21 de abril de 2014

Aumento populacional e cultura De 1960 aos dias atuais, Cuiabá cresceu dez vezes sua população

FONTE - http://www.midianews.com.br/conteudo.php?sid=262&cid=195538

Cuiabá tinha, em 1960, 56 mil habitantes. Em 1970 chegou aos 100 mil habitantes. De 1970 para 1980 mais que duplicou sua população, foi a 213 mil. Na década seguinte, 1980-1990, duplicou outra vez, foi a mais de 400 mil habitantes. Entre 1990 e 2000 já começa a diminuir aquele afluxo impressionante de antes, chegou a 480 mil. Hoje Cuiabá tem 560 mil habitantes.

De 1960 aos dias atuais a cidade cresceu dez vezes sua população ou mil por cento, de 56 mil para 560 mil. Um salto populacional incrível. Com essa avalanche de gentes, ideias e comportamentos diferentes pressupostamente deveria ter sido varrido costumes e atos culturais desta cidade. Isso não ocorreu, manteve-se a linguagem, as festas religiosas, as músicas, a culinária.

Não esquecer que em 1968 chegou a televisão em Cuiabá. Modismos e linguajar do Rio de Janeiro e São Paulo entraram pelas casas cuiabanas. Mais um dado para supostamente ajudar a matar tradições locais.

Não esquecer ainda que, quando aquela avalanche populacional chegou, teve pessoas nascidas nesta cidade que torciam o nariz para a linguagem e folguedos musicais do homem comum desta região. Era, no geral, da classe média urbana e da elite, muitos estudaram fora e se vestiam mais com as coisas do outro Brasil.

Mais um dado ainda: cuiabanos mais jovens, nascidos já nesse redemoinho de novidades na vida local, também não tinham muita aproximação com as tradições mais antigas daqui. Já se comportavam e falavam como os chegantes.

Frente a tudo isso, com receio de se perder alguma identidade e traços culturais, apareceu na década de 1970 e a seguinte o Muxirum Cuiabano. Formou-se um grupo para defender as coisas da cidade e região. A presença acachapante de pessoas de fora fez com que se criasse algo para manter tradições locais.




"Outros atores enveredaram pelo mesmo caminho. Quem sabe possa dito que eles ajudaram no trabalho do Muxirum Cuiabano"
Mais tarde a atuação do ator Liu Arruda talvez possa ser associada a esse assunto. Ele criou personagens irreverentes que falavam a linguagem mais tradicional da localidade. Outros atores enveredaram pelo mesmo caminho. Quem sabe possa dito que eles ajudaram no trabalho do Muxirum Cuiabano.

É interessante observar que tradições fortes da região permanecem, como cururu, siriri, ranqueado ou festas de santos. O carnaval, que não tinha raízes locais, foi fenecendo ao longo do tempo.

Naquela avalanche de mudanças, sabe-se lá como, se manteve ainda parte da arquitetura do século XIX e do início do século seguinte. Encabula saber como não se fez ou se faz nada para preservá-la.

A arquitetura mereceria, como em qualquer lugar do mundo, um empurrão de governos e da iniciativa privada. Não mereceu atenção maior, mesmo passando pela prefeitura e governos muitos cuiabanos de chapa e cruz.


ALFREDO DA MOTA MENEZES é historiador e articulista político

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