14 de setembro de 2020

ZONA RURAL DE CUIABÁ - 200 famílias temem despejo previsto: "Não temos para onde ir", diz lavradora

acervo pessoal

Reintegração de posse Gleba Boa Sorte

Cerca de 200 famílias devem ser despejadas da área onde residem há quase 15 anos na Gleba Boa Sorte, no Distrito do Machado, na zona rural de Cuiabá. Com ordem de despejo marcada para quarta (16), uma das moradoras mais antigas no local, Aparecida de Souza, a dona Cida, conta que o clima é de muita apreensão e medo. O mandado de reintegração de posse em benefício à empresa Indústria de Derivados de Mandioca Santa Cruz foi expedido pelo juiz Carlos Alberto de Campos da 2ª Vara Cível Especializada em Direito Agrário.

A área é ocupada pelas famílias desde 2006, segundo conta dona Cida. Em 2010, o terreno teria sido arrecadado pelo Instituto de Terras de Mato Grosso (Intermat) e já estaria em curso o processo de regularização dos terrenos para que as famílias tenham seus direitos de posse e uso como assentadas.

“Todo mundo está muito apreensivo e choroso. É um sentimento de dor, porque não temos para onde ir e aqui construímos tudo, nossa vida, temos rede elétrica”, diz dona Cida que mora com o marido e mais 6 netos dos 11 que nasceram desde que reside na área.

Os moradores foram surpreendidos com a ordem de despejo na última semana, pois a posse foi reivindicada judicialmente pela empresa Indústria de Derivados de Mandioca Santa Cruz que não possui empreendimento no local onde estão as mais de 200 famílias residentes nos últimos 15 anos.

Apesar de consternados, os moradores, por meio da Associação do Acampados da Gleba Boa Sorte, estão tentando um mandado de segurança para barrar o despejo. Ainda segundo a moradora, o mandado de reintegração de posse teria erros quanto à localização.

“Lá diz que a ordem é para outra área, outro endereço, mas nós fomos notificados para a desocupação até quarta”, lamentou.

A Organizações de Direitos Humanos de Mato Grosso chegou a encaminhar um pedido ao Tribunal de Justiça para que o órgão oriente os juízes a não autorizarem ordens de despejo durante a pandemia de Covid-19. Isso porque as expulsões agravam a situação de vulnerabilidade das famílias e muita não teriam par aonde ir.

Outro lado


 tentou contato com a Indústria de Derivados de Mandioca Santa 



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