18 de janeiro de 2018

SALAMANDRA SUMIDA HÁ QUATRO DÉCADAS "RETORNA" DA EXTINÇÃO.


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A SALAMANDRA JACKSON (BOLITOGLOSSA JACKSONI) ESTAVA SUMIDA HÁ 42 ANOS (FOTO: DIVULGAÇÃO/ GWC)

Em meados da década de 1970, dois amigos norte-americanos, Jeremy Jackson e Paul Elias, adentraram a floresta que cerca a Sierra de los Cuchumatanes, a maior cadeia montanhosa de origem não vulcânica da América Central, na Guatemala, em busca de novas espécies. Deu certo. Descobriram logo três: a Esguia, Finca Chiblac e a Jackson, em homenagem à Jeremy.

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O tempo passou e durante três décadas ninguém mais encontrou os três bichinhos. Até que em 2005, Carlos Vasquez, curador de herpetologia da Universidade de São Carlos da Guatemala, resolveu sair em busca delas. Achou a salamandra Finca Chiblac em 2009 e, no ano seguinte, a Esguia. Faltava a terceira.

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Desde então fez mais de 20 viagens a campo, gastando mais de 3 mil horas na busca pelo bichinho. Estava difícil, tanto que a organização ambientalista Global Wildlife Conservation  (GWC) colocou a salamandra Jackson em uma lista com as 25 espécies mais procuradas. Muitos acreditavam que o bichinho estava extinto devido à perda de seu habitat.

Mas a Jackson não era a única ameaçada na região. As montanhas guatemaltecas são habitat de uma série de anfíbios ameaçados de extinção, como o sapo de árvore Morelet (Agalychnis moreletii). Para garantir a proteção deles, a GWC se juntou à Rainforest Trust a Reserva de Anfíbios Finca San Isidro em 2015. Mas era a salamandrinha Jackson o principal alvo.

Uma expedição estava sendo organizada para o início de 2018 em busca da “Maravilha dourada”, como ficou conhecida por sua cor amarela gritante. Mas Carlos Vasques não quis esperar. No início do ano reuniu os quatro guardas da reserva para mostrar como poderiam encontrar a salamandra enquanto faziam suas rondas pelo parque. “Eu expliquei eles o quão importante essa espécie é e eu deixei um pôster para que eles pudessem ver a salamandra Jackson todos os dias”, conta Vasquez.

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A estratégia deu certo. Em outubro, o guarda Ramos León estava patrulhando os limites da reserva quando viu um animalzinho amarelo subindo uma árvore. Tirou uma foto e enviou para Carlos Vasquez, que confirmou se tratar de uma salamandra Jackson ainda jovem. Foi o terceiro indivíduo da espécie já visto. “Nós estávamos começando a temer que a espécie tinha sumido, e agora é como ela tivesse voltado da extinção”, comemora Vasquez. “É uma história bonita, e marca uma promessa de futuro para a conservação dessa região tão especial”.

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