26 de julho de 2024

Produção de alimentos nas cidades também é agricultura familiar! Lei cria a Política Nacional de Agricultura Urbana e Periurbana. Mais alimentos saudáveis para todos!


*Agora é lei!*

_Produção de alimentos nas cidades também é agricultura familiar!_

_✍️ O presidente Lula assinou hoje a lei que cria a *Política Nacional de Agricultura Urbana e Periurbana*. Isso significa mais alimentos saudáveis para todos, além de geração de trabalho e renda._

_Veja mais sobre o assunto nas redes sociais do MDA😉_ 

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Feliz dia dos AVÓS - Queridos amigos AVÓS, sei que as suas e minhas histórias de vida são uns verdadeiros tesouros. - Sei também que as nossas histórias nos ajudam a entender e aceitar o passado a valorizar o presente e sonhar com um futuro melhor para os nossos netos. - Que seu Dia dos Avós seja cheio de alegria e amor.


 

EMERGÊNCIA CLIMÁTICA E CIDADANIA ECOLÓGICA

 


A humanidade é chamada a tomar consciência da necessidade de mudança de estilo de vida, de produção e de consumo, para combater o preocupante aquecimento climático.

Por Juacy da Silva

“O clima é um bem comum, um bem de todos e para todos. Em nível global é um sistema complexo, que tem a ver com muitas condições  essenciais para a vida humana. Há um consenso científico muito consistente, indicando que estamos perante um preocupante aquecimento do sistema climático....A humanidade é chamada a tomar consciência da necessidade de mudança de estilo de vida, de produção e de consumo, para combater esse aquecimento ou, pelo menos, as causas humanas que o produzem ou acentuem”. Papa Francisco, Encíclica Laudato Si, 24 de Maio de 2015.

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Há poucos dias fui convidado para participar de um painel, onde estavam presentes, além de outros dois apresentadores, diversos integrantes da Frente Brasil Esperança, de um dos candidatos a Prefeito de Cuiabá, a Capital de Mato Grosso, a maior cidade do Estado que, juntamente com o município de Várzea Grande e outros municípios que integram a Região Metropolitana do Vale do Rio Cuiabá, na Baixada Cuiabana, formam o maior aglomerado urbano de Mato Grosso, com aproximadamente um milhão de habitantes ou pouco mais.

O tema em debate era Desenvolvimento Urbano e Emergência climática e o painel tinha por objetivo subsidiar a elaboração do Plano de Governo da referida frente política partidária, atendendo ao que determina a Legislação Eleitoral vigente.

Várias da ideias e aspectos tratados no referido painel podem ser aplicados a diversas outras cidades e municípios, tanto no Estado de Mato Grosso quando, de resto, em todos os Estados brasileiros.

O processo de urbanização que vem ocorrendo no Brasil há praticamente mais de meio século ou quase um século tem ocorrido de forma “espontânea”, onde a ausência do poder público, do Estado enquanto ente político tem sido uma constante.

Dois grandes conjuntos de forças tem estado em disputa pela primazia neste processo de urbanização caótico. De um lado as camadas pobres, excluídas que pela ausência de uma política habitacional e demais equipamentos urbanos, para garantirem tanto o direito `a moradia quanto `a dignidade humana, tem se utilizado das ocupações, tanto de áreas privadas quanto de áreas públicas, incluindo áreas de proteção ambiental e outras totalmente impróprias para moradia digna, como encostas, áreas alagadiças, manguezais, proximidade córregos totalmente poluídos e, de outro, os grandes grupos que fazem da especulação imobiliária a fonte de polpudos lucros, ante a omissão e `as vezes a conivência dos poderes constituídos.

Além disso, a variável ambiental ou ecológica jamais tem estado presente quando se trata de definir políticas urbanas ou mesmo políticas regionais contribuindo para a degradação dos biomas e ecossistemas onde os municípios e cidades estão inseridas, como é o caso da Baixada Cuiabana em Mato Grosso, onde a degradação de todos os cursos d’água, córregos e o próprio Rio Cuiabá já se transformaram em grandes esgotos a céu aberto, afetando e destruindo o Pantanal, inviabilizando a existência deste bioma, considerado um Patrimônio da Humanidade pela UNESCO.

