Uma das principais brigadas de incêndio e resgate florestal do Brasil está pronta para ajudar a salvar o Pantanal das chamas. Eles só precisam de alguém que os leve até lá

Os brigadistas da — não veem a hora de chegar ao Pantanal para começar a ajudar no combate ao incêndio que se alastra há mais de um mês por esse lugar que é um dos biomas mais importantes do planeta. Apesar de vinte homens da organização voluntária já estarem prontos, com equipamentos e disposição para auxiliar no combate às chamas, eles se encontram hoje com as mãos atadas. “A gente precisa de um transporte, só isso, para ajudar a combater os incêndios no Pantanal, pelo amor de Deus”, implora o brigadista Augusto Galinares, representante geral da BRAL.

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Cerca de 2,5 mil quilômetros separam a cidade de Lençóis (BA) e Corumbá (MS), uma das entradas do . É essa a distância que os brigadistas da BRAL precisam percorrer para iniciar os trabalhos voluntários.

Augusto diz que eles já estão de mochilas prontas, inclusive com toda a alimentação necessária embalada para sobreviver aos dias de trabalho que terão por lá. “Só precisamos de alguém que tenha a boa vontade de nos levar”, diz reforçando o pedido. Segundo ele, a BRAL, que tem mais de 20 anos de experiência no combate a incêndios florestais, já entrou em contato com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e outros órgãos ambientais ligados ao governo, mas até agora não tiveram nenhum retorno positivo.

“Eles só dizem que vão avaliar a possibilidade. Estamos indignados e não aguentamos mais ver, pela TV, onças com as patas queimadas, animais morrendo… e a gente aqui, sem poder fazer nada por causa da falta de boa-vontade.”

Há mais de 20 dias aguardando um retorno dos órgãos públicos, a BRAL agora implora por uma ajuda no transporte. “Iríamos de carro, de van, de ônibus, em qualquer veículo; a gente só quer ajudar a combater o fogo, porque sabemos da importância da nossa ajuda nesse momento”, diz Augusto.

BRAL, experiência no combate ao fogo

Os brigadistas da BRAL têm bastante experiência no combate a incêndios florestais. A organização que começou a se formar em 1994, já esteve presente em importantes combates na Chapada Diamantina, especialmente nos anos de 2004, 2011 e 2015, quando chegaram a realizar 50 embates durante um mês ininterrupto de trabalho. Um trabalho 100% voluntário, que conteve as chamas que se alastravam com rapidez absurda pela chapada baiana, um dos ecossistemas mais ricos e muito visitados no Brasil.

A BRAL também já atuou em parceria com outras brigadas de incêndio para apagar o fogo no Parque Nacional e Histórico do Monte Pascoal, no sul da Bahia, além de atuações em Brasília, Tocantins e na Amazônia. Em 2019, quando uma onda de incêndios florestais massacrou a maior Floresta Tropical do planeta e mobilizou o mundo através da hashtag #PrayForAmazonia, lá estava o pessoal da BRAL, atuando para reverter aquela realidade.

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Brigadistas no campo de batalha. BRAL/ Whatever Report

Brigadistas da Chapada Diamantina desembarcaram na região de Porto Velho, Rondônia, e impressionaram a todos com sua eficiência. Um militar que pilotava um dos helicópteros que levou e retirou os brigadistas da mata ficou surpreso. “Quinze brigadistas conseguiram extinguir mais de 10 km de linha de fogo durante uma única noite”, constatou, empolgado com a atuação daqueles voluntários.

Atuação noturna

A BRAL tem um método de combate ao fogo diferente. E é a isso que eles atribuem o sucesso de suas empreitadas. “Por experiência própria, a gente prefere trabalhar durante a noite, que é quando se tem as melhores oportunidades para apagar o fogo”, garante Augusto.

Segundo ele, o ponto fraco do fogo é à noite, horário em que a umidade do ar é maior, mesmo em ambientes extremamente secos como o Pantanal atualmente.

O trabalho da BRAL começa por volta das 16 horas. Utilizam as últimas horas do dia para analisar a região, entender o terreno e montar as estratégias. Então, com abafadores e outras ferramentas e métodos anti-incêndio, iniciam os trabalhos depois que sol, que assim como o vento é um dos principais inimigos no combate ao fogo, já foi embora.

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Controlando o fogo na Chapada Diamantina (BA). BRAL/ Whatever Report

“Estamos acostumados e sabemos nos prevenir de ataques de animais peçonhentos durante a noite; além de não termos problemas em utilizar ferramentas de corte”, garante Augusto. “E a época é perfeita para a gente, porque está chovendo bastante aqui na Chapada Diamantina; podemos ir tranquilos”, completa.

A BRAL pretende aplicar esta mesma tática, trabalhando durante a noite, para combater o fogo que já destruiu mais de 15% do Pantanal. Eles só precisam ser transportados até lá para começar mais essa batalha.
BRAL — Brigada de Resgate Ambiental de Lençóis (BA)
Telefone: (75) 99848–6309
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