7 de dezembro de 2020

Parque Mãe Bonifácia não é lugar de piquenique, dispara superintendente da Sema

Foto: José Lucas Salvani / Olhar Direto

Parque Mãe Bonifácia não é lugar de piquenique, dispara superintendente da Sema
Superintendente de educação ambiental da Secretaria Estadual do Meio-Ambiente (Sema), Vânia Montalvão, explica que o Parque Mãe Bonifácia, localizado em Cuiabá, não é o lugar adequado para se fazer um piquenique, visto que o espaço é uma unidade de conservação. O Parque foi reaberto no último  dia 27, após 16 macacos saguis morrerem, vítimas de herpes transmitida por humanos. A suspeita é que a transmissão aconteceu por meio de alimentação.

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“Não é ambiente de fazer festa. Não se faz piquenique em uma unidade de conservação. Qualquer resto de alimento, os animais que estão aqui vão começar a se alimentar e podem mudar os seus hábitos, além de causas doenças tanto para si, como aconteceu com essa comunidade de macacos, quanto para nós humanos. Várias situações podem ocorrer”, esclarece ao Olhar Direto.

A partir deste sábado, o Parque irá atuar em conjunto com o Batalhão Ambiental da Polícia Militar de Mato Grosso (PMMT) em uma campanha de sensibilização da população, para alertar que não é preciso alimentar os animais, visto que o ambiente já possui todos os alimentos necessários. 

“Vamos fazer uma campanha de sensibilização com a população. Nós queremos começar amanhã junto da polícia ambiental, para receber as pessoas no primeiro horário de amanhã, já informando e orientando as pessoas que esse espaço é uma unidade de conservação. Por isso, ele tem um plano de manejo, uma orientação do que pode ou não fazer. Mostrar para as pessoas o quanto esse ambiente é importante e contribui com a qualidade de vida”.

Quem desobedecer as ordens do Parque Mãe Bonifácia e for flagrado dando alimentos aos animais, pode ser multado entre R$ 500 a R$ 10 mil. Caso o animal em questão morrer, a multa pode ser de R$ 500 a R$ 5 mil por bicho. Em alguns casos, a pessoa pode ser detida entre seis meses a um ano.

No começo do mês, 13 macacos sagui foram encontrados mortos e por medida de segurança, o parque teve que ser fechado por 15 dias. Os animais passaram por necropsia, exames microscópicos, microbiológicos e por testes de imunofluorescência direta, imuno-histoquímica e PCR.

Após análise, chegou-se a conclusão de que os macacos mortos são vítimas de Herpes Simplex. Apesar de quase sempre causar sintomas brandos em humanos, como aftas e, em alguns casos febre, é fatal para esses animais, que desenvolvem quadros severos inflamatórios, podendo afetar diversos órgãos, além de causar lesão de pele e nas mucosas e atingir pulmão, coração, fígado e no sistema nervoso central. A principal manifestação é neurológica.

Depois que um macaco do grupo é contaminado a tendência é que ele espalhe entre os agregados e a doença, por ser altamente fatal, pode fazer com que todos os membros de um bando morram. Com a possibilidade, inclusive, de contaminar outros grupos de primatas.

“A maior parte dos macacos que nós examinamos, eles tinham encefalite inflamatória associada ao vírus”, explica o professor Edson Moreto, professor da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). “É mais comum quando ocorre em casos como esse, o que não é frequentemente, é através da alimentação. A pessoa está se alimentando, joga o resíduo no ambiente, [ou então] está se alimentando e oferece para o primata”, detalha.

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