A mudança do clima, que na verdade tem se apresentado como uma grande crise climática e dia após dia está se transformando em uma EMERGÊNCIA CLIMÁTICA precisa estar presente quando da definição das políticas públicas, principalmente das políticas urbanas, peri-urbanas e regional, afinal, as cidades estão inseridas em um contexto em que “tudo está interligado”, como constantemente tem nos exortado o Papa Francisco.

O Aquecimento Global é fruto da ganância humana, do desrespeito quanto aos direitos da natureza e da falta de cuidado em relação ao meio ambiente em geral, provocado tanto pela omissão e incapacidade ou falta de vontade política de um lado e também pelo descaso que a população tem em relação a tais desafios. Sabemos, perfeitamente, que na origem da grande maioria das chamadas catástrofes ambientais estão as ações humanas irracionais e imediatistas.

O Aquecimento global é fruto de vários fatores entre os quais podemos enumerar: o desmatamento e destruição das florestas, as queimadas, a poluição do ar, as atividades agropecuárias, industriais, a geração crescente de resíduos sólidos/lixo e a falta de cuidado correto e adequado com os mesmos; a utilização de energia oriunda de combustíveis fósseis (petróleo, gás natural e carvão), principalmente no sistema de transporte e logística, o consumismo e o desperdício de todos os bens produzidos.

Ao longo de mais de cinquenta anos, desde a realização da Primeira Conferência Mundial do Meio Ambiente promovida pela ONU, em 1972, em Estocolmo, na Suécia, passando pela constituição do IPCC – Painel Intergovernamental sobre mudança do Clima, criado pela Organização Meteorológica mundial (OMM) e pelo programa do desenvolvimento e meio ambiente (UNEP) da ONU em 1988 e que conta com a adesão de 195 países e territórios que fazem parte da ONU, inclusive o Brasil, tanto a ONU quanto diversas outras organizações nacionais e internacionais tem feito inúmeros alertas quanto a esta corrida rumo a destruição do planeta.

O objetivo principal do IPCC é fornecer aos formuladores de políticas públicas em todos os países informações científicas e atualizadas, através de seus relatórios anuais, sobre mudança climática e suas consequência para os países e suas populações.

Lamentavelmente, a grande maioria dos governantes e gestores públicos não tem dado a devida importância que este tema deveria merecer, razão pela qual os problemas socioambientais tem se agravado em todos os países, tanto em dimensão nacional quanto regional/estadual e municipal.

Outro aspecto que também tem chamado a atenção tem sido a realização das Conferências do Clima, as chamadas COPs, que em 2025 deverá ser realizada em Belém do Pará. Tais conferência tem se constituído em um grande fórum de diálogo, debates e embates entre as diferentes forças políticas, sociais, econômicas e ideológicas e, pelo menos no papel, tem buscado alguns acordos e consensos internacionais, como aconteceu na COP 3, em 1997, no Japão, quando foi aprovado o Protocolo de Kyoto e, depois, a COP 21, na França, quando foi aprovado o Acordo de Paris, que passou a vigorar a partir de 2016.

Além desses acordos internacionais a Assembleia Geral da ONU aprovou em 2015 o estabelecimento dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, a vigorarem por mais 15 anos, em substituição aos objetivos do Milênio, a chamada Agenda 2030.

Vários dos 17 objetivos e 169 metas do Desenvolvimento Sustentável, os chamados ODS, estão direta ou indiretamente relacionados com questões socioambientais, sendo que sete deles deveriam ser considerados quando da definição das políticas municipais, regionais/estaduais e nacionais por afetarem de forma mais profunda as relações dos seres humanos com a natureza.

