Equipe irá acompanhar regeneração natural nos ambientes atingidos pelos incêndios para averiguar a necessidade de intervenção

A Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) iniciou, por meio da Coordenadoria de Conservação e Restauração de Ecossistemas (CCRE), o diagnóstico ambiental das áreas degradadas pelo fogo no Parque Estadual Encontro das Águas. No primeiro levantamento realizado em campo, foram definidas unidades de amostra sobre os diferentes ambientes.

A equipe realizou voos de drones para estabelecer a localização geográfica das amostras, coletar dados geoespacializados e obter mosaicos de imagens ortorretificados (correção realizada para tornar a imagem mais real) de alta resolução. As imagens aéreas permitem avaliar preliminarmente o grau de degradação nos diferentes estratos (andares da mata) e os processos de regeneração natural da vegetação.

De acordo com os especialistas da coordenadoria, o Parque Estadual Encontro das Águas abriga diversos macro-habitats, entre florestas seca e úmida, cerrados, savanas e campos, cada um deles exercendo um papel dentro de um mosaico de equilíbrio do ecossistema. As florestas úmidas, por exemplo, abrigam as frutíferas que alimentam a fauna do Parque, enquanto o campo genuíno lenhoso é rota para as aves migratórias.

“Selecionamos 26 amostras que iremos acompanhar ao longo das próximas chuvas para identificar a regeneração da vegetação, especialmente a floresta úmida, onde há grande concentração de frutíferas. A partir disso, vamos avaliar a necessidade de intervenção”, explica o coordenador da CCRE, Lisandro Peixoto Neto. O engenheiro florestal ressalta que além das imagens aéreas também será necessária a avaliação terrestre.

O engenheiro florestal e analista de meio ambiente da Sema, Alexandre Ebert explica que após definidas as amostras por imagens de alta resolução, as campanhas de campo são necessárias para levantamentos florísticos e constatação do potencial da regeneração natural das espécies importantes para avaliar se as árvores atingidas pelo fogo podem estar comprometidas, ou seja se região do câmbio vascular no tronco, por onde a seiva percorre, foi atingida.

“As avaliações realizadas em campo são essenciais e definem a necessidade de intervenções para auxiliar a restauração ecológica natural. As duas metodologias são complementares. Muitas árvores podem apresentar a copa verde numa primeira avaliação por imagens, mas estarem comprometidas dependendo da intensidade que o fogo as atingiu. Ou seja, essas árvores podem ter sido fortemente atingidas pelo fogo e entrar num processo lento de morte”, esclarece.

Dentre as inúmeras frutas nativas da região, consideradas importantes para a alimentação da fauna local, estão o jenipapo, jatobá, ingá, pimenteira, cajá, bocaiuva, pequi e cumbaru. A diversidade da flora nativa contribui para a manutenção da pluralidade da fauna, desde a base ao topo da cadeia alimentar do Pantanal. O Parque Estadual Encontro das Águas está delimitado em uma área de 108 mil hectares e é considerado um dos locais preferidos pelos turistas para a observação de onça-pintada, o maior felino das Américas.

Informação via Juliana Carvalho | Sema-MT