21 de outubro de 2014

Entendendo o Turismo Rural

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O perfil do turista brasileiro que sai de férias dentro do Brasil tem mudado. Hoje, esse turista tem buscado fazer um turismo onde ele possa interagir com meio que visita. Ir à praia, visitar os pontos turísticos, provar da gastronomia local não é mais suficiente. O turista brasileiro quer vivenciar experiências que o faça sentir-se parte daquele universo visitado.
Procurando entender melhor o interesse do turista e do turismo, uma modalidade que tem me chamado a atenção é o Turismo Rural. Justamente porque esse tipo de turismo proporciona o reencontro do homem com suas origens rurais, com a natureza.


O que é o Turismo Rural

O Turismo Rural, desde 1980, vem se desenvolvendo no Brasil como uma atividade econômica de grande importância para o interior brasileiro. Ao longo desses anos, passou por mudanças significativas que embasaram a qualidade dessa atividade no Brasil. Agora, chega  a 2014 com força em parceria com o agronegócio e seus empreendedores.
O Turismo em espaço rural tem por objetivo permitir ao turista um contato mais direto e privilegiado com a agricultura, com a natureza, com práticas e tradições locais, por meio do acolhimento, ou seja, de uma hospitalidade quase familiar no meio rural, praticados por empresas privadas.
Hospedagem, alimentação, visitação, entretenimento, entre outras atividades de experiência, fazem parte do que pode ser oferecido pelo empreendedor local que disponibiliza seu espaço para essa atividade geradora de renda.
A atividade turística no meio rural constitui-se, basicamente, da oferta de serviços.

“Segundo o documento, do Ministério do Turismo do Brasil, "Diretrizes para o Desenvolvimento do Turismo Rural", a conceituação de Turismo Rural fundamenta-se em aspectos que se referem ao turismo, ao território, à base econômica, aos recursos naturais e culturais e à sociedade. Com base nesses aspectos, e nas contribuições dos parceiros de todo o País, define-se Turismo Rural como: “o conjunto de atividades turísticas desenvolvidas no meio rural, comprometido com a produção agropecuária, agregando valor a produtos e serviços, resgatando e promovendo o patrimônio cultural e natural da comunidade”.
Foto: Engenho Olho D Água, Pilões – PB.
“Segundo o documento, do Ministério do Turismo do Brasil, “Diretrizes para o Desenvolvimento do Turismo Rural”, a conceituação de Turismo Rural fundamenta-se em aspectos que se referem ao turismo, ao território, à base econômica, aos recursos naturais e culturais e à sociedade. Com base nesses aspectos, e nas contribuições dos parceiros de todo o País, define-se Turismo Rural como: “o conjunto de atividades turísticas desenvolvidas no meio rural, comprometido com a produção agropecuária, agregando valor a produtos e serviços, resgatando e promovendo o patrimônio cultural e natural da comunidade”.


O Turismo Rural no Brasil em três períodos

Para entender com clareza a interface que relaciona politicas públicas, produção cientifica e empreendedores, os tópicos  a seguir citam três momentos, desde a implantação do Turismo rural no Brasil.
Iniciativa e Qualificação (1984 a 2000)

Implementação e elaboração das primeiras diretrizes publicas para o segmento no País.
Realização do CITURDES – Congresso Internacional de Turismo Rural e Desenvolvimento Sustentável, e criação da Carta de Santa Maria.
Preocupação com a gestão das propriedades e com a qualificação dos serviços.

Desafio e Implementação (2001 a 2005)
Desafios à organização do seguimento (Turismo Rural).
Alteração da política nacional do turismo.
Elaboração da Carta de Joinville.
Criação da Abraturr – Associação Brasileira de Turismo Rural.
Preocupação com alternativas para qualificar o segmento.

Ordenamento e Competitividade (2006 a 1012) 
Profissionalização dos empreendedores.
Necessidade de estudos voltados para o segmento.

Preocupação com: legislação, gestão, qualificação, cultura, meio ambiente e sustentabilidade.

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A Quinta do Bento Novo é um novo empreendimento de Turismo no Espaço Rural, uma Casa de Campo situada na Costa Verde de Portugal
Turismo Rural no Mundo     
Um pouco dos números em Portugal


“Em Portugal, o turismo rural foi criado em 1986.
Em 2011, Portugal dispunha de cerca de 1.000 leitos nas áreas rurais, cerca de 5% da oferta total europeia.
Os leitos em alojamentos rurais entre 2003 a 2010 cresceram 7%, valor acima da média nacional. Em 2010, registou-se uma procura de 800 mil leitos, o que corresponde a 2,1% do total no país.    
Alemanha e Espanha são os principais mercados emissores, seguidos do Reino Unido, Holanda e França.
No entanto, o perfil da procura rural internacional em Portugal varia por região do país”.  