Esses sete Objetivos são os seguintes: ODS 6– Água limpa e saneamento básico; 7 – Energia acessível, renovável  e limpa; 11 – Cidades e comunidades sustentáveis; 12 – Consumo e produção responsáveis e sustentáveis; 13 – Combate `as alterações climáticas (crise e emergência climática); 14 – Vida debaixo d’água (principalmente a questão dos mares e oceanos que estão se transformando em uma grande lixeira planetária); 14 – Vida sobre a terra.

Tendo por base esses aspectos, apresentei no referido Painel mencionado no início desta reflexão uma série de sugestões, que, em minha opinião, deveriam ser consideradas por todos os candidatos a Prefeito e Vereadores/Vereadoras, tanto de Cuiabá, quanto de diversos outros municípios de Mato Grosso e do Brasil, como forma de um grande pacto municipalista, tendo as questões ambientais como as variáveis estratégicas a nortearem as futuras gestões municipais.

Se nossos governantes, em todas as esferas de governo e poderes, não firmarem um compromisso sério, para que em todos os instrumentos de gestão pública, como os Planos Diretores Municipais, planos setoriais e os instrumentos orçamentários, como LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), PPA (Plano Plurianual de investimentos) e LOA (Lei Orçamentária Anual) essas variáveis sejam a espinha dorsal das gestões municipais, jamais vamos ter condições de agirmos preventivamente, evitando que inúmeros desastres “ambientais”, como o que ocorreu recentemente no Rio  Grande do Sul ou em outros estados, estejam presentes com mais frequência e com maiores impactos sobre nossas cidades e nossas populações.

Finalmente, não podemos ignorar dois aspectos. O primeiro é quanto à participação popular, principalmente a população que vive nas periferias urbanas, as grandes massas de excluídos, pobres e considerados “invisíveis” pelos nossos governantes, só lembrados quando das campanhas eleitorais, é fundamental para o êxito deste enfrentamento. Isto é o que chamamos de Cidadania Ecológica.

O segundo aspecto é a importância de uma maior integração entre as instâncias políticas e as gestões federal, estaduais e municipais, sem esta integração estaremos sempre a mercê das improvisações e da falta de continuidade de políticas públicas, o que representa um desperdício de recursos humanos, técnicos e financeiros.

A  seguir as sugestões que apresento aos Candidatos a Vereadores, Vereadoras, Prefeitos e Prefeitos, enfim,  nossos futuros governantes e gestores municipais.

