30 de janeiro de 2021

Baía de Chacororé, no Pantanal, sofre com seca extrema



Falta de chuvas agrava situação do Pantanal
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Falta de chuvas agrava situação do Pantanal

O ano de 2020 registrou o maior número de queimadas na história do Pantanal e, agora, a situação é agravada pela falta de chuvas.

Quem vê a região de Chacororé, no Pantanal, não imagina que lá já existiu uma área alagada três vezes maior que a Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. Imagens de arquivo mostram a beleza do lugar. Pesquisadores coletaram dados de satélites divulgados pelo Inpe de 2016 a 2020 para acompanhar a diminuição da área alagada.

“A baia tem uma importância fundamental para a reprodução dos peixes justamente nessa época do ano em que a gente tem um período de piracema, época que os peixes vão para lá para se reproduzir. Mas sem essa cobertura de água, não tem baía, não tem vida”, explica o coordenador do Instituto Centro Vida, Vinicius Salgueiro.

Dados do Instituto Nacional de Meteorologia mostram que o volume de chuva no Pantanal ficou até 40% abaixo do esperado para os meses de dezembro e janeiro em Mato Grosso.

Uma área alagável já deveria praticamente cobrir uma pessoa com água. De acordo com a pesquisa da Universidade do Estado de Mato Grosso, o Rio Paraguai está um metro e 60 centímetros mais baixo do que a média para esse período. Um ponto já tem uma pequena ligação com o rio, mas outras áreas ainda estão totalmente isoladas.

“Quando a gente olha o Pantanal, nós temos que olhar com três formas: uma é um reflexo mundial das mudanças climáticas globais; outra é o efeito regional do impacto do desmatamento na Amazônia que causa o atraso das chuvas, a diminuição das chuvas; e outra é o efeito local. Tem intervenções humanas que foram feitas e isso altera a entrada da água no sistema”, afirma Carolina Joana, pesquisadora da Unemat.

Pesquisadores também monitoram áreas atingidas pelo fogo na maior destruição já registrada no Pantanal.

“O que a gente vê no solo exposto hoje em dia é uma grande quantidade de carbono, ou de carvão. Ele vai ser mineralização daqui a muitos anos. O que a gente vê no Pantanal é um solo ecologicamente pobre, ele vai demorar para que seja recuperado”, diz Ernandes Sobreio Oliveira Júnior, pesquisador da Unemat.

Além do impacto ambiental, donos de rebanhos temem um ano de perdas. A fazenda do pecuarista Francisco Gilberto Mendes Rossi está praticamente sem pasto. Ele teve que reduzir o número de animais pela primeira vez em 40 anos.

“Mesmo chovendo a partir de agora não dá tempo mais do capim recuperar e enfrentar a próxima seca que vem aí, de maio em diante, que é a tendência natural dos tempos. Então o prejuízo já está estipulado também para 2021”, lamenta o pecuarista.


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