Turismo Rural na Paraíba
A Paraíba hoje desponta como referência no Turismo Rural. Agregado ao Turismo de Experiência, tem expandido a oferta turística no estado, incentivando empreendedores de todo o Brasil a estarem aqui para vivenciar as atividades criativas (Benchmarking)
O SEBRAE PB, na pessoa da Gestora de Turismo, Regina Amorim, tem papel fundamental nesse crescimento, pois tem ofertado apoio com visitas técnicas, consultorias e feiras, e tem orientado o empreendedor a se manter constante  nas atividades criativas.


Exemplo de sucesso

A experiência da produção associada ao turismo da comunidade Chã de Jardim, no Brejo paraibano.

A comunidade mostra aos visitantes a importância de se praticar o turismo sustentável, preservando o meio ambiente e as tradições culturais.
O que está à disposição do turista:
Piquenique realizado dentro da mata
Piquenique realizado dentro da mata
Fazer um passeio que começa com uma trilha no Parque Estadual Mata do Pau-Ferro, um dos últimos remanescentes de Mata Atlântica do Nordeste, e tem seu ponto alto num piquenique realizado dentro da mata. Lá são feitas vivencias e utilizados alimentos produzidos pela comunidade.
Degustar a comida caseira no restaurante Vó Maria que oferece pratos regionais preparados num fogão à lenha, com hortaliças orgânicas produzidas na própria comunidade.

Apreciar, aos sábados, o pôr do sol, ao som da “Ave Maria”,  experiência única para o turista que visita aquela região.
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Regina Amorim, Gestora de Turismo do SEBRAE Paraíba
Ruraltur -  Feira de Turismo Rural
A Ruraltur é uma feira de negócios que  injeta,  no mercado, empreendimentos e roteiros que contribuem para a interiorização do turismo. Este ano, a feira teve sua última edição na Paraíba.  Em 2015, será itinerante, e acontecerá em todos os estados do Nordeste, começando por Natal-RN.
Durante os três dias da feira, a programação é diversificada, com eventos paralelos: Rodada de Negócios, Seminário de Turismo Rural, Encontro de Lideranças do Turismo Rural e  Encontro de Caminhadas na Natureza.
“A Ruraltur promove a integração de empresários e fortalece o desenvolvimento do turismo rural”, afirmou a gestora de Turismo do SEBRAE Paraíba, Regina Amorim.
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Ivane Fávero, Palestrante na Ruraltur desse ano e Secretária de turismo de Garibaldi – RS


“É um grande evento que mostra a força, a importância e a relevância dele para o mercado turístico. Primeiramente, pela qualidade das palestras, dos debates, pela diversidade da feira e pelo grande número de pessoas que estão vindo participar da Feira. E agora, principalmente, porque a partir de 2015 ele se tornará itinerante e terá seu início aqui no Nordeste. Dessa forma, já começará essa integração com todo o Brasil, para que, de fato, ela se consolide como a Feira do turismo Rural do Brasil, tornando-se, assim, um evento nacional”. Ressaltou Ivane Fávero, Palestrante na Ruraltur desse ano e Secretária de turismo de Garibaldi – RS


Conversei com a Andreia Roque, que hoje, é a maior autoridade em Turismo Rural no Brasil, sobre o pioneirismo dessa modalidade do Turismo, sobre as diferenças econômicas e culturais, das regiões que favorecem o seguimento, sua  legislação  e outros assuntos pertinentes ao Turismo Rural.

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Andreia Roque é presidente do Instituto de Desenvolvimento do Turismo Rural IDESTUR. Especialista na área, atua no Brasil, nas Américas Central e Latina, na Europa e na África. Além de ser empresária, é proprietária da primeira Operadora de Turismo Rural do Brasil, a Brasil Rural.
Segue a entrevista:


AC – O que diferencia o turismo rural nas regiões do Brasil, inclusive economicamente?

