19 de janeiro de 2019

Salários da elite da Empaer crescem 25% em 3 meses e chegam a até R$ 33 mil


LEVANTAMENTO

Diante da possibilidade de extinção, sidicalistas defendem que empresa seja reformulada, mas mantida, por conta do trabalho feito pela agricultura familiar

Mikhail Favalessa

 

Os valores gastos pela Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer) com salários acima de R$ 20 mil teve crescimento de 25% entre os meses de agosto e outubro de 2018. Alguns dos salários dos servidores concursados da empresa pública passaram dos R$ 30 mil, se contabilizadas todas as verbas e benefícios a que tinham direito.

 fez um levantamento com os demonstrativos financeiros de agosto, setembro e outubro, disponíveis no Portal da Transparência do Governo. Em agosto, o gasto com a faixa salarial acima de R$ 20 mil era de R$ 1,4 milhão. O valor saltou para R$ 1,8 milhão em outubro.

O governador Mauro Mendes (DEM) enviou uma proposta de reforma administrativa à Assembleia Legislativa que inclui a extinção da Empaer e outras cinco empresas públicas de Mato Grosso.

No total, a folha salarial de outubro da Empaer teve um custo de R$ 8,1 milhões com os 662 empregados. Naquele mês, o maior valor pago foi de R$ 33,7 mil ao pesquisador em Biologia de microrganismos e parasitas Napoleão Silvino de Souza. Foram R$ 24,9 mil referentes ao salário bruto, sem descontos de Imposto de Renda e Previdência, mais R$ 8,4 mil de férias e R$ 381 contabilizados como “outras vantagens”.

A folha de setembro teve um custo de R$ 7,8 milhões. O maior valor foi pago ao extensionista rural Antonio Romulo Fava, num total de R$ 32,2 mil, incluindo férias. Já em agosto, o primeiro mês do levantamento feito pela reportagem, o maior pagamento de benefícios como salário bruto, férias e outras vantagens foi de R$ 31,8 mil à pesquisadora Nara Regina Gervini Souza.

Sem contabilizar pagamentos por férias, que são esporádicos, os maiores valores foram despendidos com a chefe de gabinete Eliane Maria Forte Daltro nos três meses pesquisados. Os valores destinados à servidora, entre salários e comissão/gratificação, foram de R$ 26,1 mil em agosto, R$ 26,6 mil em setembro e R$ 27,4 mil em outubro - sem descontos de Imposto de Renda e Previdência.

A Empaer é vinculada à Secretaria de Agricultura Familiar (Seaf). Após ser eleito, Mauro Mendes chegou a cogitar a possibilidade de extinção da pasta. Ele, porém, voltou atrás atendendo a pedido do MDB do deputado federal Carlos Bezerra. Para comandar a pasta foi nomeado o deputado estadual derrotado Silvano Amaral (MDB). Se for levada a cabo a extinção da empresa, os servidores ficarão lotados na pasta controlada pela sigla.

Rodinei Crescêncio/Arte/Rdnews

Quadro mostra lista dos servidores concursados na Empaer que ganharam mais de R$ 20 mil em 3 meses em 2018; Napoleão Silvino recebeu maior salário

PDV e mudança de CNPJ

Ao , o Sinterp, sindicato que representa os empregados da Empaer, defendeu que a melhor solução seria não a extinção da empresa, mas sua refundação como um instituto. O salto salarial observado no levantamento, segundo o sindicato, diz respeito à Revisão Geral Anual (RGA) de 2018.

“Nós concordamos que tem que haver mudanças. Mas a empresa tem 54 anos de serviço prestados. Nós queremos levar para o governo uma solução, que não é a extinção. Que seja boa para todos, que venha de encontro com as necessidades do Governo e com as necessidades dos funcionários”, disse o presidente do sindicato, Pedro Carlos Carlotto.

Ronaldo Mazza

Pedro Carlotto, presidente do Sinterp, que representa servidores da Empaer, fala em audiência na AL sobre extinção

O sindicalista aponta que os maiores salários da Empaer são destinados a funcionários em final de carreira e que já aderiram ao Plano de Demissão Voluntária (PDV). Segundo Carlotto, 140 empregados sinalizaram por entrar no plano, o que representaria economia de 40% com a folha salarial nos próximos anos.

O governador chegou a citar casos de motoristas e funcionários de serviços gerais que recebem mais de R$ 10 mil. Carlotto afirmou que os cargos não foram renovados no último concurso e os atuais empregados estariam inclusos no PDV.

A refundação como instituto possibilitaria a criação de um novo CNPJ. O atual tem dívidas de mais de R$ 100 milhões que foram herdadas, em parte, de empresas como a Companhia de Desenvolvimento Agrícola (Codeagri) e a Companhia de Armazéns e Silos de Mato Grosso (Casemat), que foram incorporadas à Empaer ao longo do tempo.

O novo CNPJ também daria a possibilidade de a Empaer firmar convênios com o Governo Federal e empresas internacionais para o desenvolvimento de tecnologia para a agricultura no Estado, trazendo recursos par ao custeio do futuro instituto.

“Nós temos solução, nós queremos ajudar o Estado. O Estado tem uma agricultura pujante hoje porque os técnicos da Empaer começaram a fazer o trabalho de campo lá atrás. Os primeiros cultivares de soja e milho foram desenvolvidos por eles”, lembrou o presidente do sindicato.

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