8 de maio de 2020

Homenagem ao Marechal Rondon no dia 05 de maio de 2020, feita pelo Antônio Luís Gomes Lucas de Amorim. Presidente da Associação de Amigos da Sala de Memória Rondon e familiares/Mimoso

Antônio Luís Gomes Lucas De Amorim. Associação de Amigos da Sala de Memória Rondon e familiares/Mimoso. Pesquisador da Sala de Memória.

Seria incrível. Esse foi "o cara". 

O telégrafo foi o primeiro sistema de telecomunicações no mundo. 

Com postes fincados e fios de cobre 2,5 mm houve a necessidade de levar esse sistema para o interior do Brasil. Ligando assim o Brasil do litoral ao Brasil dos sertões. Assim, a república recém criada ficava sabendo dos acontecimentos ocorridos nos confins do país. Andou mais de 77 mil km quadrados a pé, em lombo de mula e de canoa. Isso equivale a mais de 2 voltas no planeta terra. 

Por isso também que o meridiano 52 do globo terrestre recebe o nome de Rondon. As comissões construtoras de linhas telegráficas ligaram Cuiabá ao Araguaia, depois Cuiabá a Corumbá, com ramal até a divisa com a Bolívia. 

E também ligou Cuiabá a Santo Antônio do madeira(Porto Velho)... Onde ele construíu estações telegráficas, formou-se cidades como Campo Novo , Barra do Bugres, Acorizal, Vilhena, Porto Velho, etc. Sendo pacifista, positivista, militar patriota e justo, pacificou muitos povos indígenas, adquiriu muitas malária, enfrentou animais selvagens e peçonhentos, sofreu emboscada e tentativas de assassinatos. 

Mas nunca desistiu de seus objetivos. Sempre foi determinado. Por ser pacifista, teve seu nome indicado por 3 vezes ao Nobel da Paz. A primeira foi indicada pelo físico Albert Einstein. Pela relevância de seus trabalhos e contribuição com a ciência, tem seu nome escrito a ouro na Sociedade Internacional de Geografia de Nova York, Estados Unidos. 

O estado de Rondônia foi assim denominado em sua homenagem. Rondonópolis, Cândido Rondon-PR, também são homenagens, assim como ele dá nome a escolas, ruas, bairros, rodovias, aeroporto, etc. Criou a carta de Mato Grosso(mapa), partindo do marco zero, no centro geodésico da América do Sul, situado no centro de Cuiabá. Recebeu inúmeras premiações, conforme a cronologia de sua vida. Realizou a inspeção das fronteiras do Brasil, sendo do Oiapoque ao Chuí. 

Foi abolicionista e republicano convicto. Pensava que o Brasil não progrediria por uma revolução mas por uma evolução de seu povo. Isso quando indagado sobre a revolução de 1930. Nessa ocasião, pediu a sua reforma no exército (aposentadoria) mas o Governo Getúlio Vargas informou que não podia aceitar tal ato, por entender que a nação brasileira ainda precisava dos trabalhos de Rondon. Desistiu da reforma e continuou seus trabalhos. 

Autor do projeto de criação do Parque nacional do Xingú, atuou na defesa de povos indígenas do país. Devido ao seu perfil pacificador, foi nomeado como representante do Brasil para mediar um conflito entre a Colômbia e o Peru. Disputavam a cidade de Letícia. Rondon obteve êxito na diplomacia, evitando assim um conflito armado. 

A biografia de Rondon é muito vasta e rica em detalhes. Cabe em várias folhas . E pode ser dividida em vários capítulos. Apenas sintetizei. Meu caro " Didico" , puxando agora para o Mimoso de Rondon, ele assim que chegou de Letícia empenhou na construção e término da então escola reunida (rural) Santa Claudina, cujo nome é homenagem a sua mãe, que para o mesmo era uma santa, canonizada pelo mesmo, Claudina De Freitas Evangelista. Das 145,2 Hectares que Rondon recebeu de herança materna a totalidade foi destinada para a escola e futuras obras governamentais. 

A escola foi construída com recursos próprios dele e inaugurada no dia 13 de junho de 1948, dia de Santo Antônio, padroeiro de Mimoso. Segundo sua neta, Beth, essa escola era a menina dos olhos de Cândido Mariano, pois foi construída exatamente no seu local de nascimento. Como diziam os antigos mimoseanos: ali seu " umbigo foi enterrado". 

