas as estâncias do Poder Público para formular uma política de Estado permanente para o turismo. O Mato Grosso tem potencial suficiente para se tornar referência no setor e exemplo de gestão para os demais estados e para o Brasil.
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