11 de setembro de 2012

Valter Bianchini, é o novo Secretário da Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário


Seis meses após assumir o comando no Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), o ministro Pepe Vargas anuncia uma reformulação no primeiro escalão da pasta. A troca de titulares envolve seis áreas do MDA, entre elas a Secretaria de Agricultura Familiar (SAF), que passa a ser comandada por um paranaense. Ex-secretário da Agricultura do estado, o engenheiro agrônomo Valter Bianchini assume o posto até então ocupado por Laudemir Müller, que deixa o cargo para assumir a Secretaria Executiva do ministério. 

Nascido em Santo André (SP) e radicado no Paraná desde 1976, Bianchini comandou a SAF entre 2003 e 2007 e foi secretário da Agricultura e do Abastecimento do Paraná de 2007 a 2010. Agora, retorna a Brasília com a missão de fortalecer um dos setores mais importantes da economia brasileira. 

Após cinco anos, o sr. retorna à secretaria. Quais os principais desafios da pasta nesta ‘segunda rodada’? 

São basicamente quatro pilares: assistência técnica e extensão rural; agroecologia e produção orgânica; sucessão rural; e inclusão sócio-produtiva. Um dos principais desafios é transformar o Dater [Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural] em uma verdadeira empresa nacional de extensão rural que atue em parceria com estados e municípios. O MDA recentemente assumiu o comando de um grupo interministerial que coordena a Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica [PNAPO]. Acredito que a agricultura familiar tem realmente uma correlação forte com um modo mais diversificado, mais ecológico de produção. Uma terceira bandeira que vamos trabalhar é o cooperativismo, desenvolvemdo um trabalho intenso com entidades como a Ocepar, a Unicafes, para que cada vez mais agricultores sejam inseridos nessa realidade, pois observamos que a agricultura familiar cresce à medida que cresce o grau de cooperação. (...) O apoio à juventude rural também é prioridade. Precisamos provar que é possível ter no campo uma qualidade de vida tão boa quanto na cidade. 

O grande divisor de águas para a agricultura foi a criação do Pronaf, em 1996. De lá para cá, o que mudou? 

O programa ganhou musculatura e o volume de recursos cresceu de uma forma quase que geométrica. Em 2002, o Pronaf contava com R$ 4 bilhões, sendo que, desse total, R$ 2,2 bilhões foram aplicados. Hoje, temos R$ 18 milhões. Isso permitiu a criação de conjunto de programas que dão amparo ao crescimento do setor: o seguro da agricultura familiar, o próprio PAA, o PNAE... Um indicador que ilustra a importância do Pronaf é o Censo Agropecuário, que mostra que o número de estabelecimentos rurais teve um pequeno crescimento no Brasil. O êxodo rural não cessou, mas diminuiu. Em pelo menos metade dos municípios brasileiros houve até um pequeno crescimento da população rural. No Paraná, pela primeira vez desde os anos 70, o número se manteve. Nas décadas anteriores, caía 80, 100 mil propriedades a cada Censo. 

Atualmente, quanto da produção brasileira vem da agricultura familiar? 

No Sul do Brasil, por volta de 50% do valor Bruto da Produção Agropecuária [VBP]. No Paraná são 48%, em Santa Catarina um pouco mais. No país, a média é 38%. Mas existe um outro indicador que não diz respeito diretamente à produção, mas que também é muito expressivo para mostrar a importância do setor, que é o volume de empregos que a agricultura familiar gera. Se o Brasil possui cerca de 5 milhões de estabelecimentos rurais, há mais de 12 milhões de trabalhadores em regime de economia familiar. Isso ajuda a movimentar a vida, o comércio no interior e dá uma dinâmica importante à economia brasileira. No Paraná, perto de 350 dos 399 municípios têm menos de 20 mil habitantes. São municípios rurais onde vive mais de um terço da população. Por isso é tão importante garantir renda até para a menor das propriedades, para que esses produtores, essa população possa ter uma vida digna. 

No longo prazo, qual é a meta para esses produtores familiares? Crescer e virar empresarial ou não necessariamente? 

O crescimento deve ir até o limite que a gestão familiar permitir. Mesmo dentro da agricultura familiar há vários perfis: existem agricultores familiares pobres, os médios e os de alta renda. É lógico que não cabe no projeto deles – e nem no projeto do país – ter apenas grandes agricultores. O esforço é para preservar o formato de agricultura familiar onde predomina a gestão da família no empreendimento rural e trabalhar para que essas pequenas e médias propriedades sejam cada vez mais consolidadas e gerem cada vez mais renda com uma produção cada vez mais eficiente. Como ocorre no Paraná, que tem a sua força como principal produtor de grãos do país não é na grande propriedade, mas nos médios produtores. Claro que quanto mais pessoas pudermos incluir na classe média rural, melhor. 

FONTE: http://www.gazetadopovo.com.br/agronegocio/conteudo.phtml?tl=1&id=1295975&tit=Agricultura-familiar-sem-limite-de-renda

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