21 de abril de 2014

Culinária funcional ganha mercado e conquista cuiabanos

Empresas derrubam mitos que envolvem o tema, como refeições sem sabor e caras

Divulgação/Natural Club
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Alimentação saudável não é sinônimo de falta de sabor, defende segmento

LISLAINE DOS ANJOS
DA REDAÇÃO

O mercado voltado à alimentação saudável está em franca expansão na Capital. São muitas as pessoas que hoje, seja por estética ou por saúde, buscam melhorar seus hábitos alimentares sem abrir mão do sabor e da variedade. E, a cada dia que passa, mais empresários – em sua maioria, nutricionistas por formação – apostam nessa área para atender uma clientela exigente.

Em Cuiabá, as opções são várias: desde refeições e lanches prontos e congelados entregues à domicílio, quanto refeições entregues na hora, restaurantes naturais e empresas que atendem encomendas de doces “fits” variados.

O cardápio do setor é diversificado: pão de queijo light (feito com ricota), sopas desintoxicantes, filés de frango, carne e peixes feitos das mais diferentes formas e com acompanhamentos, saladas, salgados proteicos, tortas, cupcakes, bolos e pizzas – tudo saboroso e saudável.

Divulgação/Vitálit 


Pintado com Geleia de Pimenta, um dos pratos servidos pela Vitálit 

Considerando que mais de 50% dos brasileiros estão acima do peso, conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), consequentemente, as pessoas que querem emagrecer figurem predominantemente entre o público que busca os serviços oferecidos por essas empresas.

Mas elas não são as únicas. Isso é o que afirma a nutricionista Karina Peloi Bocchese, proprietária da empresa Vitálit.

Segundo ela, pessoas que apenas querem viver de uma forma mais saudável – praticando exercícios regularmente e mudando a alimentação –, mas que não têm tempo para preparar as próprias refeições, também estão aumentando a busca por esse tipo de serviço.

“Muitas pessoas têm optado por uma alimentação saudável sem que haja qualquer problema com o peso. Temos um público bastante diversificado. No início, atendíamos quase exclusivamente mulheres que queriam emagrecer. Hoje ainda é o maior público, mas houve um aumento muito grande d 

Divulgação 
Rayanna Sagioratto e Bruna Silva, da empresa Sabor de Anis 

a procura por homens, pessoas que buscam apenas uma alimentação prática e saudável, aqueles que querem os pratos proteicos para dietas com menor teor de carboidrato. E o público que temos atualmente observado um grande crescimento são os idosos”, disse.

Karina conta que, antes de abrir a empresa, já tinha o hábito de criar versões saudáveis de pratos tradicionais e congelava para facilitar a rotina e, com o tempo, percebeu que podia auxiliar outras pessoas que passavam pela mesma dificuldade imposta pela rotina para manterem uma nutrição adequada, devido à falta de tempo e de opções.

“Fazia frango à parmegiana, com peito de frango grelhado, molho de tomate natural, ervas, queijo minas e congelava. Quando chegada em casa era só colocar no forno. Até o dia que percebi que aquela dificuldade não era apenas minha e que eu poderia auxiliar as pessoas a terem refeições práticas e saudáveis disponíveis no freezer de casa. Esse frango até hoje é um dos nossos produtos mais vendidos”, contou.




"Fazia frango à parmegiana, com peito de frango grelhado, molho de tomate natural, ervas, queijo minas e congelava. Quando chegada em casa era só colocar no forno"

Há três anos no mercado, a nutricionista acredita que já houve uma mudança significativa no mercado, causada, entre outras coisas, pela influência da mídia, das redes sociais e blogueiros dedicados ao tema e pelo aumento das doenças relacionadas aos maus hábitos alimentares.

A mesma mudança é sentida pela nutricionista Marlete Giroldo e o economista Fernando Azevedo, proprietários do restaurante Natural Club, que funciona no bairro Boa Esperança e atrai dezenas de clientes no horário de almoço.

O estabelecimento foi criado em dezembro de 2004 com o lema de servir “uma alimentação saudável, sem frituras, com alimentos integrais e funcionais, com sabor e sem temperos industrializados”. A mudança no mercado, porém, foi sentida em 2007, quando o assunto ganhou mais destaque na mídia e na sociedade.

“Hoje o público em geral já começou a se atentar para a [importância] alimentação saudável, inclusive os mais jovens. Mas a maioria que se preocupa está na faixa dos 30 anos de idade, mesmo com o peso estável”, afirmou Fernando.

