22 de junho de 2014

Mais uma vez, o espetáculo da torcida enche os olhos na Arena Pantanal


Da Redação - Darwin Júnior
Mais uma vez, o espetáculo da torcida enche os olhos na Arena Pantanal
Assistir uma partida e participar de uma Copa do Mundo é algo que não tem preço, embora a torcida sempre queira ver show de bola e muitos gols. E quando isso não acontece, às vezes são os próprios torcedores que salvam o evento com aquilo que mais sabem fazer: vibrar, cantar e dar brilho com uma festa à parte. Foi isso que aconteceu na noite deste sábado na Arena Pantanal quando o público deu outro espetáculo durante o jogo entre Nigéria e Bósnia, vencido pelos africanos por 1 a 0.

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Sem grandes estrelas em campo, mas com presenças ilustres nas arquibancadas, como o presidente da Fifa, Joseph Blatter, o ex-jogador Roberto Carlos e o humorista Marcelo Adnet, os torcedores, em sua grande maioria de cuiabanos que queriam ver a Copa, mostraram a alegria do povo com o evento. Um total de 40.499 pessoas pagaram para assistir o jogo. Haviam nigerianos e bósnios misturados com colombianos, japoneses, americanos e muitos mato-grossenses, além de brasileiros que vieram de outros estados como Santa Catarina, Rondônia, Goiás e Mato Grosso do Sul. 

Torcedores lotaram a Arena Pantanal neste sábado. Foto: Jardel Arruda

O clima de Copa do Mundo contagiou geral e fez com que todos participassem de alguma forma. A tradicional 'ola' que não decolou durante o jogo entre Rússia e Coréia, formou sua grande marola, cruzando a Arena Pantanal várias vezes.

Em campo, Nigéria e Bósnia tentaram corresponder ao apoio das torcidas. Não havia divisão. Os torcedores apoiaram os dois times, ora incentivando um, ora outro. "Queremos ver bola na rede e futebol bonito. Estou torcendo para qualquer um, quem ganhar", resumiu o estudante Valter Roberto, que se infiltrou no meio de integrantes de torcidas organizadas do Mixto e do Cuiabá para fazer a festa.

Mais empurrado pelos torcedores no início, a equipe da Bósnia fez a torcida explodir aos 20 minutos, com gol de Dzeko que acabou sendo mal anulado. O bandeirinha alegou impedimento que não foi confirmado em imagens exibidas na televisão. Houve vaias da torcida para o trio de arbitragem. Oito minutos depois foi a vez de Odemwingie marcar para a Nigéria em um gol que colocaria a equipe africana com a mão na vaga.

A partida acabou empolgando com bons lances e boas defesas dos goleiros. O placar terminou com um magro 1 a 0, mas para os torcedores, isso não importou. "Estar aqui, participar desse momento é uma coisa que vou levar para sempre em minha vida. Gritei muito, cantei, estou quase rouca. Foi maravilhoso. Volto para casa feliz por ter participado da Copa", comemorava a gerente de loja Ana Lúcia Rodrigues que lamentou não ter conseguido ingresso para o jogo Colômbia x Japão.

Com esse clima de festa e alegria, a Arena Pantanal foi palco, sem problemas, do terceiro jogo da Copa do Mundo. Na próxima terça-feira, dia 24, com jogo envolvendo as seleções colombiana e japonesa, Cuiabá encerra sua participação no Mundial 2014.

Torcedores da Bósnia receberam apoio de cuiabanos no jogo contra a Nigéria. Foto: Jardel Arruda

Surpreendeu - A partida de ontem à noite chegou a ser considerada como "o jogo que ninguém queria ver". No final, o confronto teve 98,5% de ocupação do estádio, com capacidade total para 41.112 torcedores durante o Mundial. Para o secretário Extraordinário da Copa, Maurício Guimarães, "isso mostra a paixão do povo cuiabano pelo futebol e pela Copa do Mundo, já que a grande maioria do público era de torcedores brasileiros. Foi uma demonstração do sucesso da Copa na cidade, com uma partida que aparentemente não tinha grande apelo".

O público presente à Arena neste sábado superou o registrado na abertura da Copa em Cuiabá, na partida entre Chile x Austrália, que teve público de 40.275 torcedores. No segundo jogo na Arena Pantanal, Rússia x Coreia do Sul levou 37.603 torcedores à Arena, segundo números oficiais da Fifa.