  1. Plano Municipal de Arborização urbana, incluindo construção ou rearborização de parques, praças e quintais, com espécies regionais e também com árvores frutíferas e também com plantas medicinais.
  2. Quintais Ecológicos –oferecer orientações técnicas e estimular as pessoas que tenham ou vivam em residências urbanas ou peri-urbanas, que disponham de áreas disponíveis que plantem árvores frutíferas e construam hortas domésticas cultivadas de forma orgânica, contribuindo para um melhor cuidado com o solo, com meio ambiente, garantir uma alimentação saudável e, ao mesmo tempo, contribuir para enfrentar a emergência climática.
  3. Reativação do Programa Municipal de Plantas Medicinais FITOVIVA como em Cuiabá, para a implantação da Farmácia Viva com atividades de produção de fitoterápicos, chás, capacitações dos profissionais de saúde e comunidade, implantação de jardins medicinais, atividades culturais, ambientais e agroecológicas bem como geração de emprego e renda.
  4. Apoio para o fortalecimento do “CINTURÃO VERDE”, contribuindo para segurança alimentar, o abastecimento local/regional, a geração de oportunidades de trabalho e renda, tendo como base a agroecologia, a agricultura urbana e peri-urbana, o cooperativismo e a economia solidária, fortalecendo a agricultura familiar.
  5. Plano para limpeza de córregos e rios, bem como a recuperação de nascentes
  6. Muros, calçadas e arborização de terrenos desocupados – plano de incentivo – isenção de IPTU total por 4 a 5 anos, em escala regressiva – Pacto da CIDADANIA ECOLÓGICA, através do qual os moradores plantem árvores, construam e cuidem de calçadas, muros e mantenham seus imóveis limpos.
  7. Estímulo para a criação de cooperativas populares de consumo – economia solidária nos bairros periféricos, reduzindo o nível e exploração dos consumidores dessas regiões.
  8. Estímulo para a criação de cooperativas de usuários de energia solar em bairros periféricos – com financiamento público
  9. Utilização de energia solar em todos os imóveis (próprios ou alugados) pela municipalidade e também para reduzir os custos com energia e com iluminação pública – vide exemplo de Santo André em SP
  10. Estímulo para o uso de veículos elétricos em toda a frota municipal e também frota de ônibus do transporte público, reduzindo a poluição urbana oriunda do uso de combustíveis fósseis.
  11. Criação de uma empresa municipal de transporte coletivo, com passagem a preços reduzidos (tarifa zero) para a população desempregada, subempregada ou que seja inscrita no CAD único. Vide exemplo de Maricá - RJ, com transporte público gratuito a toda a população.
  12. Obrigatoriedade da coleta seletiva pela empresa de coleta de lixo, uma ou duas vezes por semana, criando um amplo programa de estimulo à coleta seletiva, reciclagem e economia circular, bem como um amplo programa de EDUCAÇÃO ESCOLÓGICA nas escolas, nas organizações sindicais e comunitárias e nas igrejas e nas entidades empresariais, combatendo o consumismo, o desperdício e a geração de lixo. Objetivo atingir a redução do lixo gerado = LIXO ZERO.
  13. Aumentar e recuperar parques, praças , bem como criar FLORESTAS URBANAS e PERI-URBANAS, contribuindo para a redução dos impactos da EMERGÊNCIA CLIMÁTICA.
  14. Programa de utilização de águas das chuvas e do re-uso de água, tanto em residências quanto empresas e organizações comunitárias, contribuindo para a proteção dos mananciais
  15. Programa de estímulo `a participação popular na gestão pública, incluindo todos os tipos de conselhos e também na discussão, implementação , acompanhamento e fiscalização dos orçamentos públicos (PPA, LDO, LOA, Planto Diretor e Planos setoriais).
  16. CIDADE DIGITAL -Programa e infraestrutura de internet de alta velocidade – banda larga em todos os setores da administração municipal, incluindo Escolas, unidades de saúde e também em Centros e organizações comunitárias, de forma gratuita a todos os usuários de serviços públicos, principalmente população que reside nas periferias urbanas e distritos rurais.
