5 de novembro de 2025

A VIDA É UMA ETERNA VIAGEM - Por Isaías Oliveira


                       Sempre considerei que a vida em si é uma eterna viagem marcada por lembranças mil, lembranças estas, quase sempre felizes e saudosas, mas que muitas vezes estão adormecidas pelo tempo. Em função disso, referir a elas, é sempre prazeroso, pois possibilita reviver bons momentos de um tempo que não volta mais. Com o indômito intento de dar vazão ao meu irrequieto espírito aventureiro, fiz uma viagem ao “velho mundo”, visita esta, que foi muito importante para mim, pois revi vários lugares e conheci muitos outros.


Na aludida viagem tive oportunidade de contemplarincomparáveis belezas naturais, saídas das mãos de um Criador que esmerou em colocar formosura mil como veludo nas pétalas de uma simples rosa orvalhada ao amanhecer, Alpes encantadores, cadeias de montanhas “vestidas” de nuvens com belezas ímpares e incomparáveis, mares de águas cristalinas e imensamente azuis. Vi também belezas produzidas pela genialidade da mente humana, como castelos milenares, Igrejas, Palácios, Museus, monumentais muralhas medievais, monumentos diversos, entre outros. 


O mergulho no passado, na história, com natureza que encantam, de belezas sem par que chega a ser até tão desconcertantes, que às vezes a melhor forma de contemplá-las, é o silêncio. Tudo isso mesclados com modernidades ímpares e incomparáveis, que oportunizaram indescritíveis momentos de sonhos e devaneios, momentos estes, quando o poeta e o historiador se encontraram em toda plenitude, dando vazão a todos os benfazejos sentimentos. 


A viagem também me concedeu inúmeros momentos alegres, jocosos, às vezes até de uma alegria quase juvenil, pois toda aquela beleza era um convite para desacelerar, aproveitar, desfrutar daqueles momentos ao máximo, por outro lado, também me proporcionou reflexão e uma autoanálise da vida que a princípio a julguei inoportuna, pois o momento era para gratidão, lazer... masconcluí que era pertinente, pois tirei lições importantes daquela situação.

Em muitas ocasiões da vida chegamos a ter autocompaixão, pois como humano, gostamos de vitórias, finais felizes, milagres, pedidos atendidos, entre outros. Porém às vezes propomos metas, sonhos e as coisas não dão certo, pois existem dias que nem sempre as petições são atendidas e ocasiões também que embora rogamos muito, nossas orações não mudam o cenário, tudo parece doloroso, escuro, e são nesses momentos que a autocompaixão se exacerba, muitos pensamentos dessa natureza perfilhavam por minha mente, pois embora eu estivesse em momentos e locais muito agradáveis, uma infinidades desses difusos pensamentos começaram a desfilar pela tela de minha mente. Comecei a lembrar de coisas que me entristeceram, pois estava com pena de meus finais tristes, fiquei cabisbaixo, até me deparar com as ruínas de um banheiro público na cidade de Roma, então imediatamente fiz uma analogia histórica, baseado em renomados historiadores, que são unânimes em dizer que esses banheiros eram amplamente utilizados nos dias de Cristo em todo império romano. Com destaque ao Arqueólogo/Historiador, Rodrigo Silva.


Tais banheiros eram ambientes coletivos com vários assentos de pedra ou mármore, ficavam lado a lado, em fileiras, sem divisórias. Considerando que ninguém usava papel higiênico, em vez disso, usavam esponja amarrada em um bastão, chamada Tersorium. Após o uso, essas esponjas ficavam de molho ao lado dos assentos, mergulhadas em vasilhas com vinagre, água e sal. Os evangelhos narram que quando Cristo estava agonizando na cruz ele sentiu sede, então os soldados trouxeram a ele água misturada com vinagre embebida em uma naquela esponja que estava mergulhada em algo sujo e desprezível.


Esse detalhe nos ajuda a entender o nível de humilhação que Cristo enfrentou em prol da humanidade, e mesmo ele sendo puro e não tendo nenhuma culpa, recebeu o vinagre da sujeira humana, por isso, por mais que às vezes soframos e quando tudo parece caminhar em sentido contrário, jamais chegará próximo a dor que que ele suportou, pois teve uma morte deprimente carregando toda culpa daquilo que nunca fez. Por isso sempre quando me sentir um imenso vazio na alma, quando a dor for indescritível, quando a solidão me assolar intensamente, mesmo em meio à multidão, quando o sol da esperança insistir em não brilhar, quando muitas perguntas ficarem sem respostas, sempre que isso acontecer irei relembrar daquela cena e admitir que meus finais aparentemente tristes não são tristes, quando confio em quem de fato escreve a história.        

                              

                                                               

 Isaías Oliveira, 


Cuiabá Outubro de 2025

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