16 de setembro de 2018

Morre Antônio Mulato, homem mais velho de MT e símbolo da Resistência Quilombola.


Mirella Duarte

Gilberto Leite

Após pouco mais de 113 anos de vida e resistência, morre Antônio Benedito da Conceição, o seu Antônio Mulato, grande símbolo para Mata Cavalo

Faleceu na noite deste sábado (15) o homem mais velho de Mato  Grosso, Antônio Benedito da Conceição, conhecido como Antônio Mulato. Aos 113 anos, ele era referência no quilombo de Mata Cavalo, em Nossa Senhora do Livramento. Ele estava internado no  Pronto-Socorro de Várzea Grande e familiares e amigos já confiraram sua partida.

Com problemas de saúde, o quilombola nasceu em 1905 e celebrou o último aniversário em 12 de junho deste ano. Antonio teve 13 filhos, 40 netos, 20 bisnetos e 10 tataranetos. Referência de resistência do povo negro, deixa familiares, amigos e militantes saudosos.

Segundo Marcelina, uma das familiares de Mulato, ele teve uma insuficiência renal e não resistiu as complicações. O velório será na Câmara Municipal de Nossa Senhora do Livramento, a partir da madrugada de domingo (16).

Ao , a presidente do Instituto das Mulheres Negras (Imune), Antonieta Luisa Costa, diz que Mulato foi um representante da luta do povo negro que sempre será memorado. "Ao mesmo tempo que lamento o falecimento, sei que ele cumpriu o papel dele e nos deixa seu legado de luta e sabedoria".

História de seo Antônio, um dos quilombolas em Mata Cavalo

A história de seo Antônio se entrelaça com a da comunidade Mata Cavalo. No local, ele e outros descendentes de pessoas escravizadas, conseguiram a terra após um acordo com uma senhora do engenho. Sozinha, sem descendentes, a "sinhá" fez um acordo com a comunidade e dizia que, se eles permanecessem com ela até o fim de sua vida, após a sua morte, a terra seria deles. Ela cumpriu o acordo.

Em 2016, ele conversou com a reportagem do  (veja fotos abaixo) e relatou que era a última das pessoas vivas a presenciar os relatos orais sobre o início da abolição oficial da escravatura. Disse também, ter ouvido de vários parentes e conhecidos como eram os anos sob trabalho forçado, humilhações, chicote nas costas, aprisionamento e negação da racionalidade.

Galeria de Fotos



Um comentário:

  1. 105 anos, bem aí! As marcas da escravidao ainda estao vivas em nossa sociedade.

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