28 de setembro de 2014

AGU garante restituição de terras indígenas da comunidade Parecis



Da Redação - Arthur Santos da Silva
AGU garante restituição de terras indígenas da comunidade Parecis
A Advocacia-Geral da União (AGU) assegurou a restituição de terras ocupadas, desde o século XIX, pelos índios da comunidade Parecis em Diamantino. Os procuradores e advogados informaram que a área é habitat imemorial dos indígenas e que por tanto eles tem direito à permanecerem no local. A AGU informou, também, que mesmo que a comunidade indígena tenha perdido a posse das terras por longos anos, teria o direito indiscutível de reivindicar sua restituição, por ser fruto de antiga ocupação e imprescindível à preservação de sua organização social, costumes e tradições.


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Particulares que se diziam donos das terras de posse dos índios ajuizaram ação judicial contra a Fundação Nacional do Índio (Funai) com o objetivo de obter a reintegração de posse da área que está localizada em uma fazenda no MT. Alegaram que a terra teria sido invadida por mais de duzentos índios e que eles não ocupavam o terreno no ano de 1988, quando foi promulgada a Constituição Federal.

As procuradorias da AGU esclareceram que a literatura histórica aponta que, desde o século XIX, os índios Parecis, do subgrupo Kaxíniti, habitam as áreas da "Estação Pareci". As procuradorias sustentaram que embora os indígenas tivessem sido retirados do local de direito de posse, eles nunca se desligaram da área. Destacaram que não poderia ser mantido o entendimento de que as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios seriam somente aquelas ocupadas quando da promulgação da Constituição.

Os advogados e procuradores destacaram, ainda, que a Constituição Federal estabelece que é direito originário das comunidades indígenas a posse sobre as terras que tradicionalmente ocupam, o que prova que o direito delas é anterior a qualquer direito adquirido por não-índios.

A 3ª Seção do Tribunal Regional Federal 1ª Região acolheu os argumentos apresentados pela AGU. "Os índios têm uma relação muito particular com a terra que ocupam, já que a utilizam como sustentáculo de toda uma vida - nela habitam, trabalham, retiram a comida e criam os filhos. A importância da terra para a comunidade indígena é muito maior do que para o mundo já culturado, porque representa a própria noção de existência", disse trecho da decisão. 

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