Agora, a expectativa é de superar o recorde no jogo entre Colômbia x Japão. Cuiabá espera uma invasão da "febre amarela", com a chegada de milhares de torcedores colombianos. A torcida japonesa também irá marcar presença. Segundo o Consulado do Japão em São Paulo, são esperados 4 mil torcedores vindos do Oriente, além da presença da forte comunidade japonesa local.

Vale lembrar que antes da Copa do Mundo, nos quatro jogos teste realizados na Arena, o maior público foi de 21.385 torcedores presentes no confronto entre Cuiabá x Internacional, pela Copa do Brasil. Essa partida também registrou o que era até então o maior público pagante no estádio, com 16.363 torcedores. Os dados são da CBF.


Cuiabá recebe visita de Blatter, Adnet e Roberto Carlos em jogo da Copa; fotos


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O jogo deste sábado (21), entre Nigéria e Bósnia-Herzegovina, na Arena Pantanal teve várias presenças ilustres dentro e fora de campo. O presidente da Fifa, Joseph Blatter, o humorista Marcelo Adnet e o ex-jogador, Roberto Carlos, estiveram acompanhando a vitória da seleção africana em Cuiabá.


O presidente da Fifa, Joseph Blatter, chegou por volta das 16 horas (horário de Cuiabá), na capital mato-grossense. Ele foi direto para a Arena Pantanal, onde acompanhou a partida ao lado do governador Silval Barbosa (PMDB). Blatter postou em seu twitter o encontro que teve com outra estrela do futebol mundial, o ex-jogador da Nigéria, Nwankwo Kanu.


(Foto: Reprodução/Twitter)


Quem também esteve fazendo a festa nas arquibancadas foi o humorista da TV Globo, Marcelo Adnet. Ele tem apoiado a seleção da Bósnia-Herzegovina desde o início do Mundial de 2014 e veio até Cuiabá atendendo ao pedido do movimento ‘Vem Pro Coração’, que foi realizado nas redes sociais. Confira um vídeo de Adnet na Arena clicando AQUI.                       
                      

(Foto:Fábio Lima/GloboEsporte) Adnet, da euforia ao choro com a eliminação da Bósnia

O ex-jogador da seleção brasileira, Roberto Carlos, também marcou presença durante a partida deste sábado. Ele esteve ao lado de Luis Roberto e Renato Marsiglia, transmitindo o jogo para a TV Globo. O ex-lateral é convidado especial da emissora para comentar os jogos da Copa do Mundo de 2014. Ele inclusive aproveitou para visitar uma casa noturna de Cuiabá na noite de sexta-feira (20).

(Foto: Jardel Arruda - Olhar Direto)

Samurais azuis decidem seu futuro onde tudo começou

GUILHERME BLATT

Redação/Secom-MT
O Kemari foi um jogo popular no Japão entre o século VII e o século XIII. Era um esporte não competitivo, em que o objetivo principal era não deixar a bola cair no chão, sem que seus participantes pudessem usar as mãos. Com o tempo, o jogo foi esquecido, mas nos últimos tempos está sendo resgatado por grupos tradicionais. Ao lado de outras modalidades como o Cuju chinês e o calcio Fiorentino, o Kemari é considerado uma das modalidades precursoras do futebol. 

Lars Baron
Keisuke Honda: camisa 4 é o japonês mais habilidoso
Keisuke Honda: camisa 4 é o japonês mais habilidoso
O futebol como nós conhecemos chegou à terra do sol nascente trazido por imigrantes ingleses. Não há um consenso sobre quando a primeira partida foi realizada, mas um clube da cidade de Kobe alega ter participado de um jogo em 1888. Como comparação, Charles Miller trouxe a primeira bola de futebol ao Brasil em 1895. 

O esporte só começou a se popularizar no Japão a partir da década de 90, com a criação da primeira liga profissional de futebol, a J. League, em 1992. Antes disso, os japoneses jogavam apenas em campeonato amadores e o futebol perdia de longe em popularidade para o beisebol e para as artes marciais. Para elevar a qualidade dos jogos disputados no país, os japoneses investiram na contratação de jogadores estrangeiros, principalmente os brasileiros. Entre eles, o principal destaque: Arthur Antunes Coimbra, o Zico.

