18 de dezembro de 2017

Projeto de empreendedorismo na Amazônia ajuda os inovadores quw valorizam os recursos naturais


Bons negócios para a floresta

NATURAL
A equipe do Mini Fish, o nugget amazônico (Foto: Leandro Santana da Silva)

Negócios inovadores estão prosperando. Incubadoras, aceleradoras, hackatons se espalham por aí reunindo propostas ótimas de serviços e produtos tecnológicos que podem ser a próxima ideia a revolucionar nossa vida. Mas ainda não era bem isso o que o Centro de Empreendedorismo da Amazônia queria fazer quando criou seu próprio programa de startups.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADADE

>> Chocolate da Amazônia faz bem para as pessoas e para a floresta

Lançado em agosto, o Amazônia Up é um projeto de incubação que busca um pouco menos de tecnologia e um pouco mais de natureza. “Há muita coisa acontecendo no universo das startups, mas sempre com soluções muito urbanas, tipo um aplicativo para entregar pizza mais rápido”, diz Raphael Medeiros, diretor executivo do centro, que fica em Belém, no Pará. “Estamos na maior floresta do mundo, com a maior biodiversidade do planeta, e as pessoas não veem isso como oportunidade de negócio. Queríamos estimular ideias que viessem do uso sustentável de recursos naturais.”

>> O chocolatier que pesquisa variedades nativas de cacau na Amazônia

Voltado para jovens universitários e recém-formados, o Amazônia Up recebeu mais de 70 inscrições e selecionou nove projetos que, de alguma forma, valorizam a riqueza natural da região. Eles passam agora por um mês e meio de oficinas de gestão para transformar suas ideias em produtos a serem vendidos no mercado. Entre os vencedores, a diversidade também é grande. Há desde ingredientes exóticos – farofa com sabor de açaí, conserva de flor de jambu, “nutella” de cupuaçu – até soluções tecnológicas, como o aplicativo que auxilia o manejo de açaizais.

“Queríamos criar um alimento que fosse prático, mas também saudável e funcional”, conta o estudante de nutrição Jefferson Ferreira, de 23 anos, de Belém. Ele foi um dos criadores do Mini Fish, um dos produtos em formatação na Amazônia Up. Trata-se de um empanado de peixe, ao estilo de um nugget, mas rico em nutrientes e sem conservantes nem químicas. O recheio vem da guarijuba, peixe típico do Litoral Norte, e é empanado com castanha-do-­pará e aveia no lugar da farinha.

>> Centro de Gastronomia em Belém vai promover a biodiversidade da Amazônia

“É importante que encontremos formas de ajudar o produtor rural a ter acesso ao mercado com preço justo e transparência”, diz outro selecionado, o amazonense de 22 anos Macaulay de Abreu. Sua equipe criou a Onisafra, uma plataforma digital que conecta pequenos produtores e consumidores de uma determinada região, organizando vendas diretas e eliminando intermediários. Para ter uma ideia, o quilo da banana, que o produtor consegue vender por 80 centavos para o atravessador ou o varejista, é vendido por R$ 4 diretamente ao consumidor – e o consumidor também ganha, já que encontra a mesma banana por R$ 4,50 a R$ 5 no supermercado. “Criar um negócio na Amazônia é difícil, mas não é impossível”, diz Abreu. “Sabendo dar a forma correta, é possível gerar impacto ambiental e econômico ao mesmo tempo.

>> Festival Origem: Uma conexão do campo com a gastronomia

Nenhum comentário:

Postar um comentário