11 de novembro de 2013

Ritmo de plantio da soja sinaliza boa janela ao cereal na segunda safra, mas, no momento, clima é o que menos preocupa


Decisão será econômica

Em MT, colhe-se soja plantando simultaneamente a segunda safra

MARIANNA PERES
Da Editoria

Todo ano nesta época, sojicultores mato-grossenses que costumam fazer safrinha com milho estão correndo para finalizar o plantio da oleaginosa e assim assegurar janela ideal à semeadura do cereal até meados de fevereiro, período agronomicamente recomendado. Mesmo acelerando as plantadeiras com a soja e mantendo o perfil de semear boa parte das lavouras com variedades semiprecoces e precoces, neste ano, não há motivação para se pensar no milho como grande alternativa financeira à segunda safra. 

Depois de estrelar os campos como vedete do agronegócio estadual, a decisão em se plantar ou não o milho safrinha, em Mato Grosso, está mais do que nunca na mão do produtor e essa disposição está calcada na questão econômica e não alicerçada somente em parâmetros e critérios técnicos. Os baixos preços à saca atual e a falta de mercado rentável em 2014 tornaram o cereal, até este momento, inviável para quem pensar nele como um agregador de renda à safra 2013/14. 

Para se ter uma ideia, a saca fechou outubro cotada na média estadual a R$ 10,43/sc, bem semelhante à média de setembro de R$ 10,47/sc. Como a safra 2013 foi altamente tecnificada, o custo de produção subiu na mesma proporção e o valor atual não cobre o investimento de cerca de R$ 12 a R$ 16 para se produzir uma saca, cifra que varia conforme a região de plantio e os insumos utilizados. Como aponta o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), ao considerar as médias mensais de preços de janeiro a outubro – sendo outubro o de menor cotação – a saca obteve R$ 13,02. 

Como explica o analista Ângelo Ozelame, do Imea, o tamanho da segunda safra com milho e seu volume, pelo menos até o momento, não têm influência alguma com andamento da safra de soja e não há temores junto ao clima. “O grande fator limitador da semeadura ou não do milho segunda safra deve ser mais econômico do que técnico”, garante. 

Ele lembra que ano passado o milho foi semeado bem tardiamente e mesmo assim os produtores tiveram uma boa produção. O Estado colheu um recorde de mais de 22 milhões de toneladas. “Lá atrás, o produtor decidiu-se for apostar no milho e investiu em tecnologia, mesmo tendo contra si o fator clima”. Neste ano a estratégia deve se basear no seguinte raciocínio: “quanto o produtor está disposto a ariscar para semear o milho?”. 

CENÁRIO - A falta de perspectivas de retorno financeiro com o milho segunda safra deve interferir novamente no desenho da segunda safra estadual, como acredita o Imea. No ano passado, as boas oportunidades do mercado já movimentavam os futuros do milho muito antes do seu plantio. A cinco meses da semeadura, toneladas estavam vendidas antecipadamente e isso impactou na safrinha com algodão, algo que não deve ocorrer em 2014. Como explica Ozelame, na safra 2012/13, o mercado aquecido para o milho e a soja mudou o perfil da cotonicultura estadual. “A área destinada à safrinha, em Mato Grosso, levou ao maior plantio do algodão na segunda safra (70%) e 30% na primeira safra. Para este novo ciclo, os levantamentos da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa), indicam 50% e 50%, respectivamente”. 

A SOJA – Em Mato Grosso a precocidade do plantio da soja objetiva aproveitar a mesma área cultivada anteriormente com a cultura que é o carro-chefe do agronegócio estadual e, assim, obter duas rendas em um mesmo ciclo. A partir da colheita da oleaginosa, em meados de janeiro, tem início o plantio do milho. O milho precisa aproveitar ao máximo a temporada das chuvas para se desenvolver, por isso, sua janela de cultivo que vai até meados de fevereiro, em Mato Grosso. 

O andamento da semeadura da soja serve de termômetro para se estimar o tamanho da safra de milho, que até há dois anos costumava cobrir 30% da sojicultura, percentual que foi ampliado nas últimas duas safras. 

Como observa Ozelame, se o ritmo do plantio da soja fosse decisivo para a safrinha de milho, o plantio estaria assegurado, porque até o final de outubro mais de 5 milhões de hectares estavam cultivados com soja, superfície suficiente para abrigar o cereal que deve ocupar em 2014 3,35 milhões de hectares, redução anual de 9,33%. Como lembra, no ano passado, a semeadura durou 11 semanas. Nesta safra ela está mais adiantada, porém isso não quer dizer que acabe antes como adverte. Mas, até o momento, o fator clima não seria o limitador da área plantada com cereal. 

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