12 de junho de 2014

Os cangurus querem brilhar na Arena Pantanal


GUILHERME BLATT
Redação/Secom-MT

Cameron Spencer/Getty Images-FIFA
Jogadores da Austrália treinam no Brasil

Pesquisadores acreditam que a habitação humana no atual território da Austrália começou entre 42 mil e 48 mil anos atrás. Na época, o nível do mar era mais baixo e isso permitiu que os ancestrais australianos chegassem até lá caminhando, ou cruzando pequenos trechos do oceano. Mas a Oceania sempre foi um continente distante dos outros e este isolamento proporcionou a principal característica daquela região: uma fauna única. 

Quando os primeiros exploradores ingleses chegaram até a Austrália no século XVIII, encontraram uma série de animais que só existem ali, como os ornitorrincos, os coalas e principalmente os cangurus. O canguru é o animal símbolo da Austrália, presente no brasão de armas do país e no escudo da seleção australiana de futebol, ao lado do símbolo da Federação e do Emu, um pássaro nativo da região. A própria seleção nacional tem o apelido de Socceroos, uma mistura do nome do animal com Soccer, como o futebol é chamado por lá. Afinal, a Austrália é mais conhecida pelos cangurus do que pelo futebol. 


Mark Nolan/Getty Images-FIFA
Equipe australiana terá adversários difíceis na Copa

De fato, o futebol nunca foi muito popular na Austrália e a Austrália nunca foi popular pelo futebol. O país sempre se destacou nos esportes individuais como tênis e natação e a grande paixão nacional é o rúgbi, esporte em que o país já foi duas vezes campeão mundial. Outro esporte popular é o futebol australiano. Com média de público superior a 30 mil pessoas por partida, esta modalidade lembra mais o rúgbi do que o futebol, com bolas e campos ovais. 

A Austrália possui o segundo maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do mundo e o maior entre os países que disputarão a Copa no Brasil. Por aqui, os Socceroos participarão de sua quarta Copa do Mundo, sendo a terceira consecutiva. A frequência de participações australianas aumentou depois de uma mudança realizada após a Copa de 2006, quando eles passaram a disputar as eliminatórias asiáticas. 

Até a Copa de 1982, as seleções da Oceania disputavam as eliminatórias da Copa do Mundo junto com as seleções asiáticas. Havia apenas uma vaga em disputa e a Austrália conseguiu se classificar para a Copa uma única vez, na Alemanha em 1974. Terminou a disputa sem ganhar nenhum dos três jogos e sem marcar nenhum gol. 

A partir das eliminatórias da Copa de 1986, os países oceânicos começaram a disputar suas próprias eliminatórias. A qualidade do torneio era fraca e os australianos se destacaram ao protagonizar goleadas históricas. Na primeira fase das eliminatórias de 2002, a Austrália derrotou Samoa por 11x0, Tonga por 22x0 e Samoa Americana por 31x0, a maior goleada da história do futebol internacional. Neste jogo, o atacante Archie Thompson marcou 13 gols, outro recorde. 

Cameron Spencer/Getty Images-FIFA
Tim Cahill é o capitão e principal jogador da Austrália

Por conta da fragilidade dos participantes, o vencedor das eliminatórias oceânicas precisava enfrentar uma repescagem contra um time de outro continente. Assim, a Austrália disputou a repescagem mundial em 1986 quando perdeu para a Escócia, em 1994 quando perdeu para a Argentina, em 1998 quando perdeu para o Irã, em 2002 quando perdeu para o Uruguai e em 2006, quando finalmente conseguiu se classificar para a Copa, vencendo os uruguaios nos pênaltis. A única ausência na repescagem ocorreu em 1990, quando Israel disputou as eliminatórias oceânicas por motivos políticos e venceu a disputa. 


Matt King/Getty Images-FIFA
Ange Postecoglu é um treinador vitorioso na Austrália

Já em 2010, a Austrália disputou uma das quatro vagas disponíveis para a Confederação Asiática e se classificou de maneira direta. Repetiu o feito em 2014, enquanto os outros países oceânicos continuam disputando a repescagem mundial. 

As classificações consecutivas para a Copa também aconteceram por conta da melhor geração que a seleção australiana já teve, com destaque para o goleiro Mark Schwarzer, o zagueiro Lucas Neill, o meia Mark Bresciano e o atacante Tim Cahill. Estes dois continuam em atividade e vem para o Brasil. Aos 34 anos, Cahill continua sendo a principal referência técnica dos Socceroos. 

Em 2006, na Alemanha, a Austrália conseguiu sua melhor participação no torneio, quando chegou nas oitavas de final, eliminando Croácia e Japão. Os australianos caíram para a futura campeã Itália, com um gol de pênalti sofrido apenas no último minuto. Em 2010, a Austrália não conseguiu repetir o bom desempenho e caiu na primeira-fase, eliminada no saldo de gols pela seleção ganesa. 

O desafio australiano é repetir no Brasil o bom desempenho de 2006. Mas, a equipe terá dificuldades. A sua melhor geração envelheceu e após uma derrota para a seleção brasileira por 6x0, o técnico alemão Holger Osiek foi demitido. Seu substituto, o grego naturalizado australiano Ange Postecoglou é um dos técnicos mais vitoriosos nos campeonatos locais. 

Dessa forma, a Austrália chega ao Brasil com jogadores com experiência internacional e sem destaque nos principais campeonatos do mundo. Fato que não deve desanimar a torcida australiana, que vai marcar presença na estreia da sua seleção na Copa do Mundo contra o Chile em Cuiabá. Aqui no pantanal, a Austrália tentará mostrar que não é apenas a terra dos cangurus.
Getty Images-FIFA
O futebol está se popularizando na Austrália

Nenhum comentário:

Postar um comentário