A escola Santa Claudina era tão especial que em seu terreno ele construiu um espaço para abrigar os restos mortais de sua mãe, que faleceu quando este tinha 2 anos de idade. Passou 30 dias em Mimoso até terminar o jazigo feito em granito, trazido do Rio de Janeiro. Era o ano de 1952. 

Parecia existir uma atmosfera positiva no entorno da escola. Por ironia do destino, ou providencia divina, o engenheiro que Rondon trouxe do estado do Espírito Santo, para construir tal escola, viria a se tornar governador do estado de Mato Grosso na década de 1970. 

Trata-se do engenheiro José Garcia Neto, que viria a construir em seu mandato a estrada que tiraria Mimoso do "isolamento". Rondon, que teve que deixar Mimoso aos 7 anos por falta de escola na sesmaria do morro redondo, era professor com curso técnico em magistério cursado na escola Liceu Cuiabano, em Cuiabá. E também era professor do ensino superior na escola militar da praia vermelha, no Rio de Janeiro, uma vez que era engenheiro militar e bacharel em matemática e ciências físicas e naturais. Preocupado também com a educação e o desenvolvimento das pessoas, Rondon criou (implantou) outra escola. 

Desta vez foi na terra onde nasceu seu pai, Cândido Mariano Da Silva. Em Acorizal-MT, ele construiu a escola José Mariano Da Silva, cujo o nome é homenagem ao avô paterno. Teve o apoio do governador Estevam de Figueiredo e de alguns parentes para a consecução da escola de nível elementar rural. Na localidade da escola seu avô era agricultor. Sempre que podia estava presente em Mimoso. Por ser bisneto do casal fundador de Mimoso (família Lucas Evangelista) proprietários da então sesmaria do morro redondo, José Francisco Lucas Evangelista e Joaquina Gomes, Cândido Mariano preocupava com o registro legal das terras que eram reconhecidas desde 1841 e suas demarcações, de forma que seus parentes futuramente não viessem a sofrer prejuízo com questão fundiária. Sempre que vinha a Mimoso, destinava um tempo de seu dia, para percorrer e conferir os marcos de Mimoso a cavalo, juntamente com vários moradores de Mimoso e parentes. Mimoso que tem 13.068 hectares. 

Percorria os Marcos do morro do chacruré, do arrozal, da chimbuva, da língua da onça e do morro redondo. Orientava as pessoas sobre a necessidade do recolhimento dos impostos referentes às terras na coletoria. 

Comunicava também por carta com pessoas da comunidade de Mimoso, precisando muitas vezes do auxílio e cooperação do senhor Prudente Gonçalves de Queiroz, morador de Mimoso, na resolução de alguma situação e entrega de cartas. 

Ajudava muitas pessoas da comunidade, pautando pela legalidade, justiça e valorização da pessoa humana. Informações relatadas por Ursulina Lucas De Amorim e seu filho Odácio Lucas De Amorim. Ela, neta de Francelino Lucas Evangelista, irmão da mãe de Rondon. Relatavam também que Rondon (generá) sempre que vinha visitar os parentes de Mimoso trazia alguns presentes, como cortes de tecidos, "pão" de guaraná (guaraná de ralar em bastão) e sacos com caramelos (balas adocicadas). Gostava de conversar após tomarem o guaraná de "ralá", deitado numa rede branca mimoseana, tecida na própria terra de Rondon. Tomava água de cacimba armazenada em potes de barro (argila), enquanto se prozeava a respeito de diversos assuntos, numa casa de palha, sendo construída de paredes de bambú e barro (barroteada) e o teto de folhas de babaçu (palmeira), muito comum no Pantanal de Mimoso. Gostava muito de carne de frango e beiju. 

Não ingeria bebida alcoólica de espécie alguma e era muito alegre. As informações conferem com as relatadas pelo morador de mimoso que teve convivência na infância e adolescência com Rondon, senhor Amidicis Demétrio Santana, filho de Pedro Demérito Santana(Pedrão), gerente da fazenda de Cândido Mariano, próxima a Mimoso. Por mais de 20 anos cuidou e administrou a propriedade rural, enquanto Rondon prestava serviço a nação brasileira na densa floresta amazônica. 

