estrutura

20 de fevereiro de 2025

Embrapa Pesca e Aquicultura inicia pesquisa de seleção genética do tambaqui


Projeto visa identificar exemplares de maior crescimento, mais resistentes ao frio e a doenças 

Por: Elisângela Santos
Embrapa Pesca e Aquicultura



Teve início, na Embrapa Pesca e Aquicultura (Palmas-TO), um projeto de pesquisa que visa fornecer subsídios para futuros programas de melhoramento genético no centro de pesquisas. O “Inovação genômica na aquicultura: estratégias de seleção para potencializar a produção sustentável do tambaqui (Colossoma macropomum)” pretende, no prazo de dois anos, avaliar o desempenho da espécie para selecionar os melhores exemplares nos aspectos de crescimento, resistência a frio e resistência à flavobactéria.

Os dados do projeto também irão municiar futuros estudos para melhor aproveitamento da carcaça do tambaqui; identificar quais as linhagens com melhor desempenho em viveiros escavados e tanques-rede, entre outras possibilidades de pesquisa. “Além disso, esses animais serão direcionados futuramente para outras estratégias de melhoramento genético de precisão que a Unidade vem desenvolvendo”, acrescenta Licia Lundstedt, chefe de P&D da Embrapa Pesca e Aquicultura. 

Segundo Luciana Shiotsuki, pesquisadora da Embrapa Pesca e Aquicultura e líder do projeto, o objetivo é gerar um avanço significativo para estudos de melhoramento em peixes nativos. “Pretendemos identificar os tambaquis de melhor desempenho produtivo e compreender as regiões genômicas associadas a tais características”, explica ela. “O potencial impacto deste estudo é viabilizar um pacote tecnológico para impulsionar a cadeia produtiva do tambaqui na indústria da aquicultura, com segurança alimentar, alta qualidade genética e valor agregado”, complementa. 

O projeto é um dos Eixos Temáticos do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia da Biodiversidade e Uso Sustentável de Peixes Neotropicais (INCT-Peixes). O instituto congrega uma rede de universidades, empresas, institutos de pesquisa e outras entidades públicas e privadas, nacionais e internacionais que unem esforços na ampliação do conhecimento da biodiversidade dos peixes Neotropicais e sua sustentabilidade. A rede é coordenada pela Universidade Federal de São Caros (UFSCar) e a Universidade Estadual Paulista (Unesp) é principal parceira desse Eixo Temático do projeto. 

 Milhares de peixes serão analisados 

A população-base que será estudada é composta por 35 famílias (formadas por um pai e uma mãe diferentes) , onde cada família vai gerar de três a quatro mil peixes. Parte da produção será enviada para a Unesp de Jabuticabal, onde serão selecionados os animais mais resistentes à flavobactéria, e outra parte será encaminhada para a Unesp, em Registro, onde os tambaquis serão testados para a resistência ao frio. 

Luciana Shiotsuki destaca a importância da análise à resistência à  flavobactéria. “As enfermidades bacterianas podem causar elevadas taxas de mortalidade de peixes e, quando não ocasionam mortalidade, provocam lesões que inviabilizam sua comercialização, causando grandes prejuízos econômicos à piscicultura”, explica. “Dentre as bactérias que podem causar impacto muito negativo à piscicultura mundial está a Flavobacterium columnare, responsável pela enfermidade conhecida como columnariose, que acomete todas as espécies de peixes de água doce, principalmente na fase de alevinos”.  

Por meio do projeto, o grupo de pesquisa da Unesp realizará a caracterização de genótipos resistentes a doenças de tambaqui utilizando as famílias formadas na Embrapa, contribuindo com a identificação de famílias mais resistentes a essa doença, possibilitando a formação de progênies (pais) com peixes mais sustentáveis e seguros, em função da redução da utilização de antibióticos. 

Na reprodução induzida, os ovos são extraídos da fêmea do tambaqui para serem misturados ao esperma do macho – Foto: Luciana Shiotzuki

“Serão selecionados os melhores indivíduos da população para serem pais da próxima geração. Assim, separamos os peixes que tiveram melhor desempenho em crescimento, frio ou resistência à doença para serem os reprodutores da próxima geração e descarto os demais. Daí desse grupo dos melhores reprodutores é formada a próxima geração com seus descendentes, os quais são avaliados em um novo desafio. Tudo isso utilizando ferramentas de melhoramento clássico, com ganhos acumulativos a cada geração”, conclui Luciana Shiotsuki

Nenhum comentário:

Postar um comentário