AR – Cada uma tem uma aptidão, a cultura rural. A produção rural é muito diferenciada: o Sul é muito envolvido com a uva; São Paulo é muito envolvido com o café. A história agrícola brasileira, a história agrícola de cada região faz um pouco a historia do turismo rural.
Além disso, há que se considerar a questão da cultura e do clima que apresentam peculiaridades de cada região.  No sul, no período do frio, usa-se  lareira; no Nordeste, em vez da lareira, usa-se a rede.
Economicamente, não  há grandes diferenças. Todos nós ainda não nos estabelecemos; existem diferenças de casesde sucesso!A Vinícola Aurora é um exemplo de case de sucesso no Sul do país. Nós estamos num processo de evolução, mesmo.
A Região Norte, tem muito mais dinheiro do que as demais regiões do Brasil, politicamente falando, mas o desenvolvimento do turismo rural é, ainda, pequeno. Estamos em processo de evolução.

AC – Você foi a primeira pessoa a trabalhar com turismo rural no Brasil. Para você, quais a principais dificuldades do começo? Houve discriminação pelo fato de você ser mulher?
AR - Eu vim de uma Faculdade onde havia cinquenta homens e eu. Então aprendi muito cedo a lidar com isso, com esse tipo de dificuldade. E turismo rural é desenvolvimento rural. Claro que tive dificuldades no início. Mas, aqueles que,  à época, achavam que aquilo não era coisa de mulher, hoje se encontram fazendo coisas de mulher. Porém, as dificuldades pelas quais as mulheres passaram no segmento do turismo rural foram um pouco menores. Isso porque, no meio rural, a mulher é quem administrava e administra até hoje os negócios da família. Além disso, hoje, elas podem contar, também, com os filhos que cresceram e que estão assumindo e administrando os negócios da família. Mas o fundamental disso tudo, é que, no turismo rural, a mulher encontrou o seu espaço para trabalhar e ganhar o seu próprio dinheiro.
AC – A Ruraltur fez dez anos e essa não é sua primeira visita feira. Como você vê a evolução ao longo de uma década de Ruraltur?
AR - O que me agrada na Ruraltur é que a feira dá espaço para o crescimento do turista, para o empresário do turismo rural e para o agricultor. Aqui  há espaços para palestras, debates, rodadas de negócios, apresentações culturais, além da exposição dos produtos da produção associada do turismo dando,  assim, oportunidade para toda  a cadeia produtiva do turismo fazer negócios entre si.
AC – Como você vê o fato da Ruraltur, a partir de 2015,  passar a ser uma feira itinerante?
AR - Eu sou a pessoa que mais gosto disso!  É uma forma  de o turismo rural ter seu espaço reconhecido e evidenciado em cada estado por onde a Ruraltur passar.
AC – Você encontrou seu caminho no Turismo Rural. Qual o perfil do empreendedor, do profissional que escolhe o turismo rural?
AR – Sim, Identifiquei-me totalmente com o turismo rural desde o princípio.
Quanto ao perfil, primeiro de tudo a pessoa tem que ter uma coisa chamada “VOCAÇÃO”.O Turismo Rural “está na moda”, mas não é porque “está na moda”, que deve ser abraçado por todos.
Na minha palestra,  falei um pouco da minha família e de fatos pessoais,  justamente para mostrar que,  na minha família, apesar de possuirmos propriedades rurais,  só eu abracei essa área.
Nesse segmento, é preciso ter vocação, visão,  visão de governança, fazer parcerias, fazer amigos e construir laços.
Eu admiro a Paraíba porque aqui se conseguiu administrar os destinos com a associatividade.

AC – E sobre a lei que regulamenta a atividade do Turismo Rural no Brasil?
AR - Hoje o “Simples Nacional” nos atende. O produtor, o empreendedor do Turismo Rural pode sim adotar o “Simples”.
A aprovação de uma lei específica e objetiva para o Turismo Rural, no Brasil, é de extrema importância para o segmento e, se conseguirmos aprová-la, sem dúvida, essa geração de empreendedores levará os louros e fará a diferença.

AC – Quais os desafios para o Turismo Rural em 2015?   
AR - O turismo rural está num momento interessante. O desafio é aproveitar isso; aproveitar o momento!
O Ministro do Turismo é agrônomo, e é um grande incentivador do Turismo Rural. Ter alguém experiente ocupando um cargo de tamanha importância para o segmento, é um ponto superpositivo para nós. É um fato inédito na história do MTur. Portanto, devemos aproveitar o momento!

Fotos: AC /Reprodução

Fonte de pesquisa: 21 Turismo em Pauta

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