30 de dezembro de 2018

Índios Pareci plantam 10 mil hectares de soja, 3,5 de milho e 4,5 de feijão no MT

Plantio do milho já foi encerrado; soja terá produtividade de 60 sacas/h, diz Ronaldo Kozozemaiake

Às vésperas do Natal, a comunidade Pareci, integrada por 2.500 índios que habitam o oeste do Mato Grosso (em torno do município de Campo Novo do Parecis), encerrou o plantio de  3,5 mil hectares de milho, que se somam a 10 mil hectares de soja e 4,5 mil hectares de feijão que foram plantados anteriormente.

As terras, propícias à agricultura, são cultivadas pelos próprios indígenas, que utilizam maquinários de última geração e o sistema de plantio direto para realizar seus trabalhos. Anteriormente, eram feitas parcerias com produtores rurais. Agora, esse trabalho é desenvolvido por conta própria.

A reserva Pareci, que possui 1,5 milhão de hectares de área, quase toda preservada, dedica 1,7% do total à agricultura, o que seus integrantes veem como uma solução para gerar renda para a comunidade, com várias famílias sendo beneficiadas.

O jornalista João Batista Olivi entrevistou o presidente da cooperativa Coopihanama, Ronaldo Kozozemaiake, sobre o plantio na reserva e também a sobre autonomia dos índigenas e a esperança que isso traz não só para os Parecis, mas para todos os povos brasileiros originais.

Olivi, que acompanha a questão indígena há mais de 45 anos, se emocionou bastante durante a entrevista e considerou este um momento importante para o Notícias Agrícolas e para todo o país, já que é uma forma de romper os obstáculos que existem entre os indígenas e a agricultura.

Acompanhe a entrevista completa no vídeo acima

 

Podcast

Nação Pareci planta mais de 10 mil hectares de soja, milho e feijão no MT

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Damares defende produção em área indígena (no ESTADÃO)

BRASÍLIA - A futura ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, afirma que a regulamentação de leis que permitam a exploração comercial de terras indígenas, com acordo direto entre os índios e produtores, será uma das prioridades do novo ministério, que abrigará a Fundação Nacional do Índio (Funai).

Futura ministra Damares vai cuidar da Funai Foto: VALTER CAMPANATO/AGÊNCIA BRASIL

Essa questão da produção em área indígena é justamente o maior problema da Funai hoje, mas temos visto que essas iniciativas de produção feita pelo próprio índio estão dando certo”, afirmou ao Estado. “A Funai já está fazendo isso hoje, já tem iniciativas pioneiras sendo executadas e, ao que me parece, com resultados muito positivos”, completou a advogada e pastora, alinhada com a bancada ruralista e com as propostas do presidente Jair Bolsonaro.

“Eu quero tratar o índio como ser humano, como um cidadão, que explore sua propriedade, o subsolo, dê royalties disso, plante ou arrende sua terra para que seja plantada”, declarou Bolsonaro no início da semana.

Organizações socioambientais criticam afirmam que o governo deveria cumprir o que diz a lei, ou seja, coibir atividades irregulares, em vez de regulamentar uma atividade ilegal. Para o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), as práticas do arrendamento de terras não passam de uma “tática de desterritorialização indígena no Brasil”. “Nós entendemos que o direito constitucional ao usufruto exclusivo dos povos em relação às suas terras deve ser respeitado e não pode ser modificado”, disse Cleber César Buzatto, secretário-executivo do Cimi.

Hoje, há dez terras indígenas no País onde o índio, por conta própria, cuida de sua terra, planta, colhe e vende a sua produção sem nenhum tipo de interferência de produtores externos. Nesses casos, a atuação é considerada legal e é até apoiada pela Funai, uma vez que se trata de uma escolha do próprio povo indígena.

Um total de 27 mil índios vivem hoje nessas terras. O caso mais emblemático desses casos é o dos índios paresi, no Mato Grosso. No município de mesmo nome, cerca de mil índios plantam soja, feijão e milho em partes de uma terra indígena que chega a um total de 563 mil hectares. Até a década passada, atuavam de maneira irregular, em acordos com produtores, mas acabaram firmando um “compromisso de ajustamento de conduta” e passaram por uma fase de transição entre 2012 e 2018, até ficarem completamente independentes.

Das dez terras com atividades rurais tocadas pelos indígenas, cinco estão no Mato Grosso: Paresi, Rio Formoso, Utiariti, Tirecatinga e Irantxe. Juntas, elas somam 1,1 milhão de hectares, ou duas vezes a área do Distrito Federal. As outras cinco terras estão localizadas em Santa Catarina (Chapecó), Mato Grosso do Sul (Cerrito, Potrero Guaçu) e Paraíba (Potiguara e Potiguara de MonteMór).

Exceção aos demais casos, voltados para o plantio de grãos ou criação de gado, os indígenas das duas terras localizadas na Paraíba desenvolvem atividades de criação de camarão, tendo se livrado de produtores externos entre 1999 e 2005, passando a cuidarem de suas atividades de forma independente.

A atual direção da Funai vê as iniciativas de forma positiva e afirma que caso os indígenas queiram trabalhar com substituição dessas culturas, vai apoiá-los.

Damares: “Indígenas isolados continuarão a ter proteção do Estado”

Damares Alves, a futura ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, disse nesta sexta-feira, em Brasília, que vai manter as políticas públicas de proteção aos índios isolados.

“Esses indígenas continuarão a ter a proteção do Estado nos moldes que se encontra hoje. O contato com eles pode ser nocivo, eles não têm resistência à gripe. Por exemplo, para se visitar uma aldeia de índios de recente contato é necessário até fazer uma quarentena na floresta de no mínimo dez dias antes de efetivar o contato. São especificidades como essas que serão respeitadas. Quem cuidará desses índios será o Estado e não ONGs”, disse Damares.

 Tags:

Agronegócio

Fonte: Notícias Agrícolas/Estadão

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