Não seria exagero dizer que Zico mudou a história do futebol japonês. O craque brasileiro que brilhou com a camisa do Flamengo e da seleção brasileira chegou ao Japão em 1991, com 38 anos, depois de um breve período de aposentadoria do futebol brasileiro. Zico foi contratado pelo Kashima Antlers que estava na segunda divisão, buscando o acesso para primeira temporada da J. League. O time do brasileiro conquistou o acesso para a divisão principal e no ano seguinte foi vice-campeão japonês. 

Depois de três temporadas, Zico se retirou do futebol definitivamente e os seus gols chamaram a atenção do mundo para o fato de que, além de grandes prédios e tecnologia de ponta, também existia futebol no Japão. Outros jogadores brasileiros continuaram se destacando nos primeiros passos da liga japonesa, como o meio-campista Leonardo e o atacante Careca. Depois, Zinho, César Sampaio, Muller, Evair e Dunga, jogadores com passagem pela seleção brasileira, também jogaram na terra do sol nascente. 

Jamie McDonald/Getty Images-Fifa
Alberto Zaccheroni comanda o Japão em sua quinta Copa do Mundo
Alberto Zaccheroni comanda o Japão em sua quinta Copa do Mundo
Depois de pendurar as chuteiras, Zico continuou sendo uma referência para os japoneses. Após a Copa do Mundo de 2002, realizada em parceria pelo Japão e pela Coreia do Sul, o Galinho de Quintino assumiu o comando da seleção nacional e classificou o país para a Copa de 2006. Outro grande momento foi a conquista da Copa Asiática de 2004. Zico é o treinador que mais vezes dirigiu a seleção japonesa e também detém o recorde de vitórias. 

Hoje o Japão é comandado pelo italiano Alberto Zaccheroni e sua participação no cenário internacional vem crescendo ano após ano. Se antes da implantação da J. League os japoneses nunca haviam participado de uma Copa do Mundo, desde a estreia em 1998, esta já é a quinta participação consecutiva dos samurais azuis, como são conhecidos em referência aos soldados japoneses e a cor da camisa da seleção. Desde 1992, os japoneses também conseguiram os seus quatro títulos na Copa Asiática. 

A seleção conta hoje com jogadores que se destacam nos principais campeonatos europeus, como os meias Shinji Kagawa do Manchester United e Keisuke Honda, do Milan da Itália. Doze dos 23 jogadores convocados por Zaccheroni para a Copa do Mundo atuam em clubes da Europa, sendo sete na Alemanha, país que mais aproveita os asiáticos. Um cenário bem diferente da estreia japonesa na Copa de 1998, quando todos os 22 jogadores convocados atuavam no futebol japonês e só depois da copa o meia Hideotoshi Nakata foi contratado por um clube italiano. 

Em junho de 2013, os japoneses estiveram no Brasil para a disputada da Copa das Confederações. Eles participaram do jogo inaugural do torneio, quando foram derrotados pelo Brasil por 3x0. Os samurais azuis se despediram da competição logo na primeira fase, depois de perder os três jogos, mas mesmo assim chamaram a atenção por conta de sua atuação contra Itália, em que mesmo perdendo por 4x3, os japoneses apresentaram um jogo envolvente, tiveram mais posse de bola e chutaram mais vezes a gol. O técnico Zaccheroni lamentou a derrota, mas comemorou a experiência adquirida e o futebol jogado. 

Um pouco antes da disputa da Copa das Confederações, no dia 4 de junho, o Japão havia se garantido como o primeiro país classificado para a Copa do Mundo por meio das eliminatórias. A classificação veio após um empate com a seleção australiana. 

No Brasil, os samurais ainda não venceram. Foram derrotadas pela Costa do Marfim em Recife e empataram sem gols com a Grécia, em Natal. Assim, o jogo contra a Colômbia nesta terça-feira (24.06) na Arena Pantanal é decisivo para o objetivo japonês de alcançar as oitavas de final, repetindo as suas melhores campanhas, obtidas em 2002 e 2010. 

Com todo respeito ao Kemari e também aos ingleses que levaram a primeira bola de futebol ao Japão no século XIX, mas aqui no Brasil os jogadores japoneses vão ter a possibilidade de se encontrar com suas origens, aonde tudo realmente começou. 

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