22 de fevereiro de 2018

Aldeias abrem as portas para o turismo e visitantes podem conhecer a rotina e cultura dos índios Parecis em Mato Gosso.


Roteiros turísticos proporcionam ao visitante até a oportunidade de dormir em aldeia indígena. Cavernas e pontos históricos também fazem parte do passeio.
Por Bruna Barbosa, G1 MT
Turistas podem vivenciar a cultura indígena (Foto: Júnior Silgueiro/Gcom-MT)
Aldeias indígenas em Campo Novo do Parecis, a 397 km de Cuiabá, abriram espaço para o turismo e estão recebendo visitantes. Os turistas podem acompanhar a rotina dos indígenas e, algumas delas, participar dos rituais sagrados e danças culturais.
Atualmente, é possível conhecer cinco das 12 aldeias indígenas da região.
Os turistas também podem acampar nos locais, inclusive dormir em casas tradicionais dos indígenas da etnia Pareci.
Cachoeiras e cavernas localizadas nos municípios também podem ser exploradas pelos visitantes.
Histórias míticas, rituais de dança, canções tradicionais e pinturas corporais indígenas são alguns dos atrativos do roteiro de visita a cinco aldeias, localizadas em Campo Novo do Parecis e Sapezal, a 397 km e 473 km da capital.
O turista pode escolher as aldeias e a duração do passeio, que pode variar entre um e cinco dias.
Passeios podem durar entre um e cinco dias (Foto: João Ricardo Bispo/ Arquivo pessoal)
Para visitar as aldeias, o turista precisa procurar agências de turismo da região, pois os passeios só podem ser realizados com autorização do cacique de cada uma delas.
A rota é uma das alternativas para quem deseja escapar da correria do dia a dia. Nas visitas, os turistas poderão vivenciar experiências e culturas da população indígena.
Além das visitas nas aldeias, o turista também poderá conhecer cachoeiras localizadas no município, sendo uma delas a cachoeira Salto Utiariti.
Cachoeira Salto Utiariti pode ser visitada durante passeio (Foto: José Medeiros/ Sedec-MT)
É proibido levar bebidas alcoólicas para o passeio e fazer fotografias e filmagens que sejam usadas para fins comerciais. No local também não há venda de alimentos.
Para aqueles que optarem pelo roteiro de dois a cinco dias, algumas aldeias oferecem área para acampamento. O turista poderá vivenciar a experiência de dormir dentro das casas tradicionais indígenas, chamadas de “hati”.
Turistas podem participar de danças indígenas (Foto: José Medeiros/ Sedec-MT)
Aldeia Wazare
Localizada em Campo Novo do Parecis, a Aldeia Wazare é uma das cinco opções do passeio. O turismo indígena é uma das principais atividades da aldeia, que tem 35 membros da etnia Paresi-Haliti. Entre apresentações de dança, esportes tradicionais e feira de artesanato, o visitante também pode fazer um passeio ao Rio Verde.
O cacique da Aldeia Wazare, Rony Paresi, contou ao G1 que o projeto de turismo começou em 2018, mas só foi colocado em prática no dia 6 de julho de 2011, quando os indígenas da aldeia decidiram convidar amigos para conhecer o local.
“Começamos de forma tímida. Pensamos em criar um local onde, além de termos a liberdade de vivermos como índios, possamos também incentivar a geração de renda e emprego para a aldeia”, disse.

Para começar a receber turistas, a Aldeia Wazare precisou passar por mudanças em sua estrutura. De acordo com o cacique, os índios do local aprenderam juntos sobre a prática do turismo.
“Hoje a comunidade entende que o turismo permite que nossa cultura seja divulgada. A família Wazare sempre concordou com a abertura da aldeia à turistas”, contou.

Turistas em meio aos índios em aldeia Pareci (Foto: João Ricardo Bispo/ Arquivo pessoal)
Rony contou que a maior barreira enfrentada pelos índios é consequência de um estereótipo que foi construído ao longo do tempo.
“A maioria pensa que os índios são todos iguais. Nós podemos ter bens materiais de outras culturas e ainda permanecer com a nossa (indígena)”, avaliou.
De acordo com ele, não são todos os caciques que possuem a mesma visão sobre o turismo. Rony contou que algumas aldeias possuem muitas paisagens naturais, mas os indígenas não querem visitas de turistas. “Existem comunidades que aceitam e outras não. Alguns indígenas são mais conservadores”, disse.
Aldeia Quatro Cachoeiras (Foto: João Ricardo Bispo/ Arquivo pessoal)
Aldeia Quatro Cachoeiras
A Aldeia Quatro Cachoeiras, no mesmo município, possui 98 habitantes da etnia Paresi-Haliti, sendo que todos são parentes do cacique. Anualmente, o local é sede do Festival de Cultura e Jogos Indígenas de Pareci e chega a receber, em média, 700 índios de diferentes etnias.
O nome da aldeia foi dado por existirem quatro cachoeiras próximas ao local, formadas pelo Rio Sacre. O acesso às quedas d'água é feito através de uma trilha cercada por mata.
Cacique diz que turismo começou de forma tímida (Foto: João Ricardo Bispo/ Arquivo pessoal)
Aldeia Utiariti
Na divisa com entre os municípios de Campo Novo do Parecis e Sapezal, a 473 km de Cuiabá, está localizada a Aldeia Utiariti. O local possui grande valor histórico para a etnia Paresí. “Utiariti” significa lugar de gente sábia. Diz a lenda indígena que a etnia Uthya vivia no local, a população era conhecida por fazer previsões do futuro atrás de uma cachoeira. A aldeia também é famosa por ter sito parte da rota de Marechal Rondon e das Missões Jesuítas.
Banho de rio está entre as opções durante passeio (Foto: João Ricardo Bispo/ Arquivo pessoal)
Aldeia Salto da Mulher
Localizada a 80 km do município de Campo Novo do Parecis, a Aldeia Indígena Salto da mulher possui como atrativo a cachoeira Salto da Mulher. Para acessar a queda d'água o turista precisa andar por 600 metros em uma trilha. A cachoeira é formada pelo Rio Sacre.
Passeios em aldeias indígenas são guiados (Foto: João Ricardo Bispo/ Arquivo pessoal)
Aldeia Ponte de Pedra
A Aldeia Ponte de Pedra está localizada na divisa dos municípios de Diamantino e Nova Maringá, a 209 km e 392 km de Cuiabá. Um dos pontos turísticos da aldeia é a Ponte de Pedra, formada naturalmente pela escavação fluvial ao longo dos anos. A ponte passa sobre o Rio Sucuruína, que possui corredeiras e quedas d'água, entre elas a Cachoeira Pata de Onça e a Cachoeira Ponte de Pedra.
O local é sagrado para os índios Paresi-Haliti. Segundo a mitologia, um índio da etnia morava no interior da pedra, de onde teria saído por uma fenda, criada por um raio. Ao sair da pedra, o índio descobriu o mundo superior e deu origem a população da etnia.
Outro ponto turístico do roteiro é a Cidade de Pedra. O local é conhecido pelos indígenas como a “terra dos mortos”, pois eles acreditam que as almas de seus ancestrais estão presas nas rochas.
As rochas possuem aproximadamente 20 metros de altura, com formato arredondado, pontas estreitas e cores avermelhadas.
Costumes podem ser conhecidos por visitantes (Foto: João Ricardo Bispo/ Arquivo pessoal)

 

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