  17. Definição de um amplo programa de Creches em tempo integral e escolas em tempo integral(até pelo menos a oitava série), possibilitando que os pais e as mães possam trabalhar e terem a certeza de que seus filhos estão em segurança, contando com apoio pedagógico.
  18. Programa para universalizar e humanizar o atendimento `a saúde pública (SUS), tornado o atendimento mais efetivo, mais eficaz e mais eficiente, incluindo o acesso a medicamentos e tratamento de média e alta complexidade. FILA DO SUS – SAÚDE PÚBLICA ZERO.
  19. Melhoria da infraestrutura urbana – limpeza publica, coleta de lixo, limpeza e desobstrução de bueiros e “bocas de lobo”, pavimentação, abastecimento universal de água, de coleta e tratamento de esgoto, PRINCIPALMENTE NOS BAIRROS PERIFÉRICOS DE CUIABÁ, QUE ESTÃO PRATICAMENTE ABANDONADOS.
  20. Amplo programa de habitação popular , com maior dignidade, incluindo casas ou aptos compatíveis com o tamanho das famílias e com quintais ou áreas verdes ou espaços de esportes e lazer.
  21. Programa de estímulo `a cultura, ao desporto e lazer, principalmente para atender a população que vive na periferia, em todas as faixas etárias (crianças, jovens, mulheres, idosos e adultos).
  22. Programa para melhor cuidar da saúde mental da população, principalmente da população pobre e excluída, incluindo a população que vive na rua, combatendo todos os tipos de dependência química (alcoolismo, tabagismo e também o uso de drogas ilícitas).
  23. Criação ou reformulação de Secretaria do Meio Ambiente e Mudança/emergência climática, com um setor para monitorar as alterações climáticas e seus impactos no sistema produtivo e na saúde das pessoas.
  24. Criação e ou ampliação dos Centros de Convivência para idosos, incluindo atividades de esportes, lazer, cultura (salas de leitura, bibliotecas, videotecas, cinema, música etc), aberto durante o dia e também parte da noite e aos finais de semana.
  25. Criação de uma rede de bibliotecas públicas a serem instaladas em Centros Comunitários e Escolas públicas, como forma, de estímulo tanto da leitura quanto da convivência, troca de experiências e alguns serviços públicos, para atendimento, principalmente da população periférica.
  26. Programa de revitalização socioeconômica e ambiental do Centro Histórico de Cuiabá e suas adjacências, incluindo bairros do Araés, Baú, Poção, Dom Aquino e Porto, incluindo a ocupação de milhares de imóveis desocupados, abandonados ou sub-utilizados, incluindo a revitalização do Morro da Luz.
  27. Criação de corredores de circulação de pedestres e ciclovias, com ARBORIZAÇÃO ao longo das principais vias públicas de Cuiabá, incluindo no CENTRO HISTÓRICO E ADJACÊNCIAS, em conexão com o Município de Várzea Grande, facilitando a mobilidade urbana e garantindo a segurança e o bem estar de pedestres e ciclistas.
  28. Mesmo que não seja competência do Prefeito de Cuiabá, todavia não podemos ignorar a importância que a Capital do Estado tem no que concerne tanto em relação `as demais regiões do Estado e, principalmente quanto `a Região Metropolitana do Vale do Rio Cuiabá (incluindo Várzea Grande, Nossa Sra do Livramento, Jangada, Acorizal, Chapada dos Guimarães e Santo Antônio do Leverger), bem como os demais municípios da “Baixada Cuiabana”, incluindo Nobres, Rosário Oeste,Planalto da Serra, Brasilândia, Poconé, tendo o Rio Cuiabá e o Pantanal como pontos de referência e toda a degradação socioambiental da região, cabe aos prefeitos de Cuiabá e de Várzea Grande liderarem o processo de um programa de âmbito sub-regional para o desenvolvimento sustentável, integrado e integral deste território, através de parcerias principalmente nos setores de transporte, mobilidade urbana, saneamento básico (abastecimento de água, esgotamento sanitário), saúde pública, educação, abastecimento e o cuidado correto dos resíduos sólidos.
Juacy da Silva, professor fundador, titular e aposentado da Universidade Federal de Mato Grosso, sociólogo, mestre em sociologia, ambientalista, ex  secretário de Planejamento e Gestão, ex Diretor Executivo do Insituto de Pesquisa e Desenvolvimento Urbano e ex Ouvidor Geral da Prefeitura de Cuiabá, Articulador da Pastoral da Ecologia Integral. Email profjuacy@yahoo.com.brInstagram @profjuacy Whatsapp 65 9 9272 0052

