30 de maio de 2022

A EMPAER APOIANDO INICIATIVAS INDÍGENAS - "REVIVENCIANDO A CULTURA BAKAIRI" - EM MATO GROSSO.

A Empaer  sempre esteve presente 
na Aldeia Pakuera,etnia Bakairi, no desenvolvimento sustentável em que combina, uso ocupação da natureza, cultura, costumes e agricultura familiar, são ações que a empresa desenvolve visando a  manutenção o resgate e a valorização da etnia e da aldeia..As aldeias Bakairi ficam nos municípios de Planalto da Serra MT e Paranatinga.
As aldeias Bakairi estão distribuídas:  uma no município de Planalto da Serra MT e nove no município de Paranatinga MT
dados do  Supervisor local da Empaer MT de Nova Brasilândia MT

Neste último sábado, dia 28 de maio, aconteceu um evento em quem abordou a revitalização de um dos maiores e mais importantes rituais do povo Kurâ-Bakairi, o TADÂWAN (o ritual que simboliza o casamento do povo Bakairi, entoado pelas flautas mágicas)

O referido evento  tratou da revitalização de um dos maiores e mais importantes rituais do povo Kurâ-Bakairi, o TADÂWAN (o ritual que simboliza o casamento do povo Bakairi, entoado pelas flautas mágicas)

Segundo a mitologia Bakairi, as flautas de taquara denominadas de TADÂWAN, foram criadas para realização do primeiro casamento da história Bakairi, o casamento entre os irmãos onças (Udodo) e as mulheres Bakairi (pekodo mondo), filhas de Kuamoty, selando uma paz e uma aliança matrimonial entre Kuamoty e os guerreiros caçadores (as onças pintadas), os inimigos dos primeiros seres da Terra.

Conforme as histórias orais do povo Bakairi, contadas e repassadas de geração para geração, afirmam que Kuamoty quando estava na mata, retirando seda de tucum, viu-se cercado pelas onças caçadoras. Para não ser devorado, Kuamoty tenta negociar uma aliança, salvando sua vida e prometendo, em troca, suas filhas em casamento aos irmãos udodo (onças). Desse modo, por interesse nas mulheres, Ikiumani (líder das onças) cedeu a proposta de Kuamoty, estabelecendo uma aliança que seria concretizada com o primeiro casamento da história Bakairi.

No entanto, Kuamoty não tinha filhas!!

Mas, por se tratar de um Ser Supremo, reconhecido e chamado pelos Bakairi de Deus, confeccionou, de madeira, os corpos de suas filhas e assoprando ar em seus corpos, deu alma e vida a suas filhas. Foram várias tentativas, até chegar a mais perfeita criação, cinco lindas mulheres que deram os nomes de Ihogue; Âpanomagalo; Axumbanalo; Numaiakaniru (ou Yukamaniru) e Ereiru – esses nomes podem variar conforme a fonte, pois cada família tem uma história, cada história tem suas versões e cada versão preserva os seus heróis.

No tempo determinado, todas a “pessoas” (seres), de todas as aldeias chegaram para a cerimônia. Primeiro foram as corujas (munguto), depois os lobos (poroho), em seguida as ariranhas (saro) e por último os irmãos onças, liderados por Ikiumani. Todos entoavam seus próprios cantos, mas quando os irmãos onças chegaram, foi impressionante. Chegaram caracterizados com suas pinturas e adornos em seus corpos tocando as flautas mágicas – TADÂWAN. Eram muito fortes e gigantescos, medindo quase dois metros de altura. Dançaram em forma circular, enfileirados e batendo os pés no chão, acompanhados dos sons de chocalhos de caroço de pequi. O conjunto harmonioso desses sons, somados ao o som extraído das taquaras, transformam em música da onça, dando assim a existência do TADÂWAN.

Dentro da casa, as mulheres prometidas em casamento, aguardavam ansiosas a chegada de seus noivos. Ao sinal de Kuamoty, os irmãos onças entram na casa e quando as filhas, uma a uma, tocam os ombros das onças, o ritual do casamento está selado e a música de TADÂWAN se mistura ao ritual de casamento.

Assim se deu origem ao TADÂWAN, no casamento das filhas de Kuamoty com os irmãos onça.

Esse ritual manteve-se vivo até o final da década de 1940, quando o governo, através do órgão tutor SPI – Serviço de Proteção ao Índio – proibiu as manifestações culturais dentro do território. Como a Terra Indígena Bakairi, funcionava como “posto de atração”, aqui conviviam diferentes povos indígena, principalmente os povos alto-xinguanos e em particular os irmãos Kuikuro, na pessoa do saudoso líder Nárru Kuikuro e Tilipe Kuikuro (o índio albino) que muitos suspeitavam ser filho do Coronel Falwcet. Após longo período de convivência, ao regressarem para suas terras, levaram com eles a técnica de confecção e conhecimento das músicas do Tadâwan. Com o passar dos anos, após várias décadas, o povo Bakairi deixou de praticar esse ritual e acabou por esquecer a confecção das flautas e o modo especial de como tocar. Porém, o povo Kuikuro não só conseguiu reproduzir as práticas ao longo dos anos, como também ensinou os demais povos do atual Xingu.

O povo Bakairi sempre teve o sonho de retomar essa prática cultural. No início dos anos 1990, o senhor Odil Apacano foi ao Xingu e trouxe exemplares das flautas numa tentativa de recuperação cultural, mas devido a questões internas não obteve bons resultados. Em 2015, o jovem Bruno Maiuca, teve na Aldeia Ipatse, do povo Kuikuro, de onde trouxe outros exemplares, mas precisava reaprender a tocar. Foi então que surgiu a ideia de trazer membros xinguanos para repassar para o povo Bakairi as técnicas de confecção e técnicas de como tocar, um verdadeiro intercâmbio cultural. Através das amizades criadas pelo jovem Bruno, tivemos a visita de dois irmãos xinguanos: Talyco Kalapalo e Yamalui Kuikuro, que não somente ensinaram os jovens Bakairi, como fizeram uma entrega simbólica das flautas, dizendo e reconhecendo que as flautas são do povo Bakairi, que eles simplesmente eram guardiões, que realizam belas e grandiosas festas, mas não sabem a história de origem e que hoje estão realizando a entrega simbólica das flautas TADÂWAN.

Essa entrega foi realizada através de uma grande festa cultural, reunindo toda a comunidade da Aldeia Pakuera, seu cacique Genivaldo Poiure e visitantes governamentais, como o vereador municipal Edson Agripino e o Secretário Adjunto da Secretaria Estadual de Agricultura Familiar, Clóvis Figueiredo. Sem dúvida um marco na história do povo indígenai da Aldeia Pakuera, a capital do povo Bakairi

A Empaer MT  está presente na etnia Bakairi na Aldeia Pakuera, desenvolvendo várias cadeias produtivas agricultura familiar e também valorizando a cultura e propiciando a visitação turística em Etnoturismo Indígena.


Galeria de Fotos :



 



Por Magno Amaldo da Silva, professor Bakairi, Graduado em Economia e Matemática, pós graduação em Educação Escolar Indígena e em Educação Ambiental.

Um comentário:

  1. Agradecemos pela postagem e divulgação, belo trabalho de resgate cultural do povo Bakairi. Viva a cultura, viva os povos indígena do Brasil

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