O Marechal Rondon teve 70 anos de vida pública, conforme relatos próprios. As pessoas de Mimoso que conviveram com Rondon afirmavam que se tratava de uma pessoa admirável, muito humana. Adão José De Almeida e Odácio Lucas De Amorim, dentre outros, foram alunos da primeira turma da escola Santa Claudina em 1948. Então, Didico, creio ser muito importante que pessoas moradoras de Mimoso e até parentes de Rondon conhecessem mais sobre Rondon. Que não fosse apenas um quadro na parede ou uma vaga lembrança. 

Rondon deveria ser mais e melhor divulgando e estudado em Mimoso. A começar por todos que trabalham na escola criada por ele. Deveríamos unir com mais pessoas da comunidade e de fora dela, bem como com membros das famílias tradicionais mimoseana. Percebemos equívocos em livros, artigos e alguns documentários a respeito de Rondon. É importante existir um local de referência e com fontes de informações verídicas e confiáveis. Percebemos também em algum momento uma certa lenda sobre Rondon, que alguns tentam vender como verdade. A história da vida dele é muito rica e vasta. Vale apena estudar. Quanto mais conhecemos mais admiramos. 

A Sala de Memória pesquisa Rondon e suas relações humanas com os mimoseanos desde 2011. E na família, assim como a de vocês, desde cedo, por conta de meu pai,minha vó e outros parentes. Temos muitas informações referente ao tema que muitos de fora não tem. De maio de 2019 a março de 2020, muitas pessoas visitaram o Memorial Rondon. Ao conversar com os turistas e pesquisadores, pudemos perceber o quanto Rondon atrai a "curiosidade" das pessoas. 

As pessoas vem com sede do saber. Pessoas de vários países e estados do Brasil vem em busca do conhecimento a respeito de Rondon, e acaba aguçando a curiosidade sobre Mimoso, seu entorno, seu patrimônio histórico,sobre o Pantanal, as baías e sobre povos indígenas. Daí a importância da formação e capacitação. 

A Sala de Memória Rondon e familiares, por meio de sua ASSOCIAÇÃO DE AMIGOS, vinha realizando visitas guiadas no memorial Rondon. 

É uma experiência muito gratificante e que gostaríamos de compartilhar com mais pessoas de Mimoso e de fora de mimoso aos finais de semana e feriados . 

 Claro que existem alguns fatores que podem interferir um pouco, como o fator financeiro, uma vez que nosso trabalho é voluntariado. Futuramente pretendemos buscar solução para esse problema. 

Queria escrever em poucas palavras mas acho que prolonguei um pouquinho. Tudo que escrevi faz parte do aprendizado que adquirimos nas pesquisas de campo ou bibliográfica. 

Viva o Marechal Rondon, que órfão de pai e mãe , superou todos os desafios pela vida imposta a ele nos demonstra valores a serem absorvidos pelo ser humano, como o respeito, a honestidade, a lealdade, o amor pelo Brasil e pelas pessoas, o senso de justiça e a determinação na busca dos objetivos de vida. Um abraço a você e a quem ler este pequeno texto sob a forma de bate papo. 

Foram muito boas as comemorações de 5 de maio aqui no grupo. 

 Alguém disse que a virose do momento é pedagógica. 
Agora que entendi. 
Deus abençoe a todos.

Texto escrito pelo Antônio Luís Gomes Lucas de Amorim , ele tem  vários em outras informações, quanto ao seu curriculum: Presidente da AASMRF, pesquisador da Sala de Memória Rondon e familiares, e parente do Marechal Rondon. A Dona Ursulina citada no texto, é avó do Antônio, Ele tem um acervo de cartas, telegramas, depoimentos e documentações que confirmam., tem também contatos de família e com o povo de Rondon, depoimento do Antônio.


Foto do Antônio

Foto do Antônio com a esposa e familia

Foto do Antônio no Memorial Rondon em Mimoso




Antônio Luís Gomes Lucas de Amorim.
Presidente da Associação de Amigos da Sala de Memória Rondon e familiares/Mimoso.
Pesquisador da Sala de Memória.



*Texto e fotos repassados pelo Antônio Luís Gomes Lucas de Amorim. e publicado na sua integra por este Blogueiro Geraldo Donizeti Lúcio.

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