Manter uma alimentação saudável em meio a um universo de opções nocivas à saúde também sempre foi um desafio para a bacharel em Direito, Bruna Silva, e sua sócia, a personal trainer Rayanna Sagioratto, donas da empresa Sabor de Anis.




"Hoje o público em geral já começou a se atentar para a [importância] alimentação saudável, inclusive os mais jovens"

Filhas de confeiteiras, as duas contam que já faziam vários produtos – principalmente doces e tortas – para consumo próprio e levavam para outras pessoas provarem. Dessa forma, perceberam a aceitação pelos alimentos e a carência do mercado.

“Nosso foco é a culinária funcional que, por meio de trocas inteligentes, deixa as receitas mais ricas em nutrientes, além de diminuir a gordura e o açúcar, sem deixar de lado o sabor. Trabalhamos também com produtos sem glúten, sem lactose, sem açúcar e proteicos”, explicou Bruna.

Criada em novembro de 2013, a Sabor de Anis tem entre seus clientes fieis pessoas de variados estilos: com intolerância à lactose ou glúten, diabéticos, em tratamento de manutenção ou perda de peso e pessoas que já tinham um estilo de vida saudável.

Nada sem sabor




"As pessoas estão ficando mais receptivas a ideia de que saudável também pode ser muito saboroso"

Todos os empresários são unânimes ao dizer que estão conseguindo quebrar o tabu ainda existente em parte da sociedade de que, se é saudável, só pode ser salada e comida sem sabor.

“As pessoas estão ficando mais receptivas a ideia de que saudável também pode ser muito saboroso, o problema é que a nossa sociedade tem um ‘pré-conceito’ de que saudável tem que ser algo que não traga prazer ao paladar”, disse Bruna.

Ervas aromáticas e temperos naturais também ajudam a desmitificar o assunto. A nutricionista Karina Bocchese ressalta, porém, que há uma diferença de sabor nesses alimentos, se comparados com as demais refeições encontradas no mercado, feitas com aditivos químicos, tais quais temperos industrializados, conservantes e ‘realçadores’ de sabor.

“A comida deve ser simples, saborosa e saudável. O que as pessoas precisam é treinar seu paladar”, explicou.

Divulgação/Natural Club 


Um dos pratos montados pelo restaurante Natural Club 
Custo da alimentação saudável
Um paradigma que os empresários do setor dizem que precisa ser derrubado se trata de que alimentação saudável custa caro.

“É claro que um kiwi, uma ameixa, uma cereja, uma lichia, uma chia são alimentos saudáveis e muito caros, mas a banana, a laranja, o abacaxi, a melancia não são caros”, disse Bruna.

A sócia da Sabor de Anis afirma que pequenas mudanças de hábitos podem garantir melhor qualidade de vida e que as escolhas na hora de fazer compras no supermercado ou de montar um prato em um restaurante self-service, por exemplo, podem fazer diferenças significativas para a saúde.

“Faça seu próprio café da manhã, compre frutas e legumes da estação, substitua a carne por outras fontes de proteína, como ovos e carne branca, tais quais peixes e frango, ocasionalmente”, disse.

Divulgação/Sabor de Anis 

Um dos cupcakes funcionais feitos pelas proprietárias da empresa Sabor de Anis 

A nutricionista Karina, por sua vez, brinca que “caro é o pão francês, que nos fornece calorias vazias e alto de sódio”. Segundo ela, uma dieta saudável pode ser composta de alimentos simples, como arroz, feijão, carnes, salada, legumes e frutas.

“Caro são os produtos light e diet disponíveis no mercado e que não são necessariamente saudáveis. As pessoas acham que para ter uma dieta saudável precisam comprar peito de peru, iogurtes light, doces diet, sucos light, alimentos esses que, como nutricionista funcional, não considero saudáveis”, disse.

Karina explica que muitos alimentos apresentados como saudáveis nas prateleiras dos mercados por terem redução de calorias, por exemplo, podem ser rico em sódio ou apresentar uma grande quantidade de aditivos químicos.




"Caro são os produtos light e diet disponíveis no mercado e que não são necessariamente saudáveis"

“A orientação que dou às pessoas é que sempre leiam os ingredientes dos alimentos e observem quantos itens elas não sabem o que são. Normalmente são aditivos químicos, que são prejudiciais à saúde. Se as pessoas comprarem os alimentos mais simples e deixarem de gastar com os alimentos que são prejudiciais à saúde e com remédios, irão perceber que se alimentar de forma saudável é barato”, disse.

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