28 de dezembro de 2022

DESCRITIVO - INICIATIVA - RELATORIO DO PROCESSO ((EM ANDAMENTO) DO PROJETO CAMINHO DE SANTANA


Geraldo Donizeti Lucio

A proposta do Caminho de Santana parte do pressuposto de ser  um circuito turístico/cultural/religioso, com a finalidade de resgatar a viagem de N. Senhora de Santana do Sacramento, padroeira de Chapada dos Guimarães, feita em 1779, do Porto Geral do Rio de Cuiabá até a Igreja de Santana na cidade de Chapada dos Guimarães.

Ao se percorrer novamente os caminhos em demanda de Cuiabá até  Chapada, 245 anos depois, este trajeto seria uma nova rota turística e religiosa, à disposição de turistas e fiéis  refazendo a trilha percorrida no século XVIII em uma procissão  pela imagem de Santana sendo colocada em sua Igreja chapadense.

Em termos conceituais seria similar ao Caminho de Santiago de Compostela na Espanha, uma trilha turística, religiosa, com o envolvimento dos moradores do seu entorno nos fatores sócio, econômico e cultural, com geração de novos postos de trabalho e renda, tudo isto  acontecendo no Estado de Mato Grosso e Centro Geodésico da América do Sul.

Para melhor contextualizar a proposta é importante fazer um relato histórico que tem como protagonista Joaquim da Costa Siqueira, vereador em Cuiabá em fins do século XVIII, assim registrou em seu trabalho Compêndio Histórico Cronológico das notícias de Cuiabá, repartição da Capitania de Mato Grosso, desde o princípio de 1778 até o fim de 1817, publicado em 1872 pela Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, contando brevemente sobre a construção da Igreja e seu financiador o Dr. José Carlos Pereira, Juiz de Fora de Cuiabá e Ouvidor Geral da Capitania de Mato Grosso:

1779 – N´este ano erigiu o Dr. José Carlos Pereira, na missão de Santa Anna da Chapada uma Igreja que servisse, como serve, de matriz d´aquella freguesia, em cujo trabalho empregou o seu desvelo, a sua fadiga, o seu cuidado e muita parte de sua fazenda, e de facto no dia 31 de julho se benzeu a nova igreja pelo Reverendo Vigario da vara d´esta Villa José Corrêa Leitão, que também celebrou missa.

Com a retirada dessa primeira Santana, levada pelos jesuítas para uma capela de palha, a nova Igreja de Santana construída pelo Ouvidor, passou a contar com duas Santanas, uma jesuítica e outra vindo do Rio de Janeiro.

Com relação ao “Caminho de Santana”  apresentamos aqui  um relato conjectural  acerca do trecho que foi percorrido pelos devotos de Santana do Sacramento, conduzindo a imagem em 1779, do Porto Geral até a povoação de Santa Ana de Chapada, atualmente município de Chapada dos Guimarães.

Os devotos em procissão do Porto, atravessaram a Vila de Cuiabá por uma das rotas que demandavam Chapada dos Guimarães, pelos contrafortes da serra, subiu a referida  procissão por uma das 14 “escaleiras” no dizer de José Barnabé de Mesquita, até o alto dela, já nos campos de cima da serra, em pouco tempo atingiu a povoação de Santana de Chapada.

Na povoação a imagem da santa foi recebida por todas as honras oficiais e cerimônias religiosas e devidamente entronizada na Igreja Nossa Senhora de Santana do Sacramento, da qual é a padroeira. Nesse momento essa Igreja passou a ter duas Santanas, uma vinda do Rio de Janeiro e outra transferida da antiga Missão Jesuítica do padre Estêvão de Castro.

Portanto a proposta de implantação do Caminho de Santana, terá quatro objetivos primordiais:

1-HISTÓRICO – Permitir a divulgação da história de Mato Grosso, em especial a de Chapada, no tocante à construção da Igreja de Santana, da participação e importância do Juiz de Fora e Ouvidor Geral Dr. José Carlos Pereira, costumes sociais e religiosos da sociedade mato-grossense de fins dos séculos XVIII dentre outras abordagens;

2-RELIGIOSO – Divulgar a construção da Igreja e o trabalho de um homem profundamente religioso, o seu construtor José Carlos Pereira, a mensagem religiosa de N.S. de Santana para toda uma povoação e ainda a devoção de toda uma população chapadense e cuiabana à referida Santa. 

3-TURÍSTICO – O Caminho de Santana será, nos moldes do caminho de Santiago de Compostela, será também turístico, atraindo não só devotos de Santana, mas de pessoas que queiram percorrer a pé a distância entre Cuiabá e Chapada, cortando cerrados, matas, córregos, cachoeiras e serras. Seria realizado em grupos turísticos ou viajantes solitários, tendentes às reflexões necessárias para a vida.

4 - ECONÔMICO E SOCIAL – Envolver os moradores nos pontos de apoio aos caminhantes, com hospedagem, alimentação,  no processo com a exposição e venda da produção associada ao turismo, (seus saberes e fazeres como: agroindústria, artesanato e manifestações culturais) o dentre outras estruturas necessárias

A organização do Caminho de Santana uma vez formatado, pretende ser efetuada por uma comissão composta da Prefeitura Municipal de Chapada dos Guimarães, Prefeitura Municipal de Cuiabá, Paróquia de Santana de Chapada, Paróquia de São Gonçalo, ICMBIO, envolvendo também as Associações de Moradores do Distrito de Coxipó do Ouro, Comunidade Arraiá dos Freitas, Comunidade dos Médicos e outros parceiros

Uma vez definida a execução da formatação do circuito pretende-se através contrato passar para uma organização não governamental a prerrogativa fazer a gestão do Caminho de Santana. 

Enfim a proposta deste Caminho de Santana não só irá resgatar uma tradição histórica, cultural e religiosa para a memória social mato-grossense, como também irá despertar e ampliar a convicção religiosa das pessoas que se dispõem a concretizar essa Caminhada/Procissão de Cuiabá Serra Cima até o município de Chapada dos Guimarães.

Será com certeza um roteiro turístico de primeira ordem, que sem dúvida, despertará turistas e devotos para essa caminhada. Será considerado um caminho turístico-religioso, que sem dúvida trará novos postos de emprego, impactando os dividendos financeiros e religiosos para a população de Chapada e para as paróquias envolvidas.

FONTE BIBLIOGRÁFICA

Annaes do Sennado da Camara do Cuyabá. Cuiabá: Arquivo Público, 2007

MESQUITA, José Barnabé de. A Chapada Cuiabana. Cuiabá: UFMT, 1975

SIQUEIRA, Joaquim da Costa. Compêndio Histórico Cronológico das notícias de Cuiabá, repartição da Capitania de Mato Grosso, desde o princípio de 1778 até o fim de 1817. In:Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso. Rio de Janeiro: v.13, 1872

Geraldo Lucio da EMPAER - Especialista em Turismo Rural, faz parte da Comissão que esta desenvolvendo este projeto (em andamento)

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