13 de dezembro de 2013

Pelas cores e misticismo de Mato Grosso artista viaja o mundo

por Sinara Álvares

Cuiabá - MT
Widson Maradona
Depois de conhecer a Chapada e o Pantanal, Victor Hugo desistiu dos retratos para se dedicar à beleza de MT

Pelas cores das telas do artista plástico cuiabano Victor Hugo, 59, é possível sentir a vida que existe na Chapada e no Pantanal, os principais temas de sua obra. Natural de Itiquira, MT, descobriu-se artista pintando cartazes para os cinemas antigos em Cuiabá na década de 60. Anos depois ficou conhecido por seus retratos. Mas foi com a fauna, a flora, os paredões da Chapada e um abstrato vibrante que ganhou o mundo.

Logo após seu nascimento, em um garimpo de Itiquira, os pais do artista se mudaram para o interior de Minas Gerais. Muito pobre, não conheceu tintas nem telas, mas foi lá que se apaixonou por Mato Grosso ouvindo as histórias de sua mãe. “Minha mãe era analfabeta, mas falava muito de Mato Grosso. Da minha casa eu olhava o morro e pensava: atrás daquele morro tem outro, e outro, e atrás daquele é Mato Grosso. Quando cheguei aqui, de fato, achei que era o paraíso’, contou. 

Com 15 anos decidiu conhecer a terra em que nasceu e povoava seu imaginário. Após dois dias de estrada chegou em Cuiabá para trabalhar em uma oficina mecânica com seu irmão. Artista nato,fazia desenhos nas paredes da oficina e chamou a atenção de uma pessoa que pegava filmes na locadora e o indicou para trabalhar pintando os cartazes do Cinema Tropical, na av. Barão de Melgaço. “Foi assim que conheci as tintas. Pintei os cartazes de muitos filmes, até da seleção brasileira, na década de 70. Mas depois passava a tinha por cima para pintar outro”, contou. 

Dez anos depois, passou a fazer retratos e recebeu encomendas. Após visitas a Chapada e ao Pantanal, decidiu deixar de lado os retratos para se dedicar ao registro das paisagens mato-grossenses. Em sua nova fase, iniciada na década de 80, trouxe animais do Cerrado e da Amazônia movido pelo desejo de conscientizar sobre a extinção das espécies. A Chapada e todo seu misticismo é retratada em tons vibrantes que em algumas telas mesclam-se com o abstrato. “O que me encanta na chapada é a parte mística. Transmito na tela qual é a sensação que sinto lá e as cores que jogo mostram a força da natureza. Em alguns quadros pinto meio abstrato, meio Chapada”, explicou. 

Pelo que se tem notícia, Victor Hugo tem telas espalhadas pelo mundo. Elas estão no Vaticano, EUA, Portugal, Inglaterra, Arábia Saudita, Japão, Finlândia e Índia. “Já perdi o controle sobre o destino das obras, esses foram alguns que eu lembrei. Nas minhas telas mostro a ecologia, que acredito ser hoje o nosso grande produto de exportação”. 

PROJETOS 

Widson Maradona

Artista plástico há cerca 40 anos, Victor Hugo produziu aproximadamente mil trabalhos ao longo da carreira, como as ilustrações de quatro livros de Arnaldo Niskier, da Academia Brasileira de Letras (ABL), além de inúmeros retratos de personalidades como o Papa e autoridades de estado. Já participou da quinzena Cultural em Washington (EUA) e na Pensilvânia desenvolveu um trabalho junto à Embaixada Brasileira com o livro ‘Arte em defesa dos Animais do Pantanal Amazônia e Cerrado’, destinado ao público infantil. Durante a Rio +20, em 2012, participou do stand de Mato Grosso e mostrou seu trabalho para diversas personalidades mundiais. 

Em 2007, iniciou o projeto ‘Fauna Mata Viva - Arte em Defesa dos Animais’, no Parque Mãe Bonifácia, em Cuiabá. Desde então, o projeto avançou, chegando ao exterior, graças aos investimentos de parceiros. Agora, a intenção do artista é ampliar o projeto e incorporar uma tenda em forma de bola de futebol onde serão oferecidas informações sobre Mato Grosso e a Copa de 2014, claro, sem se esquecer da educação ambiental. 

“Estou a procura de parceiros e ainda quero levar esse trabalho ao Central Park, em Nova York. Uso a arte para dar esse suporte ao meio ambiente, além de divulgar a cultura mato-grossense. É preciso uma conscientização desde a infância sobre a natureza e sua importância e preocupação para o planeta”, pontuou.

Fotomontagem: Evandro Birello

Nenhum comentário:

Postar um comentário