Portão do Inferno, um risco para o país

 

Governo de MT sinaliza que aguardará fim do Festival de Inverno para iniciar desmonte de parte do paredão do Parque da Chapada dos Guimarães. ICMBio diz que obra pode inviabilizar funcionamento da UC

24 de julho de 2024

Quem está concordando com a história de que é melhor derrubar logo o morro que fica na peculiar região do Parque Nacional de Chapada dos Guimarães chamado Portão do Inferno para proteger de eventuais desmoronamentos as pessoas que por ali transitam, não faz ideia do risco que correm esta e as outras unidades de conservação do país.

Depois de muita pressão política e contorcionismos narrativos em volta do fato de que a estrada, que atravessa o parque nacional, foi construída em área de fragilidade geológica e que há muito tempo o poder público deveria ter tomado providências para reduzir as chances de acidentes no local, o governo de Mato Grosso celebra as obras que está impondo goela abaixo em tom de vitória, depois de muito brigar, mas desistir repentinamente da concessão de serviços de uso público no parque nacional.

notícia da licença foi antecipada pela secretária de meio ambiente do estado de Mato Grosso, Mauren Lazzaretti, no dia 17 de junho, ressaltando em sua fala que o ICMBio e o Iphan também estavam de acordo com a proposta do governo. No entanto, o parecer técnico do ICMBio elenca implicações gravíssimas para a sociedade e à unidade de conservação, que ensejariam muito mais atenção, cuidado e rigor antes da expedição de qualquer autorização para as obras.

parecer do órgão federal considera que as obras propostas pelo governo de Mato Grosso podem inviabilizar o funcionamento do parque nacional e reitera, em diversos trechos, que os técnicos só puderam analisar uma única opção de intervenção, a demolição do morro. Ou seja, não houve apresentação de alternativas locacionais – algo básico para qualquer avaliação de impacto ambiental, ainda mais em área de fragilidade natural no interior de um parque nacional.

Cenário no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães (MT). Foto: Maíra Arantes Leite Wick/CreativeCommons

Ainda segundo o parecer, está previsto o fechamento da rodovia entre as 07h30 e 16h30, compreendendo todo o horário de funcionamento da unidade de conservação, impactando as atividades cotidianas de gestão, e impedindo também o acesso ao parque nacional por visitantes e operadores de turismo. A população terá dificuldades para utilizar serviços públicos essenciais, como saúde, educação, segurança pública e emergências. E, até agora a população de Chapada dos Guimarães está às escuras com relação ao que realmente vai acontecer. Outros efeitos analisados tecnicamente são risco elevado de contaminação por produtos derivados de petróleo no lençol freático e da drenagem superficial, risco às espécies locais e ao abastecimento humano.

O perigo de desmoronamento por uso de explosivos e de equipamentos e máquinas pesadas traz alto potencial para a queda de blocos que formam o painel de gravuras do Sítio Arqueológico Portão do Inferno, localizado a 15 metros do local das obras. A proteção de tais sítios é um dos objetivos da unidade de conservação, de acordo com seu decreto de criação. Outro problema foi a ausência de avaliação da existência de outros sítios arqueológicos nas localidades adjacentes à obra, tampouco quanto ao risco de depreciação dos sítios Salgadeira e Mata Fria.

Relembrando

Em dezembro de 2023, desprenderam-serochas de um paredão rente à MT-251, que liga Cuiabá ao principal destino turístico do estado. Trata-se de uma estrada parque estadual que passa pela unidade de conservação federal, administrada pelo ICMBio. O governo mato-grossense interditou a via nos dois sentidos, mas ainda não sabia o que fazer. Impôs bloqueios totais e parciais diários, proibiu o trânsito de ônibus, caminhões de pequeno porte e até vans escolares. O impacto à economia local tem sido imenso. Anunciou que em três meses seriam instaladas telas de proteção – apelidadas pela população como telas de galinheiro – mesmo sem certeza sobre sua eficácia. Culpou o ICMBio por suposta demora para liberação das obras emergenciais e por prejuízos ao turismo e, inclusive, pela queda das rochas, inflamando os comerciantes e moradores da região. As autorizações, porém, não demoraram a ser expedidas colocando condicionantes, que foram descumpridas. O estado foi multado.

