2 de junho de 2014

Do Haiti para o Pantanal


Por Sinara Álvares 

Mayke Toscano/Secom-MT
James Berson integrou a equipe de haitianos na obra de construção da Arena Pantanal

O haitiano James Berson Lalane tornou-se peça chave na construção da Arena Pantanal, principal obra de Mato Grosso para a Copa do Mundo. Com facilidade para aprender novos idiomas, o haitiano estudou português com conteúdo encontrado na internet e passou a intermediar a comunicação entre os 127 haitianos que trabalham na obra e a empresa construtora. 

Aos 21 anos ele domina o francês, criolo, inglês e agora o português com um sotaque carregado e gírias brasileiras aprendidas na obra. Sorridente, James logo conseguiu uma vaga no setor administrativo da empresa que comanda as obras do estádio e ainda passou a ser o líder dos haitianos no local de trabalho.

Encerradas as obras na Arena, James trabalhou como professor de inglês no Senai e deu aulas de assentamento de cerâmica. “ Fiz faculdade de computação nos Estados Unidos. Uma pessoa da Casa do Imigrante falou que a empresa estava precisando de pessoas para fazer a tradução e eu fui atrás”, explicou. 

O ano de 2014 trouxe um novo desafio para o haitiano que se matriculou em uma universidade para cursar medicina e realizar seu sonho no país do futebol. Um amigo conterrâneo que já morava em Mato Grosso disse a Berson que aqui é uma terra de oportunidades. 




Mayke Toscano/Secom-MT
James Berson, o haitiano que ajudou a preparar Cuiabá para receber os jogos da Copa 2014

James Berson viveu entre as praias paradisíacas de sua terra natal até os sete anos quando sua mãe decidiu ir trabalhar nos Estados Unidos. Quando chegou lá conseguiu emprego como vendedora de carros e investiu na educação dos filhos. James fez curso superior em informática, mas ainda queria realizar seu sonho de infância, ser médico, mas os altos custos das faculdades de medicina americanas não cabiam dentro do orçamento familiar. 

Apesar de ter morado apenas os primeiros anos de vida no Haiti, a ligação com seu povo é forte. A saudade é demonstrada nas palavras que ele usa para descrever as praias e outras belezas naturais do Haiti. Os dias ensolarados de quando brincava na areia da praia em nada lembram o terror que James presenciou em 2010 quando o país foi devastado por um terremoto que matou mais de 200 mil pessoas. 

Não houve vítimas entre os famíliares de James, mas a dor das lembranças são tão fortes. “No dia do terremoto eu estava no país, passeando para matar a saudade dos meus amigos. Não perdi ninguém da minha família, mas conhecia algumas pessoas que morreram”, conta. 

Em sua nova vida no Brasil o haitiano não faz grandes planos e se mantém focado no seu sonho, concluir o curso de medicina. “Penso em poder exercer a profissão nos EUA. Mas quem sabe o que pode acontecer? Adoro povo do Brasil”, completa.

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