20 de outubro de 2020

Desabafo de um colega diante o descaso com a Empaer. HISTÓRIAS FEITAS DE SONHOS NA VALORIZAÇÃO DO PROFISSIONAL DE ATER


Toda trajetória está repleta de histórias, onde nos levou a um percurso de sonhos, lutas e conquistas. 

Hoje analiso o direcionamento da minha caminhada até a EMPAER com muita satisfação, mas também de frustações. 

Sempre fui beneficiado com políticas públicas que puderam me levar a um ensino superior público e de qualidade, onde em minhas convicções sempre coloquei como meta devolver tudo aquilo que o estado me ofertou. 

E assim no concurso da EMPAER em 2014 pude ver essa oportunidade. 

Estava prestes a me formar, e partir para um intercâmbio para os Estados Unidos, quando lendo um jornal vi o anúncio do concurso público da EMPAER- MT; interessante que no mesmo período  abriu também os concursos da  EPAGRI, EMATER ASCAR RS, EMATER PR, porém  vendo a necessidade de cada órgão e instituição, e as minhas expectativas, optei por fazer o concurso na EMPAER – MT colocando todas as minhas perspectivas no órgão em questão. 

Passado todo esse período, desde a minha admissão até hoje, vejo o quanto a agricultura familiar é carente em nosso estado, comparo muitas vezes com minha terra natal e vejo o quanto a nossa querida EMPAER repleta de técnicos, com altíssima qualidade, formados em diversas instituições com grau de altíssimo conceito, pode contribuir com o desenvolvimento da agricultura de pequeno porte no estado do Mato Grosso.  


Hoje estamos presentes nos quatro cantos do estado, tentando levar tecnologia e desenvolvimento ao homem do campo, além claro, de atuar em diversas frentes no campo, levando políticas  públicas , e dignidade aos cidadãos mato-grossense da zona rural, seja de áreas de assentamentos ou pequenos produtores tradicionais. 

Trabalho este, desenvolvido na raça, pois em muitos casos trabalhamos sem as condições mínimas, onde custeamos muitas vezes o conserto do carro, ou a compra de materiais de escritório para elaboração dos projetos e DAPs, materiais de limpeza etc. 

Vivemos tempos sombrios no serviço público onde fazem muitas comparações com o setor privado.

 Porém as comparações devem ocorrer de forma como um todo, pois na iniciativa privada a exigência de prestação de serviço aliada com a meritocracia do seu empregado, é sempre colocada em evidência  até  porque estamos em um mercado capitalista e globalizado, onde a concorrência de mercado prevalece. 

O investimento em seu funcionário, aliado a melhoria cada vez mais de ofertar as condições de trabalho para esse colaborador é algo fundamental no processo da busca de competitividade no mercado. 

Já no setor público fala-se muito de melhoria de prestação de serviço, e com toda razão, só que as condições de trabalho não acompanham o processo, onde muitas das vezes temos que dividir nosso rendimento salarial para custear as atividades desempenhadas a sociedade. 

Nosso salário é dividido sempre com despesas pessoais e com despesas do órgão a qual atuamos. 

Além disso, buscamos parcerias com empresas e instituições para aquisição de equipamentos ou de recursos para levar essa busca de qualidade ao serviço prestado à sociedade.  

Na EMPAER buscamos sempre alcançar um trabalho prestado cada vez mais com qualidade, assim como no setor privado, mas com a diferença que nos mecanismos e ferramentas de atuação não temos investimento. 

Para atendimento aos produtores às vezes pegamos carona com o mesmo, pois nosso veículo está danificado.

Para elaborar um projeto, compramos tonner. 

 Aquisição de GPS, computador, retroprojetor, ÁGUA MINERAL para nosso escritório. 

Enfim, não poupamos esforços para alcançar qualidade de trabalho mesmo que isso muitas das vezes custe nosso poder de compra ser reduzido. 

Almejamos tanto que ocorram nossas progressões, para compensar um pouco o valor retirado do nosso próprio salário para custear nossos trabalhos. 

Mesmo que salário é uma remuneração dada a um serviço prestado e a progressão é um direito adquirido com base nos requisitos exigidos dentro do plano de carreira cargos e salários. 

Em matéria de pró atividade e na busca de qualidade de atuação, estamos muito bem, afinal é aqui que os técnicos como zootecnistas, veterinários, agrônomos, técnicos agrícolas etc. se tornam pintores de escritório, eletricista, serviços gerais, técnicos em informática, mecânico e o que vier pela frente, onde aprendemos a nos reinventar em nossas profissões, afinal temos um compromisso com aquele pequeno produtor que precisa dos nossos trabalhos. 

Não ganhamos horas extras quando trabalhamos além da nossa carga horária,  mas estamos sempre a disposição de agricultores familiares em qualquer hora, em qualquer dia.  

Chego á conclusão óbvia que somos apaixonados pelo que fazemos, caso contrário  já teríamos abandonado o barco.

Converso com colegas extensionistas de outras EMATER e vejo o quanto sofremos aqui  com a falta de investimento e valorização dos profissionais que atuam no fomento de tecnologias e políticas  públicas  a diversos agricultores familiares matogrossense. 

Se com o nível de investimento apresentamos resultados, imagine se tivéssemos políticas  de valorização do homem do campo, colocando a ATER como um dos pilares fundamentais de desenvolvimento?

 Fecho dizendo que meu lema é: o céu é o limite, e ainda sonho com dias melhores, onde a valorização do agro familiar, assim como de todos os atores envolvidos neste processo será um fato e não uma utopia. 

* Desabafo de um colega diante o descaso com a Empaer. 
  
Mato Grosso 16 de outubro de 2020.

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