Sem dar qualquer satisfação, as obras – que eram tão urgentes e fundamentais – foram abandonadas pelo próprio estado, a um custo de 6 milhões de reais. Os restos dessa intervenção desastrada continuam ao lado da pista para quem quiser ver. Mas interdição da MT-251 continua regulada por policiais militares, que controlam o tráfego em 6 km da via liberando comboios a cada 15 ou 20 minutos. E, quando querem, barram até o ICMBio de circular dentro da unidade de conservação sobre a qual tem responsabilidade de gerir, até para o atendimento de emergências, como incêndios florestais. Naquele mês, a Assembleia Legislativa de Mato Grosso fez uma audiência pública na Câmara Municipal de Chapada dos Guimarães e um engenheiro apresentou um powerpoint com imagens sobre o que fazer, incluindo túnel, o desmonte do morro e a construção de uma ponte. Dias depois, o governo anunciou que encontrou a “solução definitiva” e chamou isso de retaludamento. Em abril, anunciou a contratação, com dispensa de licitação, da empresa Lotufo Engenharia e Construções, ligada ao senador e ex-chefe da Casa Civil do governo, Mauro Carvalho Júnior. O valor da obra ficou em 29 milhões de reais, com prazo de 120 dias para a conclusão. Nas letras miúdas, era possível ler no powerpoint que a estrada ficaria completamente fechada durante as obras durante o dia, liberando o trânsito nos finais de semana.

A opção do Ibama em proceder ao licenciamento de forma simplificada neste caso pode ser um tiro saindo pela culatra. Primeiro porque é flagrantemente um recuo frente às pressões políticas protagonizadas pessoalmente pelo governador, Mauro Mendes. Segundo porque respalda-se em um decreto de estado de emergência que considera risco concreto de desastre sobre a estrada quando convém, uma vez que o risco tem sido conhecido e negligenciado há anos.

E, em terceiro lugar, minimiza a importância do licenciamento enquanto instrumento de avaliação de viabilidade ambiental de intervenções sobre o ambiente natural. Afinal, a proposta do estado é construir uma nova estrada por meio da remoção de 180 mil metros cúbicos de rocha de um paredão que é atributo natural e histórico de Chapada dos Guimarães e, também, um dos objetivos de criação do parque nacional. É ainda lar das araras vermelhas, símbolo da unidade de conservação, e onde se localiza um sítio arqueológico com datações que remontam a cinco mil anos de história.

Esses são motivos suficientes para que este licenciamento tivesse pelo menos um EIA-RIMA ou alternativas locacionais fundamentadas para discussão com transparência com a sociedade civil em audiências públicas conduzidas por quem tem a competência deste licenciamento, o Ibama. Deixar tudo isso de lado abrirá um precedente perigoso para as demais unidades de conservação do país.

*Andreia Fanzeres é membro do Fórum Popular Socioambiental de Mato Grosso (Formad) e do Observatório Socioambiental de Mato Grosso (ObservaMT).

As opiniões e informações publicadas nas seções de colunas e análises são de responsabilidade de seus autores e não necessariamente representam a opinião do site ((o))eco. Buscamos nestes espaços garantir um debate diverso e frutífero sobre conservação ambiental.

  • Andreia Fanzeres

    Jornalista de ((o))eco de 2005 a 2011. Coordena o Programa de Direitos Indígenas, Política Indigenista e Informação à Sociedade da OPAN. 

Sobre o *Abacate* Fruto multiuso


Alguns benefícios do abacate para a saúde são ajudar a hidratar e a manter a saúde da pele e do cabelo, já que possui vitaminas do complexo B e vitamina E. 

Além disso, o abacate também possui gorduras saudáveis, como gorduras monoinsaturadas e poli-insaturadas, que possuem ação antioxidante, ajudando a diminuir o colesterol e a pressão arterial, cuidando da saúde do coração.

Essa fruta pode ser incorporada em dietas para perder peso e por pessoas que possuem diabetes, já que é rica em fibras que ajudam a aumentar a sensação de saciedade e a regular a absorção de açúcares a nível intestinal. 

No entanto, o abacate deve ser consumido em pequenas porções devido ao fato de ser uma fruta muito calórica.

O abacate pode ser consumido ao natural ou adicionado em saladas, vitaminas e cremes. 

Já a semente do abacate pode ser assada e triturada, podendo ser adicionada em sucos, molhos, sopas ou usada no preparo de biscoitos e bolos.