3 de março de 2014

Nova civilização no Centro-Oeste

O projeto era mesmo o de interiorizar o desenvolvimento do Brasil


Prosseguindo o tema do artigo publicado ontem neste espaço, gostaria de voltar um pouco no tempo e parar na filosofia da construção de Brasília, aliás, um tema muito pouco explorado por nós aqui em Mato Grosso. A ideia de mudar a capital pro interior já estava na Constituição brasileira de 1824, proposta inicialmente por José Bonifácio de Andrada e Silva. 

O quadrilátero da futura capital chegou a ser demarcado em 1892, mas somente em 1955 durante a campanha eleitoral para presidente da República, Juscelino Kubitscheck comprometeu-se durante comício eleitoral na pequena cidade goiana de Jataí.

O projeto era mesmo o de interiorizar o desenvolvimento do Brasil, confinado no litoral e presa de três cidades relevantes: Rio de Janeiro, Salvador e Recife. O mais eram cidades pequenas, aí incluindo até mesmo as interioranas cidades de São Paulo, Porto Alegre e Belo Horizonte.

"Darcy dizia que mudar a capital para o interior, seria como jogar uma pedra no lago, e os círculos de influência civilizatória iriam se ampliando até atingir o Brasil inteiro"
Houve grandes pensadores assessorando o presidente JK. Cito apenas um, o antropólogo Darcy Ribeiro, para quem era preciso acabar com a mediocridade do Brasil-caricatura da Europa, confinado no litoral. Darcy era um brilhante pensador. Foi o idealizador e o construtor da Universidade de Brasília, o braço da inteligência que construiria a nova civilização no coração do Brasil. Darcy dizia que mudar a capital para o interior, seria como jogar uma pedra no lago, e os círculos de influência civilizatória iriam se ampliando até atingir o Brasil inteiro.

Como resultado dessa expansão humanista e legitimamente brasileira, sem influências estrangeiras, nasceria um novo Brasil ao longo do tempo. De fato, hoje depois da ocupação humana dos anos 1970 na Marcha para o Oeste, surgiu uma nova civilização humana, econômica e política no coração do Brasil, que já responde por 36% do Produto Interno Bruto do país. Melhor: houve uma imensa mistura racial entre índios, negros, brancos, caboclos, sulistas descendentes de europeus, nordestinos, e se construiu uma massa humana muito diferente de qualquer outra região brasileira.

Mato Grosso, em particular, saiu de 600 mil habitantes em 1970 para os atuais 3 milhões. Mais do que o crescimento vegetativo conta mesmo o crescimento das migrações. Mas o fenômeno foi geral e muito influenciado por Brasília.

No artigo de ontem citei a terceira profecia de Dom Bosco, o sacerdote católico italiano que em 1883, previu uma “nova civilização no coração do Brasil”, e o próprio atual Dalai-Lama quando fugiu do Tibet para a India em 1952, além do pregador espírita Chico Xavier na sua frase célebre: “Brasil coração do mundo, pátria do Evangelho,”.

De repente, estamos aqui no Centro-Oeste no meio da construção de um inovador processo civilizatório mundial, e nem nos damos conta...! Acredito piamente nisso! Voltarei ao assunto e aceito contribuições.

ONOFRE RIBEIRO é jornalista em Mato Grosso e colunista do MidiaNews - onofreribeiro@terra.com.br www.onofreribeiro.com.br.

Nenhum comentário:

Postar um comentário